Alguns problemas do desenvolvimento tecnológico nacional

Por bast

Comentário ao post “As oportunidades e os desafios do Pré-Sal

Felizmente ou infelimente nem todos que passam pelo blog estão em busca de uma discussão calcada em direita ou esquerda. Eu faço criticas por patriotismo, por ser brasileiro e no caso em questao( desenvolvimento tecnologico) por que vivi isso de perto enfiado em laboratorio de pesquisa sabado, domingo, feriado, madrugadas e por ai vai. Foram uns vinte e poucos anos. Conheco bem entranhas de Universidades e Institutos de pesquisa( sobretudo ciencias exatas). Nao quero me alongar, daria para escrever muitas paginas inclusive abordando temas paralelos como por exemplo remuneracao de pesquisadores, verbas de pesquisa, carreira academica, aspectos culturais da inovacao, etc. Mas vamos ficar numa conversa mais amena.

Nas instituições publicas de pesquisa (em se tratando de desenvolvimento tecnologico) se vc quiser desenvolver alguma coisa de fato, no minimo vao te achar maluco, provavelmente vc fica falando sozinho. A carreira, o “jeito”de funcionamento das coisas nao favorece. Pesquisa por aqui é comprar um equipamento caro( pago pelo cidadao)e a seguir se faz algumas medidas e as vezes se publica alguns resultados. Aquele equipamento que te proporcionou a medida, sempre e feito la fora, passa longe da industria nacional. A tecnologia esta nesse equipamento nao na realizacao da medida, muitas vezes propagada como de ponta. E digo mais- Algumas vezes esse tal equipamento fica em um corredor parado alguns anos porque nao existe infra estrutura para opera lo. Nem sala ou predio, nem gente qualificada- esse prejuizo fica por nossa conta, nos que  pagamos os impostos.  Ao contrario do que alguns pensam, muitas tecnicas de ponta em algumas areas sao realizadas por um pequeno grupo de pessoas e digo mais, em paises com uma industria muito menor que a nossa- exemplo que vi de perto foi um equipamento desenvolvido na Australia por 5, 6 engenheiros e fisicos e que foi comprado pela universidade brasileira ao custo de alguns milhoes de dolares.

Voltando ao tema das patentes, quando se trata de patentes internacionais, esse numero que vc cita e muito pequeno para o montante de dinheiro( dinheiro publico) colocado nesses projetos. Tem que ter cobranca forte para resultados. Diferente de pesquisa basica onde o pesquisador deve ter uma certa “liberdade”, no caso de  desenvolvimento tecnologico( via instituicao/ empresa publica) existe um objetivo claro e para se chegar a um fim nao existe caminho que nao seja trabalhar muito, porem com pessoas com vocacao, onde o corporativismo, o “mexiricanismo” deve ser deixado de lado ou expurgado do laboratorio.

Um numero para vc pesquisar: Uma empresa como a Toyota deposita em media 1000 patentes por ano, a Matsushita( Panasonic) da ordem de 5000/ ano.

Sera que estamos bem? O problema dessas coisas no Brasil e a inercia- ainda se ouve o discurso da falta de verbas, do salario baixo, da falta de incentivos, etc. Hoje essas muletas nao servem, so falta a sociedade cobrar.  

Luis Nassif

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