Quem é que desonra a memória dos judeus assassinados pelos nazistas?, por Eduardo Ramos

As pessoas decentes e humanas em todo o mundo condenam o atual genocídio, e querem a paz, com um Estado Palestino livre e soberano.

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Quem é que desonra, afinal, a memória dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas?

por Eduardo Ramos

“Lula desonrou a memória de seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas”

A frase acima foi dita pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após Lula ter afirmado que o genocídio provocado por Israel contra os palestinos é comparável ao Holocausto. Vamos à fala de Lula:

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”

Há um erro apenas, ao meu ver, na frase emitida por Lula: ALÉM do holocausto, vários processos de guerra e violência genocida no mundo, contra civis indefesos, são comparáveis a essas duas tragédias: a atual (o morticínio covarde, cruel e cotidiano da população civil palestina, agora encurralada em Rafah) e o holocausto promovido pelos nazistas. Na verdade, a História está repleta de exemplos, há séculos, mas para citarmos apenas os que melhor conhecemos, basta falarmos dos massacres aos negros africanos e aos índios naturais das Américas. Ouvir e ver EUA e Europa defendendo Israel quase que de modo absoluto, com “pequenos puxões de orelha em Netanyahu” por “excessos cometidos” (sic…) é de um cinismo e hipocrisia inomináveis.

Nas redes sociais espalham-se mensagens de judeus com ódio e nojo de Lula e algumas poucas de compreensão, por não só rejeitarem de modo convicto o genocídio provocado por Israel, como por entenderem o que Lula quis, DE FATO, dizer.

Há nas atrocidades humanas mais perversas, diferenças e semelhanças. Netanyahu e os sionistas mais radicais acreditam que Israel “tem o direito de se defender e ao seu povo A QUALQUER CUSTO…”, e um dos argumentos que utilizam para seu desprezo pelo discurso e a comparação feitos por Lula é que “nada pode ser comparado aos campos de concentração e às câmaras de gás”.

Ambos os argumentos são falácias, são sofismas! Primeiro, porque uma nação, um povo, não podem usar como álibi para um genocídio, um massacre de dezenas de milhares de SERES HUMANOS INOCENTES, uma agressão covarde contra eles cometida.

É óbvio que o ataque do Hamas foi um crime contra a humanidade, hediondo, cruel, covarde. Quebrar todos os limites da dignidade humana, civilidade, das leis internacionais, mandar tudo às favas por causa dessa ação do Hamas, não é só errado, é criminoso, é tornar-se tão vil quanto o seu inimigo, pior, porque o Hamas cometeu um gesto criminoso que matou israelenses, Israel comete atos iguais ou piores TODOS OS DIAS, há meses.

O que Lula quis dizer é exatamente isso, em sua comparação: que, DO MESMO MODO que os nazistas trataram judeus como “sub-raça”, “sub-humanos”, matando-os “apenas por serem judeus”, HOJE, Israel encurralou 1,4 milhões de civis no último canto da Palestina que lhes restou para “viver” (uma subvida miserável, sem comida, sem água potável, sem hospitais operacionais, apenas esperando a morte chegar…), como se faz com ratos numa ratoeira. Rafah não tem hoje uma semelhança com o gueto de Varsóvia, tirando o detalhe dos soldados israelenses não estarem lá presentes?

Quem desonra todo o sofrimento havido e as mortes de seis milhões de judeus, não é Lula.

Seu nome e sobrenome é Benjamin Netanyahu, o genocida cínico, cruel e hipócrita até a medula.

As pessoas decentes e humanas em todo o mundo condenam o atual genocídio, e querem a paz, com um Estado Palestino livre e soberano.

(eduardo ramos)

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Redação

1 Comentário

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  1. Um dos maiores artifícios da extrema direita e direita é substituir a discussão sobre algo da realidade por alguma coisa que está no imaginário social. Eu entendo a colocação de Lula como um apelo a todos os israelenses que relembrando o sofrimento gerado pelo holocausto e reconhecendo o significado e importância para a criação de Israel reflitam e criem uma empatia pela realidade trágica e genocídio que esta acontecendo em Gaza. A resposta de Netanhyahu e do governo israelense foi obviamente mudar o objeto da discussão.Sabedor dos significados da palavra holocausto no imaginário social, se fixou nela para não discutir a realidade sangrenta da guerra. Obviamente existem muito a se discutir sobre um regime fascista racista e genocida e tudo isto tem seus paralelos com o nazismo e por isto esta discussão apareceu, mas ironicamente foi Blinken que falou:”Também sei que o presidente Lula é motivado pelo sofrimento das pessoas e quer ver isso acabar.” Parte significativa do jornalismo brasileiro queria uma outra resposta e durante toda a semana pouco falou sobre Rafah. Apenas atacaram Lula usando as palavras de Katz.

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