Os caminhos do PT e o fortalecimento da direita política, por Claudio Couto

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Claudio Couto

No Estadão

O PT na conjuntura política brasileira

Nas últimas duas décadas e, em particular, nos últimos doze anos, o país passou por mudanças estruturais do ponto de vista de sua estratificação social. Elas alteraram as relações de classe tradicionalmente estabelecidas e levaram a uma desorganização das referências antes postas. A considerável redução da pobreza e da desigualdade, bem como a ascensão de um considerável contingente de cidadãos a níveis médios de renda (sem que se possa chamá-los propriamente de “classes médias”) impactou significativamente o sistema de distinção social em vigor.

Com os emergentes ganhando acesso a bens e lugares antes exclusivos das camadas médias e altas estabelecidas, diluiu-se parcialmente uma distinção baseada em padrões de consumo e acesso exclusivo a espaços privilegiados. Tal diluição provocou incômodo em segmentos dos setores estabelecidos, alimentando ressentimentos de algumas de suas parcelas e abrindo espaço para sua radicalização política – potencializada pelo discurso raivoso de certos publicistas da mídia tradicional e das novas mídias. As redes sociais engrossaram o fenômeno, pois formam uma subopinião pública que reitera sentimentos e convicções.

O alvo preferencial dessa radicalização foi o Partido dos Trabalhadores (PT), identificado como o principal responsável pelas políticas redistributivas. Se, por um lado, esse seu papel na modificação da estratificação social no Brasil provocou ressentimentos, por outro, seu envolvimento em seguidos escândalos de corrupção agravou o quadro. E isso porque teve um duplo efeito. Em primeiro lugar, potencializou e ampliou para segmentos mais amplos das camadas estabelecidas o rechaço antes restrito aos segmentos ressentidos. Em segundo lugar, forneceu uma justificativa moralmente mais edificante aos seus detratores, que não precisariam encampar abertamente (ou exclusivamente) o discurso contrário à redução das desigualdades – ou, para ser mais preciso, às políticas que lhe promovem.

O que já era difícil tornou-se pior com a estagnação dos anos de Dilma Rousseff, que pôs freio ao contínuo incremento dos padrões de vida (e expectativas) ocorrido desde a implantação do Plano Real. Se os setores emergentes já se mostravam insatisfeitos com a baixa qualidade dos serviços públicos, mais universalizados do que no passado, porém ainda de qualidade ruim, decepcionaram-se também com a paralisação de seu progresso econômico. A chamada ‘classe C’, tornada consumidora voraz de bens privados, mas ainda usuária intensiva de serviços públicos, experimentara uma melhoria significativa de suas condições de vida “da porta de casa para dentro”, sem correspondência na vida “da porta de casa para fora”. A debacle econômica fez com que mesmo da porta de casa para dentro as coisas ficassem insatisfatórias.

Junto a estes setores emergentes e aos da base da pirâmide socioeconômica (até 2014 ainda fiéis aos governos federais petistas), os escândalos de corrupção que afetavam o PT eram relativamente contrabalançados pela bonança do consumo. Com o fim da boa fase, não houve mais como a satisfação do consumo contrapesar a crise moral. Paradoxalmente, os governos petistas promoveram mudanças sociais que ultrapassam sua capacidade de dialogar com os setores ascendentes. Os segmentos médios, em particular os emergentes, não reconhecem a centralidade das políticas capitaneadas pelo partido em sua melhora material – dão mais importância a seus méritos próprios. Noutros termos, o partido promove uma mudança que solapa suas próprias bases eleitorais e de legitimidade no médio prazo, pois é cada vez mais frágil junto aos setores médios de renda.

E o PT (como organização, não como governo) não ajudou muito a melhorar sua própria situação nesta frente. O ensimesmamento do partido diante dos escândalos, bem como sua incapacidade de renovar-se, tisnaram severamente sua imagem. A marca partidária forte, que era bônus, virou ônus pois o partido não tem como se esconder.

Há aí outro paradoxo. Nem tanto porque o próprio PT tenha tido em sua fase “heroica”, ainda na oposição, uma agenda anticorrupção importante. Mas sim porque seus governos implementaram políticas relevantes nessa área, reforçando instituições como a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, além de nomear sempre o preferido do Ministério Público Federal em suas listas tríplices. Isto se mostrou insuficiente diante da avalanche de problemas que o partido enfrentou nesse campo – alguns deles causados justamente pela maior eficiência das instituições que seu governo ajudou a reforçar.

Por fim, a crise é agravada pela falta de uma liderança política efetiva na Presidência da República. A presidente Dilma não é uma política, mas uma militante. Políticos são figuras talhadas à busca de soluções de compromisso e ao cálculo pragmático das possibilidades postas por diversos cursos de ação, subordinando a concretização dos princípios à viabilidade dos atos. Já militantes agem movidos pela convicção, mais que pela responsabilidade. São mais dados a arroubos voluntaristas, tanto em suas táticas políticas como na formulação do conteúdo das políticas que tentam implementar. O primeiro traço ficou nítido na (des)articulação política junto ao Congresso; o segundo, na fracassada política econômica do primeiro mandato.

Para piorar, a esse perfil militante se funde um viés burocrático de meticuloso micromanagement, ao estilo de um guarda-livros – traço talvez herdado de sua experiência como figura da retaguarda administrativa da guerrilha. Parece não ter perdido ainda hoje a preocupação com detalhes, a dificuldade em delegar e a desconfiança dos que não pertencem ao seu grupo mais íntimo. Nada poderia tornar mais difícil liderar uma máquina da magnitude do governo federal, ainda mais com quase quarenta ministérios e uma coalizão de dez partidos – a maior parte deles muito distante das preferências ideológicas presidenciais.

Em resumo, a presidente produziu problemas maiores do que sua capacidade de resolvê-los. No início de sua primeira gestão, uma saída teria sido delegar poder a quem tivesse capacidade de lidar com assuntos que ela não domina – como fizeram seus dois antecessores. Em vez disso, concentrou decisões em suas próprias mãos, não delegou no tempo certo e agora, dado seu enfraquecimento, o que poderia ter sido delegação virou abdicação – como fica claro na nova política econômica e na incumbência da articulação política ao vice-presidente pemedebista.

Isto tudo ocorre num cenário em que (para além dos erros presidenciais) o custo da negociação política aumentou. O aumento da fragmentação partidária nos últimos doze anos tornou paulatinamente maior o custo de negociação congressual; o crescimento do número de ministérios reflete isto, pois foi a forma mais fácil de lidar com o problema e com as divisões internas ao próprio PT. Nem sempre o mais fácil é o menos custoso.

A consequência de tudo isto é que a deslegitimação do PT e de seu governo abriram espaço para o fortalecimento político da direita política – não só partidária, mas também social. Tanto é assim que uma nova direita da sociedade civil foi capaz de capitanear um movimento de ruas que lhe ultrapassa e, por isto mesmo, é forte. Revela uma vitória sua na disputa por hegemonia, pois tirou da esquerda (ao menos conjunturalmente) um espaço em que tradicionalmente ela predominava. Ironicamente, parece que preocupação delirante de certos publicistas de direita com o “gramscismo” acabou ensinando a seus seguidores algo sobre disputas de hegemonia.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. Essa mania de engenheiros de

    Essa mania de engenheiros de obras prontas de apontarem “erros”…

    Ora, queria o quê, que a presidente “combinasse com os russos”? A oposição radicalizou porque quis radicalizar, ora, ora; porque quer o poder e não aguenta mais perder eleições. Queria que a Presidente fizesse o quê, que fechasse o Congresso?

    … E nenhuma palavra sobre a maior crise econômica que está, por exemplo, esfacelando a Europa…

    Estamos “bem” de cientistas políticos que insistem em desprezar – e até ignorar- o poder desequilibrador da imprensa na formação das ideias, crenças e vontades, e que ficam só nesse “miudinho” dos processos de aquisição e exercício do poder….

  2. Os Caminhos do PT e o pseudo-fortalecimento da Direita Política

    Caro Couto:

     

    Sua linha de raciocínio deireitista, travestida de liberta, expõe a “frouxada”, como dizemos aqui no Sul; de muitas pessoas esclarecidas, que estão buscando uma linha de argumentação que lhes acalme o coração, fraco, débil e carente de aceitação social, que ficou sendo uma mescla de alinhamento midiático-ideológico, a obtusidade ao se noticiar está se tornando uma ideologia em si mesma, alimentando a “colagem” de estereotipos para explicar o que tu insinua de situação da presidenta como sendo “perdida”. Reli minha frase e vi que estou certo, a ideologia para vocês tornou-se algo tão obtuso como um noticiário do bonner (min.)  Somente uma ideologia libertária e progressista de fato, seria cpaz de dar aos ascendentes a liberdade para poder alinhar-se ou não aos seus benfeitores. Na obtusidade de teu pensamento, distorcido pela influência midiática  que te tomou, todas as qualidades dela viram problemas, estais obtuso também. Deus que te abençõe, vais precisar.

    Colocando-me sempre à disposição, desde já, agradeço;

    João Teodoro.

  3. Os Caminhos do PT e o pseudo-fortalecimento da Direita Política

    Caro Couto:

     

    Sua linha de raciocínio deireitista, travestida de liberta, expõe a “frouxada”, como dizemos aqui no Sul; de muitas pessoas esclarecidas, que estão buscando uma linha de argumentação que lhes acalme o coração, fraco, débil e carente de aceitação social, que ficou sendo uma mescla de alinhamento midiático-ideológico, a obtusidade ao se noticiar está se tornando uma ideologia em si mesma, alimentando a “colagem” de estereotipos para explicar o que tu insinua de situação da presidenta como sendo “perdida”. Reli minha frase e vi que estou certo, a ideologia para vocês tornou-se algo tão obtuso como um noticiário do bonner (min.)  Somente uma ideologia libertária e progressista de fato, seria cpaz de dar aos ascendentes a liberdade para poder alinhar-se ou não aos seus benfeitores. Na obtusidade de teu pensamento, distorcido pela influência midiática  que te tomou, todas as qualidades dela viram problemas, estais obtuso também. Deus que te abençõe, vais precisar.

    Colocando-me sempre à disposição, desde já, agradeço;

    João Teodoro.

  4. ótima análise.
    sintetizou

    ótima análise.

    sintetizou muito bem, em poucas linhas, o momento recente da história do Brasil.

    mas não apontou nenhum caminho de superação do impasse. 

  5. É prá convencer quem? Os

    É prá convencer quem? Os eleitores do Estadão? Mas eles já estão convencidos. Não aguento mais esse discurso da direita. Socorro!

  6. Artigo surpreendentemente

    Artigo surpreendentemente bom, ainda que esteja longe de concordar com todos os pontos que ele menciona. Fato é que a postura política de Dilma, com seus erros, pode colocar em risco todas as conquistas de até agora e arriscar até mesmo a trajetória da esquerda que poderia estar numa ascendente do ponto de vista social e político. É certo, no entanto, que o fenômeno da  ascensão da direita não é somente brasileiro e isso tem ocorrido em vários países já, então nem sempre essa análise será somente suficiente.

    Espero que a Dilma prove que eu estou errado e que, na verdade, ela é que estava certa o tempo todo. Talvez ela seja muito mais política do que a gente consiga imaginar. Vamos ver.

  7. A turma hoje estava da pesada contra a presidenta Dilma Rousseff

     

    Luis Nassif,

    Um texto sem a indicação de quem o sugeriu só pode ter sido trazido por vontade sua. Por coincidência há muitos textos contra a presidenta Dilma Rousseff. Vou os indicar na sequência. Primeiro o post “Lula está na mira, isolado no palanque e sem discurso, por Ricardo Kotscho” de quinta-feira, 07/05/2015 às 17:31. O texto de Ricardo Kotscho não me pareceu tão critico a Lula como me pareceu pelas leituras dos comentários dos comentaristas defensores do PT. E que se observe como neste post “Os caminhos do PT e o fortalecimento da direita política, por Claudio Couto” de quinta-feira, 07/05/2015 às 17:47, de autoria de Claudio Couto  não há indicação de quem o teria sugerido o que supõe que foi escolhido a dedo por você.

    Depois há o post “A solidão de Dilma, por Raymundo Costa” de quinta-feira, 07/05/2015 às 17:31. O texto de Raymundo Costa está a altura dos textos que estão aparecendo no Valor Econômico e que estão me parecendo textos sem razoabilidade. É só imaginar mais à frente caso a economia se recupere, como que um texto desse do Raymundo Costa vai fazer parte da história dele e vai ser lembrado? Também no post “A solidão de Dilma, por Raymundo Costa” não há a indicação de quem o teria sugerido.

    Há também um tanto dissimulado o post “O principal ministro do governo paralelo, por Maria Cristina Fernandes” de quinta-feira, 07/05/2015 às 07:33. Aqui o que rebaixa o jornal Valor Econômico onde o artigo de Maria Cristina Fernandes foi publicado não é a crítica direta a presidenta Dilma Rousseff que pelo menos de modo direto não há, o que faz o jornal pequeno é a glorificação do Senador José Serra que merecia uma crítica mais consistente as idiossincrasias que ele vem falando com a autoridade de um vaidoso megalomaníaco pretensiosamente sapiente glamourizado na jactância arrogante da soberbia autoritária tucana. Tivesse tempo completaria só pelo prazer a crítica que eu prometi fazer a fictícia presunçosa sapiência de José Serra expressa na entrevista que ele deu a jornalistas do jornal Valor Econômico e que foi publicado na terça-feira, 05/05/2015. E enviaria minha crítica para junto do comentário de Alfredo Machado enviado quarta-feira, 29/04/2015 às 12:40, lá no post “Serra, o camaleão desenvolvimentista” de quarta-feira, 29/04/2015 às 19:08, aqui no seu blog e de sua autoria. Fazendo crítica ao passado recente (no sentido de passado do Sec. XXI) de José Serra, você acaba sendo implicitamente cordato com o que José Serra diz na entrevista.

    Também é bom lembrar que o artigo de Maria Cristina Fernandes veio sem nenhuma indicação de quem foi que o sugeriu.

    E por fim há também um texto que não foi apresentado por ninguém, mas que desta vez parece tratar de um novo colaborador no blog. Trata-se do post “Calote ideológico, por Wanderley Guilherme dos Santos” de quinta-feira, 07/05/2015 às 06:00. Embora bem curto é de longe o melhor texto não há uma crítica forte à presidenta Dilma Rousseff e ao final Wanderley Guilherme dos Santos faz o questionamento correto. Diz ele lá:

    “A discrepância entre a campanha eleitoral e o aparente sentido que deu a seu segundo mandato é óbvia. O descontentamento pontual de grande parte de seu eleitorado é genuíno e legítimo. A ausência de satisfações a quem de direito é incompreensível, as declarações de que preside novo estágio do mesmo programa popular de governo sugere, na mais caridosa das interpretações, que aposta no tempo como argumento definitivo de sua correção. E se o tempo houver pedido matrícula nas fileiras oposicionistas?”

    É verdade se a política do segundo governo da presidenta Dilma Rousseff se mostrar desastrosa, o tempo terá pedido matrícula nas fileiras oposicionistas. E isso pode acontecer. Se o mundo não conseguir sair dessa grande crise é claro que o Brasil também não sairá sozinho e a oposição terá força suficiente para ganhar a eleição.

    Ainda assim, quem sabe se poderão utilizar os filmes da Globo mostrando aquele aglomerado de homens brancos com o locutor da Globo dizendo “manifestação contra a Dilma, contra o PT e contra a corrupção” e então na propaganda do PT alguma voz em off dizendo, “esta turma toda quer tomar o que o PT deu para vocês nos últimos 16 anos”. Pode até não ser suficiente para ganhar a eleição, mas que o filme vai meter medo em muita gente vai. Como eu venho parodiando Antoine de Saint-Exupéry: “você se torna responsável pelo que cativas”.

    Tenho insistido em minhas críticas a você que a Dilma não poderá fazer muito até meados de 2016. É torcer que o tempo esteja do lado dela e não do seu lado, ou dos artigos que você trouxe para o blog hoje, ou da oposição porque as suas críticas são do mesmo tipo das críticas que vimos nos posts indicados e também entre os oposicionistas, salvo os da direita retrógada.

    De todo modo vale a pena ler os comentários em alguns dos posts. O mais interessante de tudo é que grande parte da esquerda mais à esquerda culpa o PT pelo fortalecimento da direita. Mas não tendo a quem recorrer, apelam também ao PT para que o partido resolva a situação.

    E a destacar, mais como uma curiosidade, a expressão “Fortalecimento da direita política” faz parte do post, mas não faz parte do artigo de Claudio Couto. Ele também da esquerda como você, embora você se recuse essa denominação e ele, Claudio Couto, não.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 07/05/2015

  8. O Sr. citou, caro Claudio

    O Sr. citou, caro Claudio Couto, no 5o. parágrafo, “os escândalos de corrupção que afetavam o PT” mas esqueceu-se – sem querer, imagino – de discorrer sobre um vetor fundamental na questão do significado desse partido hoje: o papel das meia-dúzia de firmas agigantadas que inventaram tais escândalos, empresas que produzem “notícia” e que cartelizam-se tacitamente para estabelecer homogeneidade do discurso e oligopólio de mercado, para além de antipetista, contra qualquer iniciativa de verter a máquina púlica para o atendimento às demandas populares, sociais e democráticas. Não têm sido poucas as “barrigas”, inverdades, boatos, maledicências e demonizações que as poucas famílias que detém o poder da mídia hoje tem cometido contra o PT. Creio que a História cobrará essa falta, muito mais do que eventual falta de jogo de cintura de Dilma.

     

    Já sabemos da desfaçatez dessa “imprensa”, da tentativa de eximir-se da responsabilidade que lhe cabe nesses doze anos de governo do PT, e creio que se o senhor incluísse essa responsabilidade no seu pequeno rol de fatores que concorreram para, na sua opinião, a crise em que o PT está, esse seu artigo não teria sido publicado pela firma OESP. É que essa firma, junto com outras como a Abril, a Globo, a Folha etc., reunidas em institutos como o Millenium, tem feito parte da construção de imagem negativa do PT.

     

    Não se espera insenção de nenhum órgão de imprensa. Como disse Jandira Feghali, “para fazer política é preciso assumir um lado”. Muito menos isenção pode-se esperar dos setores da iniciativa privada quem têm “mamado nas tetas do estado” desde ’64 no mínimo. O que talvez fosse esperado é que as firmas que citei fossem antes jornais do que simplesmente empresas do setor privado, que fizessem Jornalismo e não propaganda liberal, publicitário-ideológica puramente. Apesar de Jornalismo e Propaganda serem ambas comunicação social, de massas, essas firmas esqueceram-se da fundamental diferença entre as duas atividades: seus misteres, suas vocações: enquanto a propaganda impõe verdades, cabe ao Jornalismo promover debates. E isso o OESP e aliados não fizeram, nem de longe. Ficam devendo.

  9. Sejamos ponderados. O governo
    Sejamos ponderados. O governo não pode sonhar em querer emplacar “todas” suas propostas. Não se quer uma ditadura. Algumas vezes o governo vai perder na Câmara ou no Senado. Se as perdas não aconteciam e agora ocorrem, é sinal que alguém ou “alguens” estão perdendo espaço e isso é sintomático num governo que instituiu o Portal da Transparência e abriu guerra contra a corrupção. De qualquer forma, o PT já fez história e qualquer outro governo que atinja menos, será governo fracassado. Quanto à Dilma, fez muito bem sua parte por enfrentar a mais forte tentativa de golpe que o cartel de mídias convencionais – ameaçado pelo irrevogável destino das comunicações no mundo e pelo incentivo que a presidenta-técnica está dando à blogsfera e às redes na internet – aliado à elite atemorizada pela perda de poder, imputaram a um governo democrático.

  10. Toda e qualquer análise
    Toda e qualquer análise política no Brasil que ignora e omite o poder da mídia em moldar a política do país não passa de auto-engano.

    A mídia no Brasil tem um poder fora do comum, infelizmente, pela má formação política e educacional do povo (não me refiro à diplomas e sim formação boa de escola/colégio). O povo no Brasil ao contrário de outras nações dá bastante crédito ao que a Globo e cia publicam e distorcem, senão não estaríamos vendo uma emissora de TV que só apresenta lixo cultural tendo a audiência que tem em pleno séc. XXI.

    Se quer apontar um erro e passar na cara do PT pode citar sempre a questão da mídia. O PT no governo continua abastecendo o desestabilizador do Brasil: a Globo, Abril e cia.

    Os outros erros do PT foram aumentados pela incitação de ódio feita por essa mídia em mais de 12 anos. Subestima esse poder dela quem quiser ou quem vive numa realidade fictícia.

    A mídia (generalização pra Grande Mídia ou Globo e os lacaios dela) é a direita política articulada no Brasil, o PSDB é só um fantoche dessa emissora no congresso. A Globo é quem determina os governos de direita do país desde 1985, e já apitava em relação a ditadura no enfraquecimento da mesma que deu o poder anormal a esse grupo mafioso.

  11. Muito bom, mas você tem muito que apreender

     

    Motta Araujo,

    Eu poderia vir aqui neste post e simplesmente ir lá no comentário de Lionel Rupaud enviado sexta-feira, 08/05/2015 às 14:01 em que ele dá cinco estrelas para este seu post e dizer eu concordo com ele. Poderia dizer porque eu não estaria mentindo, mas não era bem isso que eu queria dizer.

    Poderia também ir ao comentário de Tom enviado também sexta-feira, 08/05/2015 às 14:01 e intitulado “Modelo” em que ele alega que você não está levando em conta o contexto do Regime de Metas de Inflação e dizer que era algo assim que eu pensei dizer quando li o seu post. E eu ainda deveria elogiar o Tom porque se eu fosse redigir o que eu pensava em dizer eu não saberia ser tão conciso e preciso como ele foi.

    Como Tom já disse o que eu pretendia dizer, eu pensei em acrescentar algo na análise do seu texto. Nada me ocorreu de pronto, mas lembrei de um comentário de Alexandre Weber – Santos -SP que bem deveria fazer parte de todos os posts que se aventurassem em comentar sobre o Regime de Metas de Inflação. Ele o enviou quinta-feira, 03/03/2011 às 17:25, para junto do post “A inflação distante do umbigo da blogosfera” de sexta-feira, 04/03/2011 às 09:41, aqui no blog de Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-inflacao-distante-do-umbigo-da-blogosfera

    O post “A inflação distante do umbigo da blogosfera” foi uma grande em todos os sentidos montagem que Gunter Z. – ironic mode on, isto é, o bom e velho Gunter Zibel fizera a partir de discussões sobre inflação travadas entre ele e Luis Nassif.

    O comentário de Alexandre Weber – Santos –SP, enviado quinta-feira, 03/03/2011 às 17:25, se encontra na terceira página, sendo o sétimo de cima para baixo, em um post de 174 comentários, e nele Alexandre Weber – Santos –SP afirmou o seguinte

    “Falta considerar o tempo nas análises do Gunter, este tempo, em um mercado fechado onde quando um perde sempre um ganha. Neste tempo de oportunidades, os que comandam o mercado ganham quando a bolsa sobe e ganham quando a bolsa desce, não tem perdão, é sempre a mesma ladainha, o dinheiro correndo do bolso dos otários para o bolso dos espertos.

    Não considerar o tempo torna iníqua qualquer análise, pois está dissociada do mais importante fator em mercado de capitais.

    Só por curiosidade, com a dívida pública preponderantemente em Reais, uma inflação que diminua a taxa de juros reais, diminui, sobre qualquer ponto de vista, a transferência de dinheiro do povo para os rentistas. É lógico que os rentistas, a mídia e seus funcionários vão pregar uma redução da inflação e maliciosamente pedir ainda um aumento dos juros nominais para prevenir uma futura inflação que corroeria os seus ganhos.

    Esta estratégia é interessantíssima e seu eu fosse rentista ia mover os Céus e a Terra para implementá-la, como não sou, observo o que acontece.”

    Alexandre como a mim não é economista. Diferente de mim ele recorre ao Tarot, à Astrologia e a Geometria para encontrar o caminho. Não considero este método válido, até porque só sei do ex-presidente Ronaldo Reagan como alguém que tenha recorrido a esta metodologia. De todo modo, se por ela ou por outro método qualquer, o certo é que ele foi quem melhor expressou a essência do que significa o Regime de Metas de Inflação.

    Observe que aparentemente o comentário de Tom aqui neste post “Economistas de circo: o desemprego é bom, por André Araújo” de sexta-feira, 08/05/2015 às 10:56, aqui no blog de Luis Nassif e com texto de sua autoria diz o mesmo que o comentário de Alexandre Weber – Santos -SP que ele enviou quinta-feira, 03/03/2011 às 17:25, para junto do post “A inflação distante do umbigo da blogosfera”. A diferença é que o comentário de Tom é um tanto específico enquanto o de Alexandre Weber – Santos –SP é genérico. O Regime de Metas de Inflação é o regime preferido dos rentistas, sejam eles autóctones ou alienígenas.

    Há ainda é verdade um tanto de assuntos que eu gostaria de abordar dentro deste tema do Regime de Metas de Inflação. Deixo para outra oportunidade. Tenho escrito longos comentários e eles tem demorado a serem publicados quando não ocorre de eles não serem publicados. Antes de ontem, quinta-feira, 07/05/2015 às 22:00 enviei um comentário, por sinal nem tão longo assim para junto do post “Os caminhos do PT e o fortalecimento da direita política, por Claudio Couto” de quinta-feira, 07/05/2015 às 17:47, e só ontem à noite ele foi aparecer no post. Assim o melhor é encerrar já aqui.

    De todo modo faço uma rápida referência a dois de muitos assuntos que surgem quando leio seus posts. Primeiro, avalio que, embora você faça o discurso moderno da prevalência do poder de autoridade daquele que foi eleito em cargos executivos, sua ideologia ainda trata o Estado como um ser neutro que não possui a conotação marxista de instrumento de dominação. Não se pode exigir do Estado prática anticapitalista. E a simples atuação do Estado como instrumento de dominação não assegura um aperfeiçoamento do sistema capitalista. A compreensão do sistema capitalista e do papel do Estado para o fomento desse sistema é imprescindível seja para aqueles interessados na manutenção do “status quo” seja para aqueles interessados na transformação da sociedade.

    Segundo, considero que que você se apega muitos há alguns mitos que precisam ser realmente demolidos. Alegar necessidades de reformas estruturais, de defesa de interesses nacionais e alegações semelhantes são slogans vazios que perduram apenas ancorados no desconhecimento. Parodiando Augusto dos Anjos em “Vandalismo” é preciso que “erguendo os gládios e brandindo as hastas, no desespero dos iconoclastas” você “quebre a imagem dos seus próprios sonhos”. É mito ver no Regime de Metas de Inflação um instrumento contrário ao desenvolvimento. O Regime de Metas de Inflação é, como se pode ver no comentário de Alexandre Weber – Santos –SP que eu transcrevi, um instrumento de dominação dos rentistas que são agentes do sistema capitalista. O que se deve fazer é instrumentalizar o ganho do rentista para o desenvolvimento econômico, para o desenvolvimento do próprio sistema capitalista e para o desenvolvimento da sociedade.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 09/05/2015

  12. Foi enviado erroneamente para este post meu comentário anterior

     

    Luis Nassif,

    Há um comentário meu que vem logo abaixo e foi enviado sábado, 09/05/2015 às 08:25, mas que na verdade era para ser enviado para o post “Economistas de circo: o desemprego é bom, por André Araújo” de sexta-feira, 08/05/2015 às 10:56. Meu computador está com defeito caindo toda hora e devo ter aberto uma recuperação no momento errado e ai errei o envio do meu comentário. Depois eu enviei o comentário para o post “Economistas de circo: o desemprego é bom, por André Araújo” que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/economistas-de-circo-o-desemprego-e-bom-por-andre-araujo

    O comentário que foi enviado equivocadamente não tem muita serventia aqui, mas vou tentar fazer uma ligação entre este post “Os caminhos do PT e o fortalecimento da direita política, por Claudio Couto” de quinta-feira, 07/05/2015 às 17:47, aqui no seu blog contendo o artigo “O PT na conjuntura política brasileira” publicado no Estadão, e o post “Economistas de circo: o desemprego é bom, por André Araújo” de sexta-feira, 08/05/2015 às 10:56, também aqui no seu blog e contendo um texto de André Araujo.

    A ligação que eu pretendo fazer volta-se para uma questão que Claudio Couto não mencionou no artigo dele e que diz respeito a avaliar o quanto a inflação mais alta, o crescimento pequeno e os escândalos de corrupção tem repercutido na popularidade da presidenta Dilma Rousseff. Creio que a análise sociológica que não leve em consideração estes três fatores é muito tacanha.

    Além disso há que compreender que uma inflação mais alta associada com escândalos de corrupção criam resistência na população contra o governante e é o caminho para o descrédito do político. Os dois post analisam aspectos distintos que são umbilicalmente imbricantes e essa correlação é esquecida. E mais toda a queda de popularidade da presidenta Dilma Rousseff veio na esteira do julgamento da Ação Penal 470 que influiu nas manifestações de junho de 2013 que provavelmente além de estraçalhar a popularidade da presidenta Dilma Rousseff foi fator preponderante na reversão na economia que travou no terceiro trimestre de 2013 uma recuperação econômica magistralmente planejada.

    No post “Economistas de circo: o desemprego é bom, por André Araújo” de Andre Araujo, ele traz a percepção da inflação como meramente um fenômeno de repercussão econômica. Muito provavelmente a inflação é mais um fenômeno de repercussão sociológica. A economia tem os métodos de a combater, mas não significa que a inflação deva ser analisada como o Andre Araujo vem fazendo. Andre Araujo não leva em conta que um político pode ser eliminado da vida pública se não conseguir ter a inflação sob controle e isso significa a inflação em patamares cada vez mais baixos. Sob o aspecto econômico uma inflação cada vez menor pode até ser ruim ou apenas indiferente, mas o político não tem que ver sobre este prisma, a menos que a redução da inflação seja tão grande e que seja fruto de uma parada completa da economia. Uma economia estagnada em época eleitoral é também muito nociva à popularidade de um político.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 09/05/2015

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