Maira Vasconcelos
Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).
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A vitória de Macri e o segundo turno histórico na Argentina, por Maíra Vasconcelos

Do blog de Maíra Vasconcelos

Empresário Mauricio Macri é o novo presidente da Argentina
 
“Se siente, se siente, Mauricio presidente”, assim cantavam e festejavam no Obelisco, ontem, por volta das 23 horas, após o resultado das eleições presidenciais, em Buenos Aires. A Argentina elegeu o candidato de centro-direita, o empresário Mauricio Macri (Cambiemos), com 51,44%, como novo presidente do país, após um segundo turno histórico. Pela primeira vez, uma disputa presidencial não foi decidida no primeiro turno. 
 
O candidato de centro-esquerda, Daniel Scioli (Frente para La Victoria), que representaria a continuidade do projeto de governo Kirchnerista, obteve 48,56% dos votos. A participação às urnas no último domingo, 22, foi de 79%, do total de 32 milhões de argentinos habilitados para votar.
 
Por volta das 18 horas, de ontem, diferentes agrupações e movimentos sociais, como o Movimento Evita e Juventude Peronista, que apoiam o atual governo, se reuniram em frente à Praça de Maio, aos pés do Cabildo, com suas respectivas bandeiras e tambores. Ali permaneceram concentrados até o final das apurações e definição dos resultados. No bairro Monserrat, via-se agrupações de jovens, representando movimentos de esquerda com bandeiras vermelhas, que cantavam “Porque Néstor não morreu, viva o projeto nacional e popular”.

 
Na Capital Federal, Mauricio Macri impôs uma ampla vantagem de 64,78% sobre o segundo colocado, Daniel Sicioli, que somou 35, 22%. Macri termina o seu segundo mandato como prefeito de Buenos Aires, tendo sido reeleito em 2011. Durante os mesmos oito anos, desde 2007 e até o presente ano, Daniel Sicioli foi governador do Estado de Buenos Aires.
 
No entanto, nessas eleições, o partido oficialista, Frente para La Victoria, não conseguiu eleger seu candidato para o governo estadual de Buenos Aires, Aníbal Fernández. A nova governadora eleita foi María Eugenia Vidal, também da oposição, do mesmo partido de Mauricio Macri. Vidal foi ministra de Desenvolcimento Social durante o primeiro mandato de Macri na Capital, e logo foi designada vice-prefeita no segundo governo de Macri.
 
Tem-se como certo o seguimento de uma linha política e econômica liberal, por parte do governo de Mauricio Macri, mas ainda há dúvidas sobre se haverpa realmente privatizações, cortes em gastos sociais, ajustes fiscais e aumento do dólar. Ainda é uma incógnita a forma de condução da economia argentina, nos próximos anos. Não se sabe quem Mauricio Macri designará como presidente do Banco Central, por exemplo, além de Macri não ter anunciado durante o processo eleiroral nenhum nome que irá compor os ministérios. Diferente de Daniel Scioli, que tornou público quem ficaria a cargo de cada um dos 17 ministérios que compõem o governo.
 
O novo presiente
 
Mauricio Macri tem 56 anos, é engenheiro civil, formado pela Universidade Católica Argentina (UCA) e nunca exerceu a profissão. Na década de 80, Mauricio trabalhou no Citibank e logo passou ao cargo de vice-presidente da holding SOCMA, que dirigia as empresas do Grupo Macri – à frente sempre esteve seu pai, o conhecido empresário Franco Macri. As empresas do Grupo Macri são a Siderco (construções), Sevel (automobilístico), Manliba (resíduos), Movicom (telefonia), entre outras. 
 
Em 1995, Macri foi eleito presidente do clube de futebol, Boca Juniors, cargo que ocupou por dez anos. Começou sua carreira política em 2005, eleito deputado de Buenos Aires, quando também impulsionou a criação do partido PRO (Aliança Proposta Republicana), e logo foi eleito prefeito em 2007 e reeleito em 2011. Macri é processado por escutas ilegais, acusado de pertencer a um esquema de espionagem, juntamente com a Polícia Metropolitana, que foi criada por ele, em 2008.
 
 
 
 
Maira Vasconcelos

Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).

26 Comentários

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  1. igualzinho ao Chile…

     

     

    vamos brincar de profetizar…

     

    os caras ganharam a eleição, … vão tentar dar uma guinada neo-liberal, …  o pau vai comer solto,…. vão acontecer manifestações estudantis e sindicais, … aí, vai cair a ficha do empresariado, …  e o socialismo volta nas próximas eleições….

    1. Mas cada analise tosca, o

      Mas cada analise tosca, o mundo hoje é muito diferente de 2000, há outro tipo de forças em marcha no planeta, nem os EUA é o mesmo de 1990, o problema imediato da Argentina é muito mais complexo do que “guinada neoliberal”, as reservas são ridiculas, 19 bilhões de dolares para compromissos fixos em 2016 de 27 bilhões, sem contar as importações, a herança dos Kirchner não se resolve tão facilmente , o problema não é de esquerda e direita, é de uma absoluta incapacidade gerencial

      que tiveram as gestões dos Kirchner, podia ser de esquerda e competente, mas nem eram de esquerda e muito menos competentes. só embromação e malandragem.

       

       

        1. Tanto defendeu o interesse do

          Tanto defendeu o interesse do Pais que no Governo Kirchner a Argentina passou de 2º expotador de carne do mundo para o 7º lugar, o rebanho passou de 55 milhões de cabeças para 39 milhões, o Uruguai passou a Argentina como exportador de carnem bela defesa de interesse do Pais.

          1. Não tenho dados, mas talvez

            Não tenho dados, mas talvez as exportações tenham sido redirecionadas para o mercado interno ? Economia não é só vender, vender, vender . . .

          2. Desinformação!
            Não mude de assunto.
            Quer dizer que SE der certo, é porque defende os interesses de seu país. Se der errado, é porque jogava contra os interesses de seu país.

            Dilma é o que para vc!?

      1. cara de uno focinho de nosotros

        … do jeito tosco que AA fala toscamente sobre Argentina e a herança maldita dos Kirchner parece que espectralmente espelho espelho meu existe embromação e malandragem… fala, na mesma chave analítica, sobre Brasil e a herança maldita do lulopetismo.

  2. Por aqui a oposição deve está

    Por aqui a oposição deve está toda serelepe por connta desse resultado.

    Vão se lascar, aqui  o PT ainda leva a próxima.

  3. Lá e cá

    O centro-direita ganhou por 2% de diferença. Foi mais estreito que a vitória de Dilma sobre Aécio.

    Agora vamos ver se a nossa brilhante mídia vai levantar dúvidas sobre a vitória deles!

    E o Scioli não pediu recontagem, não disse que perdeu para uma organização criminosa, não fez a palhaçada que o Aécio fez e continua fazendo, um ano depois.

    Mais uma lição que a Argentina dá ao Brasil.

     

  4.  
    Ainda assim, darei

     

    Ainda assim, darei livremente minha tosca opinião. Se os argentinos elegeram um aécio, o problema será deles. Portanto,  quem pariu Mateus que o embale.

    Orlando

  5. Ao “reivindicar” a exclusão

    Ao “reivindicar” a exclusão da Venezuela do Mersocul, o cara já fez cacaca, indo de um extro a outro. Quem ele pensa que é? Estamos mais afiam de incluir a Bolívia do que excluir a Venezuela…

    1. Ele será Presidente da

      Ele será Presidente da Argentina e nessa condição terá pleno direito de pedir a saida da Venezuela por afronta à clausula democratica do Mercosul, prender todos os opositores nunca será democracia em lugar nenhum.

    1. os trópicos acabam em SP

      A região tropical sul acaba na latitude da cidade de São Paulo (Trópico de Caprcórnio) e a Argentina não tem qualquer região tropical.

  6. Pelo menos teremos uma

    Pelo menos teremos uma amostra bem palpável de como seria o governo Aécio. Quanto aos argentinos, agora não adianta mais chorar…

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