
Mais da metade das pessoas com deficiência no Brasil são negras ou pardas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. Diante do racismo e capacitismo brasileiro, para eles, o acesso aos direitos, acessibilidade e igualdade de oportunidades é duplamente mais restrito e desafiador.
A Secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, lembrou deste dado: 54% das pessoas com deficiência são também negras ou pardas. “A junção do racismo, sexismo e capacitismo não só agravam essa exclusão como muitas vezes geram sofrimento e causa a morte de pessoas negras”, afirmou.
Para o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, “há uma relação direta de racismo e pessoa com deficiência”. “Boa parte da população se autodeclara negra. Até porque a questão da deficiência tem a ver também com a adaptação ao ambiente, com acessibilidade, condições precárias de pobreza, desigualdade. Logo, essas pessoas têm menos acesso, menos condições de superar as barreiras ambientais.”
A interseção de corte étnico e deficiência traz seus resultados nas estatísticas. Confira:
- Somente 0,6% das pessoas negas com deficiência tem acesso ao ensino superior em universidades públicas do país, segundo o movimento Vidas Negras com Deficiência Importam (VNDI).
- Pessoas pretas e pardas com deficiência têm a maior taxa de informalidade, de 57%, enquanto pessoas brancas com deficiência têm 49%, de acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
- Pessoas pretas com deficiência têm uma média salarial de R$ 1.523 e pardas de R$ 1.586, enquanto pessoas brancas com deficiência têm uma média de R$ 2.436.
- No ano passado, foram feitas quase 12 mil notificações de violência contra pessoas com deficiência no Brasil, sendo 51,6% dessas vítimas pessoas pretas e pardas, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Leia o Relatório A Situação das Pessoas Negras com Deficiência no Brasil:
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