O Estado do RJ pós fusão com a Guanabara, por Luiz Claudio Pontes

Por Luiz Claudio Pontes

Comentário ao post “Rio: a lógica de exigir que posts sejam teses acadêmicas

DISCUTINDO A RELAÇÃO OU DE COMO 1974 DESGRAÇOU NOSSAS VIDAS

Sei que parece meio demodè discutir isso aqui no momento, mas ninguém deu jeito no estado do RJ pós 1974. A fusão entre Guanabara e antigo Estado do Rio atrasou a vida dos cariocas (nascidos na Guanabara) e arrasou com o desenvolvimento  dos fluminenses, os nascidos no antigo Estado do RJ. Esses, viram os parcos recursos de seus municípios sendo carreados para a nova capital e desviados para obras bem distantes dos seus olhos. 
 
Essa tragédia foi provocada pela insanidade dos milicos que decidiram a portas fechadas apagar  de uma hora para outra a história de dois povos que levaram mais de 400 anos para construir suas identidades. A chaga deixada pela ditadura no RJ é algo que já dura mais de 40 anos e parece não ter solução próxima. Enquanto isso, o antigo estado da Guanabara (hoje cidade do RJ e capital) esbanja grana e empresta ao governador 100 milhões de reais para pagamento de dívidas e ainda joga prata pro ar com olimpíadas, carnaval e festa de reveillon. É fácil entender o motivo pelo qual o prefeito tem garrafa pra vender: a cidade do RJ não vive só dos benefícios  do petróleo, ela tem uma economia diversificada, calcada principalmente em serviços, comércio  e produção de tecnologia de ponta, situação que não encontramos nos demais municípios fluminenses, pelo menos não com tanta pujança.

 
Quem anda pelas cidades  de Vassouras, Santo Antônio de Pádua ou Campos, por exemplo, observa que esses municípios estão muito longe de alcançar a qualidade dos serviços encontrados na capital. Os municípios mais distantes da área metropolitana da cidade do RJ amargam com o êxodo, minguando demograficamente a olhos vistos, enquanto bairros da capital, como Bangu e Campo Grande, juntos, possuem praticamente dois milhôes de habitantes.
 
Já quem percorre o Estado de São Paulo vê progresso espalhado por todo lado. As indústrias abundam por toda parte e a qualidade de vida, mesmo no interior, se aproxima daquelas observadas nas nações mais desenvolvidas do mundo. Mas, ora, São Paulo sempre foi um só Estado desde sua fundação e sempre gozou das benesses dos governos ditatoriais já  que ali se instalara o centro do capitalismo da América Latina desde o auge da industria cafeicultora.  
 
Mas o Rio, pobre Rio (Guanabara+antigo Estado do RJ), que um dia fora corte e capital  se tornou um monstro de duas cabeças, sem que nenhuma delas se reconhecesse como igual até os dias atuais. Se estranham e se devoram em uma atitude suicida, conflito que só beneficia políticos corruptos que enriquecem com a desgraça de todos nós que aqui vivemos.
 
É tabu discutir a desfusão do RJ e da Guanabara, mas creio que esse debate deve ser levado em consideração, sobretudo nesse momento de grave crise econômica e política de nosso estado. A verade é que a fusão foi desastrosa para ambos os estados e esse ato ditatorial deve ser revisto, assim como os crimes de tortura apurados pela Comissão da verdade, pois todos sabem que a união dos dois estados tinha como principal intenção aniquilar com a resistência política ao antigo regime instalada na Guanabara.
 
Os bascos discutem sobre a independência com a Espanha, os escoceses discutem sobre a independência com a Inglaterra e nós que somos parecidos, mas não iguais não temos coragem de discutir sobre a nossa fracassada relação de 41 anos jogados na lata de lixo. 
 
Tocantins e Mato Grosso do Sul eram parte de outros estados da federação, mas a independência de ambos, ao contrário, trouxe progresso aos dois jovens estados, sobretudo pelo fato desses novos entes federativos se tornarem celeiros agrícolas de colonos vindos principalmente do sul do país, incentivados pela injeção de recursos federais e isenção de impostos aos novos estados. Já o Rio de Janeiro, ao contrário, ao ser fundido com a Guanabara, agravou sua situação de penúria e agora, se vê asfixiado pelo monstro parido no distante ano de 1974 – aquele que, assim como 1968, nunca terminou.
Redação

6 Comentários

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  1. Esclarecer…

    * Mato Grosso do Sul também fora criado por querela política da ditadura. Aí tudo bem, foi exitoso, quando na verdade sabe-se que o desenvolvimento de MS vem por ser uma extensão da Economia paulista…

    * a crise nos hospitais estaduais, que estão na cidade do Rio de Janeiro, se arrasta por muito tempo, não é de hoje;

    * identidade dos dois estados a 400 anos?! Vejamos: a cidade do Rio de Janeiro tornou-se apartada do restante do estado do Rio de Janeiro em 1834, com a criação do municipio neutro, um distrito federal pra corte;

    * como ficaria a questão metropolitana na RMRJ?!

    Minha opinião: passou da hora da cidade do Rio de Janeiro assumir ser a capital do estado do Rio de Janeiro.

  2. RIO, ESTADO CARIOCAOs

    RIO, ESTADO CARIOCA
    Os militares casaram a Guanabara (que se tornou Cidade do RJ) com o RJ na polícia e a vingança dos guanabarianos foi jamais se reconhecerem como parte do Estado do RJ. Só será possível resolver essa ferida aberta desde 1974 e desenvolver o Rio de Janeiro – principalmente seu interior – quando este for efetivamente unificado sob o estandarte de um único Estado carioca.

  3. somos todos caricoas

    O caminho  é o reconhecimento da fusão e sua integração.  O problema não é fusão e sim governos incopetentes, neoliberais e corruptos. Dinheiro tem, o Governo Federal descarregou dinheiro no Estado e na Cidade do Rio. Tem os royaties, tem a industrialização e as montadoras no sul do estado, o que falta é gestão e reconhecimento que somos um corpo so. Quem quiser de um observada nesse artigo.http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/ciencia_curso/article/view/2659

     

  4. somos todos caricoas

    O caminho  é o reconhecimento da fusão e sua integração.  O problema não é fusão e sim governos incopetentes, neoliberais e corruptos. Dinheiro tem, o Governo Federal descarregou dinheiro no Estado e na Cidade do Rio. Tem os royaties, tem a industrialização e as montadoras no sul do estado, o que falta é gestão e reconhecimento que somos um corpo so. Quem quiser de um observada nesse artigo.http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/ciencia_curso/article/view/2659

     

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