Movimentos sociais fazem vigília pela democracia em Porto Alegre

Enviado por Henrique O

Do Sul 21

Movimentos sociais iniciam Vigília da Legalidade e da Democracia na Praça da Matriz

Luís Eduardo Gomes

Sob a coordenação da Frente Brasil Popular e da Frente Brasil Sem Medo, movimentos sociais iniciaram nesta segunda-feira (11) a Vigília da Legalidade e da Democracia, na Praça da Matriz, no Centro de Porto Alegre. O objetivo dos organizadores é tornar a Praça um ponto de encontro para as entidades contrárias ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff e realizar atividades, como aulas públicas, para estimular a população a aderir à iniciativa . Os movimentos prometem permanecer no local por tempo indeterminado.

“Como é uma semana decisiva para a primeira votação na Câmara Federal, a gente decidiu montar, com os gazebos e a lona, uma vigília aqui na Praça para que os militantes e as pessoas possam ter um local para vir e a gente concentre todas as nossas atividades”, diz Maria do Carmo Bittencourt, militante da Marcha Mundial das Mulheres.

O objetivo é que, pelo menos até o próximo domingo, sejam realizadas diariamente aulas públicas (nos finais de tarde), atos populares e oficinas de formação. “A ideia é que a gente fique em vigilância constante. Se a gente tiver que se desmobilizar da Praça em alguma momento, a mobilização, enquanto frente, não vai parar. A gente sabe que, mesmo conseguindo uma votação favorável, o momento político é de enfrentamento e nós precisamos estar permanentemente na rua, permanentemente mobilizados. Ninguém tem ilusão de que, derrotando uma votação, a gente vai conseguir derrotar toda essa frente conservadora”, complementa Maria do Carmo.

A vigília foi aberta oficialmente por volta do 12h30 desta segunda com uma mini-aula pública do economista e professor Marcio Pochmann, da Fundação Perseu Abramo, em que ele fez comparações entre o contexto atual vivido no país e o período pré-golpe militar de 1964. O professor lembrou que, em 1964, as forças conservadoras do país também foram respaldadas por movimentos populares e tentaram barrar que João Goulart governasse o país como uma agenda contrária aos seus interesses, primeiro com o parlamentarismo e depois com o golpe militar.

11/04/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Vigília pela democracia é instalada na Praça da Matriz. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Márcio Pochmann deu uma mini-aula pública de abertura da vigília | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Ele afirma que, da mesma forma, a oposição não aceitou a derrota nas urnas em 2014 e tenta promover um terceiro turno para colocar em prática uma agenda neoliberal que estaria representada no programa Ponte Para o Futuro, defendido pelo vice-presidente Michel Temer. No entanto, ele salienta que o contexto diferente em termos de capacidade de mobilização popular.

“O fato concreto é que o Brasil, em 1964, era um país que estava saindo da condição agrária, a maior parte da população organizada estava no campo. Hoje somos um país completamente urbano, cuja sociedade de forma mais organizada, em diferentes instituições, tem condições de se apresentar não apenas de forma retórica, mas com presença física”, afirma o economista.

A expectativa é que a vigília ganhe força ao longo da semana e atinja seu ápice no próximo domingo, quando deve ocorrer a votação da abertura do processo de impeachment pela Câmara. “A nossa expectativa é, durante a semana, ter a adesão de milhares de pessoas, dos estudantes, trabalhadores, movimentos dos trabalhadores rurais, enfim, todos os democratas, dos setores que veem a importância nessa defesa da democracia”, afirma Ivandro Morbach, secretário dos Movimentos Sociais do PCdoB e uma das pessoas que estava coordenando as atividades nesta segunda.

 

Marcam presença na Praça representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, da Marcha Mundial das Mulheres, da Central dos Movimentos Populares, do Movimento Nacional de Lula pela Moradia, do Movimento dos Pequenos Agricultores, do Movimento dos Atingidos por Barragens, da União Nacional dos Estudantes, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, da União Estadual dos Estudantes, da Central Única dos Trabalhadores, da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, da Intersindical, do PT, do PCdoB, de parte do Psol, entre outros.

“Aqui vão estar presentes os lutadores do povo brasileiro, aqueles que entendem que não podemos mais ter retrocesso e que a população e a classe trabalhadora têm que avançar em suas conquistas, em torno de nenhum dinheiro a menos como se quer com essa regressão, com esse golpe parlamentar”, diz Adalberto Martins, da direção do MST no Estado.

 

Márcio Pochmann saudou essa reunião de forças dos movimentos sociais contra o impeachment, mas lembrou que a mobilização vai além do processo que tramita no Congresso. Segundo ele, a mobilização destas frente será importante tanto no caso de a presidenta ser retirada do poder, quanto no caso de ela permanecer. “É um movimento muito importante, não só para barrar o golpe, mas para reorientar o governo da presidenta Dilma. A presidenta precisa mudar a política econômica”, diz.

Redação

1 Comentário

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  1. essas vigílias deveriam se

    essas vigílias deveriam se ampliar pelas praças das cidades brasileiras…

    seria uma maneira de, na hora que a gente sentir vontade, ter ujmponto para se reunir com pessoas que lutam contra o golpé….

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