O discurso de Serra contra o golpe na Rádio Nacional

Da EBC

José Serra chamou estudantes a resistirem ao Golpe no dia 1º de abril de 1964
 
Leandro Melito

Brasília – Em transmissão ao vivo da Rádio Nacional do Rio de Janeiro na madrugada do dia 1º de abril de 1964, o então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), José Serra, fez uma convocação para a resistência ao Golpe já em curso naquele momento.

“Que nós partamos nesse instante para uma ofensiva e não fiquemos na defensiva porque a defensiva será a vitória de fato dessas forças reacionárias que hoje investem contra o povo brasileiro”, disse o então estudante que cursava o último ano da Escola Politécnica da USP e havia sido eleito para a presidência da UNE no ano anterior.

Ouça o áudio:

 

 

Em sua fala, Serra defendeu as reformas de base, apresentadas por João Goulart no comício da Central do Brasil no dia 13 de março de 1964. “O que se fez no comício do dia 13 foi a assinatura de decretos populares, que representavam um passo decisivo no monopólio estatal do petróleo, um passo decisivo no sentido de se trazerem mais divisas para o país, de menos divisas saírem para fora, de menos ser o povo brasileiro espoliado. É isto o que se assinou no comício do dia 13. O que se assinou foi um decreto que possibilita a desapropriação das terras nas margens das rodovias, evitando a especulação latifundiária. O que se assinou foi um decreto que regulamenta os alugueis, pondo fim à exploração que se faz com os imóveis no Brasil”

Ouça áudio exclusivo em que Rubens Paiva defende governo Jango no dia do Golpe de 64

Ao término de sua intervenção na Rádio, o então estudante Serra lê a nota da UNE, que havia se reunido no dia 31 e elaborado o texto que convocava os estudantes de todo o país para a greve geral.

Ouça o áudio: 

 
 

“A União Nacional dos Estudantes decreta a preparação da greve estudantil nacional em defesa do nosso povo e de nosso país. No momento em que redigimos essa nota, já está em prática o golpe desesperado da reação através do eixo dos governadores fascistas”, diz a nota. “Todos os estados, através das suas uniões estaduais já preparam a deflagração da greve geral que visa impedir o golpe da direita fascista no Brasil, que visa manter a integral liberdade da palavra, liberdade de manifestação, manter as liberdades democráticas, estudantis e sindicais através do país inteiro”, concluiu Serra.

20 Comentários

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  1. Mais um exemplo, … faça o que eu digo, …mas…

    Antes do discurso ele havia se reunido com o Magalhães Pinto, … e logo depois do discurso, … se pirulitou…

     

     

  2. Prova definitiva

    Prova definitiva de que o único projeto de Serra se chama José Serra. E que ninguém se iluda com palavras ditas há cinquenta anos. O Serra que vale é o da bolinha de papel.

  3. E hoje?

    Alguém viu se houve manifestação de Serra sobre a marcha dos amigos dos militares pela “liberdade”? Qual seria a posição dele hoje?

    1. Tens dúvifdas amigo?

      Tens dúvifdas amigo? Obviamente que hoje ele é totalmente a favor de um golpe militar para tirar na força o governo petista do poder já que o partido dele já tentou três vezes e não conseguiu. São uns safados! Pensam somente neles mesmos! Conseguiram ficar ricos e encher os bolsos do familiares com o dinheiro público (vejam caso Alston/Siemens e privatizações).

  4. Serra

    Tem certeza que este Serra do discurso de 1 de abril de 1964 é o mesmo Serra da bolinha de papel de 2010? Ou ele só estava passando um primeiro de abril na rapaziada?

  5. E 46 anos depois adotou o discurso dos golpistas…

    Serra perde compostura, abraça discurso da ditadura militar e dá show de deslealdade

    Aug 28th, 2010 by Marco Aurélio Weissheimer.

    Em queda livre nas pesquisas e conduzindo uma campanha cada vez mais desorientada, José Serra parece ter perdido também toda a compostura. O candidato tucano à presidência da República tornou-se uma caricatura de si mesmo e não hesita sequer em rasgar a própria biografia. O episódio mais recente desse espetáculo melancólico de auto-destruição política é o discurso que Serra fez para militares da reserva e reformados, no Clube da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Serra comparou o governo Lula ao de João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964. Segundo ele, Lula construiu uma “república sindicalista”, expressão usada pelos golpistas contra o governo constitucional de João Goulart. “Eles (PT) fizeram agora uma república sindicalista. Não pelo socialismo, estatismo, mas para curtir”, disse.

     

    Serra, cabe lembrar, era presidente da União Nacional de Estudantes (UNE) em 1964 e discursou no comício da Central do Brasil em defesa da “república sindicalista” que agora refere, criticamente, para tentar ganhar apoio de militares (ver vídeo acima). Como se isso não bastasse, Serra fez outra média com os militares e criticou a retomada da discussão sobre a Lei da Anistia. “Eles reabriram a questão da anistia, que ao meu ver é um equívoco. Uma coisa é o conhecimento do que aconteceu. A lei pegaria a gente dos dois lados”. Além disso, o candidato deu um show de deslealdade ao falar de seu companheiro de partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Indagado sobre a ausência de FHC e do Plano Real em seu programa, Serra respondeu que “esses temas não comovem a população”.

    Está se transformando em uma figura grotesca e constrangedora.

    http://rsurgente.opsblog.org/2010/08/28/serra-perde-compostura-abraca-discurso-da-ditadura-e-faz-elogio-da-deslealdade/

     

  6. É o Serra nestes audios do

    É o Serra nestes audios do post? pergunto pq tem um sotaque .

    _

    Mudando de assunto, no mesmo assunto:

    Abaixo, vou deixar sem virgula e ponto um parágrafo extraído de um texto, pois não tenho o audio. Trata-se do que foi dito, segundo Steeti, pelo Serra, em 2014.

    ” Lembro-me de uma conversa em 1º de abril numa casa em cidade de Duque de Caxias onde tínhamos marcado uma reunião aquela altura clandestina sentados em torno de uma pequena mesa sala pouco iluminada trocamos figurinhas pessimistas sobre a situação todos duvidando da possiblidade de aliado a Leonel Brizola João Goulart resistir no Rio Grande do Sul para onde fora ao deixar Brasilia.”

     

     

     

  7. E depois de tudo o que foi

    E depois de tudo o que foi relatado pelos comentaristas, ele foi para os Isteites. PODE ? E pq não ? Mas ele era a cobra-presidente do ninho das cobras comunistas, Pois é ! Ora bolas ! Isso é trololó para encobrir a Petrobrás, que veio para  substituir o Mensalão, já mt desgastado e que veio p/ encobrir a MetroLãndia e a Máfia dos Fiscais. O Pó de Minas não precisa, pq já encontraram o culpado, tão rico  por  fazer viagens de helicóptero, mas que era funcionário da câmara dos deputados em MG. E assim caminha a humanidade…..

  8. Fazer um discursinho e pular

    Fazer um discursinho e pular fora na primeira hora é uma atitude típica do Serra. O que ele diz não se escreve, pois é mentira.

    Serra deveria ter organizado a ação da UNE, mas foi o primeiro a fugir. Falar é fácil, deixa uma conversinha mole para inglês ouvir e faz uma saída rápida à francesa para livrar a própria cara.

     

    1. Não seja leviano, ainda que

      Não seja leviano, ainda que seja pago prá isso. Você nem idade tem prá saber como ocorreu aquele tempo, quem teve condições de fugir, quem não teve.

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