A síndrome do medo da violência

A síndrome do medo da violência é uma das questões mais polêmicas em nosso país, pois cria na população em geral, uma sensação de que a impunidade norteia aqueles que cometem crimes, pela ausência de fatores geradores de punições que os ameacem, consequência de um estado que não consegue realizar sua obrigação de gerar segurança aos seus cidadãos. Esta situação foi criada pela ausência e abandono do estado como um todo, abrangendo todos os seus poderes; judiciário, legislativo e executivo, na esfera Federal, Estadual e municipal, através da criação de leis mais rigorosas contra os crimes que se tornaram banalizados, políticas sociais mais abrangentes e instituições de segurança mais inteligentes, preparadas e bem pagas.

O que ocorre é que o estado negligenciou no que tange às suas instituições e não reformulou sua legislação, de forma a combater o aumento da criminalidade, deixando a míngua, um Judiciário preso a normas e leis ultrapassadas, que não consegue inibir com alguma norma punitiva eficaz o problema do aumento da violência, bem como um judiciário defasado de recursos (humanos e materiais) e despreparado para arcar com a demanda que se tornou necessária.

No âmbito social algumas atitudes foram tomadas, com alguns projetos sociais do governo federal que amenizam a miséria, mas estes projetos se tornam ineficazes nas grandes cidades brasileiras (hoje em dia inclui-se qualquer cidade com mais de 50 mil habitantes), pois o custo para se viver nestas grandes cidades é muito mais alto do que o abrangido pelos projetos sociais, bem como a falta de empenho de grande parte de governadores e prefeitos, tornando ainda mais ineficaz qualquer projeto social, pela própria inexistência de qualquer projeto que inclua a população mais desassistida, como a construção de creches, postos de trabalho, hospitais com atendimento adequado, escolas com professores bem pagos e motivados e segurança comprometida com a população destas áreas, com policiais bem pagos e equipados também, o que faz com que qualquer projeto social não tenha eficácia na periferia das grandes cidades, abrindo brechas para oportunistas, criminosos enrustidos de vingadores e até mesmo exércitos de bandidos armados (milícias).

Com a falta da presença eficaz do estado, a juventude desassistida da periferia das grandes cidades, “criminaliza-se”, indo buscar o que justificam como justiça social, os bens de consumo que não podem conseguir na situação em que se encontram, através de atos criminosos em regiões de classes mais abastadas, levando a violência e o medo, o que se transformou num “prato cheio” para a imprensa reacionária e sensacionalista, que cria assim em seus leitores, as vítimas materiais desta situação crítica do abandono funcional do estado, uma imagem de que pobres, pretos ou qualquer pessoa que pareça pobre, é um criminoso em potencial, pré-conceituando e rotulando as pessoas, a quem a sociedade mais abastada deve temer e odiar.

A omissão do estado e o sensacionalismo irresponsável, hipócrita e direcionado da grande mídia, abre brechas para a formação de grupos de milicianos e de grupos de extermínio, imbuídos de forma impositiva, do ódio pré-conceitualizado ao pobre, como causador de toda a violência que ameaça a sociedade e que deve ser extirpado da visão desta sociedade de qualquer forma, como pensavam e agiam os nazistas com os judeus, pretos e comunistas, em nome de uma justiça irracional, racista e seletiva.

Concluindo: uma parte mesmo que pequena da população mais pobre criminaliza-se, pois o estado nunca os abrangeu como cidadãos, criando a atmosfera propícia para que a revolta se transforme em violência, fazendo arder como conseguinte, a chama do medo naqueles que são mais abastados, modelando neles uma visão fascistas e pré-conceituosa, que cria em suas mentes perturbadas pelo pânico, a falsa sensação de que a segurança só se dará com a eliminação seletiva e violenta daqueles que lhes causam ameaça de alguma forma, mesmo que somente pela própria presença física em determinado lugar ( lembram-se dos Rolezinhos no shopping).

A intolerância e a ignorância política são os principais responsáveis por esta série de acontecimentos, pois são às consequências históricas da falta de atenção do estado para com o seu povo, que cresceu e se modificou com a modernidade, necessitando cada vez mais de políticas sociais mais justas, pois as exigências são maiores e as obrigações nunca foram cumpridas, além de novos mecanismos e leis que garantam a tranquilidade a todos os cidadãos indistintamente, de instituições modernizadas e que funcionem com a rapidez e retidão necessárias para estes novos tempos, conforme a necessidade da população em geral, pois nosso estado no que tange a oferecer ao povo justiça social e segurança, parece trabalhar no século XIX, utilizando-se de instituições funcionalmente arcaicas, abrindo espaço para oportunistas, reacionários e delinquentes, que vivem da violência.

Só poderemos realmente viver num país com uma sensação real de segurança, quando se cumprir o mínimo do que exige de justiça social, quando conseguirmos reformar nossas instituições públicas (Polícia, Judiciário e etc.) e quando os nossos legisladores criarem leis que sejam adequadas a nossa realidade, pois caso isso não ocorra, não será com a eliminação seletiva proposta por alguns fascistas reacionários e pelo medo institucionalizado, que vamos nos curar da Síndrome do medo da violência.

 

1 Comentário

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  1. Justiceiros

    Resultado da incitação à violência pela Sra. Sheherazade:

    Ladrão é amarrado a poste após tentativa de assalto em Santa Catarina

    Suspeito chegou com um comparsa em uma motocicleta a uma lanchonete e anunciou o roubo; caminhoneiros que estavam no local derrubaram o veículo e o espancaram

    assaltante amarrado em poste santa catarinaApós a ação, Chaves foi pego por pessoas que viram o roubo, enquanto seu parceiro conseguiu fugir com R$ 2 mil PUBLICADO EM 14/02/14 – 14p6DA REDAÇÃO

    Um assaltante foi rendido, espancado e amarrado a um poste no início da tarde dessa quinta-feira (14), no bairro Cordeiros, em Itajaí, em Santa Catarina.

    Às 14h, Rafael Assis Chaves, de 26 anos, e um comparsa entraram numa lanchonete e anunciaram o assalto. Após a ação, Chaves foi pego por pessoas que viram o roubo, enquanto seu parceiro conseguiu fugir com R$ 2 mil.

    A dupla chegou de moto no estabelecimento. Do lado de fora, um grupo de caminhoneiros percebeu o assalto e retirou a chave da ignição da moto. Sem o veículo de fuga, os criminosos fugiram a pé, perseguidos pelos caminhoneiros.

    Após sofrer espancamento, Chaves, que não tinha antecedentes criminais, foi amarrado a um poste. Ferido, ele ficou preso por 30 minutos até a chegada dos policiais militares.

    Após ser atendido por uma ambulância do Corpo de Bombeiros, o acusado foi preso em flagrante e encaminhado para o Complexo Prisional do Vale do Itajaí, em Canhanduba. O outro assaltante não foi preso.

    Segundo o chefe de Comunicação da PM, tenente Luis Antônio Trevisan, nenhum agressor foi encaminhado à delegacia.

    Há duas semanas, outro caso de menor amarrado a um poste após participar de assaltos virou polêmica no Rio.

    Agência Brasil

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