O declínio da gigante Microsoft

Coluna Econômica

Ontem, David Einhorn, um dos mais influentes administradores de fundos de investimentos do mercado norte-americano, pediu a cabeça de Steve Ballmer, presidente da Microsoft. Acusou-o pela decadência da empresa – que foi ultrapassada, como valor de mercado, pela Apple e pela IBM.

O caso Microsoft é emblemático sobre a maneira como as companhias crescem e envelhecem.

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NascNascia a era dos microcomputadores pessoais, com as primeiras experiências de sistemas operacionais (SO) para as novas máquinas.

A primeira grande experiência foi o SO CP/M, criado por Gary Kildall, da Digital Research, especialmente para processadores Intel 8080, Intel 8085 e Zilog Z80.

Quando a poderosa IBM decidiu entrar no mercado dos PCs (computadores pessoais) deu a oportunidade que a jovem Microsoft necessitava. Bill Gates adquiriu o CP/M, batizou-o com o nome de DOS e conseguiu se tornar o fornecedor da IBM.

Nos anos seguintes, explodia a indústria de software, despejando novas ideias e funcionalidades através de milhares de novas empresas competindo no universo do DOS.

Enquanto isto, a Apple passava a desenvolver ambientes gráficos. E a Microsoft, ainda contratada pela IBM, começou a trabalhar no mesmo rumo, influenciado por ideias geradas na Xerox.

Quando se sentiu com musculatura suficiente, promoveu o divórcio da IBM. Cada qual partiu do mesmo ponto de desenvolvimento do SO, o da Microsoft batizado de Windows, o da IBM de OS2.

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Apesar de ser um sistema mais robusto que o Windows, o da IBM não decolou. A gigante não tinha se adaptado à era do varejo, do consumidor individual. A Microsoft venceu a batalha por dispor de aplicativos adequados ao novo ambiente.

Na transição do DOS para o Windows, competidores habilidosos do período do DOS – como a Borland e a Lotus – foram deixados para trás, assim como softwares concorrentes, como as planilhas Supercalc, Visicalc, Lotus 123, editores de texto como Wordstar, XYZ.

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Dominando o mercado dos SOs para desktops e o de ferramentas para escritório (planilha-editor de texto-apresentação-banco de dados) a Microsoft estendeu seus domínios sobre todo o setor. O passo seguinte foi desalojar a Novell da liderança dos SOs de rede. E avançar sobre os bancos de dados da Oracle, com seu SQL Server.

Finalmente, aproveitou seu amplo domínio nos desktops para transformar um navegador sofrível – o Internet Explorer 1 – no mais utilizado para acesso à Internet. E ainda experimentou enorme sucesso entrando no universo dos games.

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Esse crescimento vertiginoso acabou quando foi alvo das primeiras condenações pela prática de monopólio.

À esta altura, a Internet tornara-se irreversível. A Microsoft ainda conseguiu fincar pé com o comunicador pessoal MSN – desbancando o ICQ – e com o Hotmail – adquirido no mercado.

Mas, àquela altura, a Apple iniciava o novo ciclo, com seus iPods, iPhones e Ipads, o Google surgia com seus sistemas de busca e novas ferramentas, as novas redes sociais se impunham. E, no lugar de Bill Gates, a Microsoft tinha Steve Balmer. 

Luis Nassif

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