Celso Furtado guiará os Economistas pela Democracia em 2020, por

Celso Furtado guiará os Economistas pela Democracia em 2020

por Adroaldo Quintela

Inspirados por Celso Furtado, no aniversário de cem anos de seu nascimento em 2020, os Economistas pela Democracia levarão, a todas as regiões do país, discussões sobre desenvolvimento com equidade econômica, social e regional e propostas de luta contra medidas e atos que atentem contra os mais pobres ou contra a soberania nacional.

A defesa do Estado Democrático de Direito, da Constituição Federal de 1988 e do desenvolvimento sustentável, dinâmico e inclusivo, levado a cabo por políticas públicas direcionadas para a redução das desigualdades econômicas, sociais e regionais para eliminação da fome e da pobreza, são alguns dos valores que provocaram a articulação e a união de um conjunto de economistas, em outubro de 2018.

A esses valores foram agregados o respeito ao meio ambiente e aos direitos da cidadania, assim como da valorização da cultura e da identidade e da soberania nacionais. para compor a razão de existir da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED), uma sociedade suprapartidária sem fins lucrativos, constituída por profissionais de economia que defendem a preservação da democracia no Brasil.

Iniciaremos o ano de 2020 com uma pauta robusta de lutas contra as medidas e atos do governo Bolsonaro/Paulo Guedes (o ultra neoliberal ministro da economia) que atentam contra os interesses dos mais pobres, da classe média e da soberania nacional.

Três emendas constitucionais serão foco de nossa articulação e de nossa luta no parlamento e em arenas da sociedade civil organizada. As Emendas Constitucionais que tratam da Reforma do Estado e da Administração Pública, da Reforma Tributária e a PEC Emergencial que, prevê, dentre outros pontos, a redução da jornada do serviço público combinada com redução de vencimentos, vedação de novas despesas obrigatórias e proibição de novos concursos.

No processo de enfrentamento dos aspectos mais danosos dessas PECs e, eventualmente, outras medidas que surgirão ao longo do ano, a ABED ampliará e incrementará a parceria e unidade de ação com: associações de servidores públicos, sindicatos e centrais sindicais, e entidades de profissionais pela democracia.

Trabalharemos para a intensificação do processo de sensibilização e mobilização de jovens economistas e estudantes de graduação e pós-graduação em economia, para debater: a Economia de Francisco, as propostas de mudança do currículo dos cursos de graduação em economia, e as relações causais entre a economia e a democracia.

Contribuiremos para a preparação e organização de debates, nas universidades e nas periferias das cidades e no campo, que direcionem nossa sociedade a uma economia inclusiva, humana e democrática. Neste sentido, a ABED priorizou a parceria com a Articulação Brasileira pela Economia de Francisco (ABEF) e com a Federação Nacional de Estudantes de Economia (Feneco).

A comemoração do Centenário de Celso Furtado (1920 – 2020) constituirá o grande mote para debater a retomada do crescimento com equidade econômica, social e regional, preservação do meio ambiente, valorização da cultura e defesa da soberania nacional, em ambiente democrático e com respeito à diversidade e às diferenças, em todas dimensões.

A proposta de retomada do crescimento econômico nesse termos significa, por um lado, colocar em cheque o austericidio fiscal e os fundamentos do modelo econômico ultra neoliberal praticados pelo governo Bolsonaro, sob a liderança de Paulo Guedes. De outro, significa iluminar o debate econômico com os pressupostos primordiais da teoria política do desenvolvimento, concebida por Celso Furtado.

Para a celebração do centenário de Celso Furtado, estamos planejando simpósios e colóquios nas capitais onde a ABED está organizada por meio de coletivos regionais e editar um livro comemorativo com artigos de associados e convidados.

Encerraremos o ciclo com a realização de um seminário em Recife/Nordeste no dia 13/8/2020 (Dia do Economista) que buscará (i) analisar os 60 anos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste; e (ii) validar a atualidade e os instrumentos de políticas de redução das desigualdades regionais e coesão social no Brasil do Século XXI.

Na arena da resistência democrática, estão em curso conversações para a participação da ABED na Frente Democrática e Popular, liderada pelos partidos políticos da oposição, organizações da sociedade civil.

A ABED entende que deve participar ativamente das discussões sobre as composições políticas da oposição democrática para as eleições de prefeitos e vereadores. Entretanto, respeitando a Carta de Princípios e o seu caráter suprapartidário não apoiará qualquer candidatura no primeiro turno do pleito municipal.

Brasília, 27/12/2019.

Adroaldo Quintela é economista; ex-professor de economia da UEFS e técnico em planejamento e pesquisa do IPEA (aposentado). É um dos fundadores e integra a Coordenação Executiva Nacional da ABED.