Conselho de Economia alerta para estado de exceção no Brasil

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O Conselho Federal de Economia, que reúne parte do empresariado, setor econômico, Judiciário e Forças Armadas, publicou nota oficial na última semana alertando para “a grave situação de estado de exceção no Brasil”.
 
“Os últimos lances do desastre foram as manobras levadas a cabo pelo Poder Judiciário, em apoio ao golpe, tal como fizeram quando da deposição do então Presidente da República João Goulart e ao entregar Olga Benário à sanha assassina dos nazistas de Hitler”, divulgou.
 
“O quadro em curso visa atender além de seus próprios interesses, aos de alguns países estrangeiros que almejam tomar conta das riquezas nacionais, a exemplo do pré-sal, da Embraer, da Eletrobras e, consequentemente, da parte da matriz energética derivada das hidrelétricas, dos rios, da base de Alcântara, da Amazônia, do Aquífero Guarani e de muitas outras”, completou.
 
O comunicado pede que “os brasileiros e brasileiras se insurjam contra os setores cujos interesses são eliminar os parcos benefícios sociais conquistados e entregar as riquezas capazes de garantir o desenvolvimento do Brasil”.
 
Leia a nota na íntegra:
 
Do Conselho Federal de Economia
 
Carta aberta do Cofecon aos brasileiros
 

O Conselho Federal de Economia vem se pronunciar sobre a grave situação de estado de exceção no Brasil, com apoio de setores como financeiro, rentistas, parte do empresariado, do judiciário e das forças armadas. O quadro em curso visa atender além de seus próprios interesses, aos de alguns países estrangeiros que almejam tomar conta das riquezas nacionais, a exemplo do pré-sal, da Embraer, da Eletrobras e, consequentemente, da parte da matriz energética derivada das hidrelétricas, dos rios, da base de Alcântara, da Amazônia, do Aquífero Guarani e de muitas outras.

Os últimos lances do desastre foram as manobras levadas a cabo pelo Poder Judiciário, em apoio ao golpe, tal como fizeram quando da deposição do então Presidente da República João Goulart e ao entregar Olga Benário à sanha assassina dos nazistas de Hitler. Esta última, uma cidadã como qualquer um de nós. Certamente estas ações não foram dignas da missão institucional de defesa da democracia e da Constituição brasileiras.

Na véspera, vivandeiras das casernas se pronunciaram em redes sociais da internet, ameaçando enterrar de vez as nossas já combalidas instituições democráticas. Ainda bem que o Comandante da Aeronáutica veio a publico com discurso mais democrático e amparado em artigos da Constituição Brasileira que regulam o papel das Forças Armadas.

É importante sublinhar que o pano de fundo dessas diatribes é composto pelo congelamento dos investimentos públicos em educação, saúde e infraestrutura, dentre outros, por vinte anos; o aviltamento do valor do salário mínimo; a reforma trabalhista; e os assassinatos da Vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, condutor do veículo em que ela estava, ambos do Rio de Janeiro, e de milhares de jovens negros e negras, brancos e brancas, todos pobres, jogados nesta condição pelos autores do golpe acima nominados.

Como retomar o desenvolvimento econômico, com inclusão social, em meio a tanta insegurança jurídica e instabilidade institucional? Para agravar conjuntura já tão adversa, o comportamento casuístico de nosso Poder Judiciário, ao atingir seu auge neste momento, compromete ainda mais a credibilidade do País no exterior, inviabilizando investimentos e financiamentos externos que nos seriam favoráveis.

Diante deste cenário, urge que os brasileiros e brasileiras se insurjam contra os setores cujos interesses são eliminar os parcos benefícios sociais conquistados e entregar as riquezas capazes de garantir o desenvolvimento do Brasil e promover bem-estar para seu povo, ainda que para isto seja necessário lançar o País, irresponsavelmente, em uma divisão temperada pelos ódios, a qual sabemos como começa, mas não como terminará.

 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Gentileza gera gentileza. Gente lesada cria gente lesada.

    Uma elite vil, historicamente golpista assistida por uma justiça partidarizada e omissa aos erros desta elite, tudo isto assistido por uma imprensa corporativa e cooperativa com este status quo, só poderia descambar neste estado atual, com uma sociedade dividida, insegura e desconfiada. O ódio é apenas um dos sintomas.

  2. O Cofecon  é contra o estado

    O Cofecon  é contra o estado de exceção brasileiro? Isso parace uma esquete do Monty Python.

    Parece que realmente não entendem nada sobre economia. Vou facilitar para vocês, nobres bacháreis: quem tem dinheiro manda, quem não tem se ferra. É assim que o capitalismo funciona e a democracia é um mero detalhe.

    Motivo daa rapinagem norte-americana no Brasil? Dinheiro.

    Motivo da traição de nossos políticos? Dinheiro.

    Motivo da corrupção sistemática do nosso governo? Dinheiro.

    Motivo da violência e desigualdade social? Dinheiro.

    O dinheiro manda queridos… Afinal, não é o que vocês, economistas (muitos dos quais adoram dar entrevistas a Globo dizendo que a inflação é um mito), defendem? Poque a surpresa quando o capital faz o que sempre fez?

  3. Acho que os Movimentos Sociais deveriam convocar uma greve geral

    Prá parar essa minoria fascista barulhenta, as esquerdas, os movimentos sociais, os Sindicatos combativos deveriam convocar uma greve geral, contra a supressão de direitos sociais, contra o fascismo e a favor da libertação do Lula.

    Deveríamos ser criativos, compartilhar nossas merendas, em vez de muitos discursos, mais músicas combativas, como Clube da Esquina II, por exemplo, Geraldo Vandré, etc.

    We must strike the iron while it’s hot.

  4. Não é isso

    O CONFECON não “reúne parte do empresariado, setor econômico, Judiciário e Forças Armadas”.

    É apenas o órgão de auto-regulamentação dos economistas, análogo ao CONFEA dos engenheiros e ao CFM dos médicos.

    É bom o posicionamento deles, mas não tem a importância que a frase acima denota. As forças armadas e o judiciário não estão representados no CONFECON, e, se há alguns empresários, é só porque alguns empresários são economistas. Mas evidentemente não é a voz deles que estamos ouvindo nessa nota (mais provavelmente, é a voz de professores universitários de economia).

    (Aliás, o que a nota do CONFECON diz, bem explicitamente, é que o estado de exceção é apoiado por “parte do empresariado, setor econômico, Judiciário e Forças Armadas”.)

    1. “(mais provavelmente, é a voz

      “(mais provavelmente, é a voz de professores universitários de economia).”

      Isso por si só é outro paradoxo gerado por essa nota.

      Esses professores universitários, em sua esmagadora maioria, são um bando de coxinhas orgulhosos. E os economistas são uma classe especial nesse meio: são os “cientistas” do Capital, sempre defendendo coisas ridículas como a mão invisível do mercado, a racionalidade do capitalismo, empreendedorismo e outros absurdos. E aqui estão eles… fazendo uma nota em defesa da democracia.

      Seria como um propagandista nazista reclamar de que estão matando judeus na Alemanha. É muita esquizofrenia.

  5. Nota nada técnica, ficaram devendo a população.

    Conselhos superiores podem emitir pareceres técnicos substanciados, estes sim que teriam peso.

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