Condenar Lula é ‘jogar mais voto no moinho dele’, diz Stedile

Para líder do MST julgamento é esclarecedor e se Lula for novamente condenado ficará evidente à população que ex-presidente “está sendo injustiçado”  (Foto: Lula Marques Agência PT)
 
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Jornal GGN – Para o líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, uma possível condenação de Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) será o mesmo que “jogar mais água – ou voto – no moinho” do ex-presidente aumentando a consciência popular de que o petista “está sendo injustiçado e que foi uma decisão política”, ponderou em entrevista ao jornal Valor.
 
De fato a rejeição de Lula vem caindo desde julho de 2017, quando o juiz de primeira instância, Sérgio Moro, condenou o petista a nove anos e meio de prisão no caso Triplex pelos crimes de suposta lavagem de dinheiro e corrupção passiva sem apresentar provas documentais de que o ex-presidente se tornou proprietário do imóvel, ainda em nome da OAS e utilizado como parte da massa falida em negociações da empreiteira com a justiça. 
 
Antes da condenação, em julho, a rejeição de Lula segundo levantamento do Datafolha, era 46% diminuindo para 42% após a decisão judicial e 39% agora. Em 2002, quando venceu pela primeira a eleição presidencial, o percentual de rejeição de Lula era 33% – semelhante a atual considerando a margem de erro de 4%. O maior índice de rejeição contra Lula foi 57% em março de 2016 quando a então presidente Dilma tentou nomeá-lo a pasta da Casa Civil e em seguida sofreu condução coercitiva. 
 
Stedile também declarou que independente do resultado do julgamento no TRF-4, que será realizado amanhã em Porto Alegre a partir das 8h30, as frentes de esquerda Brasil Popular e Povo Sem Medo continuarão apoiando a candidatura de Lula. Se o petista for condenado pelos três desembargadores do TRF-4, ainda poderá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral que, segundo o líder do MST, “é uma Corte extremamente política”.
 
“O TSE vai julgar a depender da opinião da maioria do povo brasileiro e se Lula ganhar em primeiro turno, dificilmente terá coragem de cassar milhões de votos de quem quer o Lula”. Stedile explica que, ao contrário do que pensam alguns analistas desatentos, sem Lula outros candidatos da esquerda não serão capazes de herdar os votos que iram para o ex-presidente.
 
“Ele não é candidato das esquerdas, nem do PT. É da classe trabalhadora. É o único que consegue expressar isso”, explicando antes que “o povo não raciocina pelos partidos” e “está unido” em torno da figura de Lula. “É a visão de que só ele pode salvar. Não é de todo ruim que exista na cultura brasileira o sebastianismo e Lula tem esse papel de alimentar a esperança”, completou. 
 
Para o líder do MST, o cenário eleitoral sem Lula será inserto e não acredita que nomes conhecidos, como o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), conseguirão se eleger.
 
“Se por algum motivo Lula não puder ser candidato, as eleições e o processo democrático no Brasil estarão comprometidos. Ninguém pode prever quais serão as reações do povo, que pode desdenhar de todo mundo, não participar. O povo vai jogar as urnas na lata do lixo”. 
 
Desde esta segunda-feira (23) chegam a Porto Alegre caravanas organizadas pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo em apoio ao ex-presidente. Segundo as autoridades, até ontem havia cerca de 3 mil pessoas mas o número deve aumentar com a chegada de novas caravanas de sem-terra principalmente dos estados vizinhos, Santa Catarina e Paraná. 
 

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