A Comissão da Anistia concedeu à publicitária Clarice Herzog a condição de anistiada política nesta quarta-feira (03/04), com parte do colegiado reconhecimento os 13 anos em que ela e sua família foram perseguidos por não aceitarem o silenciamento em torno do caso Vladimir Herzog.
Então diretor da TV Cultura, Herzog teve sua luta por verdade e justiça quanto ao assassinato oficialmente reconhecida na Câmara dos Deputados. O jornalista foi torturado e morto por agentes da repressão no DOI-CODI de São Paulo, ao se apresentar voluntariamente para prestar esclarecimentos sobre sua relação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), em outubro de 1975.
Nesta quarta-feira, Clarice foi homenageada e recebeu mensagens de carinho de personalidades como Miriam Leitão, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso. Ela foi representada por seu filho Ivo Herzog, que relembrou quando sua mãe, aos 34 anos, e acompanhada dos dois filhos pequenos, enfrentou os militares para garantir que a sogra estivesse presente ao sepultamento de Vladimir.
O pedido de perdão em nome do Estado brasileiro ante às violações cometidas contra a família Herzog durante o período de exceção foi realizado por Enea Stutz, presidente da Comissão da Anistia.
A vice-presidenta da Comissão, Ana Maria Oliveira, relembrou que o Brasil viveu mais tempo em regimes ditatoriais do que democrático e apontou a necessidade de se incluir nos currículos escolares o que aconteceu no país durante a ditadura militar para que não se repita.
¨Nós precisamos conhecer a história do Brasil para que o 8 de janeiro não aconteça nunca mais, porque, se aconteceu o 8 de janeiro, é porque nós não contamos para as gerações pós 64 o que aconteceu nesse país¨, disse Oliveira.
Quanto ao direito da reparação econômica a ser paga pelo Ministério da Fazenda, correspondendo desde a data da morte do jornalista em 25 de outubro de 1975, até o final da ditadura militar no país (5 de outubro de 1988), Ivo enfatiza que Clarice nunca a exigiu, mas que decidiu entrar com o processo por conta de sua atual condição médica.
A indenização aprovada pela Comissão é equivalente a 390 salários mínimos (cerca de R$ 550 mil), não poderá exceder o teto legal de R$100 mil e deverá auxiliar seus cuidados paliativos para o Alzheimer.
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