Chile: Reforma ministerial traz dois nomes novos e reaproveita ministros

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Apenas 3 ministros abandonam efetivamente a Moneda e somente 2 nomes estreiam como "novos" no gabinete de Piñera. Governo mantém ministros polêmicos

Foto: Agência UNO

De Santiago, Chile

Jornal GGN – A reforma ministerial esperada pelos chilenos foi anunciada pelo presidente Sebastián Piñera: das oito mudanças de “novos ministros”, cinco já ocupavam outros cargos do governo e foram somente realocados. Apenas 3 ministros abandonam efetivamente a Moneda e somente 2 nomes estreiam como “novos” no gabinete de Piñera.

Um dos mais criticados por suas polêmicas declarações durante o Estado de Exceção, o ministro do Interior, Andrés Chadwick, que é primo do presidente da República, foi retirado do cargo e substituído por Gonzalo Blumel, que já estava no governo Piñera e também criticado como então secretário-geral da Presidência.

Minutos antes do anúncio oficial, a imprensa havia sido comunicada que quem assumiria o posto era Felipe Ward, ex-militante da UDI e então ministro de Bens Nacionais, que foi rejeitado de última hora por suas recentes declarações polêmicas: “os direitos humanos são uma espécie de caixa eletrônico que usa a esquerda para tirar dinheiro”, já havia dito, em 2013.

Nos bastidores, fala-se que esta e outras posições conservadores provocaram a saída de Ward do cargo de Bens Nacionais, sendo substituído por Julio Isamit, nome jovem da política, mas que já também ocupava o governo Piñera como chefe de gabinete da Secretaria Geral. Ainda, Felipe Ward permanece no governo e foi realocado para a Secretaria Geral da Presidência, que era ocupada por Blumel.

A então prefeita da Região Metropolitana, Karla Rubilar, que atuou durante todo o Estado de Emergência ao lado de Piñera, em defesa do mandatário, atuando em favor das forças de segurança e criminalizando os movimentos sociais, foi nomeada à porta-voz do Governo, no lugar de Cecilia Pérez, uma estreita colaboradora histórica do mandatário. Pérez, por sua vez, não abandonou o governo e foi realocada ao Ministério do Esporte, no lugar de Pauline Kantor.

No Ministério da Fazenda, Felipe Larraín sai do posto assumido também por ele no governo anterior de Piñera, e é substituído por Ignacio Briones, economista filiado ao partido Evópoli, sigla de centro-direita conservador, fundado por Felipe Kast, filho do ultra-direitista José Antonio Kast e neto de um ex-oficial da Alemanha nazista.

Na Economia, sai Juan Andrés Fontaine, outro dos ministro de Piñera que gerou indignação dos chilenos com a declaração, sugerindo aos manifestantes do preço do aumento das passagens de metrô que “madruguem” para obter a tarifa mais baixa. Entra no posto Lucas Palacios, engenheiro comercial e ex-diretor de importante canal de televisão do Chile, a TVN, e que tampouco é nome novo do governo: até agora atuava como subsecretario de Obras Públicas.

Outros ministros polêmicos e alvos de críticas permaneceram, como o ministro da Saúde, Jaime Mañalich, a da Educação, Marcela Cubillos, a ministra de Transporte e Telecomunicações, Gloria Hutt, e a Isabel Plá, do Ministério da Mulher, que desconhece as denúncias de violações sexuais cometidas pelas forças repressivas nos últimos dias.

 

 


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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. São 19 mortos e centenas de atropelos aos básicos direitos humanos,tortura incluída,ficará por isso mesmo??
    Piñeira,como todo neo-liberal carece de moral que o faça confiável,eis mais uma prova.
    Deverão acontecer novos protestos ,este sujeito sujo e traidor ,só ganhou tempo para agir contra a organização dos movimentos sociais que o surpreenderam desta vez.
    Aguardemos as denúncias sobre perseguições políticas,elas acontecerão.

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