A farra do auxílio-moradia nos transforma em país de quinta

 

Enviado por Alfredo Machado

País de quinta

Nassif,

Não posso negar que tal tipo de festança me dá raiva.

Isto aqui é um país de quinta, onde o andar de cima sente orgulho por fazer dele um troço de quinta categoria. Quando uma justiça que é loteada desde sempre por um seleto grupo de moleques, cujas decisões raramente visam o interesse coletivo, restam poucas opções, sumir de uma vez por todas, arrumar doses cavalares de paciência para conseguir tolerar as cretinices que sempre surgem do nada ou a pior de todas, fingir que não sabe de nada neste país de sem vergonhas de toga.

A farra do “auxílio-moradia” vai ter o apoio do Ministério Público Federal?

Por Fernando Brito

Do Tijolaço

Moralidade administrativa, no Brasil, é seletiva.

Vale para uns, mas não para outros.

O auxílio-moradia, que é devido com justiça a quem vai trabalhar fora de sua região de moradia, virou uma farra, depois que o ministro Luiz Fux “liberou geral” o pagamento do benefício a juízes, desembargadores e promotores de Justiça.

Quase R$ 5 mil mensais, mesmo que o cidadão trabalhe na mesma cidade  onde sempre residiu. Pode ter casa prórpia, pode morar com a família, não importa, pois o pagamento independe de comprovação da despesa.

E com direito a receberem, “atrasados”, os últimos cinco anos.

Em suma, uma imoralidade, porque é um abono salarial travestido de verba indenizatória, sobre a qual nem Imposto de Renda incide.

Houve gente de bem, nestas instituições, se insurgindo contra isso, como o ex-procurador geral (no primeiro governo Lula) Cláudio Fontelles, que encabeçou um manifesto contra os “penduricalhos”  que disse estar mercantilizando estas funções.

Um dos procuradores, porém, resolveu agir e representou, como cidadão, ao Tribunal de Contas da União contra a farra do auxílio-moradia.

E por isso, informa o jornal Brasil Econômico, o procurador da República  Luciano Rolim “virou alvo de seus colegas na rede interna do Ministério Público Federal”,

Diz o jornal que, entre os promotores fala-se  até  em “ameaças de representação contra ele no CNMP e de expulsão da associação da categoria”.

Rolim argumenta que representou contra o pagamento porque a instituição a que pertence não o fez:

“Quem me dera tivesse outro órgão ou cidadão tomado a iniciativa! Teria poupado meu tempo e me livrado de muito constrangimento e dissabor”.

É triste que justamente no Ministério Público, que figurou como esperança de um controle legal independente e republicano das práticas admniistrativas no Brasil é que mais claramente se materialize a famosa frase de Ruy Barbosa:

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Redação

9 Comentários

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  1. Mais dia menos dia ainda vai

    Mais dia menos dia ainda vai  haver transformações radicais no Brasil e inclusive um paredão. Tem muito candidato a ele.

     

  2. Não é só isso, tem ainda a

    Não é só isso, tem ainda a vergonhosa punição exemplar da “aposentadoria compulsória”, sendo essa a maior punição para um magistrado no Brasil, na via administrativa…

    Tem horas que dar vontade de esquecer esse país….

  3. Interesse coletivo….

    Discordo um pouco da entrada do texto, pois as decisões frequentemente visam o direito coletivo, porém os deles.

    Agora, os direitos difusos? não!

    Morais? não!

    Éticos?não!

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