Tragédia de erros, por Laura Carvalho

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Laura Carvalho

Da Folha de S. Paulo

Nosso lado do mundo, que andava inovando, resolveu apostar nas mesmas fichas que fracassaram na Grécia

Brincam que os economistas só mantêm alguma credibilidade porque existem os meteorologistas, mas os avanços recentes da meteorologia vêm nos colocando cada vez mais em maus lençóis. O FMI reconheceu na semana passada que, mesmo na hipótese de adoção das medidas rejeitadas maciçamente no plebiscito de domingo, a dívida da Grécia é insustentável e deve, portanto, ser perdoada e renegociada.

No jogo das projeções econômicas, achar sete erros ficou fácil demais. Basta uma olhadinha, por exemplo, no crescimento projetado pelos relatórios anuais do FMI para a economia grega desde 2008.

Tirando o do ano passado, todos se mostraram excessivamente otimistas. O objetivo do jogo passou a ser, então, o de repetir o mesmo erro o maior número de vezes e no final passar a culpa adiante. Não é à toa que o mais recente estudo da instituição veio como um alento para muitos analistas e, principalmente, para o povo grego. Mas por que os economistas erram tanto as suas previsões?

Uma primeira resposta possível é de caráter propriamente econômico: os pressupostos dos modelos utilizados são equivocados. Ao considerar que a economia está sempre restrita pelo lado da oferta, os cenários construídos ignoram, por exemplo, que as próprias medidas de ajuste têm impacto contracionista pelo lado da demanda, direta e indiretamente.

Isto porque uma redução nos gastos e investimentos públicos não só reduz a contribuição do próprio governo para a demanda agregada, como também afeta o emprego e a renda da população, e assim desestimula o consumo das famílias, as vendas dos empresários e o próprio investimento privado.

Além de causar erros nas previsões de crescimento, esse equívoco torna ineficaz a própria tentativa de melhora nos indicadores fiscais, já que o PIB menor e a queda na arrecadação tributária que o acompanha impossibilitam a retomada de uma trajetória sustentável de endividamento.

Uma outra possível resposta estaria em um plano, digamos, mais político e ideológico. Não é difícil reinterpretar a insistência na defesa de políticas que fracassaram, tanto do ponto vista fiscal, quanto da retomada do crescimento, como muito bem-sucedidas em cumprir outros objetivos: a limitação ao provimento de serviços públicos e de proteção social abrangentes, a repressão ao crescimento dos salários, em suma, o enfraquecimento dos Estados de bem-estar social europeus em geral.

Infelizmente, parece que o nosso lado do mundo, que andava inovando, resolveu apostar nas mesmas fichas. Apesar dos consecutivos aumentos no desemprego, frutos do baixo dinamismo das demandas externa e interna, os defensores do ajuste fiscal no Brasil continuam a projetar uma melhora na confiança dos empresários e no crescimento econômico, que até agora não deram qualquer sinal de que vão aparecer.

A consequência é que, apesar dos cortes substanciais de gastos, as sucessivas quedas no crescimento e na arrecadação tributária projetados para este ano já indicam que o governo federal não conseguirá chegar nem perto da meta de superavit primário anunciada no fim do ano passado. Como esperar um mea culpa seria querer demais, resta torcer para que os erros não sejam repetidos tantas vezes por aqui.

LAURA CARVALHO, 31, é professora do Departamento de Economia da FEA-USP com doutorado na New School for Social Research (NYC)

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Mas por que os economistas erram tanto as suas previsões?

    porque são estúpidos e acham que podem lidar com a irracionalidade como ciência!

  2. Tem nome?

    O melhor das teorias econômicas são as baseadas em pscologia de massas.

    Então o fato de o governo ser austero terá um impacto na percepção do mercado e fará com que invistam neste país pesadamente propiciando o crescimento e fim de crises.

    A fé é o que move o mundo… Por isso, sou ateu!

     

    Mas fica a pergunta, que tese unifica a psicologia com economia? Tem nome?

  3. já desisti de economista

    Vivem dando receita para o sucesso: fazer o que não se tem feito, só.

    Em um mundo que se destroi paises para criar condições para a “rconstrução”, onde os paises como a grécia tiram dinheiro deles próprios para cobrir quebra de banco e os bancos reimprestam à grécia para explorá-la ainda mais, e onde tem um país que conhecemos que pratica juros de, sei lá, 200%, só com a desculpa que é cheque especial ou cartão, etc, economista é uma turma de críticos hipócritas. Vá de miriam leitão a nassif.

  4. Erram por modelar errado

    Alguém já viu algum modelo que leve em conta, corrupção, venda de privilégio, apropriação indébita de bens e valores, pois é, este é o mundo real que é inquantificável para os modelos econômicos que rodam por ai.

    Por isto, o único que funciona na prática é o que tem na sua essência, Astrologia, Tarot e Geometria, conhecimentos de outra órdem de grandeza, valor e utilidade.

    O resto, bem funciona para os espertalhões impulsionarem a volatilidade e raparem os sardinhas.

    1. Geometria e o poder, desde antes dos tempos dos faraós

      SriYantra

      Alexy Pavlovich Kulaichev’s Research Paper Moscow University, USSR – (1984)

       

      Alexy Pavlovich Kulaichev’s Research Paper Moscow University, USSR – (1984)
      Sri Yantra was found to be used in and by Buddhist religion, Vedic period, Pharaohs of Egypt and has been proved from various sources, which are collected from the past.
      This ancient Geometry [Yantra] proves to be connected with the Government Ruling authority from the past till today. Information about this Ancient geometry will be continued in the next issue.
      “ANCIENT GEOMETRY IS AN OCEAN AND GEOMETRY IS A PART OF IT”

      Indian Journal of Science 19 (3:279-292 (1984)
      SRI YANTRA AND ITS MATHEMATICAL PROPERTIES
      Alexy Pavlovic kulaichev Biology Faculty of Moscow University, Moscow USSR
      (Received 29 July 1983)
      The SRIYANTRA (the great or supreme Yantra) is the ancient geometrical Portrayal and its belongs to the class of objects (Yantra) which are used for Meditation in various school of tantrism. The process of precise reproduction of the Sri Yantra central seal (14-angled polygon composed by intersection of 9 Triangles) is a highly difficult problem which is above the capacity of hand drawing because of requirement of precise super position of numerous points of intersection. On the other hand, the task of general analysis of the Sri Yantra seal is linked with such volume of calculations which is very far from the power of modern computers.

      The paper includes data of structural and analytical investigation of the Yantra seal, the classification of available specimens and analysis of its frequency- and-time spreading. On this data is based the theory about the existence of ancient spherical origin of the Sri Yantra seal. In this case, the more simple and more contemporary specimens may have been produced by a century old accumulation of errors in successive reproduction of this prototype. In the conclusion it is emphasized that a deeper study of this complicated and relatively unknown phenomenon requires co-operation of specialists from different fields of knowledge.

      INTRODUCTION
      From the ancient world we can find out examples of some cultural achievements, which, at first sight, may appear to have used very high mathematical knowledge much above the capacities of the ancient culture. The investigation of such phenomenons may lead us to discover the cultural and historical alternatives of the mathematical knowledge and help us to understand more deeply the significance of the world’s scientific-and-technological progress. One of such unique objects in the Sri Yantra (The great or the supreme Yantra) of Indian Tantric tradition. The mathematical properties of this Yantra is very Complicated and its Interpretation is linked with very deep Cosmogonic and psychophysiological concepts.

      The Sriyantra belongs to the class of objects (yantra) which are used for meditation in various schools of Tantrism. One of the earliest known specimens is the portrait of the Sriyantra in the religious institutions. Sringari matha established by the famous philosopher Sankara in 18th century A.D . Therefore , the Sriyanta has already covered a long path of confirmation as an important object for rituals. Thus the hymn from Atharva Veda( ie. 12th century B.C) is dedicated to the Sriyantra- like figure composed of 9 Triangles.

      Three Questions? From AP. Kulaichev, Moscow Univesity Of the Union Of Soviet Socialist Republic (USSR)

      Three Question From Russia

      Alexy Pavlovich Kulaichev’s Research Paper Moscow University, USSR – (1984)

      Alexy Pavlovich Kulaichev’s Research PaperWe apply the suitable limitations on the loose-parameters(on coordinates C,D), any required value of a ratio between the chosen sides of triangles would be achieved.

      CONCLUSIONS

      From our discussion we find that the precise construction of the hypothetical spherical prototype III of the Sriyantra Seal and the real plane II-type specimens,not to speak of their design would involve a very high level of the mathematical knowledge.

      As we know, the Medieval and Ancient Indian Mathematicians did not possess knowledge of higher mathematics, even at its golden period (7to12 century A.D) of outstanding achievements. One of the possible ways to solve this Paradox is to suppose the possibility of existence of unknown cultural-and historical alternative of mathematical knowledge, e.g. The highly developed tradition of the special imagination.

      The Sriyantra, as shown here, is a very complicated and many-sided object and for its deep study it is required to apply efforts by specialists from different fields of knowledge: Mathematics, History, Ethnography, Psychology, Philosophy, etc.

      NOTES AND REFERENCES

      A description of the Sriyantra may be found in different Tantric texts: Tantraraja Tantra.ed.J.Woodroffe, Madras 1954 ;Soundarya-lahari ed.Anantakrsna Sastri, Madras, 1957;Karmakala-Vilasa.ed.J.Woodroffe,Madras, 1953;Bhavanopanisad.tr.S.Mitra,Madras,1976;GanDharva Tantra .ed .R.C.Kak and H.Shastri, Shrinagar, 1934;Nitvas odaSikarnava.with com .Sivananda,Banaras,1968;Sakta Upanisads.tr.A.G.Krishna Warrier ,Madras , 1967;and others.
      J.Casparic.selected inscriptions from 7th to 19th century.Bundung , 1956;p.30,34,41.
      Atharva veda ,X , v. 31-4,tr.S.Shamasastry in :The Origin of the Devanagari Alphabets,Varanasi, 1973.
      More deep notion about the ritual signification of the Sriyantra may be received from the excellent monograph by Madhu Khanna:Yantra :the tantric Symbol of cosmic unity.London 1975.
      This classification does not include some portrayals with obvious errors,e.g.tops of triangles do not connect with horizontal lines.
      Nicolas J. Bolten, D.Nicol Mac leon..The Geomentry of the Sriyantra ,Religion, London,v.7,N1,1977.P.H.Pott.Yoga and Yantra. .Nij Hoff ,1966.
      Bolton and Macleod, op.cit., and Pott, op.cit.
      The reproduction of Convex surface, see in:Madhu Khanna, op.cit.
      Fig 8 is represented from the specimen of Philip Rawson. Tantra. the Indian Cult Ecstacy. London 1973.
      These three portrayals are in:Madhu Khanna, op.cit., and Nic Douglas, Tantra yoga. New Delhi, 1971.
      Similar attempts(In respect to golden proportion and number [pie] )have been undertaken in:Bolton and Mac leod, op.cit., which is the only, we know, research of the Sriyantra as a mathematical object.
       

      The Letter From Vice-Consul of Consulate General of the USSR in Madras

      National Tribal Indigenous Womens Conference

      The Hindu, Monday, January 11, 1999

      Government And Corporate

        

  5. Ajuste Fiscal em período de

    Ajuste Fiscal em período de retração econômica numa economia na qual os gastos e investimentos públicos são variáveis de peso substancial é um despropósito; é enxugar gelo. 

    Quando há desajustes na economia, qualquer que seja, para os ortodoxos só uma receita: ajuste fiscal, um eufemismo para arrocho. E por trás disso sempre o mesmo: a dívida publica. O maldito passivo que só cresce; a desgraça que ninguém sabe como começou, cujos credores são “anônimos”. Só se sabe que daqui a cem anos ela continuará sendo o fator “x” na economia dos país em desenvolvimento.

    Já se sente na vida prática essa irresponsabilidade. As BRs aqui do Ceará estão em petição de miséria. Daqui para o final do ano talvez fiquem imprestáveis. Nem a famosa e canhestra operação tapa-buraco está ocorrendo. A BR 222, a segunda de importância no estado, cuja duplicação estava programada para esses próximos dois anos talvez não ocorra mais por falta de recursos. 

    Restringir gastos públicos por conta de superavit primário é tirar emprego, renda principalmente dos mais pobres. Os nababos continuarão com seus milhões aplicados em títulos públicos ganhando fortunas com a alta dos juros.

    O pior é que todo o esforço, conforme bem salienta a economista, será em vão. Contração de gastos de um lado e redução na receita de outro. No meio, inflação de custos pela alta dos juros, E ao final todo mundo morto. Ah, esses liberais!

    Au revoir paz social!

     

     

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