O nonsense do consenso
Por Fabio Adiron
A nova palavra a moda na proposta de educação inclusiva do MEC é “consenso”.
Busca-se um consenso para evitar a perda de muitos votos que garantem a eleição de políticos por esses brasis afora. Votos conquistados em troca de migalhas de benefícios e privilégios ou de promessa de um atendimento “especial” aquelas pessoas que não recebem da sociedade um mínimo de dignidade e respeito e, por isso, se satisfazem com as migalhas e com qualquer outra coisa que lhe ofereçam.
O curioso é que esse consenso que se propõe não segue a regra básica que é a de que é só pode ser obtido se ambas as partes cederem, concordarem e discordarem, obtendo um resultado final diferente do ponto de partida, com benefícios e perdas comuns a ambas as partes ou até mesmo com a construção de uma nova solução, que incorpore a soma de ambas as posições.
O consenso proposto é apenas uma forma da parte que sempre lucrou, continuar lucrando (literalmente, pois está preocupada com as polpudas verbas públicas que recebe) e da parte que sempre foi estigmatizada continuar a sê-lo.
Um consenso que afronta todas as leis e acordos internacionais existentes.
Um consenso que perpetua a segregação, o preconceito, o desrespeito ao ser humano.
Com esse consenso ficamos onde sempre estivemos, reféns de políticos que atendem seus interesses eleitoreiros…
Mas, já que a educação inclusiva pode ter redação consensuada…ou seja, manter o status quo de não ter inclusão nenhuma, eu sugiro o seguinte:
Consensuar a lei de cotas e dar uma mãozinho para os empresários, coitadinhos, que precisam se livrar desses trastes;
Consensuar a a lei de acessibilidade e não precisar ficar fazendo reformas e construções caras;
Consensuar a convenção internacional e transformar tudo em pizza;
Consensuar a declaração internacional dos direitos humanos, para que direitos humanos?
Consensuar a constituição…
O que nós precisamos é de bom senso, mas acho que aí eu já estou pedindo demais para a nossa classe política.
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É bem triste perceber que
É bem triste perceber que nossa sociedade não quer esta integração. Pelos ultimos acontecimentos no Brasil é possível perceber que encaram os portadores de necessidades especiais como um fardo e nossa sociedade reacionária não quer que este “fardo” lhe caia sobre os ombros.
Aquele brasileiro camarada, amistoso é tudo conversa.
A educação está a merecer
A educação está a merecer atenção especial do Governo, não apenas na estrutura logística das condições de ensino, mas na consolidação de uma estratégia de inclusão e em favorecimento de uma didática que atenda a condições especiais. Não há muita diferença entre a situação da saúde e a situação do ensino. Em ambas, está à mostra o fosso profundo que separa no país os ricos dos pobres. Em ambas, a engrenagem brutal de um capitalismo socialmente irresponsável impõe condições especiais a serem adotadas para a inclusão social e posteriormente para a desejada universalização. Então, se solução extraordinária começa a ser adotada para a saúde, também solução diferenciada terá que ser adotada para a educação. O que de melhor houver no ensino em si, e que não traga a economia mas sim o humanismo como base, deve ser dado àquela população que o país tem por obrigação primordial incluir socialmente e produtivamente, para que possa ser entendido como um país uno.