Comissão concede anistia e Estado pede perdão a Clarice Herzog

Dolores Guerra
Dolores Guerra é formada em Letras pela USP, foi professora de idiomas e tradutora-intérprete entre Brasil e México por 10 anos, e atualmente transita de carreira, estudando Jornalismo em São Paulo. Colabora com veículos especializados em geopolítica, e é estagiária do Jornal GGN desde março de 2014.
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Publicitária recebe reconhecimento e direito à reparação econômica por sua luta por verdade e justiça sobre a morte de Vladimir Herzog

Reunião da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania que concederam anistia à publicitária Clarice Herzog, perseguida pelos militares por pedir esclarecimentos sobre o assassinato de seu marido, o jornalista Vladimir Herzog. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

A Comissão da Anistia concedeu à publicitária Clarice Herzog a condição de anistiada política nesta quarta-feira (03/04), com parte do colegiado reconhecimento os 13 anos em que ela e sua família foram perseguidos por não aceitarem o silenciamento em torno do caso Vladimir Herzog.

Então diretor da TV Cultura, Herzog teve sua luta por verdade e justiça quanto ao assassinato oficialmente reconhecida na Câmara dos Deputados. O jornalista foi torturado e morto por agentes da repressão no DOI-CODI de São Paulo, ao se apresentar voluntariamente para prestar esclarecimentos sobre sua relação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), em outubro de 1975.

Nesta quarta-feira, Clarice foi homenageada e recebeu mensagens de carinho de personalidades como Miriam Leitão, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso. Ela foi representada por seu filho Ivo Herzog, que relembrou quando sua mãe, aos 34 anos, e acompanhada dos dois filhos pequenos, enfrentou os militares para garantir que a sogra estivesse presente ao sepultamento de Vladimir.

O pedido de perdão em nome do Estado brasileiro ante às violações cometidas contra a família Herzog durante o período de exceção foi realizado por Enea Stutz, presidente da Comissão da Anistia.

A vice-presidenta da Comissão, Ana Maria Oliveira, relembrou que o Brasil viveu mais tempo em regimes ditatoriais do que democrático e apontou a necessidade de se incluir nos currículos escolares o que aconteceu no país durante a ditadura militar para que não se repita.

¨Nós precisamos conhecer a história do Brasil para que o 8 de janeiro não aconteça nunca mais, porque, se aconteceu o 8 de janeiro, é porque nós não contamos para as gerações pós 64 o que aconteceu nesse país¨, disse Oliveira.

Quanto ao direito da reparação econômica a ser paga pelo Ministério da Fazenda, correspondendo desde a data da morte do jornalista em 25 de outubro de 1975, até o final da ditadura militar no país (5 de outubro de 1988), Ivo enfatiza que Clarice nunca a exigiu, mas que decidiu entrar com o processo por conta de sua atual condição médica.

A indenização aprovada pela Comissão é equivalente a 390 salários mínimos (cerca de R$ 550 mil), não poderá exceder o teto legal de R$100 mil e deverá auxiliar seus cuidados paliativos para o Alzheimer.

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Dolores Guerra

Dolores Guerra é formada em Letras pela USP, foi professora de idiomas e tradutora-intérprete entre Brasil e México por 10 anos, e atualmente transita de carreira, estudando Jornalismo em São Paulo. Colabora com veículos especializados em geopolítica, e é estagiária do Jornal GGN desde março de 2014.

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