Governo Temer enterra comunicação pública

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Governo Temer enterra comunicação pública

por Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)

Conselho de Administração da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) define que Agência Brasil só publicará conteúdo estatal. Assine Nota Pública contra mais esse desmonte!

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), as demais organizações e personalidades que assinam esta nota vêm a público manifestar seu repúdio à decisão do Conselho de Administração (Consad) da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que determina que a Agência Brasil passe a produzir apenas conteúdo estatal. Essa medida sepulta de vez o caráter público da EBC.

A alteração consta de um documento apresentado na reunião desta segunda-feira (23), que faz um “realinhamento da estratégia” da EBC, dando seguimento ao processo de desmonte da comunicação pública iniciado pelo governo ilegítimo de Michel Temer, com a intervenção que ocorreu imediatamente após o golpe de 2016.

O documento de realinhamento coloca como objetivo da empresa fortalecer a comunicação de Estado e determina uma “adaptação processual e de plataforma para que a Agência Brasil passe a comunicar apenas as notícias de Estado” (grifo nosso). Ao final da reunião, foi incluído neste trecho o termo sociedade, após manifestação do representante dos funcionários no Consad, Edvaldo Cuaiu, que se colocou contrariamente à proposta apresentada pelo atual diretor-presidente da EBC, Laerte Rímoli.

Essa medida não é isolada. Em novembro passado, o Consad aprovou uma mudança no plano estratégico da EBC, retirando de todo o plano o conceito de “comunicação pública”. A EBC deixou de ter o objetivo de ser “referência em Comunicação Pública” e passou a ter a meta de ser uma “empresa referência em comunicação”. Outra alteração, que avança para descaracterizar o projeto da EBC, foi a integração da TV Brasil e da NBR (canal de divulgação das ações do governo federal), confundindo ainda mais os limites entre o que antes era a prestação de um serviço da EBC (a produção do canal NBR) com a missão de fazer comunicação pública.

Olhadas de forma processual, as medidas impostas pelo governo Temer à EBC têm um objetivo explícito: acabar com uma experiência de comunicação pública no Brasil, que se distingue da comunicação privada-comercial por não ser pautada pelos interesses de mercado, e se diferencia da comunicação estatal por não se resumir à propaganda do Estado, possuindo independência editorial e de gestão.

A intervenção acabou com a independência na gestão, ao extinguir o Conselho Curador, afastar o então diretor-presidente Ricardo Melo, que tinha mandato de quatro anos para cumprir, e nomear um interventor de confiança do presidente da República para a presidência da Empresa. Além disso, a independência editorial vem sendo minada sistematicamente pela censura interna na redação, pela alteração da linha editorial e pelas modificações que o Consad faz nos planos e estratégias da empresa.

O objetivo de Temer e seus aliados é sufocar o que ainda existe de conteúdo público produzido pela determinação e convicção do corpo de funcionários da empresa, e desta forma impedir a disseminação de informações que possam ser constrangedoras para o governo. Por isso, nos solidarizamos com os funcionários da EBC, que têm denunciado o desmonte e a censura e estão na linha de frente da resistência contra os ataques ao caráter público da EBC.

Assim como a MP 744, todas as medidas aprovadas pelo Consad neste período atentam contra o princípio constitucional previsto no artigo 223, que determina a existência da complementariedade no sistema de comunicação entre os segmentos público, privado e estatal. O fim da EBC como empresa pública de comunicação viola este dispositivo que tem como propósito promover mais diversidade e pluralidade na comunicação do país.

#CalarJamais

#FicaEBC

Sem comunicação pública não há pluralidade e diversidade!

Democratizar a comunicação é democratizar o Brasil.

Brasília, 25 de abril de 2018.

 

Executiva do FNDC:

Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço)

Central Única dos Trabalhadores

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

Coletivo Intervozes

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee),

Federação Interestadual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Serviços de Telecomunicações (Fitratelp)

Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)

Entidades Nacionais:

Associação Mundial de Rádios Comunitárias -(Amarc-Brasil)

Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Centro de Cultura Luiz Freire

Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam)

Consulta Popular

Coletivo Digital

Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Fitee)

Frente Brasil Popular

ONG Internet Sem Fronteiras (ISF Brasil)

Levante Popular da Juventude

Movimento Camponês Popular

Movimento de Pequenos Agricultores (MPA)

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)

Movimento pela Soberania na Mineração (MAM)

Repórteres Sem Fronteiras (RSF)

Sindicato dos Trabalhadores em Instituições Federais de Ensino (Sindifes)

União Brasileira de Mulheres (UBM)

União da Juventude Socialista (UJS)

União Nacional dos Estudantes (UNE)

Via Campesina

Viração Educomunicação

Parlamentares, partidos políticos:

Érika Kokay – deputada federal (PT-DF)

Paulo Pimenta – Deputado Federal (PT-RS) – Líder do PT na Câmara dos Deputados

Ivan Valente – Deputado Federal (PSOL-SP)

Jandira Feghali – Deputada Federal (PCdoB-RJ)

Luciana Santos – Presidenta Nacional do PCdoB e Deputada Federal (PCdoB-PE)

Rui Falcão – jornalista e ex-presidente nacional do PT

Assinaturas individuais e entidades locais e regionais:

Rita Freire – jornalista, presidenta cassada do Conselho Curador da EBC

Tereza Crunivel – jornalista, ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação

Ricardo Melo – diretor-presidente cassado da EBC

Ana Flávia – jornalista, diretora do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo

Aton Fon Filho – advogado | Rede Social de Justiça e Direitos Humanos

Barão de Itararé – Núcleo Minas

Breno Altman – jornalista

Carlos Tibúrcio – jornalista

Cíntia Alves – jornal GGN

Conceição Leme – Viomundo

Conceição Oliveira – Blog Maria Frô

Débora Cruz – jornalista

Edu Guimarães – Blog da Cidadania

Flávia Azevedo – jornalista

Flávia Filipini –  jornalista

Florence Poznanski

Gioconda Bretas – jornalista

Hildegard Angel, jornalista

Inácio Carvalho – Portal Vermelho

Júlio César Oliveira – jornalista

Laura Capriglione – Jornalistas Livres

Laurindo Lalo Leal Filho – professor aposentado da ECA-USP

Leandro Fortes – Jornalista

Lilian Milena – Jornal GGN

Lourdes Nassif – jornal GGN

Luana Spinillo – jornalista

Lúcia Rodrigues – jornalista

Ludmilla Duarte S. e Souza

Matria Lúcia de Resende Chaves

Miguel do Rosário – O Cafezinho

Olímpio Cruz – jornalista

Patrícia Faermann – Jornal GGN

Paulo Donizetti de Souza – jornalista

Paulo Cannabrava – presidente da Apijor (Associação dos Direitos Autorais dos Jornalistas Profissionais) e editor da revista Diálogos do Sul

Maria Inês Nassif – jornalista

Renato Rovai – Revista Fórum

Renina Valejo – jornalista

Rodrigo Vianna – jornalista

Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae/BA)

Tereza Crunivel, jornalista, ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação

Vanessa Silva – jornalista (Diálogos do Sul)

Vinicius Mansur – jornalista

Entidades locais e regionais:

Barão de Itararé – Núcleo Minas

Central das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Brasil em Minas Gerais (CTB/MG)

Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT/MG)

Centro Acadêmico da Escola de Comunicação da UFRJ (CAECO)

Comitê FNDC/MG

Idade Mídia Comunicação para Cidadania (Belém do Pará)

Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Minas Gerais

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná

Sindicato dos professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas)

Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina

Sindicato dos Trabalhadores em Rádio, TV e Publicidade da Bahia (Sinterp/BA)

Sindicato Único dos trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindiUTE)

Para aderir a esta Nota Pública, envie email para: [email protected]

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. Uma maldade por dia

    Senado age contra brasileiros ao retirar símbolo que identifica produtos transgênicos

    Comissão de Meio Ambiente do Senado aprova a retirada do símbolo de identificação dos transgênicos em rótulos de produtos alimentícios - Créditos: Divulgação

    Comissão de Meio Ambiente do Senado aprova a retirada do símbolo de identificação dos transgênicos em rótulos de produtos alimentícios / Divulgação

     

    Imagem de perfil do Colunista

    Mário Augusto Jakobskind 

    25 de Abril de 2018 às 19:59

    Mais do que lamentável e dá bem a ideia do que representa o Senado brasileiro a decisão adotada pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, de aprovar a retirada do símbolo de identificação dos transgênicos em rótulos de produtos alimentícios. Os integrantes da Comissão chegam ao ponto de afirmar que não existe danos ocasionados pelos  transgênicos, o que entra em choque com várias opiniões abalizadas sobre a matéria.

    Trata-se, na verdade, também de uma afronta ao povo brasileiro, ainda mais pelo fato da justificativa na prática atender os interesses  do agronegócio, representado pela bancada ruralista, que por  interesse, a medida em que  tem atendido suas reivindicações econômicas por parte do governo, sempre apoia medidas propostas por Michel Temer, em sua totalidade, atentatória à maioria dos brasileiros.

    Essa é a realidade que se estende também à Câmara dos Deputados, cuja base aliada está sempre mobilizada para defender o que o governo golpista sugere. E Isso independente dos protestos dos setores que defendem realmente os interesses da maioria do povo. 

    No caso dos transgênicos é inadmissível que a tal Comissão de Meio Ambiente ignore os malefícios para a população não levando  em conta a saúde dos brasileiros e atendam as exigências de um setor que só pretende lucrar em detrimento da saúde dos brasileiros.

    Na verdade, o fato demonstra perfeitamente a que ponto podem chegar os defensores do projeto responsável pelo visível retrocesso que acontece no país a partir do golpe de 2016. O Congresso brasileiro transformou-se em um setor que atende, sem pestanejar, tudo que represente lucro fácil para os empresários apoiadores do golpe.

    Como se não bastasse o que foi dito acima, no Rio de Janeiro continuam presas pessoas inocentes que perderam a liberdade em uma festa e são acusados de ligações com as milícias. É, sem dúvida, uma violência, até porque quem estava lá não só pagou ingresso – era uma festa pública – como também, a maioria, comprova que é trabalhador e não tem nada a ver com as milícias.

    Segundo o noticiário, inclusive um dos presos requer cuidados especiais e a família está apelando, não apenas em favor da libertação do preso, como também a obtenção de permissão para que possa receber medicamentos que a saúde requer. 

    É o caso também de colocar uma questão que pode parecer óbvia, ou seja, se a polícia, atualmente comandada pelos militares, agiria da mesma forma se a tal festa, mesmo que promovida por milicianos, acontecesse em  algum bairro considerado nobre da cidade? A resposta é, como sempre, óbvia, mas como a obviedade vem sendo ignorada pelos órgãos informativos da mídia comercial, é sempre importante lembrar.

    Enquanto isso acontece, no Rio de janeiro, em todo o Brasil e no mundo a pergunta mais do que necessária: quando serão divulgados os nomes dos responsáveis e mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Já se passaram 40 dias e as autoridades seguem afirmando que as investigações continuam. Mas até agora nada. Espera-se que os responsáveis pelas investigações atendam o quanto antes ao que vem sendo exigido, pois se isso não acontecer, será um novo crime que resulta em impunidade. Claro, desabonador à imagem do país o exterior e internamente. 

    Em tempo: a justiça de Minas Gerais manteve a condenação do ex-Senador Eduardo Azeredo, do PSDB por um placar de 3 votos com dois votos pela absolvição, mas não o colocou na prisão, alegando que só podem autorizar quando forem esgotados todos os recursos da instância. Podem imaginar se Azeredo fosse do PT qual tria sido a decisão?

    Em suma: assim caminha a Justiça brasileira.

    Edição: Brasil de Fato RJ

    https://www.brasildefato.com.br/2018/04/25/senado-age-contra-brasileiros-ao-retirar-simbolo-que-identifica-produtos-transgenicos/

     

     

     

     

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