Mais amor e menos ódio, para começar a mudar o País, por Tadeu Porto

 

Artigo do Brasil Debate

Por Tadeu Porto

As eleições de 2014 certamente serão uma página de destaque nos livros de história do Brasil num futuro breve.

Fatos para análises e abordagens acadêmicas não faltam: as manifestações de junho, a morte do Eduardo Campos, os erros grotescos das pesquisas, o papel questionável da mídia, entre outros temas, poderão confirmar que o ano do vexame brasileiro na Copa também foi um ano crucial para a evolução da nossa democracia.

Esse amadurecimento pode ser creditado aos milhões de brasileiras e brasileiros que se comprometeram com o pleito.

Ruas cheias de militantes, mídias sociais batendo records de mensagens são alguns exemplos do nível de envolvimento ocorrido. Nesse sentido, a espontaneidade da jornada de junho talvez explique o motivo de tanto engajamento, uma vez que diferentes ideologias foram às ruas com pelo menos uma ideia comum: o reconhecimento que o Brasil pode muito mais.

Todavia, a heterogeneidade desse movimento acabou sendo inimiga dos anseios comuns apresentados (e.g. melhoras de serviços públicos, reformas básicas e menos corrupção), pois a falta de diálogo entre ideologias auxiliou para dispersar e cessar as manifestações.

Um exemplo disso são as poucas conquistas de curto prazo obtidas, dentre tantas reivindicações apresentadas.

O desafio agora é construir uma massa crítica que seja capaz de conviver com as diferenças a ponto de conseguir se unir em torno de um objetivo comum, quando necessário for.

Dizem que o primeiro passo para consertar algo é o reconhecimento. Pois bem, praticamente todo Brasil quer mudança (e observem como o marketing de todas as campanhas abusou disso nesse pleito), então qual seria o próximo passo? O mais prudente pode ser avaliar o sistema e atacar, da maneira mais eficiente possível, as falhas existentes.

E aqui se observa um grande obstáculo: quem tem as melhores ferramentas para “consertar o Brasil”, a priori, são justamente instituições viciadas como os três poderes, a mídia e as grandes empresas (mercado capital).

Por mais que existam pessoas que tenham a vontade de virar o jogo dentro de cada segmento desse, seria muita ingenuidade acreditar que essa configuração de poder, que dita as regras há tanto tempo, vai querer mudar só com uma pressão pontual. Indubitavelmente, a cobrança deverá ser feita de maneira contínua e eficaz, até que as reformas necessárias sejam implantadas. E isso passa, necessariamente, pelo envolvimento de toda sociedade.

Citam-se, aqui, alguns desafios a serem superados:

Sabe-se que no Brasil o maior gasto relativo com impostos é das classes de mais baixa renda – cerca de dez vezes mais comparada com a parte mais rica, segundo o IPEA. Portanto, é muito difícil vislumbrar um Congresso, que aumentou significativamente sua quantidade de milionários, agir contra interesses próprios como uma reforma tributária progressiva.

Na mesma linha de raciocínio, é praticamente impossível imaginar a mídia abraçando qualquer ideia de regulação que auxilie na quebra do oligopólio atual. Não só por interesses financeiros, mas também pela influência política que esse ramo tem (quarto poder).

Muito pelo contrário, pode-se esperar da imprensa uma massiva campanha contra a sua regulamentação (que ela já chama de censura), ignorando experiências em países democráticos do mundo inteiro, desde os liberais EUA até a esquerda moderada como a Argentina, passando pela recente atitude da Inglaterra.

Outro calo no sapato certamente é o financiamento empresarial de campanha, uma vez que as grandes empresas do País não vão querer arriscar perder os seus benefícios políticos (facilitar licitações, por exemplo) que as ajudam a ter um retorno excelente de “investimento”.

Só existe um segmento da sociedade que conseguirá equilibrar forças com esses poderes a ponto de virar o jogo: a população. E, obviamente, quanto mais pessoas melhor! Tanto no campo quantitativo (pessoas nas ruas e nas mídias sociais) quanto no qualitativo (diferentes pensamentos e ideias), é muito importante a participação equilibrada de todos.

A má notícia sobre a situação de momento é que o começo de uma importante luta foi bem desanimador. Com todo o ódio que foi destilado entre eleitores durante o pleito e mesmo depois do resultado de domingo (26/10), não é possível nem sonhar com algum tipo de união pragmática.

Todos no mesmo barco

Uma mudança de comportamento deve ser vislumbrada. Para tanto, se o objetivo é mesmo realizar as reformas básicas necessárias para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, é muito importante que todos brasileiros tenham a consciência de que, quanto mais divididos, mais enfraquecidos e, consequentemente, poucos avanços ocorrerão.

Para tanto, no mínimo, se deve ter empatia para entender a história e as necessidades do próximo, paciência para poder compreender o raciocínio desigual, respeito com ideais alheias, que podem ser caminhos diferentes para o mesmo fim, e humildade para aprender as mais diferentes formas de pensamentos.

É inconcebível, assim, ataques entre nordestinos e sulistas, petistas e tucanos, progressistas e conservadores, e por aí vai… Não só pelo ponto de vista ético ou filosófico, mas também pela lógica! Afinal, estão todos no mesmo barco que pode afundar sem o comprometimento e a ajuda mútua. O liberal assumido deve aprender a dialogar com a “esquerda caviar”, o marxista tradicional deve compreender a posição do “coxinha” e essa tolerância no debate será crucial para o entendimento de que, no fim, muitos objetivos são comuns.

Vale reafirmar, por fim, que o bem do nosso País passa pelo esforço de cada cidadão em aprender a cobrar, de forma coletiva, o que lhe é de direito e foi negado por tanto tempo em detrimento do interesse de poucos.

Nesse sentido, a união dos milhões de brasileiros e brasileiras será a base de uma democracia forte, na qual a vontade da subutilizada maioria efetivamente suplantará o desejo da poderosa minoria.

Redação

29 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Nem amor nem ódio. Não é

    Nem amor nem ódio. Não é disto que depende a saúde do Estado ou a segurança do governo. O respeito à legalidade é o que mantém as instituições funcionando. Quem quiser protestar tem o direito de fazê-lo, quem quiser usar a violência para derrubar o governo eleito pode e deve ser contido com todos os meios legais e, eventualmente, letais à disposição do Estado. Simples assim. 

  2. Querem dividir o país

    Querem pq querem dividir o pais entre os que votaram em Aécio vs Dilma quando isso não faz o menor sentido pq manda a democracia que quem numa eleição quem perde deve reconhecer que a proposta vencedora deve ser respeitada por representar a vontade da maioria, não interessa se com a diferença de 1 ou 1 milhão ou 4 milhões de votos. 

  3. Mesmo em Estados onde Dilma perdeu, teve milhões de votos

    E teve ampla vatagem em MG, RJ…

    SP é um caso sério…Mas tudo bem, é assim nos EUA, onde regiões consideradas brancas e ricas sempre votam nos republicanos, na Bolívia também é assim. Mas quem teve 1 voto a mais prá vencer, isso tem que ser respeitado, é do jogo da democracia, senão prá que eleição

  4. O paradoxo da minoria

    Digamos que foi louvável  a tentativa de  fomentar a   “pacificação social”.  Eu também prefiro a paz. 

    Os estado modernos nem sempre preferiram. É certo que  boa parte destes estados já se encontra, ao menos relativamente, obrigada com a Paz. Paradoxal não? Obrigação de manter a paz?

    Voltemos ao texto.

    O autor comete equívocos. Isso porque,  não creio que a “população” vá pretender algum benefício mais  amplo e social para o Brasil.  Talvez, até o contrário disso. População é coisa para os economistas de escol e de meia tigela. 

    O povo consciente não, ou melhor, sim.  Este sim  pode mudar o país com sua cidadania ativa. Afinal, o poder emana dele e não da “população”.

    A questão da “maioria” versus “minoria”  tratada bem no final do texto também me pareceu equivocada. Ora, é a maioria que é poderosa. E é exatamente a minoria que necessita de “proteção”. É claro, a maioria também precisa. Melhor dizendo, todos nós , humanos, necessitamos de direitos humanos ( fundamentais) que nos protejam do próprio “estado”. A maioria pode “criar”, democraticamente,  o estado que desejar desde que respeite o direito das minorias.

    Todavia, o “buraco” é muito mais embaixo, sobretudo, no Brasil  onde a minoria que detém o poder econômico( ai sim) acaba ditando  os rumos do Estado brasileiro  que se diz democrático. Curiosamente, esta “minoria”  supera a maioria do “povo”.

    Embora o poder emane dele, tudo nos leva a crer que ele ainda não sabe disso.

    Por outro lado, paz e amor é importante. Mas, no mundo que escolhemos viver, é preciso primeiro estabelecer CLARAMENTE quais serão as regras que atendam aos interesses ilimitados com recursos escassos deste “paz e amor”. Ou quem sabe “guerra e paz”?.

    E no brasil contamos com  pelo menos um agravante: O recursos são escassos mas sobram na mão de poucos. 

    Eis o paradoxo de nossa minoria:  Minoria = Maioria.

     

     

    Saudações 

     

     

     

  5. Paz e amor?

    A discussão de como solucionar as rupturas profundas entre quatro grupos de votantes principais nas eleições de 2014 (voto no PT, voto anti-PT, voto em branco ou nulo e os votos convictos na extrema-direita e na extrema-esquerda) passa pelas lideranças partidárias desses grupos distintos. 

    Não pensemos em reconciliação, não foi este o papel desempenhado pela oposição perdedora em segundo turno, esta nem a derrota aceitou nem quis apaziguar os ânimos entre eleitores pró e contra o PT. 

    Não haverá paz para quem só está disposto a guerra, a bravatas e gritos e se escora em uma mídia corrupta, que faz qualquer coisa para não perder seus privilégios e para defender, com o beneplácito de Aécio e Cia. o Status Quo. 

    A extrema esquerda e a extrema direita ao menos tem uma ideologia, queiramos ou não. O problema é boa parte do eleitorado do Aécio e parcelas dos votos brancos/nulos que anda se valendo de qualquer coisa para ver o PT longe do Poder.

    É gente que está sendo deformada na lucidez, na capacidade de raciocínio e de mínima reflexão com os tolos conceitos dos Pitbulls da mídia nativa e o suposto “bolivarianismo”, hoje, substituto do clássico “comunismo”. 

    Se o PSDB não se interessou por dar racionalidade aos seus eleitores no pleito de 2014 em primeiro e em segundo turno, e neste terceiro turno, como discutir uma harmonização das partes. Eu aprendi que o exemplo vem de cima. Se não sou educado politicamente a tendência é perder a razão e perder a capacidade de raciocinar as coisas. 

    Na Eleição ficou claro que o PSDB ganhou votos, em grande quantidade, via um ódio fabricado pela mídia e sua desabalada carreira de tirar o PT do Poder a qualquer custo. E o PSDB aceitou este papel do início ao fim, só distendendo a corda (parcela pequena de seus políticos e filiados), que se diga a verdade, depois do pleito, quando viu que parte do seu eleitorado estavam saindo às ruas pedindo intervenção militar e deposição da Presidenta legitimamente eleita, ou seja, um Golpe contra a Democracia. 

    Durante a Eleição, os PSDBistas incentivaram até o último instante as capas estapafúrdias da Revista Veja e qualquer outro factoide para vencer o pleito sem precisar discutir a realidade do Brasil e, assim, escamotear seu programa de governo neoliberal e que visava um realinhamento desigual com os EUA e a União Europeia. 

    Só haverá distensão, condições de uma relação paz e amor entre petistas e não petistas se os políticos da oposição e os oportunistas de plantão tiverem vontade. Ainda vivemos o período eleitoral, com as capas, como a do Estadão ontem, acusando o líder do PT no Senado, de corrupção. Antes, ia até a Eleição, hoje, parece um processo continuado e que acirra os ânimos cada dia mais. E, não há tréguas. Não há sinal de que a oposição queira. Seu eleitorado continua sendo incentivado a crer que tudo é uma imensa corrupção nesta País, justamente, no momento inédito que se prende corruptores de alto coturno! E, que se tem a chance de passar o Brasil à limpo. 

    E nós que votamos em Dilma fazemos o quê? Vai tentar dialogar com um anti-petista e vê se ele ouve e dialoga com você ou se ele já sai dando umas bordoadas verbais na sua argumentação, grita mais alto e diz todos os bordões da mídia tradicional e os “conteúdos” dos textos apócrifos da Internet, aqueles clássicos do Filho do Lula, da Dilma e seu novo amante, do Lula e seu dedo perdido visando uma aposentadoria, etc. 

    Não há paz e amor sem que as partes queiram. O eleitor petista tinha muito mais consciência do seu voto do que o do PSDB, este, era um eleitor muito mais anti-petista que qualquer coisa, nem sabia porque votava em seu candidato. Era apenas um sujeito decidido a tirar o PT do Poder de qualquer jeito. E vamos ser sinceros, ainda quer isto e pode ser do jeito que der. 

    E ainda corroboram com essa situação pós-eleição a maioria dos políticos e filiados do PSDB suspeitando do resultado eleitoral pós-eleição via TSE e não se mostrando claramente desfavoráveis aos golpistas nas ruas, tendo até a figura de um Senador da República, indo na passeata que pedia “Fora Dilma” e Intervenção Militar. 

    Desculpa a sinceridade, mas paz e amor se vier será a partir do interesse concreto dos perdedores da Eleição e sua mídia corrupta, que é hegemônica no Brasil: infelizmente.

    1. Parabéns, Alexandre.
      Acho que

      Parabéns, Alexandre.

      Acho que qdo as lideranças de esquerda chegarem a um acordo, os perdedores se acalmam; por enquanto, ainda estão apostando em alas da esquerda para militar para eles, pelo menos, aqui nas redes.

  6. Após refletir o discurso

    Após refletir o discurso feito pelo Dr Êneas na época da Era Tucana, me fez relembrar alguns assuntos daquela  época.

    No começo do plano real os malakas venderam quase tudo e destruíram o mercado interno.

    Mantra tucano:  podemos comprar lá fora, pois temos uma moeda forte e o capital internacional financia a balança comercial.

    Reflete pessoal: imagina quem da sociedade comprava lá fora?

    A mídia  foi favorecida com o cambio superficial e uma pequena parte da sociedade.

    As bugigangas consumidas por um clube seleto da sociedade e a mídia renovando suas instalações.

    Pergunto: quem pagou a conta?

    Toda a dívida privada virou pública por causa da crise e, talvez pagamos até hoje.

    Esses tucanos detonaram o plano real, iniciado pelo governo Itamar Franco.

    Eles venderam as empresas públicas: o tema deles:  vamos acabar com a era Vargas – atolaram o país em dívida e, aumentaram os impostos.(as alíquotas e os  impostos que existem atualmente são da era Tucana).

    O termo custo não aplica-se na administração pública, isto é: não precisamos de um herói de custo.

    Precisamos regularizar o plano real. Umas das ações é trazermos os juros para taxas civilizadas e, por causa disso teremos condições de realizarmos altos superávit.

    A inflação no Brasil não é controlada pelo Juros, isto é: isto, juros controla inflação, é um insight criados pelos “lobistas” – a mídia é um deles.

    Precisamos de um ministro para atacar isso, do resto é firula.

    A inflação brasileira desde da década de 70 era acarretada em quase sua totalidade pelo cambio.

    O solução para isso está se contemplando, isto é: Reservas, índice de nacionalização e gente que ama este País.

    Nestes tempos a Demanda e oferta estão equilibrados.

    Os Juros altos tem efeito devastador em todos os sentidos para a Nação.

     

    Completando com um basta à corrupção e corruptores..

  7. Na mesma linha de raciocínio

    Na mesma linha de raciocínio, é praticamente impossível imaginar a mídia abraçando qualquer ideia de regulação que auxilie na quebra do oligopólio atual. Não só por interesses financeiros, mas também pela influência política que esse ramo tem (quarto poder).

    Eu gostaria de opinar sobre este tema mas já o fiz de forma exaustiva neste poste sobre as críticas de Rui Barbosa aos abusos da imprensa (https://jornalggn.com.br/noticia/o-apoio-de-rui-barbosa-a-regulacao-da-midia)

  8. do que acontece na

    do que acontece na realidade, desenvolver-se-á a tão  desconhecida dialética.

    da luta dessas forças é que resultará queiramos ou não, um país mehor.

    ou não,

  9. Caro Nassif e demais
    Quanto

    Caro Nassif e demais

    Quanto mais diminiu as diferenças sociais, tanto mais o ódio se sobressai como defesa daqueles que não permitem isso.

    Por enquanto é o eterno ódio de uma minoria, que tenta cativar mais gente. Quando explodir o ódio da maioria, contra a minoria, ai é que a coisa pega.

    Saudações

     

  10. O texto é um tanto ingênuo.

    O texto é um tanto ingênuo. Mas no fundo é isso mesmo, a democracia precisa do protagonismo dos tucanos sensatos, como o Ricardo Semler e da esquerda responsável. A hora é de isolar os radicais. Deixar a meia dúzia de tarados por coturno liderados pelo Lobão a se degladiarem com os Black blocs anarco-incendiários nas ruas. Eles se anulam uns aos outros.

  11. As loucuras de um ancião golpista

    Publicado em 24/11/2014 no Conversa Afiada

    Coimbra: FHC puxou
    o coro do Golpe!

    O preconceito está incrustado no PiG, no MP e no Judiciário !

    http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/11/24/coimbra-fhc-puxou-o-coro-do-golpe/

    Compartilhe

     

    A #VejaMenteQueNemSente, que tentou esconder o Aécioporto, mas o povão foi lá e escancarou. (Sugestão de Valdira de Holanda no Twitter)

    O Conversa Afiada reproduz artigo de Marcos Coimbra, extraído da Carta Capital:

     

    A democracia em risco

     

    A oposição à direita reage de forma arcaica ao resultado da eleição. Mistura preconceitos e invencionices jurídicas

    por Marcos Coimbra

    O ano de 2014 caminha para terminar de forma preocupante na política. Não era para ser assim. Há menos de um mês, realizamos uma eleição geral na qual a população escolheu o presidente da República, os governadores dos 26 estados e do Distrito Federal, um terço do Senado, a totalidade da Câmara dos Deputados e das Assembleias estaduais.

    Mesmo em democracias consolidadas, momentos como aquele, em que todos são convocados a participar diretamente das grandes escolhas de um país, são esporádicos e precisam ser respeitados e valorizados. As eleições não são situações triviais, cujos resultados podem ser ignorados ou questionados por qualquer um, no dia seguinte. São solenes.

    Por isso, é comum que o clima político se desanuvie depois de uma disputa eleitoral. Que cesse o embate entre os partidos e correntes de opinião e a sociedade tenha ambiente para meditar a respeito do pronunciamento dos cidadãos, para avaliá-lo e com ele aprender.

    No Brasil, a normalidade democrática sempre foi exceção. O período atual, iniciado há não mais de 25 anos, já é o mais longo sem rupturas ditatoriais ou colapsos institucionais. A eleição geral de 2014 foi apenas a sétima em sequência, mas é feito inédito em nossa história.

    E foi uma bela eleição. Quase 120 milhões de eleitores compareceram às urnas e depositaram seu voto em paz. Ninguém se queixou de haver sido coagido. Não houve irregularidades. Foi rápida e segura. E contemporânea em relação ao que de melhor existe em termos de transparência, lisura e correção nos processos eleitorais.

    Em quase tudo, o Brasil mostrou-se capaz de igualar ou superar as mais sólidas democracias na capacidade de fazer eleições legítimas. Menos no comportamento de parte das oposições à direita. Ao contrário do eleitorado e das instituições, reagiram de forma arcaica e atrasada aos resultados.

    Desde a hora em que ficou clara a derrota, insurgiram-se. Seu inconformismo em aceitar o simples fato de não contarem com o apoio da maioria da sociedade o levou a posições descabidas.

    O primeiro sinal de sua inaptidão para o convívio democrático partiu do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em declaração que deveria envergonhar alguém com sua biografia, colocou em dúvida a reeleição da presidenta Dilma Rousseff pela desqualificação daqueles que nela teriam votado. Valeu-se dos mais antiquados e reacionários preconceitos contra pobres e nordestinos (como se ele próprio não tivesse ficado muito feliz em receber o voto desses eleitores nas eleições nas quais disputou).

    A seguir, o lastimável episódio da solicitação feita pela campanha tucana à Justiça Eleitoral de uma “auditoria” dos resultados da eleição (algo que a legislação nem sequer admite). No fundo, apenas outra forma de expressar a rezinga de FHC.

    O terceiro passo do esforço de desqualificar a vitória de Dilma foi matemático, como se a legitimidade de uma eleição decorresse de alguma contabilidade. Como se alcançar frente maior ou menor fosse relevante, em qualquer lugar do mundo, para admitir ou arguir um resultado eleitoral.

    Essa mistura canhestra de preconceitos, invencionices jurídicas e péssima aritmética seria apenas cômica se não fosse trágica. Se não tivesse o apoio da mídia hegemônica conservadora e se não tivesse contraparte na ação de segmentos autoritários espalhados na sociedade e incrustada em nichos da máquina pública, em especial no Judiciário e no Ministério Público.

    Mundo afora, existem e procuram impor-se correntes de opinião antidemocráticas e intolerantes. Neonazistas assombram a Europa, os Estados Unidos não conseguem se livrardos supremacistas brancos, em muitos lugares o antissemitismo permanece vivo e perigoso. Lamentavelmente, o Brasil tem radicais de extrema-direita, a espalhar seus ódios e preconceitos. Um anticomunismo ridículo e a saudade da ditadura os identificam. Agora se acham no direito de questionar a eleição.

    O PSDB precisa refletir a respeito de quem pretende representar. Fazer o têm feito e falar o que têm falado algumas de suas lideranças apenas serve para açular os ultraconservadores.

    O paradoxo é que vêm de São Paulo os sinais de juízo e moderação tucanos. Na seção mineira, tradicionalmente conciliadora, vigora a disposição de botar lenha na fogueira.

  12. Carteiros burgueses queimando a bandeira do PT…

    …em defesa do quê mesmo? E uma foto antiga de uma aberração careca em algum lugar da Europa… têm tudo a ver com o assunto abordado na postagem, afinal são tão consistentes com o ódio contra a Dilma e o PT quanto a opinião do autor.

    P.S. A disseminação do ódio contra os adversários sempre foi uma característica fundamental dos partidos comunistas e socialistas, nacionais ou não. Sem a demonização dos seus oponentes o discurso ruiu apenas com as contradições inerentes ao projeto comunista.

    P.S.2: Social-democrata, socialista e comunista são termos mais que sinônimos. Inexistem diferenças de fundo entre as denominações.

    1. “P.S.2: Social-democrata,

      “P.S.2: Social-democrata, socialista e comunista são termos mais que sinônimos. Inexistem diferenças de fundo entre as denominações.”

        Para com isso, vocêestá muito acima desse argumento panaca. Se fosse assim (segundo você, é), bastaria eu mudar meu nome pra Bill Gates e assumir controle sobre a Microsoft.

  13. Bem, que a esquerda vai ter

    Bem, que a esquerda vai ter que chegar a um acordo não resta a menor dúvida; isso tem sido assim desde sempre. A direita saí em bloco e a esquerda em alas… um tédio. Dilma foi reeleita e o PT além de ter que enfrentar o golpismo de sempre, ainda tem que aturar o pessoal da esquerda reclamando das indicações para os ministérios. Podemos estar satisfeitos ou não com as indicações mas não vai ser fácil encontrar um petista ou simpatizante, que, em meio a campanha golpista vá engrossar coro de descontentes. De minha parte, ontem foi o último dia que discuti com militantes de esquerda, tanto no FB, TT ou mesmo pelos blogs. O inimigo a ser vencido são os meios de comunicação e não partidos políticos tenham a coloração que tiverem. 

    Concordo com o Alexandre que a bandeira branca tem que ser hasteada por quem está atacando, ou pior, valendo-se do linchamento midiático ao PT para atacá-lo mais um pouco. Temos 32 partidos políticos e só vemos cobranças e ataques a um. Da mesma forma que o PT elegeu a presidenta, outros partidos elegeram parlamentares e governadores e, se ententem que para um político fazer o que quiser basta ser eleito; que comecem a cobrar de seus eleitos que imponham seus projetos. Não adianta ficar fingindo que não existe Legislativo, Judiciário, Imprensa, etc… A menos que se esteja apostando mesmo numa ditadura, não existe essa do sujeito ser eleito e fazer o que bem entender sem negociar com ninguém.

    O pessoal elege o congresso mais conservador da galáxia; vai para as ruas exigindo intervenção militar e quer exigir do governo indicações à esquerda. A explicação para tamanho non sense é que o governo faz qq coisa em nome da governabilidade… é… parece que o pessoal gosta mesmo é de ditadura; O presidente pode tudo e o resto não existe, Congresso, meios de comunicação, Judiciário… O presidente pode tudo, né? Isso é o resultado de crescer politicamente à custa do linchamento dos outros. Vamos exigir que deputados e senadores eleitos, vão ao Congresso impôr suas propostas… Ah, isso não dá… Pois é… Não dá…

    Indicação de ministros é igual escalação de seleção para Copa, todo mundo tem uma ideia melhor que a do o técnico. Pois que as lideranças dos demais partidos de esquerda, apresentem suas propostas, lembrando sempre que o governo é do Brasil e não do PT. Por mim, JD seria indicado para a Casa Civil, Requião ou Franklin Martins para a comunicação; Jandira pra Saúde, Ciro Gomes, integração Nacional, traria José Genoíno e JPC… e aí? A esquerda ia chiar, não ia? Dilma poderia colocar Marina Silva de volta no Meio-Ambiente, JB no Ministério da Justiça… outra parte da esquerda ficaria feliz…. Se fosse fácil, a gente não tava discutindo…. O ideal é que todos os segmentos sintam-se representados ou comtemplados e, SOBRETUDO, não esquecer que os indicados, normalmente são da base aliada. Mais uma coisa, se o sujeito eleito tem tanto poder assim, eu sugiro que comecem a pressionar seus eleitos para que imponham seus indicados à Presidenta da República. Pra cobrar  o PT todo mundo tem boca mas para pressionar seus representantes ficam tímidos. Imagina eu sair pressionando Bolsonaro… Isso faz algum sentido? Reclamar que Aécio Neves não fez ou fez alguma coisa… Qdo parte da militância entendeu que o PT não deu a devida atenção aos compaheiros da AP 470, não foi para cima do PPS, PSDB, DEM, PSOL,… foi pra cima do PT e do Judiciário aonde estava acontecendo o problema.  Vejamos o que fazem os companheiros de outros partidos de esquerda no caso da indicação da Kátia Abreu, atacam a indicação mas não oferecem um nome e menos ainda querem debater o fato de grande parte da questão agrária estar trancada em ações no judiciário. Ou seja, podem colocar o Stédile ali que não vai resolver. Um quadro importante de um partido de esquerda postou no meu FB sobre o ” Petrolão do PT, usado para financiar a campanha anti-Marina do PT” ; não respondi pq é um partido de esquerda mas ponderei que deveriam ir ao STF cobrar a decisão acerca do financiamento na gaveta de Gilmar. O problema, no caso, não era o financiamento mas valer-se do linchamento midiático para cacifar-se, politicamente. Não há interesse político dos partidos em atacar a origem do problema pq isso não traz votos; o que traz votos é disputá-los com quem os tem, no caso o PT. É uma estratégia e, eu respeito. Mas não dá para esquecer que a sensação de ” poder” que alguns grupos estão experimentando, se deve exclusivamente ao fato do PT estar amarrado por mídia/judiciário e mesmo assim, conseguiu vencer as eleições. Comemorar golpes desferidos em adversário preso para apanhar, é meio complicado. Concordo com o post no sentido de precisarmos encontrar uma saída para esse impasse e, tb acredito que a solução passe pelas lideranças.  A maioria de nós  é militante; militante é soldado e soldado é aquilo… né? Bora lá gente, vamos evitar embates mais pesados com a turma do PSOL, PSTU, PPL, pelo menos… Mais um pouco e as lideranças chegam a um acordo.

    1. Cristiana!
      Não podemos

      Cristiana!

      Não podemos esquecer que todo mundo sabia que a Kátia Abreu estava com Dilma, certo?

      Se votou sabia!

      O vídeo de Dilma no horário eleitoral pedindo votos para a Senadora corria as páginas da galera de esquerda. 

      Nós vivemos o mesmo filme de sempre: o Congresso de centro direita e o Governo de centro esquerda, a tendência é as partes cederem um pouco e o Governo e o Congresso realizarem uma gestão de centro. 

      Na campanha eleitoral o PT buscou uma guinada mais à esquerda, na hora de discursar, ultrapassando o clássico jogo do cálculo eleitoral, porque senão poderia perder a Eleição, penso eu.

      O problema é que não houve na hora do voto a guinada para a esquerda no Congresso. Nosso junho de 2013 não significou mais Estado (mais políticos progressistas, mais esquerda) e sim, mais direita, mais conservadorismo e ai, o que fazer? 

      Ou a sociedade organizada se mobiliza e vai às ruas pedir reformas necessárias: Política, da Mídia e Tributária ou Dilma terá que ter um Ministério “do possível”, dentro da Democracia, onde, entre os eleitos, e em busca de base parlamentar para se Governar e avançar, se escolhem os futuros Ministros. 

      Fica claro que a Reforma Política é necessária, só é preciso militar junto, as esquerdas, porque senão a Reforma Política sai e com a mídia que temos até o “distritão” (quem tem mais votos é eleito se torna possível), ai vai ser uma festa! E, os partidos políticos sérios vão todos para as cucuias. 

      Beijo,

      Alexandre!

      1. Concordo em gênero, número e

        Concordo em gênero, número e grau e, com relação a Kátia Abreu, é isso aí mesmo; sempre esteve com Dilma. Aqui no RJ aconteceu algo parecido com o Pezão. No caso da Kátia Abreu a coisa é mais complicada pq ela é representante forte e legítima de um setor de peso. Dá para fingir que ela não existe? Não, não dá. A gente pode gostar ou não de um parlamentar mas tem que reconhecer seu poder de fogo e Kátia Abreu tem; é melhor tê-la por perto… Além disso, se não me engano, foi para o PMDB para aproximar-se do governo. Não acredito que vá fazer besteira no governo e menos ainda prejudicar setores mais à esquerda. Posso ser muito inocente mas não acho que será desleal a Dilma. Tem peso para dar uma equilibrada na correlação de forças dentro de um congresso super conservadore e o principal, agora, é nos livrarmos de Eduardo Cunha.

    1. esse escroto do Alexandre Garcia…

      é o único que não sabe que a corrupação de verdade se dá entre os que já possuem riquezas

      de minha parte, como pobretão eleitor de Dilma, cúmplice é a puta que o pariu, Alexandre Gracinha

  14. nada é mais importante do que o entendimento e a paz social…

    mas é bom deixar que todos se expressem livremente, mesmo que causando efervescências em partes da sociedade;

    assim que sair do controle, situação muito distante ainda, felizmente, o que fazer?

    eu diria que o melhor que se terá a fazer é consultar o eleitorado como um todo, ou sociedade diretamente, sobre a necessidade de se ter um controle mais convincente do que é noticiado, porque da forma que está, sem honestidade e verdades, não está contribuindo com nada  para que a escolha do eleitor seja refletida como sendo para o bem-comum

    pesquisas recentes mostram que um pouco mais de controle seria pefeitamente aceitável pela maioria

  15.   Puxa, vai ver que foi isso

      Puxa, vai ver que foi isso que faltou depois de 1964: AMOR!

      Se os grupos esquerdistas radicais tivessem optado pelo amor, em vez de pela luta armada, teríamos um regime democrático e voltado ao bem-estar social já em 1968, 1969 o mais tardando.

      Então vejam, amiguinhos, quando vocês receberem uma postagem golpista no Face ou um e-mail falando dos crimes cometidos pelo Lula, não argumente nem espume: simplesmente AME! Tudo se resolverá, o céu ficará azul e sorrisos brotarão.

      #SQN.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador