Ipea aponta 193% de aumento de militares em cargos civis

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jair Bolsonaro (PL) distribuiu, sem cerimônia, cargos para oficiais em ministérios estratégicos, como Saúde, Economia e Meio Ambiente.

Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que o número de militares ocupando cargos civis no governo federal apresentou um aumento de 193% com Jair Bolsonaro. Há nove anos eles ocupavam 370 postos e, atualmente, ocupam 1.085 cargos no governo.

Jair Bolsonaro (PL) distribuiu, sem cerimônia, cargos para oficiais em ministérios estratégicos, como Saúde, Economia e Meio Ambiente. Além disso vai inchando o número de militares na cúpula do Executivo com cargos como Direção e Assessoramento Superior (DAS) e Função Comissionada do Poder Executivo (FCPE).

Nesses cargos, DAS e FCPE, os titulares têm poder e prestígio administrativo. Nesses cargos, o número de militares saltou de 303 para 381 entre 2013 e 2018. No governo Bolsonaro, esse número saltou para 623 cargos em 2019, 742 em 2021.

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Cargos de ‘natureza especial’, que são de primeiro e segundo escalões, os militares saltaram de 6 para 14.

O estudo do Ipea também detectou que a presença militar em cargos de confiança passou a se concentrar em escalões mais altos. Entre 2013 e 2021, o percentual de militares em cargos DAS de 1 a 3, considerados mais baixos, caiu de 65% para 54,5%. Por outro lado, a ocupação de DAS 5 e 6 por oficiais saltou de 8,9% para 20,5%.

Coincidentemente, os militares passaram a ocupar exatamente as áreas onde o governo sofre mais críticas. O Ipea mostrou que, em 2013, havia um único militar no Ministério da Economia, e em 2021 o número de militares alocados no ministério era de 84 DAS e PCPE. Um aumento superior a 8.000%.

Na Saúde, outra área sensível, os militares foram de 7 cargos para 40, variação de 471%. Sob a gestão do general Eduardo Pazuello esses cargos foram fortemente preenchidos no momento mais dramático da pandemia.

Outro grande salto se deu no Ministério do Meio Ambiente. Em 2014 era um militar em cargo comissionado e, ano passado, o número saltou para 21.

Houve também um aumento expressivo na área de Educação, com uma alta de 650% nas funções comissionadas, pulando de 2 para 15 militares. Na Defesa, o crescimento foi de 34%.

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