O Centro de Prioridades Orçamentais e Políticas (CBPP) publicou nesta quarta-feira (13) os dados do Censo sobre Pobreza, Saúde e Renda que revelam o aumento da pobreza nos Estados Unidos (EUA). A taxa oficial de pobreza geral aumentou de 7,8% da população para 12,4%.
Em 2022, 12,4% das pessoas, ou 40,9 milhões, estavam abaixo da linha da pobreza nos EUA – US$ 34.500 para uma família de dois adultos e duas crianças que moram em um bairro de custo médio -, de acordo com a Medida Suplementar de Pobreza (SPM) do governo.
No censo do CBPP se destaca a situação da infância, onde o número de crianças pobres, entre 2021 e 2022, aumentou de 4 para 9 milhões.
A taxa de pobreza infantil mais do que duplicou, passando de um mínimo histórico de 5,2% em 2021 para 12,4% em 2022, apagando todos os ganhos recordes obtidos contra a pobreza infantil nos dois anos anteriores devido a programas de transferências de renda para minimizar os efeitos da pandemia.
Este é o maior aumento anual da pobreza entre menores na história dos EUA, segundo o CBPP.
A medida oficial de pobreza nos EUA considera apenas a renda em dinheiro antes dos impostos e exclui recursos do Crédito Fiscal para Crianças, do Crédito Fiscal sobre o Rendimento do Trabalho e da Nutrição Suplementar Programa de Assistência (SNAP).
Debate fiscal urgente
Sharin Parrott, presidente da entidade, acrescenta ainda que a realidade é o resultado direto “das decisões dos líderes políticos de desativar programas que funcionam de forma eficaz para reduzir a pobreza”.
Considerado pelo CBPP como “impressionante”, o aumento atual da pobreza é considerado o resultado direto de escolhas políticas – incluindo a decisão do Congresso, em Washington, de permitir que expire a bem-sucedida expansão do Crédito Fiscal Infantil.
Parrott afirma que a situação pode se resolver pela via fiscal e faz campanha pela expansão do Crédito Fiscal Infantil como prioridade durante os debates dos parlamentares sobre a política fiscal para 2025.
Fim de políticas públicas
Conforme o censo, o número de pessoas com rendimentos abaixo do limiar da pobreza em 2022 aumentou em 15,3 milhões, refletindo a expiração dos programas de ajuda à sociedade para suportar os efeitos da pandemia.
Se todo o Crédito Fiscal Infantil do Plano de Resgate, uma política de transferência de renda da Casa Branca, tivesse permanecido em vigor em 2022, a taxa de pobreza infantil teria sido de cerca de 8,4%, substancialmente abaixo da taxa de pobreza infantil de 12,4% anunciado pelo censo.
Análise publicada em abril deste ano na revista da Associação Médica Americana (JAMA) indicou que a quarta maior razão para mortes prematuras entre os americanos é a pobreza, atrás somente de doenças cardíacas, câncer e fumo.
Pobreza infantil mais do que duplicou
Da mesma forma, “a taxa de pobreza infantil mais do que duplicou, passando de um mínimo histórico de 5,2% em 2021 para 12,4% em 2022, apagando todos os ganhos recordes obtidos contra a pobreza infantil nos dois anos anteriores”.
O CBPP destacou que “os progressos alcançados em 2021 para reduzir as diferenças evidentes entre as taxas de pobreza das crianças negras e latinas em comparação com as crianças brancas foram em grande parte revertidos”.
As taxas de pobreza, conforme o censo, aumentaram mais em 2022 para os grupos que tinham maior probabilidade de pobreza antes da pandemia, à medida que os antigos padrões regressavam.
Isto incluiu crianças (aumento de 7,2%) e indivíduos negros e latinos (6,0 e 8,1%, respectivamente), refletindo a discriminação racial e étnica no mercado de trabalho e em outros lugares, bem como o subinvestimento dos governos federal, estadual e local nas famílias, escolas e comunidades.
Os aumentos da pobreza entre as crianças negras e latinas foram especialmente grandes, com a taxa de pobreza infantil negra a aumentar de 8,3% para 18,3% e a pobreza infantil latina a aumentar de 8,4% para 19,5%.
Comparativo com Brasil
O contingente de brasileiros abaixo da linha de pobreza atingiu o patamar de 29,4% da população — ou 62,5 milhões de pessoas — em 2021, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destas, cerca de 17,9 milhões (ou 8,4% da população) estavam em situação de extrema pobreza.
Entre 2008 e 2018, o IBGE afirma que a pobreza no país caiu de 44% para 22% da população. Apesar da melhora, em 2018, 46 milhões de brasileiros viviam na pobreza. E os vulneráveis, que eram quase 82%, passaram a ser 63%: ou seja, 132 milhões de pessoas nessas condições.
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