Os primeiros resultados do afastamento do promotor de São João da Boa Vista

Confirmando sua remoção haverá possibilidade de levantar o que foram esses anos em que uma comunidade ficou refém de um suposto homem da lei.

Há dez anos, a vereadora de Águas da Prata, Cristina Lerosa – estreitamente ligada ao promotor Nelson O’Really, de São João da Boa Vista – mantinha armas em casa com licença vencida. Jamais foi incomodada, enquanto o promotor estava em atividade. Através do Conselho de Segurança da cidade – e de uma truculência reiterada – o promotor montou alianças com a Polícia Civil, a Militar e o Corpo de Bombeiros.

No início da semana, o Conselho Nacional do Ministério Público afastou o promotor por 90 dias, enquanto providencia novas correições.

Ontem, sexta-feira, às 9 horas da manhã, a polícia bateu na casa da vereadora, a partir de um pedido do Exército, para conferir o arsenal de Cristina. Descobriram armas com licença vencida e levaram a vereadora presa. Ela pagou fiança de R$ 5 mil e vai se defender em liberdade.

[foto retirada]

É um dos primeiros movimentos de descompressão da cidade, após o afastamento do promotor. Os jornais passaram a noticiar seu afastamento. Vereadores intimidados por sua truculência começam a explicitar críticas.

Mas ainda há um temor que acaba impedindo a apuração de todos seus malfeitos. Aliados espalharam que, logo após a correição, o promotor voltará ao cargo. O receio de represálias futuras ainda inibe as vítimas de seus atos.

A própria Prefeitura, que não respondia aos pedidos feitos através da Lei de Acesso à Informação, agora começa a disponibilizar informações sobre os contratos emergenciais feitos com organizações sociais com histórico polêmico em outras cidades.

À medida que se fortaleça a tese de sua remoção – ou aposentadoria – haverá possibilidade de levantar o que foram esses anos todos em que uma comunidade inteira ficou refém de um suposto homem da lei.

Seria importante, agora, que o Tribunal de Contas do Estado e o GAECO passassem um pente fino nos contratos firmados pela prefeitura com entidades suspeitas, confiando na blindagem proporcionada pelo promotor.

Leia também

Luis Nassif

3 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. É uma vergonha para o MP paulista não ter tomado nenhuma atitude. Ao blindar promotores que cometem fatos gravíssimos está manchando a carreira de todos. A imagem que passa para a sociedade é que todos são assim.
    Por isso não fiquei entusiasmado com a nomeação do Min. lewandowski. O fato do Min. chamar para a secretaria nacional o PGE desse MP que nunca incomodou esse promotor, nunca incomodou o PSDB e nunca incomodou uma das polícias que mais matam já demonstra que não há muito o que se esperar.

  2. Não é só no estado de São Paulo que promotores estaduais roubam não.
    Se derem ma olhadinha em qualquer estado que seja, descobrirão horrores.
    Fatos como esse da matéria são a prova cabal que NINGUÉM deve ter poderes absolutos.

  3. O que precisa mudar é o sistema, responsável por esses desmandos em todas as esferas públicas. Revolução nesse sistema, não remendos no pano podre!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador