Sem contenção de abusos no Judiciário, PF e MP, novo presidente não governará, diz Wanderley Guilherme dos Santos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Por Wanderley Guilherme dos Santos
 
Lava Jato Eleitoral
 
No blog Segunda Opinião
 
O momento sucessório expõe a vulnerabilidade do regime presidencialista às aventuras golpistas. A democracia requer o reconhecimento formal da vitória de um candidato pelo adversário derrotado. O formalismo não é apenas protocolar, mas indicador de que as instituições continuarão a funcionar com a plena cooperação (mesmo que na oposição) do lado perdedor. Talvez o maior número de crises com desenlace antidemocrático na América do Sul tenha por origem a recusa do derrotado a reconhecer a legitimidade do pleito. Não se trata de moléstia tropical, contudo. Entre outros não tão frequentes exemplos em países considerados estáveis, agora mesmo Donald Trump não se cansou de anunciar recusa prévia a outro resultado que não o de sua vitória. Possivelmente um blefe, e improvável que o estamento político norte-americano o acompanhasse se não o fosse. Mas os minutos entre o anúncio do vencedor e o reconhecimento público da derrota são os minutos em que a democracia fica em suspense; mesmo nos Estados Unidos.
 
Houve no Brasil minutos de alta tensão depois da vitória de Juscelino Kubitschek, com subsequentes e frustradas tentativas de invalidar o resultado por militares inconformados. Depois de mais de meio século, atravessamos a turbulência gerada pela bem sucedida trama de Aécio Neves, imediatamente transformada em sólido bloco político-midiático, desdobrada em impedimento da presidente Dilma Rousseff. No instante atual, não só a perspectiva da própria eleição desagrada a muitas figuras do atual condomínio como a condução do processo pré-eleitoral se faz por mal traçadas linhas, com cerceamento de políticos por razões altamente controversas e sussurros de que certos resultados seriam inaceitáveis. O momento de confusão de identidade envolvendo o Judiciário, especialmente as togas maculadas do Supremo Tribunal Federal, adiciona balbúrdia às suspeitas sobre a solidez das instituições.
 
Supondo ultrapassado sem estilhaços o desafio eleitoral, aí será a vez da prova dos nove da Lava Jato. Nenhum democrata aceita a hipótese de que as investigações sejam interrompidas. Ao contrário, ao longo de toda essa escavação espera-se o aparecimento de formas constitucionais de manter o Estado brasileiro, em todos os seus níveis, submetido a vigilância preventiva e reparadora de atentados à economia nacional. Por sua própria natureza, a demorada condução desse processo não pode permanecer em mãos de personagens claramente preconceituosos e seletivos, arbitrários e desafiadores dos cânones de normalidade da execução judiciária.
 
Resultado e alimento da volubilidade e complacência do Supremo Tribunal Federal, o aparato envolvido nos absurdos cometidos por instâncias do judiciário, por agentes do Ministério Público e da Polícia Federal, há que haver imediatamente pós-eleição uma reformulação a jato do pessoal e das regras de conduta da investigação. Ou isso ou o novo presidente, por mais que privilegiado nas urnas, não governará com autoridade e autonomia.
 
Os partidos interessados deveriam mostrar ao eleitorado que o problema das eleições inclui avaliação sobre que candidatos teriam disposição e convicção democrática para colocar a Lava Jato a serviço do tesouro da nação, e não aos interesses de uma coalizão de conservadores.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

22 Comentários

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  1. Nem tomará posse, esta será

    Nem tomará posse, esta será suspensa por uma liminar, a menos que seja o candidato da cruzada moralista.

    Não há solução constitucional para a crise que já está contratada.

    1. André Araújo definiu muito bem e sem floreios :

      “Não há solução constitucional para a crise que já está contratada”

      Mas o ridículo cirismo do Wanderley o faz regatear sobre a crise (quer esquecer a criminosa perseguição ao Lula) .

       

    2. Correto. O novo presidente só

      Correto. O novo presidente só conseguiria governar se ele colocar na prisão a maioria dos membros da “justiça” brasileira, e ele teria que contar com um exército que já se vendeu para os interesses estrangeiros. A população brasileira, se conseguir eleger Lula digamos, terá que fazer valer a sua escolha na “marra” usando de violência se for preciso.

    3. Matou a charada

      O Brasil caiu numa armadilha. A última palavra é da Justiça.

      Assim, ela manda no Brasil. Interpreta a constituição a seu bel prazer, independentemente do que está escrito.

      Por outro lado, como abrir mão do Judiciário como instância mediadora dos conflitos, sem que o país vire um caos?

      Assim, ao perceber isso o Judiciário passou a exercer um poder supremo e absoluto.

      O moralismo nacional, especialmente de classe média, tendo inclusive o PT como um de seus representantes, foi usado por forças político-econômicas antinacionais associadas aos interesses estrangeiros para assumirem o comando do Brasil através do controle do aparelho judiciário estatal: PF/MPF/Justiça – via grande mídia oligopolista.

      1. O truque é que um juíz não

        O truque é que um juíz não pode em hipótese nenhuma ter poder absoluto. É um erro grosseiro das regras brasileiras, no primeiro instante em que um juíz resolvesse ignorar a constituição ele deveria ser preso ou expulso.

  2. A estatabilidade das

    A estatabilidade das instituições depende da legitimidade de cada um dos poderes. Nenhum pode outorgar a outro suas prerrogativas. O Congresso Nacional foi o mais desmoralizado justamente para que os poderes  cujo poder tem sua origem no povo fossem desprestigiadas para que o golpe operasse. 

  3. O ônus e o bônus !!

    Deveria  ser  lógico  o  direito  do  vencedor  de aplicar seu  programa  de governo,  caso  fosse  esta  a  escolha democrática da  eleição.

    O  perdedor   poderia  implementar  no  máximo  um  gabinete  paralelo  para  denunciar  os  desmandos !!   Nunca  ficar  enchendo  o  saco  do  governante  de plantão !!

    a  não  ser  que  ele  fique  fazendo “mierdas” que  nem o homem-laranja yankee !!

  4. E o

    candidato da cruzada moralista é a figura patética do senhor Álvaro Dias.

     

    Em tempo: esses bandidos lotados no Judiciário, PF e MP, comandam quantos batalhões?.

  5. Resenha semanal da farsesca campanha eleitoral de 2018 …

    a) Autoridades golpistas do judiciário impedem qualquer comunicação do sequestrado Lula com a sua imensidão de eleitores/admiradores . 

    b) FHC, um dos politiqueiros mais odiados da história brasileira, ficará escondido em algum luxuoso abrigo até o fim da farsa eleitoral para que não possa prejudicar a campanha do Alckimin e de outros politiqueiros golpistas (quase todos protegidos pela facção golpista do judiciário)   

    [video:https://youtu.be/rNF51-0z3ME%5D

    1. Dá para acreditar que depois

      Dá para acreditar que depois de toda esta excrescência o Brasil NÃO cairá mais fundo numa crise política ?

  6. A elite do atraso já
    A elite do atraso já comemorava a vitória de Aécio antes do resultado pelo TSE. Diante da vitória de Dilma essas forças – no minuto seguinte a divulgacao – optaram pela ilegalidade e já declararam o impeachment de Dilma.
    De lá pra cá a exceção ao Estado Democrático de Direito passou a vigorar. E ganhou musculatura.
    Não vai ser fácil reconquistar a democracia. Nem mesmo com novas eleições.
    O “senso comum” aderiu às soluções arbitrárias e abusivas.

  7. Wanderley aqui ( importante pras esquerdas não caricatas )

    Não ponho só o link porque talvez as pessoas não vão até lá. Reproduzo) http://insightnet.com.br/segundaopiniao/?p=552

    A eleição presidencial de 2018 esteve ganha pela oposição enquanto a única referência dos conservadores era a associação com o monumental desastre de Michel Temer. Hoje, “Michel Temer” virou espantalho a ser inflado e agitado durante a campanha eleitoral. Mas não está claro se o eleitorado votará contra os conservadores por sua conexão ao golpe parlamentar ou se os favorecerá na renovada expectativa de derrotar um candidato, imbatível há quatro disputas, sustentado nuclearmente por PT, PSB, PDT e PC do B. Hoje, dilacerou-se o conjunto quatro vezes vencedor: o Partido dos Trabalhadores, hegemônico, não contará com os votos unânimes dos partidos que sempre o apoiaram e nem mesmo com a totalidade de seu próprio eleitorado. Hoje, a nuvem da política mudou drasticamente de silhueta.

    Depois de sucessivas derrotas jurídicas e tímida resposta dos movimentos nas ruas, o PT iniciou o afastamento da realidade com a campanha autodestrutiva de que uma eleição sem Lula seria fraude. Não registrou a indiferença do aparato judiciário e policial às ralas manifestações de adesão nas grandes cidades, adotando o contraditório movimento de negar legitimidade às decisões da justiça e a ela recorrer, confiando no nobre critério de neutralidade dos operadores. Parecia agir na presunção de que ou as críticas contra o judiciário convinha como propaganda ou de que conseguiria persuadi-lo pela força dos argumentos.

    As acusações da esquerda contra o Judiciário, contudo, têm granítica procedência. Infrações e arbitrariedades jurídicas fazem parte do consenso que inclui a avassaladora maioria dos partidos políticos, o eficaz mecanismo do sistema globo de informação para iludir a opinião pública, todos os órgãos de representação do capital e, por fim, a maioria do Judiciário, extensamente comprometido com aberrações jurídicas desde o julgamento da Ação Penal 470. E a cláusula pétrea do golpismo consiste em impedir o retorno da centro-esquerda ao circuito de poder político. Não se trata, aqui, de frívolo recurso de retórica partidária, mas refletido juízo sobre a dissimulada conspiração que o caricato impedimento de Dilma Rousseff desnudou.

    Depois de reconhecido o vazio das ameaças de que o MST, substituindo a já clara impotência da CUT, ocuparia cidades e praças contra as arbitrariedades de Sergio Moro, a discussão sobre eventual resistência à ordem de prisão elevou os dirigentes petistas a superior patamar de desvario. Em seguida ao que jamais aconteceria, a prisão de Lula, o roteiro delirante aproveitou a solidariedade à indiscutível vítima de perseguição política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convertendo-a, por intimidação, em inaceitável culto à personalidade de um irreconhecível candidato presidencial Lula.

    Hoje, há um Lula indulgente com o totalitarismo dos diretores do PT, da CUT, do MST, transtornado em fanatismo em muitos militantes, e candidato que mantém refém grande parte das forças populares. Mais preocupado em derrotar competidores em seu próprio lado do que impedir a vitória da reação. Todos os quadros do PT e partidos próximos, além de personalidades historicamente admiradoras do extraordinário ex-metalúrgico, têm sido apresentados a um enigmático Lula, messiânico e expropriador da vontade autônoma das forças populares. Antes, o destino de Lula se associara ao destino dos pobres; hoje, Lula pretende que o destino das massas se associe ao seu, aprisionado a um combate mesquinho contra um personagem nanico – o juiz Sergio Moro. Os democratas esperam que o preço não seja a vitória da reação, com o encarceramento real da população pobre a seu destino miserável.

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    1. Vitória da reação
       

      Qual seria a reação vitoriosa recomendável para a circunstância, no entender do articulista?

      Ele dá o dedinho a moro e sai passeando de “amiguinho saltitante” quando atribui  mais uma culpa a Lula  ao dizer que:

       -“Antes, o destino de Lula se associara ao destino dos pobres; hoje, Lula pretende que o destino das massas se associe ao seu, ………”

      Parece que no entender do Wanderley,  o ergástulo não é suficiente para punir Lula “de suas pretensões” ele tem é que sair de cena para o povo “ter a liberdade de votar”  sem ele como opção.

       

      O intelectual paira sobre o entendimento das coisas.

      Se mergulhar para entende-las, se afoga.

       

       

  8. macaco, olha teu rabo

    acusar ou incensar um indivíduo (Wanderley criticado,Lula incensado,etc etc)faz parte de nossa “cultura”(detesto esse termo q serve pra tudo,mas tô usando)é esconder(ou permanecer em nossa pobreza de cidadania,de cada um de nós.Por exemplo,a pluralidade não é tolerada,apenas como exceção de exceção,pra ficar bem na fita(me refiro a todos os ambientes).Temos enorme intolerância com as diferenças,nos precipitamos em lermos e escrevermos nessas novas tecnologias(que comparo a espelhos de índios,com ou sem preconceito meu,sou filho de Deus).Criticar participantes só por serem destoantes ou,pior,por não terem carteirinhas de antiguidade,ou por não serem fanáticos por ídolos são algumas amostras.

  9. Se Lula continuar preso essa

    Se Lula continuar preso essa eleição será uma farsa do início ao fim, não quero participar disso, não gosto de ser feito de idiota. Lula preso, o recado dos golpistas (globo e cia) é claro, só não vê quem não quer. Seu candidato não subirá a rampa, usarão de todos os artifícios, até fraudes nas urnas (os tucanos paulistas já estão pós-graduados nisso), e, se mesmo assim vencer, inventarão qualquer coisa para impedir que ele assuma. Qual a solução? Só mesmo uma revolta popular, mas isso, ao que parece, não acontecerá.

  10. Este ponto, recentemente, já

    Este ponto, recentemente, já foi objeto de alerta aqui no blog…  https://jornalggn.com.br/fora-pauta/na-ausencia-de-lula-um-pais-sendo-destruido-aos-poucos-por-sergio-medeiros

    O Vazio de poder e a ameaça das Corporações

    por Sergio Medeiros

    A ingerência política das corporações, que foi determinante no impeachment da Presidenta Dilma, e mais recentemente, na prisão de Lula, tem como centro a demonização da política e como subproduto, seu próprio fortalecimento, o qual, sem controle, esta destruindo o país, pois ausentes ressalvas a sua atuação.

    Eis a grande questão a ser solvida.

    A fragmentação do Estado brasileiro e o aproveitamento desta fragilização, pelos grandes atores econômicos e transnacionais, não se dá por acaso, mas as condições para este verdadeiro saque, dentre outros fatores, são proporcionados pela ascensão ao poder das Corporações Públicas, que ao extrapolarem sua esfera de poder, esgrimem sua desenvoltura nas formas mais disparatadas e irracionais possíveis, demonstrando uma falta de responsabilidade no trato da coisa pública, contribuindo de forma decisiva para a derrocada dos pilares que sustentam o estado.

    Subvertem a forma e o necessário equilíbrio entre os poderes, e,  assim agindo, proporcionam que em meio ao caos gerado, os mercadores do ódio e os saqueadores dos bens públicos possam agir com desenvoltura.

    O único freio e contrapeso possível esta trancafiado na prisão, Lula e sua ênfase na politização da sociedade como forma de transformação e evolução coletiva.

    Feitos estes apontamentos, passo a gênese da diluição e desempoderamento do Estado.   

    Os governos do Partido dos Trabalhadores, sempre tiveram como meta fortalecerem as instituições, ou, usando um neologismo da moda, as empoderarem.

    Assim, em relação as instituições centradas no Poder Judiciário, no Ministério Público, na Polícia Federal e, até mesmo na máquina arrecadatória, na Receita Federal e nos vários órgãos fiscalizadores, a intenção, declarada, foi dotá-las de meios materiais e técnicos bem como de um normatização específica, para torná-las teoricamente autônomas e independentes de eventuais ingerências políticas estatais de cunho anti democrático.

    No caso, o objetivo era ter instituições fortes, pois somente assim, haveria uma democracia forte, livre de subordinações e dependências como era de praxe na estrutura arcaica do Estado brasileiro.

    Este era o projeto, e esta foi uma das tarefas levadas a cabo até o final.

    Ocorre que, nesta empreitada, alguns fatores não foram levados em conta, no caso, a formação de micro estruturas internas de poder, que passaram a ter, com o passar do tempo, cada vez mais ingerência dentro do aparato decisório das instituições.

    Em outros termos, foi subestimado o poder da máquina burocrática e corporativa, grandemente enraizada nas estruturas públicas.

    Desta forma, as instituições, tão logo se viram detentoras de independência e estrutura funcional robusta, se defrontaram perante um fenômeno sintomático, a imediata confusão dos poderes inerentes a instituição, com os poderes com que foram investidos seus membros.

    De todas elas, a que levou mais à frente tal conceito foi o Ministério Público, o qual, como dito por seus integrantes, cada um deles presenta a instituição, ou seja, eles, individualmente, são o Ministério Público, presentantes no sentido de que se apresentam como a própria instituição e não meros representantes, deste modo tal condição se estende a todos seus membros, refletindo sua inteireza conceitual em cada um deles.

    Não foi outro o fenômeno que se viu recentemente em todas as demais instituições públicas.

    Depois de um tempo de turbulência política, aos poucos as instituições foram tomadas pelas corporações, que se apossaram de seus poderes e passaram a utilizá-los como se fossem uma extensão de suas atribuições funcionais.

    Assim, dentro destas instituições “empoderadas” começou a haver nos espaços internos  um movimento usurpador, ou seja, os integrantes destas instituições, com as quais não se confundem, começaram a tomar para si esta fatia de poder que competia a instituição e, desta forma tomaram de assalto tanto a credibilidade como o quantum de poder a elas conferido e, com este movimento – não importa com que intenções -, sem dúvida alguma viciado, pelo desvio de finalidade ínsito a tais atos de apropriação da coisa pública, estão destruindo a ambos, instituição e membros.

    Anoto que, em princípio, não houve propriamente erro na estratégia de fortalecimento das instituições, o que houve foi não ter sido mensurado ou mesmo terem sido criadas barreiras normativas que obstassem os movimentos corporativos em sua direção ao poder.

    Isso evitaria, em tese, que indivíduos, tomados por “delírios de poder” (típico de salvadores do mundo), resolvessem usá-los de forma individual, mediante atos travestidos de independência, que, na realidade prendem-se a mera demonstração do exercício do poder a eles conferido para guarda e uso institucional, e não como meio de projeção e personalização pessoal.

    Esta forma de utilização do poder, aos poucos angariou adeptos nas diversas instituições públicas do campo jurisdicional e, após, na seara do Executivo, onde teve pronta acolhida na segurança pública, centrada no poder da arma e no monopólio da força.

    Disseminada tal prática corporativa, aos poucos começou a emergir a mais nefasta das consequências de tal conformação do poder centrada em seu caráter subjetivo, a individualização do poder e a fragmentação do estado pela multiplicidade de orientações de caráter obrigatório (coercitivo).

    Falo do sub empoderamento de cada um dos componentes das corporações, ou seja, uma vez tendo sido entranhado em seu patrimônio individual a cultura que o poder, de fato, lhes era franqueado em caráter personalíssimo, logo a seguir começaram a haver abusos, uma vez que, em razão do “espírito de corpo”, os excessos era reprimidos somente ao ponto de não macularem a instituição, considerada íntegra, como corpo sem manchas.

    De igual sorte, uma vez que todos presentavam (eram) a instituição, a condenação por atos jamais poderia ultrapassar a barreira que pudesse atingir de forma indireta a idoneidade da corporação, cingindo-se, efetivamente, a meras correções em atos excessivos de seus membros.

    Assim aos Juízes e membros do Ministério Público, por faltas graves, a condenação a ser aplicada é a aposentadoria compulsória, aos policiais, por atos com excesso de violência ou poder,  reprimendas de caráter administrativo ou arquivamentos sumários, ainda que de tais atos tenham resultado mortes ou graves mutilações.

    Tal forma condescendente, somada ao empoderamento de seus membros, aos poucos fez com que cada um ficasse cheio de orgulho e vaidade, com os acima chamados “delírios de poder”.

    Começaram então, a pipocarem atos autoritários em todos o recantos do país, em todas instituições, como meros desdobramentos do poder total concedido a cada parte do todo.

    Ressalto, neste ponto, que esta análise, que ainda não esta sendo feita de forma ampla, a princípio prende-se aos efeitos de tal fenômeno, empoderamento das instituições públicas  e sua apropriação pelas corporações com as nefastas consequências para qualquer regime que se pretenda democrático e livre.

    Tais posicionamentos e movimentos internos, que alteram e colocam em xeque a atual forma de estruturação das instituições, mercê da falta de freios à base corporativa, aos poucos se estendeu a várias outras entidades e associações e, assim foram empoderadas as instituições da Justiça Federal, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Receita Federal, bem como dos órgãos de segurança.

    Deste modo, como acima explicitado, em todos estes órgãos, as Corporações tomaram este poder para si, uma das consequências de tal modificação estrutural da fonte do poder é que cada componente destas instituições começou a agir como se ele mesmo tivesse o poder da corporação/instituição.

    O caos gerado por tal forma de usurpação de poder, explica em parte a atual situação de vazio institucional, econômico e politico institucional, que vivemos, algo sem precedentes e que será objeto de estudo por gerações.

    Tal problema, longe de ter soluções de curto ou mesmo longo prazo, começa a ter efeitos que extrapolam a seara pública, no que se refere aos seus fundamentos de autoridade e tomada de poder.

    Observa-se, aos poucos, uma espécie de empoderamento reflexo, que começa a ter desdobramentos  em outros campos, notadamente nas polícias,  em razão de sua ideologia conservadora sempre m busca de poder para seu modo de agir autoritário.

    Este comportamento arbitrário e subjetivo, pode ser visto na cada vez mais escancarada posição de poder, espelhada na escolha de quem merece a proteção e quem, por suas ideias ou comportamentos, não deve gozar das prerrogativas da proteção estatal por eles titularizada.

    Desta forma, de uma forma surpreendentemente rápida passamos a ver as policias não mais como segurança pública e coletiva de todos, mas sim, como extensão discricionária de seu próprio poder, ainda que muitas vezes, não totalmente desvinculadas de sua função repressiva atrelada ao poder Executivo.

    Passaram então a escolher seus alvos ou as ordens que iriam cumprir. Pode-se observar tal comportamento em dois momentos distintos, quando da não proteção à caravana de Lula e agora, na não repressão ao movimento dos caminhoneiros.

    Vê-se também, agora, neste movimento de caráter nacional, como tal conceito esta aos poucos se entranhando de forma perversa também nos movimentos de massa, privados.

    Este movimento dos caminhoneiros, que começou com características de lock-out, aos poucos teve sua conformação alterada, e os empresários originalmente mentores da estratégia para pressionar o governo e obterem vantagens econômicas, no desenrolar das manifestações,  tiveram sua autoridade e poderes fragmentados, os quais passaram às mãos das inúmeras lideranças que lograram se constituir dentro do próprio  movimento.

    Novamente surge a corporação e sua fragmentação, a qual se dá num setor que propicia tal fenômeno, pois ínsita ao meio (composto em sua essência por células individuais), e que efetivamente se estrutura basicamente nos caminhoneiros autônomos e não na figura dos empresários donos das transportadoras.

    Paulatinamente, a figura e a sensação  unitária do autônomo, ao se ver numa ação coletiva, foi substituída por uma força nunca antes sentida e, ainda que passando a agir em bloco, passaram a sentir o poder que é conferido pelas multidões ou grandes massas aos indivíduos que a ela se integram, todos em um.

    Foi exatamente nesse instante, que as grandes corporações empresariais que iniciaram o movimento, perderam o controle que sobre eles detinham.

    Diferentemente das corporações estatais, centradas em poderes normativos e definidas em suas estruturas internas, o movimento dos caminhoneiros, por não ser estruturado em grandes blocos, se dividiu em múltiplas células de poder, e passou aos poucos a contrapor o Estado, que se mostrou impotente para fazer frente a formidável adesão da categoria.

    Dai que, em certo momento, o imaginário da força da categoria, o imaginário da mudança e da possibilidade real de concretizá-la,  tomou de assalto cada um dos trabalhadores, quase que de uma forma messiânica.

    Estes manifestantes, caminhoneiros, se imaginam e se forjam como heróis, e, nesta conformação só existem no movimento e no enfretamento deste.

    Na individualidade voltam a ser pessoas comuns.

    Pois bem, fazê-los entender e abrir mão de parte deste imenso poder que acreditam deter e desta imensa dose de orgulho e liberdade que lhes foi conferida, será tarefa dificílima, talvez impossível, pois o acesso ao gosto do poder lhes foi franqueado  e nada poderá retirar tal imagem das suas mentes.

    É que, ainda tem um fator subjacente, no momento em que os componentes da categoria se viram empoderados,  nesse instante,  terminou a “liderança” patronal como sendo o único fator determinante e condutor dos atos a serem praticados.

    Adquiriram a liberdade e a autonomia de seus desejos e postulações.

    Fica aqui, uma interrogação, apesar da autonomia e liberdade serem motivos de júbilo e saudações, nesse caso, ausente a racionalidade que deve estar subjacente nestes gestos, talvez isso não seja motivo para comemorar, mas sim para se ter medo, pela simples razão de ser um poder que existe por si mesmo, gerado  sem racionalidades outras que imposição e força.

    Nesta mesma linha, em um campo paralelo, como já sinalizado, a outra corporação que se estrutura nas mesmas bases e merece muito mais cuidado é a da área policial e mesmo da área militar, a qual por excelência se presta a esta nova estruturação, com a peculiaridade de ater-se aos escalões superiores, para não atingir o critério base da hierarquia e da obediência devida.

    Assim, neste outro campo, a estrutura que esta se erguendo além das medidas é a corporação que detém o monopólio da força, da repressão, trata-se do poder da corporação que tem armas, ou das corporações que tem o monopólio das armas e da repressão.

    Sua capacidade de articulação e estruturação estatal lhes confere maior letalidade para ferir de morte a democracia.

    Portanto, sem me alongar mais, fica aqui o alerta.

    Que, nenhuma destas formações – em que se mostra ausente a racionalidade fundada nos direitos e garantias individuais e coletivas –  logre se tornar hegemônica, pois a civilidade, tal como a conhecemos, retrocederia alguns séculos.

    Fecho por aqui esta breve explanação.

     

    OS: Este é um fenômeno por demais complexo para ser abrangido de forma ampla, mesmo em uma análise que se pretendesse minimamente exauriente, algo incabível  na forma de post.

    Entretanto, como fenômeno quase que completamente desconhecido no que tange a sua gênese e consequências, cujos desdobramentos podem ser fundamentais numa futura análise da história nacional, tenho que merece ser objeto de um estudo mais aprofundado, notadamente em sua capacidade intrínseca de causar profundas alterações estruturais no estado brasileiro.

     

     

     

    1. Abuso de poder e má formação

      É curioso notar que a composição dos servidores no âmbito judiciário em posições de poder  é de pessoas com no máximo 40 anos de idade, e cuja formação acadêmica foi tão diluida quanto a qualidade do leite, que de puro passou a desnatado tipo “c”. Só lhe restou a cor.

      São pessoas jovens, com formação acadêmica duvidosa, pouca experiência de vida, quase nenhuma dificuldade social e econômica e cujo caráter nunca foi objeto de avaliação num teste ou entrevista de admissão.

      Se um servidor se prepara para uma carreira de status social invejável e remuneração compatível sem saber que tipo de impacto a sua atuação poderia causar nas engrenagens da máquina do estado, e se muitos deles nem mesmo têm noção de como o estado funciona em sua totalidade;

      Se com todo o poder e dinheiro que o servidor atuará ele não tiver maturidade suficiente ou sensibilidade social para perceber as consequências de seus atos para a população, o Estado não poderá controla-lo, mas haverá forças que poderão aproveitar o encantamento desse servidor carente de formação e de caráter.

      Aí temos, portanto,  a fórmula dos nossos componentes da PF, Tribunais, MPF, Procuradorias, Agentes Fiscais, e outros bem nutridos servidores do judiciário e das controladorias.

      Essa formação, curiosamente, proveio de um fenômeno de bem estar social.

      Somente um governante inteligente, estrategista e que não esteja diretamente interessado nas consequências desse descontrole institucional poderá desmantelar esse breve momento de ditadura do poder judiciário.

      FHC, teve essa maléfica (naquele momento) inteligência já na primeira era de seu comando.

      Ele matou o poder judiciário no país inteiro,  por asfixia e omissão. Não liberava verbas para a manuteção da independência desse poder; não atualizava salários dos servidores (11 anos sem reajuste) as condições físicas dos locais de trabalho eram de total abandono; as procuradorias dos entes públicos  e as defensorias eram terceirizadas.

      O serviço público perdeu grandes  talentos mas ele não perdeu poder.

      Por certo haverá um modo menos perverso de conter essa anomalia entre os poderes, mas dificilmente se alcançaria resultado sem uma alteração constitucional.

      Como devolver a confiabilidade  no poder judiciário, diminuir suas despesas de manutenção cortanto benesses e regalias sem ferir o ato jurídico perfeito e o direito adquirido quando os intérpretes da lei podem legislar em causa própria?

      Só o executivo poderia fazê-lo mas, corrompido e sob a ameaça de punição de seus muitos mal feitos, fica refém do judiciário.

      Sobre os caminhoneiros, diferentemente dos servidores do judiciário, eles não exercem nenhuma funcão de estado e o conhecimento de como o estado funciona lhes é dispensável.

      Tanto o grande transportador ( alguns de uma ignorância crassa) quanto o autônomo, estavam em busca de sobrevivência e a hegemonia, no caso, por mais divergência que houvesse entre eles,chegaria a termo, pois que a pressão econômica foi igualmente sentida pelas partes.

      Eles só vão usar a sua força quando haja uma pressão suficientemente insuportável que lhes comprometa a sobrevivência.

      O movimento não tem formação intelectual ou liderança central que lhe permita aspirações de domínio político, mas pode ser bem manipulado por tais  interesses, como se pode observar.

       

        

  11. Está escrevendo o óbvio que

    Está escrevendo o óbvio que até eu, m ignorante político, já escrevi em comentários neste blog.

    Por isto já afirme várias vezes ser a favor da extnção do MPF e de botar atrás das grades TODOS os integrantes da lava jato sejam do juidicário, ministério público ou polícia federal. TODOS, sem exceção.

    O STF também precisa de uma limpa urgente.

    O PT colocou lá somente golpistas e bandidos. Dou um desconto ao lewandowski.

    – carminha das farmaceuticas e agente imobiliaria do carlinhos cachoeira,

    – barroso advogado da globo. quer coisa mais desabonadora que isto!!

    – fraquim do rabo preso na jbs,

    – fucks do lobby para a filha entrar pela janela do TJRJ e peruquento, além de idiota ladrão.

    – rosinha que vota contra a lei e as próprias convicções,

    – toffoli boneco do gilmar,

    – tem mais um que nem lembro o nome fora os bandidos que já foram embora como aquele do apartamento em miami e aquele outro empregado do sergio bermudes.

    LAMENTÁVEL.

  12. wgs: o parvo!

    wgs não merece respeito faz tempo. Não por sua inclinação apocalíptica ou apoteótica pró-ciro, como se qualquer outra possibilidade ou qualquer outra variável já estivesse de saída interditada.

    Esse tipo de marotice é comum na pocilga que chamam de “academia”, é truque velho e manjado, só considerado como argumento valioso aqui, onde Luis Nassif apenas se exalta com os que ele chama de “radicais de rede sociais”, embora paradoxalmente sejam esses radicais que confiram certo “molho teórico” ao seu espaço.

    wgs é um parvo porque do “alto de sua canônica sabedoria” (atenção, isso é ironia) ele vaticina:

     

    “(…)Os partidos interessados deveriam mostrar ao eleitorado que o problema das eleições inclui avaliação sobre que candidatos teriam disposição e convicção democrática para colocar a Lava Jato a serviço do tesouro da nação, e não aos interesses de uma coalizão de conservadores.(…)”.

     

    Eu já sei a resposta e pergunto apenas por implicância: Como é que se coloca rédeas democráticas em algo anti-democrático por natureza.

    Mais ou menos como convencer o tubarão branco a comer algas?

    Ou o tigre a mudar sua dieta para sopa de legumes?

    Agora a outra pergunta que, sinceramente, não tenho a menor ideia da resposta:

    O que Luis Nassif ganha ou avança publicando um lixo desses por aqui?

    Pena?

    Não, não, não, eu não acho nem acredito que isso esteja incluído no pacote de apoio do coronézinho de harvard.

     

  13. Aposentadoria neles…

    Posso estar equivocado, mas pode ser mais fácil do que se imagina…

    Juiz é cada um para si, pois o que conta são as hierarquias dos tribunais, são as ascensões hierárquicas é que contam, acrescida do interesse que a mídia possa ter em algum caso especifico…

    E tudo isso é amarrado com aumentos salariais e o poder da mídia!

    O real problema serão os salários!

    O que estamos assistindo é um conluio da mídia com algumas lideranças jurídicas!

    Haverá um alívio com a queda dos lideres em toda sociedade que preza valores e se tiver midia adequada, reverberará entre os pares, com a reconquista do valor do judiciário…

    Não vai ser fácil, de jeito nenhum, mas nenhum juiz suportaria os holofotes da mídia comprometida com a verdade querendo 16% de aumento depois dos aumentos e vantagens que já possuem…

    Se a gente parar e olhar o que acontece, é surpreendente  ver que o LULA não esteja caçado em seus direitos políticos!

    Há algo que os impede de ser totalmente loucos…

    Nem todo o judiciário está comprometido com com este saque que está acontecendo…

    O que pode ser feito é um programa de aposentadoria compulsório…

    O melhor dos mundos seria um pedido coletivo de aposentadoria no STF!

    Seria a chance do judiciário brasileiro, um recomeçar institucional…

  14. Prisões nas caixas

    Estou preso na minha ‘caixa’, para usar a metáfora de Ciro sobre o Judiciário e o MP, e por isso tenho dificuldade de entender como o presidente da República poderia enquadrar os agentes das duas instituições. (Talvez algum tipo de quid pro quo envolvendo salários e benefícios, algums dos quais dependem de sanção do PR, o que não funciona, pois Lula e Dilma abriram os cofres para eles…) Será que o professor Wanderley poderia injetar alguma luz no interior da minha caixa?

  15. Na mosca
    Não importa quem vai ganhar.
    Não vai governar.
    Quando a aliança Temer / Aécio acharam que iriam governar, veio a Friboi com uma série de denúncias.
    Aécio acabou linchado na praça pública eletrônica e, coitado, Temer não faz outra coisa além de tentar não ser preso. Fazem tudo o que mandam, sem discutir.
    Atenção: vale lembrar que os rabos da Friboi e Globo estão nas mãos do departamentodejusti$$$a.
    Qualquer um que for eleito terá que enfrentar essa turma.
    A lógica é não deixar as elites locais governarem, mas, coagidos, fazerem o que for mandado.
    Eles não têm amigos, apenas interesses, e consideram todas as elites locais corruptas.
    Eles não precisam dos militares e de ditaduras, basta ter um stf coagido, alguns juízes e imprensa controlados

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