
Trapalhadas no Banco Central
por Paulo Nogueira Batista Jr.
O que não faz um presidente inepto do Banco Central? Ilan Goldfajn conta com mais de US$ 380 bilhões de reservas internacionais em caixa (herdadas do período Lula/Dilma). A posição de balanço de pagamentos do país é sólida. Antes do início da turbulência no mercado, o estoque de swaps cambiais era de apenas US$ 24 bilhões. Mesmo assim, com todos esses trunfos na mão, o sujeito conseguiu se atrapalhar todo. No primeiro teste a que foi submetido, meteu os pés pelas mãos.
Primeiro trapalhada: diante de uma onda especulativa no mercado cambial, alimentada pela alta dos juros nos EUA, o Banco Central permaneceu inerte. Demorou várias semanas a agir, permitindo assim que a situação brasileira começasse a ser vista como pior do que realmente é. Com o real em queda livre, o Brasil corria o risco de ser equiparado a países em posição mais frágil, como a Argentina e a Turquia. A timidez do Banco Central criou terreno fértil para apostas unidirecionais no mercado, contribuindo para enfraquecer a moeda nacional.
Segunda trapalhada: a decisão do Copom (o Comitê de Política Monetária do Banco Central) de manter a taxa básica de juros em 6,5%, contrariando a expectativa generalizada de que haveria um corte adicional de 0,25 ponto percentual. Ocorre que a expectativa de corte havia sido alimentada pelo próprio presidente do Banco Central. Poucos dias antes da reunião do Copom, ele sinalizou que a taxa seria cortada, confirmando a percepção do mercado. Como disse um ex-diretor do Banco Central, Luis Eduardo Assis, foi como dar seta à esquerda e virar à direita.
A comunicação atabalhoada do Banco Central jogou lenha na fogueira, agravando a instabilidade e adicionando incerteza. Instalou-se a dúvida: Goldfajn sabe o que está fazendo? O que houve, provavelmente, foi um princípio de pânico no Banco Central com a forte pressão no mercado cambial. Resolveu-se então dar uma demonstração de “prudência”, mantendo os juros em 6,5%.
O pior é que havia razões de sobra para que a taxa de juro fosse reduzida. Não era por acaso que se consolidara a expectativa de diminuição. A inflação corrente está abaixo do esperado. Os chamados núcleos inflacionários (medidas de tendência da inflação) estão bem-comportados. As expectativas de inflação para 2018 e 2019 vinham retrocedendo. Além disso, o nível de atividade da economia patina desde o início do ano. Acumulam-se indicações de que a modesta recuperação iniciada no ano passado está arrefecendo em 2018, correndo até o risco de ser interrompida.
Há alguma razão para temer que a recente depreciação cambial vá modificar substancialmente o cenário para a inflação, justificando a decisão de não diminuir os juros? Não parece plausível. Algum impacto inflacionário sempre ocorre, uma vez que a depreciação tende a elevar os preços em reais dos bens e serviços importados e dos exportáveis. Mas o efeito dificilmente será expressivo. A economia está muito desaquecida e apresenta elevada capacidade ociosa. As expectativas de inflação estão “ancoradas”. Nesse ambiente, o coeficiente de repasse de câmbio para preços tende a ser baixo. A menos que a depreciação venha a ser muito maior e duradoura, o impacto inflacionário do câmbio será administrável.
Na verdade, a depreciação cambial, desde que não fuja do controle, é bem-vinda. Nas últimas décadas, a economia brasileira tem sofrido consideravelmente com períodos de grande e prolongada apreciação cambial. Com a alta dos preços e salários em dólares, as exportações brasileiras perderam rentabilidade e competitividade. O mesmo aconteceu com os setores que concorrem com importações de bens e serviços no mercado interno. A economia perdeu dinamismo e ficou exposta ao desequilíbrio externo a crises cambiais recorrentes.
A recente depreciação favorece a renda e a capacidade de competir dos setores que exportam e dos que competem com importações, ajudando por essa via a recuperação do nível de atividade e de emprego. Ao fortalecer a competitividade internacional da economia brasileira, ela impede que uma recuperação mais significativa da atividade econômica provoque um déficit perigoso no balanço de pagamentos em conta corrente. Além disso, o impacto da depreciação sobre as finanças públicas é favorável, uma vez que o setor público é credor líquido em moeda estrangeira.
De qualquer maneira, o tumulto das últimas semanas deixa um legado negativo. Os especuladores sentiram o pulso do presidente do Banco Central. E perceberam que ele não é de nada.
Paulo Nogueira Batista Jr. – é economista, foi vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, estabelecido pelos BRICS em Xangai, e diretor executivo no FMI pelo Brasil e mais dez países.
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Esse é o “dream team” da
Esse é o “dream team” da Globo, um bando de mediocres pendurados na folha do sistema financeiro e vendidos como grandes executivos, na realidade burocratazinhos pesos leves, o Ilan e o Parente são o simbolo dessa Era do Dream Team.
A meu ver, a “barbeiragem”
A meu ver, a “barbeiragem” foi proposital. Quanto a banca lucrará nisso?
E viva a SURUBACRACIA !!! Mas
E viva a SURUBACRACIA !!! Mas pode piorar. Os AMASSA BOSTA estão doidinhos para entrar em campo. Por enquanto, se conformam em assistir a pelada da beira do campo.
Não é só com caminhão
Os capitalistas da barbárie estão botando fogo geral, mesmo… Vai ver já combinaram com os militares para incluirem, na conta, tanques de guerra nas ruas.
Não foi “teste”: foi ORDEM.
Não foi “teste”: foi ORDEM.
Hesitação ??? Ou procedimento padrão ?
Excelente artigo , como sempre.
Mas considerando que o BACEN é reduto de profissionais ligados umbilicalmente ao bancos privados, parece bem compreensível a suposta hesitação.
Claro, não me refiro aos excelentes profissionais do serviço público de carreira do BACEN , que certamente tem espírito cívico elevado e querem zelar pela nossa moeda , que á a função principal do banco.
Mas gostaria muito de ver um artigo sobre o oligopólio bancário que é o grande vilão que assalta nosso país a olhos vistos. Acho incrível como a população não consegue entender isso.
Com um spread bancário totalmente ridículo , que devasta a economia inibindo o empreendedorismo, e transformando a população em refém de quatro ou cinco bancos em um país de 200 milhões de habitantes . Sei que é uma conta ridícula , mas isso dá 40 milhões de pessoas por banco !!!!!!! Quem que ter um bancoooo ????? Euuuuu …… Também né…. 40 milhões de clientes à espera….. É bom demais….Mas quem consegue reverter isso ??? Há alguma solução viável ?