Percentual de crianças entre 7 e 9 anos analfabetas dobra em 2022, aponta Unicef 

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Levantamento mostra que 31,9 milhões de crianças e adolescentes são privados de um ou mais direitos no país

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Na semana do Dia das Crianças, um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado nesta terça-feira (10), aponta que o percentual de crianças brasileiras de 7 a 9 anos que não sabem ler ou escrever dobrou entre 2019 e 2022 no país.

Em 2019, 20% das crianças de sete anos eram analfabetas. Em 2022, após dois anos de pandemia e acesso restrito à educação regular, o percentual saltou para 40%.

Entre os pequenos de oito anos a taxa era de 8,5% em 2019 e foi para 20,8%, em 2022. Já o percentual de 4,4% de crianças de nove anos que não sabiam ler e escrever em 2019, foi elevado para 9,5% em 2022. 

O relatório do Unicef aponta ainda que a desigualdade entre crianças brancas e negras no processo de alfabetização foi ampliada durante esses anos.

Em 2019, 6,3% das crianças brancas de 7 a 10 anos eram consideradas analfabetas, enquanto as negras somavam 10,6%. Em 2022, os números subiram para 15,1% e 21,8%, respectivamente, ampliando a desigualdade racial de 4,3% para 6,7% nesse tema.

De todas as dimensões analisadas, a que mais piorou no país foi a alfabetização, chamando a atenção para a urgência de políticas públicas coordenadas em nível nacional, estadual e municipal para reverter esse quadro” alerta Santiago Varella, especialista em políticas sociais do Unicef no Brasil.

Pobreza multidimensional

O levantamento sobre Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil, feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que a miséria infantil no país diminuiu de forma lenta entre 2019 e 2022 e os números seguem alarmantes. 

Ao avaliar os dados sobre alimentação, educação, informação, moradia, renda e saneamento, a pesquisa mostra que o percentual de crianças na pobreza multidimensional caiu de 62,9% em 2019, para 60,3% em 2022. Ou seja, 31,9 milhões de crianças e adolescentes brasileiros são privados de um ou mais direitos, de um total de 52,8 milhões no país.

A pobreza na infância e adolescência vai além da renda, e precisa ser olhada em suas múltiplas dimensões. Estar fora da escola ou sem aprender, viver em moradias precárias, não ter acesso a renda, água e saneamento, não ter uma alimentação adequada e não ter acesso à informação são privações que fazem com que crianças e adolescentes estejam na pobreza multidimensional”, explica Santiago Varella.

Em relação à privação de renda, 40% do total de crianças e adolescentes de até 17 anos no país foram afetadas em 2019. Durante a pandemia o índice variou. Em 2022, 36% estavam na pobreza monetária.

Já o percentual de crianças e adolescentes sem renda adequada para alimentação se manteve estável entre 2019 e 2022. Em 2019, eram 19% e, em 2022, são cerca de 20%.

No geral, os números sobre as desigualdades com relação a cor e raça melhoram, mas também de forma tímida. A diferença no acesso a direitos entre crianças e adolescentes brancos e negros era de 22% em 2019 e caiu para 20% em 2022.

Regiões mais afetadas

O estudo também apontou que os estados mais afetados estão no Norte e no Nordeste do País. Em 2022, o Pará, Amapá, Maranhão e Piauí apresentaram mais índices de mais de 90% de crianças e adolescentes sofrendo privação de algum de seus direitos. 

Enquanto isso, apenas nos estados do Sudeste e no Distrito Federal esses percentuais foram inferiores a 50%. Sendo que apenas São Paulo e Brasília ficaram abaixo de 40%.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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