Mulheres são menos de um terço dos comandos de Poder no mundo e no Brasil

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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8 de Março: "No atual ritmo, a paridade de gênero não será alcançada nos próximos 140 anos", mostra Nações Unidas

As mulheres ocupam menos de um terço das cadeiras políticas; de cargos de chefias, gerentes e supervisores de áreas econômicas e de vagas parlamentares em todo o mundo, segundo relatórios da ONU Mulheres. A média geral esconde, ainda, países cujas distorções são abismais, com menos de 10% das mulheres nestes mesmos postos.

Dados de 2020 das Nações Unidas mostravam que as mulheres estavam em somente 26,4% dos assentos parlamentares em todos os países do mundo, e em menos de 10% em 23 países. Na economia, 28,3% dos cargos de chefia eram ocupados por mulheres, um aumento de apenas 0,3% em comparação ao ano anterior.

O cálculo da ONU é que, “no atual ritmo de mudança, a paridade de gênero não será alcançada nos próximos 140 anos”, mostoru o documento UN Women’s Gender Snapshot do ano passado, 2022.

Para o ano passado e este, a expectativa do órgão mundial não era otimista: “A participação das mulheres na força de trabalho em 2022 é projetada para permanecer abaixo dos níveis pré-pandêmicos em 169 países e setores.”

Brasil: lacunas continuam

No Brasil, os dados não são distoantes do restante do mundo. Levantamento neste 8 de Março de reportagem da Folha de S.Paulo relembrou que em quase 40 anos desde a redemocratização do Brasil, com o fim da ditadura do regime militar, os Três Poderes do país só foram ocupados por 4 mulheres, enquanto que 66 homens passaram por estas importantes cadeiras decisórias.

Dilma Rousseff foi a única presidente do Brasil. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal nunca tiveram uma presidente mulher. E pelo caráter automático e rotativo do comando do Supremo Tribunal Federal (STF), três mulheres foram presidentes da Corte máxima da Justiça: Ellen Gracie, Cármen Lúcia e Rosa Weber.

Um estudo do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos do governo Lula, o Observatório de Pessoal, mostra que se as intenções do atual presidente são de modificar este cenário, ainda estão longe de serem alcançados.

As mulheres são 33% dos postos de alto escalão do atual governo Lula, incluindo ministras, secretárias de governo e diretoras. A participação feminina obteve um aumento desde o governo Bolsonaro, que antes registrava 26%. Mas ainda não se aproximam da metade.

As discrepâncias são ainda maiores quendo olhadas as mulheres pretas ou pardas: somente 9% estão no alto escalão do governo Lula, e 12% entre todas as lideranças, incluindo gerentes e coordenadoras.

A expectativa da atual gestão é, com os dados, aplicar mudanças e aumentar a participação das mulheres nos próximos meses em cargos de governo.

Abaixo, a íntegra do relatório UN Women’s Gender Snapshot de 2022:

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Ai daquele que ouse alterar essa disparidade em favor das mulheres. Os homens poderosos regozijam. E num mundo assim a paz nunca será possível.

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