Na Paulista, Lula defende a democracia e diz que é preciso restabelecer a paz

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em ato na Avenida Paulista contra o impeachment e a favor da democracia – Juca Varella/Agência BrasilSão Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ato na Avenida Paulista contra o impeachment e a favor da democracia (Juca Varella/Agência Brasil)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem (18), no manifesto que a Frente Brasil Popular promove na Avenida Paulista contra o impeachment e a favor da democracia, que os brasileiros precisam aprender a conviver com a diversidade. Em discurso, no carro de som posicionado em frente ao Museu de Arte de São Paulo, sob aplausos, ele defendeu a democracia e disse que o tempo que resta ao final do governo Dilma é “suficiente para virar a história do país”.

Além de pedir respeito à democracia e às eleições, Lula criticou os partidos que concorreram contra o PT nas últimas eleições presidenciais. Segundo ele, os adversários não aceitaram a derrota nas urnas e agora se prestam a “atrapalhar” o governo da presidenta da República Dilma Rousseff.

“Quero dizer para aqueles que não gostam de nós, talvez falte informação, mas temos que convencê-los que democracia é acatar o voto da maioria do povo brasileiro”, destacou. Durante o discurso, Lula juntou-se ao coro dos manifestantes gritando a frase: “Não vai ter golpe”. “Não vamos aceitar o fim da democracia e nenhum golpe no país”.

O ex-presidente destacou a importância de se restabelecer a paz no país e lembrou que perdeu as eleições muitas vezes, mas nunca protestou contra quem ganhou. “Tem gente nesse país que falava em democracia da boca para fora. Eu perdi eleições em 89, eu perdi eleições em 94, em 98, e já havia perdido em 82 para o governo de São Paulo e, em nenhum momento, vocês viram eu ir para a rua protestar contra quem ganhou”, disse Lula a uma multidão na Avenida Paulista reunida para o ato batizado pelos organizadores de Pela Democracia, Contra o Golpe.

“Quando a presidenta Dilma ganha, eles que se dizem sociais-democratas, eles que se dizem pessoas evoluídas, pessoas estudadas, eles não aceitaram o resultado. E faz um ano e três meses que eles estão atrapalhando a presidenta Dilma a governar esse país”, disse.

Lula defendeu um país sem ódio, mas criticou as pessoas que participaram das manifestações em favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Eles são o tipo de brasileiro que gostariam de ir para Miami fazer compra todos os dias, e a gente compra na 25 de Março”, referindo-se à rua de comércio popular que fica no centro de São Paulo.

“Este país precisa voltar a crescer. Tem que ter uma sociedade harmônica. Voltar a entender que democracia é a convivência da diversidade. Eu não quero que quem votou no Aécio goste de mim, ou quem votou na Dilma goste dele. O que eu quero é que a gente aprenda a conviver de forma civilizada com as nossas diferenças”, disse.

Para Lula, a democracia é a única possibilidade de fazer um governo com a participação do povo. “Eles têm que saber que essas pessoas que estão aqui de vermelho são parte daqueles que produzem o pão de cada dia do povo brasileiro”.

Casa Civil

Sobre o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, que assumiu nesta quinta (17), Lula disse que relutou muito em aceitar ir para o governo, desde agosto do ano passado. “E, ao aceitar, veja o que aconteceu comigo, virei outra vez ‘Lulinha paz e amor’”. Ele garantiu que vai integrar o governo para ajudar a fazer o país voltar a crescer. “Não vou lá para brigar, vou lá para ajudar a fazer as coisas que tem que fazer nesse país. Não vou achando que os que não gostam de nós são menos brasileiros que nós”.

Ele relembrou os momentos desta semana, principalmente depois que foi anunciada sua ida para o governo, em que alguns setores, segundo ele, pregaram que os simpatizantes do PT seriam violentos. “Acho muito engraçado que essa semana inteira, alguns setores ficaram dizendo que nós somos violentos. E tem gente que prega a violência contra nós 24 horas por dia.”

“Eu não vou lá para brigar, eu vou lá para ajudar companheira Dilma a fazer as coisas que ela tem que fazer nesse país, e não vou lá achando que aqueles que não gostam de nós são menos brasileiros que nós, e que nós somos menos brasileiros que eles”.

Golpe Militar

As falas do presidente Lula foram interrompidas diversas vezes durante seu discurso pelos manifestantes que faziam coro com a palavra de ordem “Não vai ter golpe, vai ter luta” e “Lula voltou”. O próprio ex-presidente gritou, algumas vezes, junto com a multidão “Não vai ter golpe”.

Lula lembrou que parte das pessoas presentes no ato da Paulista haviam lutado contra o golpe militar de 1964 e também para reconquistar a democracia. E que, agora, não permitiriam que o resultado das últimas eleições não fossem respeitados.

“Nós precisamos recuperar o humor desse país, a alegria de ser brasileiro, a autoestima de ser brasileiro, isso que está em jogo, não é tentar antecipar as eleições dando um golpe na Dilma. Nós temos que dizer para eles: nós que estamos nessa praça lutamos para derrubar o regime militar, para conquistar a democracia e não vamos aceitar fazerem um golpe nesse país”, disse.

Em determinado momento, Lula pediu aos manifestantes que levantassem o braço para que eles tirassem uma foto para a presidenta Dilma Rousseff. “Para ajudar que ela tenha tranquilidade”, afirmou. Lula havia chegado à Paulista por volta das 19h, ao lado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do presidente do PT, Rui Falcão, do ministro do Trabalho e Previdência, Miguel Rossetto, e do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel.

*Colaborou: Sabrina Craide

**Alterada às 21h09 para acréscimo de informações

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Durante esse discurso o

    Durante esse discurso o safado do Gilmar tava mandando Lula para as mãos sujas de Moro.

    Fico pensando no que sucederá ao País se Lula for pego novamente, por coerção, e levado, não para o aeroporto de Congonhas, mas direto para a Guantânamo de Moro. Isto não está fora de cogitação. 

  2. disucrso histórico de


    disucrso histórico de lula…

    ou os políticos aceitam acordo para pacificarf os animos,

    ou não sei não, viu

    li que ex-senador saturnino braga alertou para uma possibilidade de intervenção

    militar se jhouver conflitos de rua ou coisa semelhante….

    li tb que a globo newa não transmitiu odiscurso de lula sob a justificativa de segurança…

    não adianta quererem justificar, pedir desculpoas,porque é a favor do golpé… simples assim….

    puxa o golpe com slogans justificaro o injustificável…

     digo que os golpístas escancaram o caráter deles,

    escracharam suas infamias, espuseram-se de uma forma tremendamente perigosa…

  3. ESTAVA LÁ E FOI LINDO. SÓ O

    ESTAVA LÁ E FOI LINDO. SÓ O ASTRAL DO PESSOAL JÁ ERA  UM DIFERENCIAL. TODA A DIVERSIDADE DO PAÍS ESTAVA LÁ REPRESENTADA. TODAS AS CORES, TODAS AS FORMAÇÕES, TODAS AS RELIGIÕES, TODAS AS ORIENTAÇÕES SEXUAIS . SÓ NÃO TINHA FASCISTA. TODOS ERAM ACIMA DE TUDO DEMOCRATAS E TODOS PROFUNDAMENTE FELIZES POR LULA ESTAR DE VOLTA. CANTAMOS, DANÇAMOS, OUVIMOS, APLAUDIMOS LULA. APOIAMOS DILMA E VAIAMOS A GLOBO, VÁRIOS DE SEUS JORNALISTAS, O SCAF, A FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS. ESTAMOS SENDO IGNORADOS HOJE  PELAS MÍDIAS DE SEMPRE QUE USARAM FOTOS DO FIM DA AVENIDA, SEM MOSTRAR O MOMENTO EM QUE HOUVE UMA GRANDE CONCENTRAÇÃO PARA OUVIR LULA.TODOS SE POSICIONANDO JUNTO A UM CARRO DE SOM. NÃO PODEMOS SER IGNORADOS, SOMOS MUITOS, SOMOS O BRASIL TRABALHADOR E SE FORMOS IGNORADOS PELOS MINISTROS DO SUPREMO TENHO COMO CERTO QUE NÃO VAI FICAR BARATO. A REAÇÃO PODE SER MUITO RUIM.

  4. O discurso de Lula foi

    O discurso de Lula foi concialiador. Um discurso pregando o entendimento, mas “eles” não querem isso. As atitudes de GM, que dias antes se reunira com serra e armínio, as atitudes de moro e do mpf, a postura da globo, a conspiração da banda podre da política que armou um farsesco processo de impeachment deixam isto muito claro. Estão brincando com fósforos sentados sobre um barril de pólvora. Lula percebe isso e encarnou de novo o “Lulinha Pas e Amor” (como disse no discurso) mas a direita golpista não quer paz, nem conciliação. A direita golpista quer o poder a qualquer custo para cumprir o combinado sabe-se lá com quem…

  5. Desculpa o post quase

    Desculpa o post quase metafísico aqui, mas devo dizer uma coisa aos senhores. Tive uma intuição ótima aqui, uma percepção de que não haverá jeito, nós vamos vencer. Se prenderem o Lula, ele vira um Mandela e a sociedade brasileira explode em manifestações progressistas. A classe média, acovardada e desorganizada (só vão para as ruas por causa da Rede Globo) ficará em casa. O fascismo recuará. E o impeachment não será aceito e eles vão ter que implantar uma ditadura, de fato. E isso é inviável no século XXI. Não adianta criminalizar e manipular, não haverá como reprimir tanta gente.

    O Nassif outro dia fez um post (brilhante, como de costume), falando do xadrez da política, colocando todas as peças do jogo e explicando como elas funcionam e se relacionam. Mas há esse fator, invisível, que está só esperando um sinal para explodir, e esse sinal logo será dado. Os protagonistas deles serão as classes mais pobres, os jovens, tudo o oposto dos que foram àquelas passeatas fascistas.

    Até agora, estes estão em silêncio. Ontem já se pronunciaram, ainda timidamente, na Avenida Paulista. E digo “timidamente” porque o que pode vir a acontecer pode ser muito maior.

    Nossa sociedade hoje é mais complexa do que era no passado. Não há como controlar o povo. E os que vão às ruas só sobrevivem por conta de ums sentimento geral de intimidação que não resiste ao primeiro: “para trás, fascista”. 

    Precisamos nos manter serenos e firmes para o que se segue. Não precisa sentir raiva dos fascistas. Só esse sentimento geral, como um alerta subconsciente que está em todos nós, para tomar as ruas e cumprir o nosso papel histórico. Esse momento logo chegará. Não precisamos temer e nem duvidar, pois seremos muitos.

    Esse sentimento pode ser passageiro, mas neste exato momento ele é real. E neste momento para mim está clara uma coisa: venceremos. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador