As Artes Públicas pedem passagem

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Arte Pública, um conceito antigo, porém ainda muito atual e longe de estar esgotado.  Uma arte que se faz e se produz para todos, sem distinção de classe ou nenhuma outra forma de discriminação. Podendo ocupar todo e qualquer espaço e com plena função social de organizar o mundo, ainda que por instantes, faz ainda renascer na população a esperança. Um direito de todos e qualquer cidadão. Nesse sentido o Teatro de Rua é a modalidade que melhor representa esta união de uma das mais antigas artes com o moderno e necessário debate sobre a ocupação dos espaços urbanos da “Arte Pública”.

A arte pública se realiza no contato direto do artista ou de sua obra com a população, sem restrição de nenhuma espécie.

O livre exercício da atividade artística como Arte Pública, tem seus reflexos e consequências imediatas na vida pública, independente de teatros fechados, galeria, exposições e mesmo museus, que são espaços públicos para contemplação e fruição de obras de artes. Seu lugar é o espaço aberto.

“O futuro só acontece no presente, diziam os gregos. Contemplando as Artes públicas e estabelecendo Políticas Públicas para o seu desenvolvimento estaremos confirmando o futuro no presente. A utopia se constrói. Interferindo na questão com políticas públicas para as Artes Públicas, o estado estará colaborando com o anseio humano de equilíbrio nas relações que se estabelecem entre o público e o privado. E novas possibilidades artísticas poderão nascer desta relação. Cabe ao poder público reconhecer sua existência e importância e criar para elas políticas públicas de estímulo e amparo”. Amir Haddad – Diretor do Grupo Tá Na Rua.

A “Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades” e o grupo “Tá na Rua”, dirigido por Amir Haddad, juntamente com outros grupos e artistas do Rio de Janeiro, reúnem-se há mais de 02 anos para discutir Políticas Públicas para Artes Públicas. Esta reunião, que acabou por tornar-se um movimento dos artistas de rua, chama-se: “Fórum de Artes Públicas” e é realizada às segundas-feiras na sede do grupo “Tá Na Rua”.

A repressão imposta no ano de 2009 com o “Choque de Ordem” da prefeitura do Rio de Janeiro, que impedia os Artistas de Rua exercer o seu ofício, ferindo seus direitos de liberdade e expressão, fez com que os artistas de Rua se unissem não só para reivindicar seus direitos, mas também o da população. A “Arte Pública” é essencial para cidade, é um exercício de cidadania. O movimento dos artistas de Rua, não movimenta dinheiro, movimenta a vida pública. Transforma o produto cultural, oferecendo a possibilidade para as pessoas que querem se expressar fora do mercado, fora da privatização. A arte Pública é um retorno garantido para população é democrático, inclui. É uma política de dentro para fora, de baixo para cima. A arte e a cultura é direito de todo o cidadão.

Em Maio de 2012, os artistas de Rua tiveram uma grande vitória: a derrubada do veto do prefeito Eduardo Paes ao projeto de lei 931/2011 de autoria do vereador Reimont (PT). Trinta e seis (36) vereadores votaram CONTRA O VETO do Prefeito Eduardo Paes.

A Lei saiu no diário oficial do município do Rio de Janeiro em 27 de Junho. Lei 5.429/2012 determina que as manifestações culturais em lugares como praças, anfiteatros, largos e boulevards não necessitam de prévia autorização dos órgãos públicos municipais. A lei abrange peças teatrais, danças, capoeira, circo, música, folclore, literatura e poesia.

Outra grande conquista dos Artistas públicos e Amir Haddad, grande mestre, é o programa – “Arte Pública: uma política em construção” – 1º Festival de Arte Pública, que acontecerá nas Praças da cidade do Rio de Janeiro para todos que de alguma maneira exerçam algum tipo de atividade pública voltada para as pessoas nos espaços públicos da cidade. Do mais “insignificante” ao mais atrevido ou avançado. Essas praças são chamadas de Sedes Públicas pelos grupos de teatro de Rua que já as ocupam há alguns anos. Os grupos que organizarão o programa são: Tá Na Rua, Cia Brasileira de Mystérios e Novidades, Off-Sina e o Boa Praça. A ideia é fazer com que os Artistas Públicos apareçam, se mostrem, saiam da toca e ocupem a cidade com o seu pulsar, com sua força de transformação e cor. A adesão dos Artistas no movimento “Artes Públicas” para o fortalecimento do mesmo. Recuperar a dignidade e a autoestima do Artista Público muitas vezes marginalizado e excluído. Um grande movimento para se pensar e criar novas possibilidades para o convívio humano.

Artistas Públicos, doadores universal – artista cidadão!

 

Trechos do cordel – “Arte Pública: Uma peste anunciada”

Por Edimilson Santini

…”No boca a boca se ouvia,

Uma palavra: – É loucura!

– É peste que se anuncia.

Peste que propõe a cura

Pela multiplicação

Da Arte Pública em Ação:

Teatro Sem Arquitetura…

Alma Encantada das Ruas…

Tá aí a ancestralidade,

Que entre uma linha ou duas,

Dá conta da humanidade:

Mil e Uma Noites por segundo.

Teatro de Rua é o mundo.

Arte Pública é Liberdade.”

Mafalda Pequenino é atriz e articulista no Jornal GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Verdade
    Postei no face com este adendo: Isso já mais para o teatro, conheci e participei de ações do grupo de Amir Haddad em Goiás Velho, no começo desta década, foi muito bom,Vai para o pessoal do grupo The Leprechaun jovens goianos interessados em arteArte na rua(link para um grupo)

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