Dilma, vete! Por Antonio Delfim Neto

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Antonio Delfim Neto

Da Folha de S. Paulo

Um dos problemas mais complicados –principalmente nas “ciências” sociais– é o estabelecimento de relações de causalidade. O festejado aumento recente de protagonismo do Poder Legislativo, essencial à consolidação do processo democrático no regime presidencialista, é a causa eficiente da visível irresponsabilidade fiscal que ele tem revelado? O maior equilíbrio de forças entre o Executivo, que formula o Orçamento, e o Legislativo, que o modifica, aprova e fiscaliza a sua execução, é necessariamente um mal? Por que um projeto proposto por um deputado ou senador é sujeito a mais desconfiança do que quando ele mesmo é submetido, pelos nebulosos caminhos da burocracia, na proposta orçamentária?

É impossível proibir, sem anular o Poder Legislativo, emendas ou modificações de gastos dentro das boas regras orçamentárias universais.

Elas exigem que (1) caibam no teto técnica e honestamente estabelecido para a receita total, ou seja, apenas substituam outras de valor equivalente, que, (2) quando o teto é violado, sejam acompanhadas pela aprovação de aumento da receita (imposto ou contribuição) igual e simultâneo, que (3) despesas de caráter permanente não sejam financiadas por aumento de receitas eventuais ou aleatórias e que (4) se considere que o investimento de hoje é despesa de custeio permanente de amanhã.

Essas regras têm sido abusadas pelos três Poderes, num conluio permissivo preocupante que ameaça a estabilidade financeira do país.

Seguramente, não foi o aumento do protagonismo do Legislativo, que, aliás, ajudou a aprovar boa parte do “ajuste” proposto pelo governo, que produziu a irresponsabilidade. Foi a visível e crescente desorientação do Executivo e do PT que estimularam a oportunística “farra fiscal” à qual não faltou, sequer, o Poder Legislativo! Dá tristeza e preocupação assistir ao que poderia ser um enorme avanço civilizatório, uma Câmara independente funcional e ágil, revelar-se uma assembleia de diretório acadêmico, onde a repetitiva gritaria ignorante de um esquerdismo infantil e o abuso de uma direita troglodita prevalecem sobre o bom senso.

Presidente Dilma, enfrente o “panelaço” que lhe cabe! Não sofra calada à desresponsabilização do Legislativo e do Judiciário no aumento das despesas. Vete os gastos propostos de quase R$ 80 bilhões nos próximos três anos, que nas últimas semanas foram postos no seu caminho. E vá à televisão mostrar à sociedade, com clareza, que, para desgastá-la, alguns oportunistas recusam os caminhos institucionais e ensaiam jogar o Brasil no caos financeiro.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Revolta contra a taxa de extração do dinheiro do povo

    A carga tributária brasileira já está em níveis confiscatórios.

    Estou com o Delfim nesta, veto ao legislativo e ao judiciário.

    1. Tamo Junto Delfim

      Tamo Junto Delfim. É muita farra com o nosso dinheiro.

      Veta mesmo Dilma! O que estes tarados oportunistas fizeram é mais um atentado deste congresso corrupto contra o país. São lesas pátria que, para satisfazer anseios particulares, estão jogando o Brasil na merda.

      .Vão pagar!

      1. Tamo junto, Delfim. E quando

        Tamo junto, Delfim. E quando o poder passar ao PMDB de vez, tamo junto delfim de novo? Tamo junto com esse cara, nunca!

      2. a única coisa que ela vetará

        a única coisa que ela vetará é a fórmula 85/95. o resto, podemos negociar.

        os aposentados que se f——-.

  2. É isso aí.
    E a crítica ao PT

    É isso aí.

    E a crítica ao PT foi bem oportuna porque eles criaram o monstro e agora tem que resolver  a parada!

  3. Ao invés de vetar o reajuste

    Ao invés de vetar o reajuste dos servidores, poderia propor parcelar em mais tempo e  executar as dívidas tributárias e previdenciárias de clubes de futebol, caloteiros por natureza, negócios extremamente estranhos e com altos valores, ganhos fantásticos, mas não, parcela as dívidas ad eternum a perder de vista, para calotarem mais na frente. Delfim tai um nome que arrombou as contas do país, diversos empréstimos jumbos na época da ditadura, dando conselhos hoje.É a mesma coisa que escutarmos Maílson da Nóbrega falando sobre inflação, ele que foi o “Prêmio Nobel da Inflação.

    1. Pois é já que o problema é

      Pois é já que o problema é salario de servidor acredito que a maioria até abre mão, mas que tambem se cobre os desvios bilionarios do carf (18 bi), do panamericano (5 bi), das multas bilionarioas dos bancos (pra mais de 20 bi), dos sonegadoes (mais de 600 bi), escandalos nos quais estão todos ai livres e pimpões, ninguem na cadeia e todos na tv rindo de nós otarios, se fizerem isso até abriria mão do meu reajuste.

  4. Vetar o reajuste do

    Vetar o reajuste do servidores do judiciário por quê? Vocês sabiam que trata-se de reposição da inflação do período e não de aumento/reajuste? Que a categoria não tem data base para correção pelos índices de inflação e o governo “se esqueceu” de repor as taxas ao longo de 9 anos?? Até quando o governo pretendia impor perdas à categoria, ao mesmo tempo em que não deu (nem dá, atualmente) exemplo de austeridade e economia em seus gastos? Diminuir o número de ministérios e de cargos comissionados, que seria um bom exemplo, nada né? Os servidores já “contribuem” à revelia para pagar a “conta” à qual não deu causa há 9 anos.
    Já pararam para pensar quais são os interesses em enfraquecer os quadros do Judiciário (de forma seletiva, pois carreiras equivalentes no Executivo e no Legislativo têm obtido suas reposições), com evasão qualitativa em seus quadros (servidores partindo para outras carreiras mais atraentes)? Vamos analisar as questões dentro de seu real contexto, não superficialmente, servindo apenas de propagador das desculpas do governo. Segue link abaixo, contendo eslarecimentos elaborados pelo respeitadíssimo juiz federal Dr. William Douglas:

    http://sisejufe.org.br/wprs/2015/07/juiz-federal-william-douglas-divulga-nota-de-esclarecimento-e-apoio-ao-plc-2815/

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