Poços de Caldas: o prefeito que cortava árvores

É o desrespeito total às tradições, uma insensibilidade ampla em relação ao pequeno comércio e uma destruição implacável de árvores.

Nos anos 20, Poços de Caldas teve um prefeito cujo nome perdeu-se no tempo. Era Benedito alguma coisa. Foi autor da destruição de todas as árvores que enfeitavam a avenida principal da cidade.

Até então, a cidade teve nomes ilustres. O primeiro prefeito foi David Ottoni, descendente de Teófilo Ottoni, líder da Revolução de 1842 em Minas Gerais. Passou por lá também Francisco Escobar, a quem Rui Barbosa chamava de “cabeça de Salomão, por saber tudo o que eu sei e o que eu não sei”. Além do conhecimento jurídico admirável e do conhecimento de latim, era um pianista formidável e um urbanista de primeira. Construiu um Parque Botânico para desenvolver mudas que seriam colocadas nas casas da cidade.

Nos anos 30 teve Assis Figueiredo, que posteriormente foi o ponto de contato do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) com a missão Rockefeller, que trouxe Hollywood para o Rio de Janeiro, incluindo até Orson Welles, e levou a música brasileira para os Estados Unidos.

No meu período de Poços conheci os prefeitos Martinho de Freitas Mourão, um pediatra benemérito, o engenheiro David Ottoni e Haroldo Genoffre Junqueira, que montou um Plano Diretor para a cidade. Nos anos 80, José Aurélio pensou nos problemas das encostas da cidade, preparando projetos para impedir a repetição de tragédias, como a que ocorreu em Petrópolis. Depois, o plano foi abandonado.

Agora, tem-se um prefeito profundamente arrogante e ignorante, sem nenhuma raiz com a cidade. Quando lancei a biografia de Walther Moreira Salles em Poços, no evento da palestra o sujeito levanta a mão, apresenta-se como Sérgio Azevedo, Prefeito da cidade e diz que, sob sua administração, Poços recuperará o brilho perdido.

Bastava bater os olhos para enxergar um arrogante despreparado.

O que se vê é o desrespeito total às tradições da cidade, uma insensibilidade ampla em relação ao pequeno comércio e, agora, uma destruição implacável de árvores.

Luis Nassif

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