Os arautos da manipulação ideológica pela televisão, por J. Carlos de Assis

Tendo passado mais de um terço de minha vida de jornalista sob ditadura, tenho razões pessoais, além de políticas, para considerar a liberdade de imprensa como um valor supremo. Há um momento, porém, onde uma nuvem de dúvida passa pela minha cabeça. É quando vejo o Jornal da Globo. Aí fica patente o fato de que a opinião pública está sendo empulhada e manipulada numa extensão além de qualquer possibilidade de autoproteção.

Vou citar alguns fatos da última semana. A inflação baixou mas o Jornal da Globo, nas bocas de William Wack e Carlos Alberto Sardenberg, não só não reconheceu isso como antecipou novas altas da taxa básica de juros por causa da inflação. Fizeram isso também quando o Governo Dilma empurrou a taxa de juros para baixo. E intensificaram as pressões por mais juros quando a inflação teve ligeira subida, passando ao grande público a falsa impressão de uma eficácia definitiva entre aumento de juros e queda de inflação.

O avião da Malaysian Air Lines é derrubado sobre a Ucrânia. Aparentemente foi uma ação dos rebelde separatistas do Leste do país, mas nenhuma autoridade internacional, fora da própria Ucrânia, ousou culpar diretamente a Rússia. Exceto o Jornal da Globo. Auxiliado por um mapa, Waack exibiu a fotografia de Putin como a de um bandido que tivesse puxado o gatilho. Na sequência do noticiário, o locutor-comentarista-propagandista apresenta hipocritamente como uma “guerra” entre iguais o massacre israelense na Faixa de Gaza.

O Jornal da Globo não reconheceu a anexação da Crimeia pela Rússia como expressão de uma vontade popular apurada nas urnas. Apresenta a Rússia como uma nação expansionista omitindo o fato inegável de que a instabilidade ucraniana foi produto direto de intervenções ocidentais por razões geopolíticas; ou seja, pelo desejo de apertar o cerco sobre Moscou acrescentando mais um peão nas mais de 700 bases militares mantidas pelos Estados Unidos fora de seu território, a maioria contra a Rússia.

Jornalismo requer um certo grau de neutralidade, não obstante o fato de a neutralidade absoluta não ser possível. Entretanto, a parcialidade extrema através de um bem público como as ondas de televisão é abjeta. Em terminologia militar, condena-se o uso desproporcional de violência (como na atual “guerra” de Gaza). Usar o noticiário de televisão como instrumento de propaganda ideológica, no caso claramente a serviço das posições políticas norte-americanas, é um esbulho da sociedade brasileira pois poucos entre os milhões de telespectadores têm capacidade discricionária alimentada por fontes fora da própria televisão.

Não, não quero censura de Governo. Fiquei farto dela no tempo em que só tinha direito de opinião no Brasil a própria Globo, na medida em que a opinião da ditadura era a opinião dela. Mas torço para que, com a ajuda da Internet, a sociedade imponha à Globo a suprema censura de mudar de canal quando a manipulação ideológica do Jornal da Globo ultrapassar certos limites. Isso é comum nas democracias. Chegará a vez da nossa.

Entretanto, há uma pequena probabilidade de que eu esteja sendo injusto com a instituição Jornal da Globo. O problema talvez o caráter de seus locutores-propagandistas. Durante quase um ano, no início dos anos 90, escrevi uma das principais colunas de economia política no Globo, na página 7. Tinha total liberdade de opinião. Jamais Roberto Marinho ou outro dirigente do jornal me disse ou me mandou algum recado para deixar de abordar, ou abordar qualquer assunto. É fácil ver nos arquivos que defendi minhas ideias sem qualquer problema mesmo quando divergia da opinião editorial do jornal.

Isso me leva a pensar: será que Sardenberg, William Waack, Miriam Leitão não estão exagerando nas suas posições de extrema direita para supostamente agradarem seus chefes, quando os chefes talvez se contentassem com menos? Por exemplo: que tal se eles tentassem simplesmente ser mídias em sua acepção semântica, isto é, meios entre os fatos e o telespectador ou leitor, tentando, com honestidade, a imparcialidade possível? Será que seriam repreendidos pelos donos?

J. Carlos de Assis – Economista, doutor em Engenharia da Produção, professor de Economia Internacional na UEPB, autor de mais de duas dezenas de livros sobre a Economia Política brasileira.

Redação

34 Comentários

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  1. Não apenas eles

    “será que Sardenberg, William Waack, Miriam Leitão não estão exagerando nas suas posições de extrema direita para supostamente agradarem seus chefes……?

    Poderiamos agregar, sem aprofundar muito: Arnaldo Jabor,Carlos Sanderberg, Luciano Huck, Marcius Melhem e Leandro Hassum, Vladimir Brichta ,Tiago Leifert, Pedro Bial, William Waack, William Bonner & Fatima Bernardes, Ernesto Paglial & Sandra Annenberg,Mônica Waldvogel,Renata Malkes,Amora Mautner,Esther Jablonski ,Glenda Kozlowski,Gilberto Braga,Wolf Maya,Mário Cohen, Mauro Molchansky,Maurício Sirotsky,Fábio Steinberg, Guilherme Weber,Caio Blinder,Daniel Filho,Gilberto Braga,Walcyr Carrasco,Carlos Henrique Schroder e o poderoso Ali Kamel 

    E, ainda, quem realmente são os chefes? 

    1. Alexis, tem mais pessoal

      Alexis, tem mais pessoal nessa su lista, mas esquecer do Merval (assessor do JBB) e Jabor (cineasta fracassado), é inadmissível.

      1. O Jabor está

        É o primeiro da listinha acima.

        Faltou muita gente, mas, é só prosseguir pelos correspondentes estrangeiros (Adorno, Losekan e outros), até Juris de show de calouros, atores de novelas, etc. É só procurar.

  2. E O COLAR DE TOMATES

    O texto é muito bem feito, mas não penso que não é coisa de pau mandado. Você tem razão quando enumera muitos maisl.

    Não pode ser coisa de alguns, pois até a Ana Maria Braga passou a usar o tal colar de tomates, criticanto o seu preço, como resultado da inflação, quando era a excassez. E o Faustão?

  3. A mídia-lixo-corporativa faz propaganda.

    A mídia-lixo-corporativa é um mecanismo de controle para impor os interesses do regime.

    O nome do regime é ditadura capitalista. 

    Estão destruindo o planeta e a humanidade… para fazer lucros.

     

     

  4. Asco

    A pergunta que logo me vem à mente: Como é que familiares se relacionam com sujeitos como William Wack e Carlos Alberto Sardenberg, por exemplo?

     

  5. Infelizmente, todo notíciario

    Infelizmente, todo notíciario da velha mídia é ideológico e partidário.

    A necessidade de uma imediata associação de Puttin com a derrubada do avião na Ucrânia é, para o mercado interno: a eleição de outubro. 

    O que se quer é ter dividendos eleitorais. DILMA está se associando com um “terrorista” para criar um Banco. 

    Numa viagem mais subliminar: um Banco que poderá financiar o “terrorismo”. 

    Veja e Rede Globo não tem esse pudor todo das pessoas honestas e sensatas. Deu para beneficiar o seu lado, a sua ideologia, que se exploda a Ética e qualquer responsabilidade maior com a busca da verdade factual.

    As notícias são feitas não para informação mas para catequização. 

    Não preciso informar sobre muitas coisas, mas algumas que não podem escapar eu direciono o entendimento para o lado que me beneficia, e sem, dar possibilidade de contraditório. É esta a verdade e pronto. 

    E isto tudo é feito pela certeza de impunidade. Nossa Legislação não prevê sanções imediatas para este absurdo de acusar de imediato à Rússia pela queda do avião; se existisse uma Legislação rígida (um código de ética para a atividade jornalística no Brasil) não haveria esta insanidade. 

    Em existindo uma Legislação, de imediato, poderia se punir a empresa jornalísitca e o Jornalista até com cassação / ou suspensão por tempo determinado da concessão de TV e da carteira do Jornalista. 

     

    1. Como alguém pode acreditar

      E outra, como alguém pode acreditar que um dia após a reunião dos BRICS, a Rússia derrubaria um avião? 

  6. Sob Medida

    Há de se levar em consideração que(até pelo horário) o Jornal da Globo é feito sob medida para um telespectador específico: as classes A e B, principalmente do Sudeste e Sul.

     

    É nesse telejornal que a Globo vende abertamente sua ideologia e visão de mundo, sem amarras: princípios econômicos perfeitamente alinhados com o mercado financeiro; percepção de que o Estado é, de forma inerente, corrupto e inepto; política externa brasileira deveria comungar sempre dos interesses norte-americanos; explora de forma maniqueísta temas como meritocracia e políticas sociais.

    Na TV aberta, é o que melhor vende o ideário conservador, embalado no padrão Globo de qualidade, e travestido como interesse público.

    Faz 12 anos que o Sardenberg anuncia o fim do mundo. Juro, eu nunca vi esse sujeito fazer uma análise positiva do Brasil. Se tenta fazer, logo vem sucedida de um mas, porém, todavia. E sempre comparando o Brasil de forma pejorativa em relação à Europa e EUA.

     

    Como a Folha, o Estadão e a Veja, o Jornal da Globo fala a um público já convertido: os coxinhas indignados, cujo nível padrão de análise da política é, em geral, o de comentarista de facebook.

     

  7. O câncer!

    A Globo toda, e não só seus apresentadores e âncoras de telejornais, tornou-se uma das mais destacadas e atuantes entre as porta-vozes da direita e da extrema-direita brasileira, toda sua grade de programação (passando até pelo tal encontrinho matinal com fátima) é feita de modo a formar esse nicho reacionário na nossa sociedade:

    São as pessoas que não acreditam mais na família, pois o que importa é o sucesso como pequeno ou médio empresário, o convívio familiar é explodido em cada nova trama novelical que a Globo veicula em todos os seus aspectos;

    São as pessoas que acham normal uma guria entre os 14 ao 18 anos ter a “primeira relação” e levar o namorado para dormir na casa de praia ou de campo dos pais, que, no famigerado malhação, incentivam esse tipo de comportamento e também, no mesmo malhação, ensinam aos jovens que se livrar da dependência de qualquer tipo de droga (a mais light que eles citam á a maconha) é a coisa mais fácil do mundo… basta ficar vendo o malhação diariamente que o menino ou menina facilmente se livrarão do hábito de fumar unzinho ou de cheirar uma carreirinha, a Globo ensina esse milagre… coisa mais banal do mundo;

    São as pessoas que não acreditam mais nos políticos pois “todos” são ladrões e corruptos (claro… menos os do PSDB e DEM, que raramente são citados com tais);

    São as pessoas que acreditam religiosamente que a infidelidade e deslealdade (conjugal e entre amigos) é mesmo obrigatória, é uma necessidade imposta pelos “novos tempos” (tempos de interatividade e “descobertas”);

    São as pessoas que acreditam que existe diferenciação social nas palavras delinquência e canalhice, ou seja, quando um rico chega a transgredir (rouba, mata, estrupa, fura um sinal fechado ou uma fila, pratica pedofilia, etc..) ele (ou ela) é um desajustado mental que precisa de tratamento psicológico ou psiquiátrico (não é roubo, é cleptomania; não é estrupo, é fixação na fase anal da infância que provocou o distúrbio psicológico que o levou àquele extremo… coitadinho), mas no caso de um assalariado ou desvalido ai não… é criminoso mesmo e tem que ir pra cadeia;

    São as pessoas que não acreditam que o racismo existe, apesar de nas novelas nunca encontrarem um preto ou preta em posição de destaque na sociedade, e quando encontram logo logo descobrem que se trata de uma farsante ou canalha, foi o caso do personagem de Milton Gonçalves um tempo desses, que representava um político calhorda e pra lá de corrupto e mal caráter;

    São as pessoas que, atualmente, não acreditam em manipulação dos fatos ou em propaganda política ilegal, apesar de diariamente serem levados a crer que os números 40 e 45 estejam estampadas no logotipo da novela das 19 horas por puro e infantil acaso e que, a partir da derrubada do vôo civil na Ucrânia, serão levados a crer, como completos lobotomizados, que Dilma roussef, de alguma forma, tem culpa no cartório, assim como acreditam até hoje que foi Lula quem matou aquelas mais de 200 pessoas no vôo da TAM em Congonhas, naquela época foi o tal  “grooving que segura uma moedinha” (que Lula não mandou fazer na pista) que matou nossos compatriotas, hoje é o Putin… o soviético comunista comedor de criancinhas… da Rússia do “R” dos BRICS… logo aliadíssimo e afiadíssimo com Dilma Roussef… que tem origens na Bulgária… tá feita a ponte.

    1. João,
      Seu texto complementa

      João,

      Seu texto complementa de forma muita clara o post do Assis.

      Concordo plenamente com vocês, não basta deixar de assistir a rede Globo, temos com combate-la e questionar também seus anunciantes.

       

       

  8. Globo e CIA

    O livro – Legado de Cinzas, Tim Weiner  – Record – apresenta a história da CIA (EUA) com farta documentação, entrevistas de diretores e agentes,  enumerando as centenas de golpes que a agência patrocinou e executou atendendo os interesses das empresas daquele país nas várias nações do mundo todo nos últimos 50 anos. 1964 é citado, claro.

    Os golpes patrocinados, assassinatos de líderes, são assuntos recorrentes…  O autor, jornalista, acompanhou a história da agência desde seu início.

    Em praticamente todos estes países, um dos esteios dessa organização são canais de TV, revistas e jornais que influencia ou que controla diretamente através de seus testas de ferro nacionais.      

    É leitura imperdível para quem quer saber dos “bastidores” de quase toda a história da segunda metade do séc. XX em diante. É massacrante, tem que ter “estômago”.

    1. Pena que a antiga KGB queimou

      Pena que a antiga KGB queimou todos os seus documentos importantes, principalmeente tudo do pré-64. Nem almoço público que Brizola teve com a tuam turma de lá ningu´mem acha. Dos bilhões que enviaram… esquece. A liberdade serve pelos menos para que furtuamente saibamos de algumas coisas e não ficarmos mais imbecil do que já fomos feitos.

  9. democratização da mídia

    O texto é muito bem escrito, porém não acredito que os jornalistas tenham quaisquer dissonâncias com os Marinhos. A mim me parece que existe, na verdade, uma disputa para ver quem mais agrada, quem mais se aproxima da opinião dos donos da emissora. É preciso destacar que a Globo é a representante máxima do pensamento único de direita na tv aberta o que seguramente é um absurdo, pois se trata de uma concessão pública e não de um bem particular. A única maneira que conheço para resolver este grave problema é através da democratização dos meios de comunicação. Agora, quando se fala nisso, imediatamente a mídia conservadora afirma que se deseja a volta da censura, o que é mais uma mentira deslavada.

    1. A “democracia” já começou

      Kamel e tchurma escalaram ao Melhem e Adnet para procurar mais meninos talentosos para atuar na rede Globo.

      (ver comentário logo abaixo, sobre procura de novos talentos na Globo)

      A procura deverá começar pelas comunidades judaicas de RJ e logo será estendida a todas as comunidades do Brasil. Muito democrático!

      Teremos novos: Bonner, Bernardes, Cassoy, Datena, Jabor, Sanderberg, Annenberg, etc. para perpetuar esta labor de jornalismo “unilateral”.

       

       

  10. excelente post  – como tb os

    excelente post  – como tb os comentários –  sobre os absurdos cometidos pela rede globo durante a sua autoritária e mentirosa história.

    excelente porque é difícil mesmo senão quase impossível racionalizar sobre esses absurdos, pois a nossa primeira reação é emocional – ou aceitamos e caímos na armadilha farsesca deles ouu passamos a odiá-los infinitamente e sem qquer possibilidade do uso da razão…daí começa o fla-flu interminável…o ódio e os piores sentimentos com que algumas vezes somos obrigados a conviver cotidiamente….

    é o mesmo esquemão de veja…quem cai na armadilha cai por ingenuidade,em princípio, porque  rejeita qquer corrupção, por óbvio…

    mas porque continuar enredado nessa armadilha?

    talvez só com estudos mais aprofundados sobre psiquiatria ou formação duma certa classe média brasileira pudéssemos ter mais clareza.

    eu não tenho!

    ou isso seria só decorrência da própria construção mentirosa da história brasileira pela rede globo?

    quando se diz que o waack é ligado a um esquema semelhante à cia ou à própria cia nos eua  estamos personalizando um questão que me parece sistêmica – o linguista norte-americano noam chomski critica a mídia americana justamente porque defende coim unhas e dentes e demais garras afiadíssimas da grana e suas implicações o sistema capitalista – lembro de um das invasões estadunidenses num desses países ultimamente, os jornalistas embutidos com  seguraança nos tanques dos fmigerados ianques na maior cara de pau seguindo as oordens dos comandos militares….

    aqui ocorre o contrário, essews cars nãoo defendemm o brasil, defendemm esse sistema baseado no destino manifesto criado criado em meados do século 19, que pratiicamente defende como legal quqer invasão dos países com a grotesca juustificativa de que não estão invadindo, estão levando liiberdade e democracia….

    nem rindo!!!!

     

  11. Na môsca

    É isso aí. Mas, ao invés de ficarmos tentando trazer a Globo oara o “bom caminho” – c0nsidero perda de tempo – vamos confrontá-la!…Avante!…

  12. Concordo. Eu também considero

    Concordo. Eu também considero a liberdade de imprensa um valor supremo. E também considero o pluralismo do art. 5º da Constituição um valor supremo, ou melhor, um princípio fundamental. E também considero suprema a liberdade de opinião, também pelo viés do receptor, que é ter o direito de ter acesso às fontes mais plurais possíveis.

    O problema começa quando um valor fundamental começa a se chocar com o outro, situação em que a obrigação do poder público é garantir a existência de todos eles, relativizando o que afete o menor número de pessoas. Entre a multidão irremediavelmente presa a um jornalismo oligopolista e desinformante que amarra a multidão por acordos comerciais entre empresários, e o proprietário de jornal que pode exercer seu direito de tentar amarrar a multidão, com limitações, quem escolher?.

    O exercício do jornalismo não pode ficar preso à vontade do emissor ser plural e isento quando quiser. O mercado tem que ser moldado a oferecer o máximo de opções possíveis. Isto é, inclusive, defesa do consumidor de informação contra o oligopólio e a cartelização por uma única empresa. E defesa do consumidor também é um valor não apenas supremo, mas acima disso constitucional: está lá no fundamental art. 5º, XXXII da nossa Constituição.

    Neste ponto fica claro que o problema com a existência de uma empresa como a Globo não é o conteúdo do seu jornalismo, que qualquer um tem o direito de gostar ou achar terrível. Mas seu excesso de liberdade para organização empresarial e para realizar práticas de mercado como bem entender, inclusive para ter propriedade cruzada de meios de comunicação, gerando oligopólio. Além de formar suas cadeias nacionais, no que deveria ser regionalizado e livre, em cima de uma concessão pública que é o rádio e a TV.

    Imagine que o seu Artur na cidade de Itapecerica tem a única banca de jornal da cidade. Imagine que por questão de princípio, o seu João não aceite vender a Veja. Ninguém vai dar palpite, porque obviamente ele vende o que quiser. Quem quiser vender Veja, que monte outra banca. Ao lado, se quiser. A liberdade de comércio, mais conhecida por liberdade de iniciativa é valor garantido na Constituição, lá no art. 170. Diga-se de passagem, fora do art. 5º, que é um pouquinho mais importante, e onde estão inscritos os valores da liberdade, da pluralidade, do consumo livre. E onde poderia estar melhor redigido o valor da liberdade de formação do pensamento, mas que também está lá.

    Agora imagine que seu Artur fez amizade com o prefeito Costa e com o pessoal da Câmara dos Vereadores, liderado pelo astuto Silva, e conseguiu impedir a instalação de novas bancas na região. Sob o fundamento de que o direito à informação é fundamental, e a existência de outras bancas causa ruído, dificulta o desenvolvimento das empresas, e causa perigo à concretização desse direito fundamental. Bonito ver seu Artur e amigos interessados no direito à informação da rapaziada.

    Mas para isso passa a ser necessária uma concessão pública, que é um tipo jurídico em que o estado empresta sua força de coerção ao particular para eliminar concorrentes indesejáveis à atividade que o estado monopoliza, e assim permitir realizar determinados objetivos; que não por acaso são os objetivos, princípios e garantias fixados em lei e na Constituição, a começar pelos artigos 1º ao 5º, que são os fundamentais.

    E nesse caso seu Artur vai poder vender somente o que quiser depois de conseguir fazer o prefeito e a vereança embarcarem na sua idéia monopolista marota? Obviamente que não. Ao contrário do seu Artur, o estado está obrigado a exercer a pluralidade, a fornecer o amplo acesso à informação, e a estimular a diversidade. Seu Artur, por estar pegando carona na força do estado para afastar concorrentes, já não é mais livre para exercer sua ranhetice contra o grupo Abril, embora saudável.

    Serão necessárias regras para que sua liberdade de iniciativa seja compatibilizada com o dever do estado fomentar a pluralidade e a diversidade. O estado vai ter que obrigar seu Artur a fornecer conteúdo dos adversários, porque o direito do consumidor escolher se quer comprar ou não é muito maior do que o direito do seu Artur, do seu Costa e do amigo Silva de escolherem vender apenas aquilo que lhes deixa felizes, e politicamente satisfeitos.

    Para saber isso em uma pátria de poucos leitores e muitos analfabetos funcionais, não precisa sequer estudar a fundo a Constituição, nem mesmo ler por cima na íntegra. Basta dar um “ctrl+F” no teclado na página “http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm”, e digitar “diversidade”, depois fazer o mesmo procedimento com “plural” ou “pluralidade”. Não há como negar que os valores estão lá.

    A partir disso o que fica claro é que a imprensa, que são produtores de conteúdo – leia-se pessoas no exercício de sua liberdade de manifestação do pensamento – nunca vão ser impedidos de formularem as idéias que quiserem em um país livre, obviamente excetuadas as manifestações criminosas, como as que fazem apologia ao racismo e à violência ou ao linchamento. Que não sofrerão censura prévia, mas serão objeto de ação penal. Nesse ponto não há como não concordar com o autor sobre esse absolutismo, com a ressalva de que o absoluto é a manifestação do pensamento, não a liberdade de imprensa. A liberdade da segunda é decorrência lógica do primeiro.

    Porém, a liberdade de comércio sempre teve limitações, desde à publicidade infantil, passando pelo comércio de bens nocivos, incluindo as práticas anticoncorrenciais para qualquer setor. E nesse ponto o mercado de opinião, mais precisamente o mercado da comunicação social, da comunicação em massa, dos meios, não apenas devem ter limitações como já as têm escritas. As liberdades nesse campo não são nada absolutas.

    A mais clara delas, § 5º do art. 220, impede a propriedade absoluta dos meios, para impedir o monopólio e o atual oligopólio, inclusive pelo controle indireto das repetidoras regionais, em uma leitura honesta:

    “§ 5º – Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.”

    E para quem gosta de um datenismo extremado, põe na tela o art. 139, no capítulo do tenebroso estado de sítio, lugar em que a “liberdade de imprensa” é citada pela única vez na Constituição nesses termos: e para relativizá-la, em vez de dar o caráter absoluto que o pessoal da tv quer. É uma das sete únicas garantias do extenso art. 5º da CF que pode ser afastada na vigência de um deplorável estado de sítio com inimigos atacando a federação por todos os lados feito o PCC com a São Paulo de 2006.

    A única garantia de manifestação que permanece quase absoluta nesse estado é a garantia do parlamentar, não a da imprensa/jornalistas. Muito menos dos empresários do ramo da comunicação, que são tão jornalistas quanto os proprietários da Unip são professores.

    Portanto, concordo plenamente com o autor. A liberdade dos indivíduos jornalistas manifestarem opinião tem que beirar o absoluto, em favor do direito do consumidor de informação ter acesso à mais ampla gama de opções jornalísticas, e só pode ser limitada quando conflitar com outro direito fundamental do art. 5º da Constituição.

    A liberdade empresarial, dos fornecedores de meios, porém, só é absoluta até o ponto em que acompanha a dos jornalistas individuais. E é absolutamente relativa quando passa a conflitar com a garantia do cidadão comum de ter acesso à informação. É completamente relativa quando tende ao oligopólio dos meios. E carece de absolutismo quando baseada em um monopólio estatal, que é a freqüência de ondas de TV e rádio, operada por concessão estatal, por pura necessidade de garantir que a atividade seja exercida sem controle do conteúdo pelo partido no poder. Neste último caso, não há como emprestar liberdade absoluta para o operador, pois sequer o estado pode ser absolutista, tendo que observar os princípios e liberdade fundamentais da Constituição.

  13. Não é pra agradar chefe. Eles

    Não é pra agradar chefe. Eles pensam assim. Acreditam no que falam. Por isso foram promovidos.

    Além de terem o bestunto forjado na guerra fria, acreditam que jornalismo é fazer campanha.

  14. Eita zorra!!! Vosmecês adoram

    Eita zorra!!! Vosmecês adoram mexer em merda, em?. Não adianta cumpade, quanto mais se mexe nesse trem, mais o trem fede. Esse esterco, já não rende como outrora.

    Se vosmecês assuntarem, a última mutreta em que obtiveram alguns trocados, foi a eleição do Collor. Até nisso, a súcia deu com os burros na lama. Hoje, o homi é um dos primeiros a descer o sarrafo nessa bandidagem de venta empinada e colarinho branco. Não que tenha se tornado, flor pra se cheirar, não é isso. Mesmo por que, nós também, não somos nenhum santinho.

    Já era, essa lorota de formador de opinião.

    Orlando

  15. $$$$$$$$$$$$$

    Egoístas e puxa-sacos. É o que são. Assim garantem seus empregos e salários. Só se importam com o próprio bem-estar. Simples assim.

  16. A manipulação…

    A manipulação é diária, vergonhosa e até mesmo considerada um crime. Com certeza, esses hipócritas subestimam o povo e, não têm noção que, nesse povo, podemos encontrar pessoas mais competentes, mais inteligentes e muito mais informadas  que eles. São mediocres marionetes que dependem de vender a alma através da tentativa indecente de manipulação para se locupletarem com seus gordos salários. E a moralidade onde fica?

  17. O produto mais vendável na

    O produto mais vendável na face da terra é manipulação mediática , sendo o maior núcleo o Brasil, e ninguém entra nessa seara para morrer de fome.

  18. FHC dava vultosos empréstimos para a Globo

    FHC dava vultosos empréstimos para a Globo com recursos do BNDES. Quando procuraram Lula em seu primeiro governo, Luis Inácio lhes disse: “Podemos lhes dar um empréstimo também, mas em valores bem menores que os que Fernando Henrique lhes dava”, porque estamos ajudando todos os veículos de comunicação.” Vem daí o ódio da Globo por Lula/Dilma e pelo PT. Essa é a história que corre na internet.

  19. 90% da Globo é traíção…

    pelos 10% que ela diz que é informação, mas que na realidade é apenas distorção, impossível ser outra coisa

  20. Não agem assim por obediência

    Não agem assim por obediência à linha editorial ou para agradar os chefes. Ou, ao menos, não só por essas razões. Eles pensam realmente assim. O perfil dos jornalistas que atuam nas grandes redações hoje é muito diferente daquele dos anos 70, 80 …Qualquer pesquisa mostraria o quanto essa categoria profissional “endireitou-se”.

    Por isso, moooooorro de rir (pra não chorar) quando leio que as “Redações estão cheias de comunistas, só tem PT etc…” !! É preciso estar distante de uma há décadas para achar isso.

  21. Os arautos da Manipulação

    Me estranha ver um ex-empregado da Globo, atenuar o grau de desejo dos Marinhos em atacar o governo atual. Outros tempos sr. Assis. Na sua época a globo tinha facilidades nós sucessivos governos, militares ou não. Era ela a voz da ditadura como o sr mesmo diz. Hoje não. Há um governo que pretende distribuir renda, e isso é impensável para essas clãs. Ganham muito com juros altos e pouca competição. Só que as coisas começam a mudar, e a internet é um inimigo mortal. Precisam de favores do BNDES e de complaçência com seus atos fraudulentos, por exemplo contra a receita federal. Não nós enganemos, talvez os filhos do Dr Roberto queiram até mais.  Lula e Brizola que o digam.

  22. Estranhas ausências

    De alguns participantes do blog que se posicionam à direita. Será que verdades como estas expostas pelo de Assis não incomodam esta gente ou eles concordam com a manipulação contra seus adversários?

  23. Há quase vinte anos deixei de
    Há quase vinte anos deixei de ler um lixo editorial (que atende pelo nome de Veja), publicado pela Editora Abril. Do mesmo modo que há cerca de dez meses deixei de assistir qualquer telejornal da Rede Globo (e de algumas de suas concorrentes, como Band e SBT… a Record aparece com um jornalismo menos tendencioso e dá pra assistir um ou outro jornal).Confesso que me sinto aliviado e que esses jornais não me fazem falta alguma, pois não estava sendo informado, e sim desinformado e posso dizer até manipulado. Só que como não sou imbecil nem idiota não me deixei contaminar pelas canalhices ideológicas desse tipo de mídia (à direita).Quando quero me informar recorro aos sites de notícia (de várias correntes ideológicas) e procuro tirar minhas próprias conclusões. Claro que tenho minha visão ideológica própria, e sempre faço questão de deixar claro que sou uma pessoa com pensamento de esquerda. Só que odeio manipulação e canalhismo, venha de onde vier. E  muito menos aceito quando isso vem de nossos adversários da direita.Embora não acredite em imparcialidade jornalística ou científica (em termos de Ciências Sociais), acredito que dá pra se agir com seriedade e correção no processo de comunicação. Só que isso é tudo o que esses veículos midiáticos não vem fazendo, e por isso é que vem perdendo credibilidade a olhos vistos…

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