Marcha da Família: o aval civil ao golpe militar de 1964

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O centro de São Paulo, há mais de 50 anos, foi palco de uma das maiores concentrações de populares protestando contra o governo vigente. Era a Marcha da Família com Deus pela Liberdade pedindo a saída de João Goulart da presidência e a extinção de tudo que pudesse ser classificado como uma “ameaça comunista”.

O primeiro evento, em 19 de março, reuniu 500 mil pessoas na Praça da Sé. A adesão em massa foi o aval da sociedade civil aos militares que arquitetavam o golpe, abrindo caminho para o emblemático 31 de março daquele ano.

Cinco décadas depois, no dia 22 de março de 2014, conservadores contemporâneos, dessa vez apenas descontentes com a derrota da ideologia que os representam nas urnas, reuniram menos que 1% do volume da primeira Marcha em diversas capitais do País. Deixou claro que o sentimento antidemocrático e golpista ficou em 64.

 

Na época de Jango, o contexto econômico, social e político em que o Brasil estava inserido explica o sucesso da Marcha. Mas o motivo oficial utilizado para justificar a convocação do movimento foi o Comício da Central do Brasil em 13 de março, no Rio de Janeiro, ocasião em que Jango conclamou apoio às reformas de base.

Contrários à divisão de bens e terras e mudanças constitucionais, setores da sociedade, principalmente o clero e entidades feministas, organizaram a Marcha. Durante o movimento, o Manifesto ao povo do Brasil, um texto pedindo o afastamento do presidente João Goulart, foi distribuído entre os participantes.

Golpe deflagrado, militares no poder (até 1985). Em 2 de abril de 1964, a Marcha da Vitória, no Rio de Janeiro, reuniu cerca de 1 milhão de pessoas para celebrar a queda de Jango.

Nos dois momentos, a Marcha contou com a participação de lideranças políticas interessadas na derrota dos reformistas, como o então presidente do Senado Auro de Moura Andrade, e o governador de Guanabara Carlos Lacerda. A imprensa, claro, não ficou de fora. 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

29 Comentários

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  1. Já disseram por aqui.

    Mas, não custa repetir:

    1 – um percentual enorme dos participantes da marcha com Deus em 1964 não tinham a mais mínima ideia do que estava sendo urdido. Lembrando que naqueles tempos fazer procissão era um acontecimento muitíssimo comum e fácil de ocorrer em tudo quanto é lugar, no país. Digamos, então, que a maioria do povão que foi para aquela marcha foi pensando que era uma coisa – depois os tempos mostraram que era outra. 

    O povão também não tinha ideia do significado das arruaças nas ruas, ou das discussões bem escondidas da maioria. Achavam que era aquilo mesmo que viam no cotidiano: arruaças, que atrapalhavam o trânsito e impediam o livre curso da vida. E queriam que alguém desse um jeito.

    2 –  Naqueles tempos a imensa maioria do povo era católica tradicional, de frequentar igreja, procissões, quermesses, enterros de padres, coisas assim. As dissensões que vinham ocorrendo dentro da igreja católica somente eram conhecidas de um ou outro grupo de leigos. Desse modo, tanto Dom Eugênio quanto Dom Hélder eram vistos como gente do mesmo Deus, da mesma igreja. Portanto, para a imensa maioria participante da Marcha, “a igreja” que a conduziu  era a católica (do grego Katholikós: universal), a que para eles era a única, a verdadeira igreja. Somente por acaso fiquei sabendo em 1964 da existência de Dom Padim, ou de outros que pareciam mesmo intencionados em “acordar” o povo, “colocar fermento na massa”, expressão daqueles dias. 

    3 – os políticos que mais apareciam naqueles tempos eram tais e quais os muitos Álvaros dos dias de hoje: queriam (querem) ficar com o poder a qualquer custo, doesse a quem doesse, morresse quem morresse. Alguns postaram-se em cima de muros, prontos para virarem comunistas desde criancinhas ou da direita, idem – contanto que não viessem a perder seus status. 

     

  2. Está na hora de se mudar o

    Está na hora de se mudar o enfoque

    Devemos resgatar a história real.

    Foi um golpe civil com apoio dos militares; ou golpe civil – militar.

    Foram interesses civis, econômicos, que desencadearam o golpe.

    Os militares foram bucha de canhão.

    Este resgate impossibilitará que outras tentativas de golpe fiquem obscurecidas por não terem os militares à frente.

    A recente tentativa de reedição da marcha pela família, a politização do julgamento do mensalão, e o que os jornais fazem diariamente contra o governo, são provas de riscos  não observadas pelo cidadão por não ter os militares à frente.

     

    1. Carta Maior:

      Quais são, na sua avaliação, os principais problemas e ameaças que a democracia brasileira enfrenta hoje?

      Tarso Genro: A opacidade do Estado e a captura do Estado pelo capital financeiro. Essa opacidade só pode ser vencida por um controle público da cidadania sobre o Estado, um controle público que não vai extinguir a opacidade, mas vai aumentar a interferência da cidadania nas decisões…

      Leia aqui

    2. Acho esta parte da nossa

      Acho esta parte da nossa história ainda muito obscura. Fico me perguntando a mesma coisa. Os milicos apenas aproveitaram a deixa ou foi a sociedade da época que os empurrou para o golpe. Pelas minhas conversas com gente que se lembra dos detalhes da época, a grande verdade é que a imprensa teve papel preponderante na formatação do golpe. Foram os jornalões da época que insuflaram a população com informações inviesadas no mínimo duvidosas sobra as pretensões do Governo Jango. Que faltou jogo de cintura do presidente eleito, que existiam partidários inflamados (Brizola o principal deles) e ponderados (Tancredo foi o mais destacado) e sempre teve também os ‘em cima do muro’ como o hoje Senador Pedro Simon. A abertura de 85 foi apenas o primeiro passo a ser dado e foi só. Não se tentou reescrever a história com a verdade imaculada. A anistia só serfviu para mascarar as coisas e dar um ar de legalidade a tudo de incorreto, impreciso e ilegal que foi publicado naquela época. Perdemos a chance de contar à nossos jovens a barbaridade que foi o golpe mostrando a eles que após junho/13, as passeatas, o ‘não vai ter copa’ e outras manifestações mais é mais do mesmo ou seja, estão sendo manipulados pela mídia de oposição que ainda resiste sem uma Lei de Meios!

  3. Derrubaram Jango?

    E Getúlio?,

    qual o motivo da renúncia de Jânio?

    O golpe foi tramado a partir de fora, e o que se queria, acima de tudo, era dar um exemplo da força dos EUA, e garantir que o continente continuasse como “quintal”.

    Veja  o que disse Getúlio:

    Cópia da Carta-testamento de Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954:

    Cquote1.svgMais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

    Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

    Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

    Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

    Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

    E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

     

  4. O Golpe Civilitar (ou seria Milivil?) e a importância da marca.

    Marcas como “Mensalão”, “Petrossauro”, “Cartel (dos trens)”, “Mineiro (do caixa 2 tucano com dinheiro público de verdade)”, “defensivos agrícolas (agrotóxicos ou venenos)”, etc. são importantíssimas para distrair a opinião pública do real (e camuflado) conteúdo dos temas relevantes à sociedade.

    O golpe de 64 foi urdido por civis (nacionais e estrangeiros), SUPORTADO pelo poder militar (este também suportado por garantias estrangeiras de último caso) envolvido pelas “preocupações”, articulações e desejos civis, principalmente de SP, onde se concentra a plutocracia oligárquica do país e que definiu os interesses a serem assegurados e implementados pelo poder militar.

    Hoje, até a mídia (civil) que foi tão ou mais essencial que os tanques (até para disseminar o “sucesso” destes) já chama a outrora denominada “Revolução” de Golpe (seu nome verdadeiro).

    O cinismo chic de um FHC ao disseminar a idéia de que havia um perigo de golpe do “outro lado” confirma o interesse civil de manipular a História: ainda que houvesse esse “perigo”, as mesmas forças que deram o golpe de fato teriam capacidade de enfrentar tal pretenso golpe com as armas institucionais de que sempre dispôs (Polícia, Congresso, partidos, Judiciário e até as mesmas Forças Armadas e “pan” americanas).

    O próprio processo das Diretas Já representou, de parte destas oligarquias o desejo de, feito o trabalho sujo para eles, retomar o poder que estava “contrangido” por militares que já estavam “atrapalhando os negócios”.

    As regras de interesse plutocrático predominaram (convenientemente) sob o regime militar que tinha (para eles) um defeito um tanto nacionalista, que prejudicava os “parceiros” internacionais. Portanto, estavam “exagerando” e “caducaram no prazo de validade”.

    Com o retorno da democracia (institucional), o que predominou foi exatamente o neoliberalismo desta plutocracia para-hereditária que está aí, e veio a destruir suadas (e ainda precárias) conquistas nacionais, através do desmonte do estado, de seu patrimônio e da capacidade competitiva produtiva e humana da nação.

    Com a coragem popular de tentar, depois de 5 séculos, uma experiência diferente desta plutoligarquia, aquilo que seria um experiência exótica de 4 anos, tornou-se uma luz no final do túnel, voltando a atiçar as (medíocres e infundadas) preocupações da Casa Grande.

    Sim, porque esta Casa Grande nunca teve ou precisou ter habilidade polítca-negocial (e mesmo econômico-empresarial em geral), já que sempre se apoiaram num mero Poder discricionária pela imensa diferença entre eles e o “resto” do povo brasileiro. Toda vez que são instados a praticar (boa) política, a única coisa que sabem fazer é tentar derrubar o adversário, agora mais crescido), nunca discutir o país.

    Com sua (poderosa) mediocridade, apenas conseguem praticar o futrico, a manipulação, o engôdo, a traição, a maledicência, os truques farsescos e demais ações completamente distantes do interesses do país e seu povo.

    Instados a defender com unhas e dentes privilégios que (a maioria) sequer ameaçados de verdade.se nada disso funcionar, começam a avaliar as posibilidades de novo(s) golpe(s), com ou sem militares, que podem agora não ser a ferramenta mais oportuna e apropriada. Além da mídia (sempre), tentam o Judiciário (togas são mais elegantes que tanques),e sensibilizandoseus parceiros e chefes exógenos a nos por de joelhos perante a banca e o poder da banca e das empresas internacionais aqui estabelecidas com sua participação, enquanto contingencialmente vão remotivando (e provocando instintos d’) os armados, como um último recurso que lhes “lava as mãos”.

    Portanto, não nos iludamoes. Militares no Brasil sempre foram usados pelos civisdesta nossa pobre rica plutoligarquia.

    Assim como os demais, 64 foi (mais) um GOLPE CIVILITAR. Se preferirem, MILICIVIL.

    Ou Plutogárquicarmado,

    Mas aí já fica muito complicado.

     

    1. “as mesmas forças que deram o

      “as mesmas forças que deram o golpe de fato teriam capacidade de enfrentar tal pretenso golpe com as armas institucionais de que sempre dispôs”

      E um erro pensar assim que se os comunistas tomassem o poder, a sociedade teria meios para retira los do poder pela força.

      A história mostra que na tomada do poder pelos comunistas leva se anos e perdas enormes de vidas do país que teve a infelicidade de ser governado por comunistas, ate hoje tem país que não se recuperou dos danos.

       

       

      1. A comunistopatia agudocrônica paranóica.

        Quem falou em “implantação do comunismo”? Falei de golpe!

        NENHUM dos diversos golpes ocorridos sistematicamente no Brasil foi “comunista” embora tenham sido todos golpes (ou tentativas), desde sempre. A maioria entre conflito de interesses de poderes conservadores e progressistas. Preciso citá-los? (o mais recente tinha sido já duplamente em 1961, fora os de 55, 54, 45, 37, 32, 30 … 1889 … ).

        Desafio não só vc, mas qualquer um a dissertar (consistentemente) sobre como seria viabilizada (eu disse viabilizada, não ficção sonhada) a implantação do comunismo no Brasil, naquela época ou em qualquer outra!

        Esta doença do anticomunismo (nunca fui comunista) parece uma patologia implantada por lavagem cerebral em mentes como a sua, como crentes da velha divisão entre o céu e do inferno, Deus e o Diabo. 

        Não há fundamento algum (sério) em que o governo eleito e democrático de Jango quisesse “implantar o comunismo”. Já havia até propaganda eleitoral para as eleições de 1965 (JK, Lacerda, Adhemar, etc., nenhum com o mais leve aroma de “comunismo”).

        O máximo que ele poderia fazer era promover (num fim de mandato) reformas mais “ousadas” (que afetavam as plutoligarquias), através do Congresso e da mobilização da opinião pública. Isto é conhecido por aí como democracia. Uma parte destas reformas foi inclusive implementada pela própria ditadura (embora já ajustadas à plutoligarquia).

        De resto, nos países comunistas, os únicos relevantes que começaram com uma revolução “popular” foram a Russia e um tanto a China (que teve uma mais longa luta entre Mao e Shek). O resto foi imposto satelizadamente (repúblicas soviéticas), dadas de presente (Cuba) ou trocas de ditaduras, governos totalitários ou coloniais. em países menos relevantes, alguns dos quais (China, Vietnam e a própria pioneira Russia) migrando ou mixando comunismo (que tem sim alguns conceitos interessantes) com o capitalismo.

        Mas décadas depois de equacionada a guerra fria, ela ainda é utilizada pelos EEUU e por órfãos dela.

        Já passou da hora (e do século) de fazer uma boa terapia.

        E jogar estas muletas fora..

        1. Você presupôe que não existia

          Você presupôe que não existia o perigo de uma ditadura comunista se estabelecer no Brasil e que este medo foi usado como arma de retórica para justificar a tomada de poder pelos militares para a defesa dos interesses dos plutocratas.

          A pergunta que se tenta responder , é se haveria ou não a possibilidade de  implantar uma ditadura comunista no Brasil na época, digo ditadura pq comunismo e democracia nunca existiu.

          Não sou historiador e não tenho meios para responder esta pergunta adequadamente.

          Mas, vejamos no passado recente de 1964, o comunismo já teria feito uma tentativa frustrada de tomar o poder pelo meio da força, a intentona comunista de 1935 foi esta tentativa.

          A insubordinação:

          Nas forças armadas ocorreram por diversas insubordinações , general dando tiro no outro, avião sendo sequestrado por militares descontentes, sargentos tomando de assalto o STF.

          A infiltração:

          Normalmente se coloca a influência dos EUA na revolução de 1964, mas estranhamente se omite qualquer influência da URSS no país, nas forças armadas existia infiltração de militares comunistas esimpatizantes.

          Estes e outros fatores não é de todo improvável uma ditadura comunista no Brasil.

           

          1. Mais embromação…com o Se…

            Que tal um SE a ditadura Civil Militar não tivesse ocorrido?

            Jango como sabem poderia sim ter resistido ao custo do sangue de muitos brasileiros, e provavelmente teria ganho.

            Mas o preço, para a “ditadura comunista” não valeria a pena.

            Quem era pela paz?

            Coitado do Allende deve ter Pinochetistas dizendo exatamente a mesma coisa do presidente eleito democraticamente e que foi assassinado pela ditadura de lá.

            Hoje no Chile Pinochet é palavrão com direito a prisão!

            E ditadura no brasil é chamada cômicamente (com chacotas e de modo provocativo) de ditabranda.

            E no fundo o ignorante brasileiro merece…confabulou a medíocre anistia.

            Covardes…

            Uruguai, Chile, Argentina com governos do povo condenanram essas atrocidades antes que as globos subvertessesm a história com outra estória.

      2. Uma pergunta, aliança:

        A qual sociedade te referes? Pergunto porque me parece meio vaga esta “sociedade” a que te referes. Vejamos: classe média (em torno de 35% na época) ou o restante da população que se mantinha alheia ou por vontade ou por ignorância (muitos analfabetos funcionais)? E convém lembrar: analfabeto pode votar somente em 1985. Pois é, não me parece que essa sociedade pudesse representar os cerca de 80 milhões de brasileiros de então.

    1. Invencionices Supositórias

      O partido comunista francês e italiano à época costumavam ter até 15% do eleitorado destas relevantes democracias capitalistas. Certamente a URSS tinha influência ou relações com todos estes partidos (e países). Nada além.

      Na América, o único país comunista chama-se Cuba (fora a “gigantesca” ameaça de Granada, hehe).

      A Revolução Cubana não foi motivada pela URSS e sequer era comunista inicialmente.

      Foi eminentemente uma revolta contra a DITADURA de Fulgêncio Batista, que prostituia o país e seu povo para os amicci, empresas americanas e também sua Máfia, em detrimento dos próprios cubanos.

      Com o sucesso na derrrubada do ditador bandido, o barbudo não recebeu apoio algum dos vizinhos americanos, mais interessado nos negócios lícitos e ilícitos, morais e imorais que lá tinham com a corretagem e intermediação Batista.

      Interessado no seu povo e país e sem o importante apoio, além da provocativa e desastrada tentativa de contra-golpe da baía dos Porcos, os EEUU sim, jogaram a evidentemente ameaçada Cuba no colo soviético de Nikita.

      Portanto, como nem História (pública) o sr. sabe, não surpreende conviver com seus tipicamente medíocres comentários. Não “toca” porque não é relevante.

      A URSS poderia ter até vontade de criar golpes comunistas pela Am.Latina. Mas sabia mutio bem perceber a divisão das zonas geopoliticas mundiais e nunca se atreveu a “gastar vela boa em defunto ruim”, pois sabia de suas parcas probabilidades. Mais monitorava e mantinha discreta presença do que agia objetivamente.

      O golpe de 64 foi  repique contra uma democracia institucional que poderia resolver tudo … institucionalmente.

      Mas há que pense que o povo (o “demo” da cracia) nem sempre “deve fazer parte” dela, né?

      Nada de ameaças aos “plutos”!

      1. A revolta contra o ditador

        A revolta contra o ditador Batista não justifica a opção pelo comunismo. Na mesma época foi deposto o ditador Trujillo na Republica Dominicana e o regime hoje é democratico de economia de mercado, um pais prospero e em excelente perspectiva de crescimento. A prostituição existia em Cuba e os cassinos tambem, tudo junto ocupava 10 mil pessoas, a população cubana era de 10 milhões, portanto Cuba não era só cassinos e prostitutas, era a maior produtora de açucar do mundo, hoje não produz quase nada. A proposito, prostituição hoje em Havana é a industria de maior crescimento.

        1. Justifica ou Justivai?

          Meu caro, vc nem consegue interpretar o que vc mesmo fala: que fora os (seus) mencionados “10 mil”, o resto dos 10 milhões estava fora do “jogo”. Literalmente!

          Ou vc vai me dizer que eram 10 milhões de fazendeiros de açucar?

          Quanto à prostituição, não me refiro a que vc preconceituosamente se refere, pois ela existe em todo o mundo (eu já fui abordado nas ruas de NY, LA, Vegas, Miami, Orleans, Honolulu, para ficar só nos EEUU), mas a prostituir o país. Não, não é o mesmo que fabricar prostitutas. É dureza ter que explicar banalidades textuais, mas faz parte…

          Eu como capitalista, que nunca fui comunista, portanto não defendo o sistema, estou longe de defender a predação social (ou darwinismo social) do capitalismo. Acho que ele pode ser (muito) mais inteligente e equilibrado (humano).

          Mas que os EEUU cometeram (até por seus próprios interesses) um erro político-diplomático, disso não há dúvidas. O novo ditador viu-se ameaçado e procurou o único país que poderia protegê-lo deles (como de fato).

          Ouso dizer que entre Batista e Fidel, anos luz a favor de Fidel, que elevou os índices humanos de Cuba à linha de frente mundial e só não evoluiu economicamente exatamente pela chantagem do embargo econômico a que foi submetido. Entendo até que seu futuro pode ser assemelhado (proporcionamente) ao da China.

          Os EEUU jamais consideraram que um homem pudesse resistir a todas as suas tramas por tanto tempo. Fiseram de tudo para derrubá-lo e a sua revolução (que poderiam ter apoiado, se mais inteligentes).

          Embora pensem ter sido vitoriosos na crise dos mísseis (que certamente não seriam lançados, como os da Turquia ou quaisquer outros nunca o foram, mera reação emocional), foi aí que Fidel consolidou sua segurança, através de uma ameaça evidentemente virtual. Cheque-mate.

          O maior erro de Fidel (para mim) foi não ter aceito a proposta de Carter (um presidente “diferente” das doutrinas ianques) para restabelecer relações. Teria aberto o país (como estão fazendo hoje timidamente), mas com um povo dos mais desenvolvidos da America para entrar na economia mundial.

          De resto, a justificativa da opção cubana é algo que diz respeito a eles e não a mim ou a vc. Ou aos EEUU. Chama-se soberania.

          Se foi boa ou não cabe a eles julgar. 

          E não estão longe de poder fazê-lo.

        2. A Paella do MA!

          Cuba não era só cassino e prostitutas. Tinha americanos, mafias e segundo você 10 milões de miseraveis cubanos. Seu prato indigesto diz que Cuba era o maior produtor de açucar! E daí, o que o pobre boia fria catador de cana  e o povo cubano ganha como um produto primário de exportação? Cana até o talo? Ao menos agora exporta médicos! O que o povo brasileiro e os escravos ganharam com o ciclo da cana de açucar no Nordeste? Há, veja as vantagens das prostitutas cubanas. São alfabetizadas, devem ser muito bem educadas e devem falar várias linguas! Há podem também cobrar em Yen, dolar, euros ou até real. E não são passadas para trás pelos gringos.

          1. Nada a ver. Cuba era

            Nada a ver. Cuba era infinitamente mais prospera antes do comunismo, hoje é um Pais igualmente miseravel, então não há injustiça social, todos são igualmente pobres, 100 dolares por mês de salario lá é uma fortuna, todos os alimentos necessitam de caderneta de racionamento ou pode comprar mais no cambio negro se tiver dolares. Um campo de concentração cuja cerca é o mar. Mas está para acabar, estão já aceitando investimento estrangeiro, mais dois anos e torna-se a China do Caribe.

  5. FESTIVAL DITADURA – O

    FESTIVAL DITADURA – O impressionante neste FESTIVAL DITADURA é uma canhestra tentativa de reescrever a historia ouvindo só um lado e ovindo mal e toscamente.

    Seria como escrever a historia da Segunda Guerra ouvindo só os ingleses.

    A Historia é sempre um enorme conjunto de variaveis e não pode ser entendida apenas a partir das impressões individuais de algumas pessoas que introjetam nas suas narrativas suas micro visões de um processo do qual só conheceram fiapos e se recusam a ver o todo e seus contextos.

    Não é possivel ter visão de HISTORIA com ativistas politicos de hoje, querendo interpretar essa Historia a partir de sua ideologia. Pouco ou nada valem relatos isolados sem a compreensão do todo e de suas profundas raizes.

    Hugh Thomas na sua monumental obra A GUERRA CIVIL ESPANHOLA diz que é impossivel entender essa grande conflito que durou de 1936 a 1939 sem antes conhecer a historia da Espanha a partir de Napoleão, porque a Guerra Civil foi um acerto de contas de crises gestadas desde a invasão da Peninsula Ibérica pelos franceses.

    Não é possivel entender um processo historico sem olhar suas raizes. A operação militar de 1964 veio de uma vertente conservadora do Exercito formada a partir do tenentismo de 1922 e  desembarca da participação do Brasil ao lado dos Aliados na Segunda Guerra  e em função da derrota dos Estados autoritarios não aceita a permanencia de Vargas no poder, deposto pelo Exercito em outubro de 1945. Esse grupo congregado em torno do General Cordeiro de Farias, do ex-Presidente Dutra e  da jovem e vigorosa Força Aerea ficou chocada com a volta de Vargas em 1950. O nucelo de 1964 está no grupo que não absorveu o retorno do varguismo em 1950 e provocou sua crise em 1954 e 1955, com as chamadas “novembradas”, culimanando com as duas rebeliões da Aeronautica no Governo JK, Jacareacanga e Aragarças. Esses são os fios que tecem a armadura de 1964, só possivel pela presença de lideranças militares historicas na conspiração, Mourão Filho, Juarez Tavora, Castello Branco, Odilo Denys, os irmãos Geisel, Nelson de Mello, Jurandir Mamede, Euclides Figueiredo, Antonio Bandeira, alem do ex-Presidente Marechal

    Eurico Gaspar Dutra, lideranças que eram respeitadas e seguidas. Nas percepções da invisivel participação americana a coisa desanda completamente. É obvio que os EUA depois do trauma cubano não viam com simpatia um governo em marcha batida para a radicalização mas não havia ordem de batalha ou processo organizado de intervenção no Brasil.

    O Brasil e a Argentina j[a eram paises muito grandes e consolidados para admitir qualquer intervenção estrangeira MAS, mais do que nada, essa intervenção nunca seria necessaria. O Exercito brasileiro, com experiencia de batalha em guerra mundial, onde enfrentou a Wehrmatch e travou lutas sangrentas com razoaveis perdas de soldados brasileiros (447 mortos e mais de 1.000 feridos) tinha em 1964 potencial ofensivo para facilmente depor qualquer governo com facilidade, nem precisaria de batalhões, bastaria a Policia do Exercito. Portanto a hipotese de intervençao estrangeira, jamais conhecida no Brasil (ou na Argentina) desde a Independencia sempre foi uma miragem contra qualquer logica de territorio, de operação, de escala, de timing ou de necessidade.

    Há uma grande confusão proposital ou por ignorancia entre SIMPATIA pela deposição de Goulart, revertida em reconhecimento imediato do novo regime, com intervenção. A ação desastrada de Lincoln Gordon, que não era diplomata e não tinha a experiencia e o traquejo de um verdadeiro diplomata, visou angarar APOIO politico para o novo regime, isso nunca significou intervenção no sentido téncico que essa expressão contem.

    A tal “frota se deslocando para as praias brasileiras” é puro delirio, em 1964 não existia a 4º Frota e tampouco qualquer outra frota americana no Atlantico Sul, todas as 6 frotas americanas estavam ou no Atlantico Norte, ou no Mediterraneo ou no Indico e Pacifico, navios não são instrumento de pronta ação.

    Uma intervenção em um Pais do tamanho do Brasil seria militarmente desnecessaria e politicamente um desastre, a esquerda insiste nessa lenda sem logica geopolitica, esquecendo que o Exercito brasileiro em qualquer hipotse tem poder de fogo para com minimos movimentos depor qualquer governo, dadas as condições objetivas para isso.

    O Festival Ditadura da midia é de um primarismo atroz, o Brasil merece um balanço historico melhor.

     

    1. A culpa é do sofá

      Essa longas dissertações de “Almanaque do Biotônico Fontoura” (+novos, vide Google) do Motta me fazem lembrar a piada do cara que flagra a mulher no sofá com um amante e depois daquelas tradicionais explicações de que “não é nada disso que vc está pensando!” se convence que a culpa é do sofá.

      E o Motta ainda traz um estudo amplo sobre a indústria de estofados, para que “entendamos o problema”.

      Amazing…

  6. Boa tarde, Nassif – Lembro-me

    Boa tarde, Nassif – Lembro-me também, na mesma época, da campanha “Dê ouro para o bem do Brasil”…

  7. Vendo essas primeiras páginas

    Vendo essas primeiras páginas dos jornalões, me lembrei da que vi reproduzida na Carta Capital dessa semana. É na matéria sobre o livro do psiquiatra francês que tratou do Frei Tito no exílio. Por ocasião da prisão dele e mais dois frades dominicanos, O Globo estampou em manchete garrafal: 

    “Padres do terror tinham célula comunista”

    E foi o prórpio Roberto Marinho quem escreveu o editorial praticamente já justificando a infame tortura que Tito sofreria nas mãos do monstro Sergio Paranhos Freuly. 

    E eles ainda acham que essas desulpinha de agora encerra a questão. Não encerra não. Não tem comissão da verdade digna do nome que não inclua a grande imprensa 

  8. Vendo as manchetes dos

    Vendo as manchetes dos jornais da época chego à triste conclusão de que nada mudou,aliás hoje eles são mais competentes e mais calhordas.

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