Cuidado com golpes em preparação na Petrobras e no BNDES, por Luis Nassif

Seria relevante que o Ministério Público Federal e o próprio Tribunal de Contas da União analisassem esses dois movimentos.

Os últimos dias de Pompéia, do governo Bolsonaro, estão provocando movimentos perigosos de boicote. Seria bom que os responsáveis avaliassem melhor as consequências sobre eles próprios.

O caso mais escandaloso é o da Petrobras, com a diretoria e o conselho decidindo antecipar dividendos sobre lucros futuros. Não vai terminar bem. Seria bom esse pessoal pesar bem as consequências, porque poderá resultar em desdobramentos criminais.

O segundo caso é o do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) pretendendo antecipar recursos para o Tesouro Nacional. Se a economia está em crise e o presidente eleito declarou a relevância do BNDES para ajudar na recuperação, a decisão de antecipar o pagamento – e esvaziar o banco – configura-se claramente um boicote e uma usurpação das funções de um governo que acabou de ser eleito e que, a partir de 1o de janeiro, assumirá o controle da economia.

Seria relevante que o Ministério Público Federal e o próprio Tribunal de Contas da União analisassem esses dois movimentos. No caso da Petrobrás, configura-se claramente uma apropriação indébita, com amplo prejuízo para a empresa. No caso do BNDES, houve um boicote.

O tal do mercado

É impressionante como a mídia é canal de transmissão passivo do tal do mercado.

Há duas formas de obter o equilíbrio fiscal: através do aumento das receitas ou corte nas despesas.

Quando a economia está enfraquecida, corte nas despesas significa tirar recursos da economia, acentuando a queda da atividade e, consequentemente, da receita fiscal.

Gastos de governo significam receita da atividade privada e, como consequência, aumento da receita fiscal.

Se o nível de despesa é maior do que o nível futuro da receita, amplia-se a dívida. Se consegue alavancar a economia e colocá-la para funcionar, consegue-se crescimento com redução da dívida.

Nesses momentos de indefinição, no entanto, o mercado usa qualquer argumento para especular. Ontem, além das declarações de Lula, utilizaram até a indicação de Guido Mantega para o grupo de transição do Planejamento para especular. E a mídia cai em todas.

Por aqui, a mídia trata como mercado o grupo de operadores de mesa, interessados apenas nos resultados imediatos. Os pesos-pesados, gestores de grandes fundos internacionais, incluindo a parte racional brasileira, têm outra visão. O fator mais preocupante, hoje em dia, é a questão do aquecimento ambiental. E a pauta-chave é a preservação da Amazônia.

Nesse quadro, Lula torna-se uma liderança avalizada globalmente por dois fatores: a defesa do meio ambiente e a liderança contra a ultradireita mundial.

Sem Lula, ambas as batalhas globais perdem muito. Daí o fato de que haverá enorme apoio ao governo Lula, e financiamento abundante para a transição energética do país. Quando as vozes maiores se fizerem ouvir, os bravos setoristas de mercado deixarão de tratar meros operadores como se fossem os deuses ex-machina da economia.

Luis Nassif

4 Comentários

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  1. A mídia não cai em todas, a mídia especula junto. Seja fato, mentira, ou factoide, a mídia não cai nem se deixa enganar: ela lucra junto, direta ou indiretamente.

  2. Os dois movimentos são um só: O objetivo é manter tudo como está. SE e Petrobrás estiver com o caixa vazio,evidentemente,não poderá mexer na política de preços. Não mexendo da política de preços,favore o desinvestimento e os importadores de gasolina.
    Com o BNDES ocorre o mesmo. Com caixa vazio beneficia os grandes bancos e suas taxas escorchantes de juros.
    O objetivo é claro: Continuar tudo como está.
    O caso dos dividendos da Petrobrás, além de vergonhoso,é também criminoso. Os “investidores”,sempre eles,poderão entrar a justiça alegando terem adquirido o papel com base nas decisões tomadas para essa distribuição e,como no passado nefasto do golista pós presidenta Dilma,levarem em um “acordinho” mais alguns bilhões de nossa estatal.
    Cabe a justiça determinar imediata paralisação de atividades estranhas ao bom andamento dessas empresas estatais,estratégicas para o país.

  3. O projeto da mídia de mercado continua em andamento. Tirada a besta fera do caminho e infiltrado o representante da terceira via na chapa vencedora, resta agora construir as condições para um novo golpe parlamentar e tirar o sapo barbudo do jogo. Parece papo de maluco mas o Brasil é mais doido que eu.

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