Contra dissidências no Senado, Temer força Reforma Trabalhista antes de Previdência

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcos Corrêa/PR – Fotos públicas
 
Jornal GGN – Se o presidente Michel Temer pretende levar a Reforma da Previdência ao Plenário da Câmara em apenas três semanas, os próprios interlocutores do governo e a base aliada na Câmara acreditam que a votação só deve ocorrer no segundo semestre deste ano. 
 
Um dos empecilhos é a estratégia de condicionar a votação das mudanças na Previdência Social à votação da Reforma trabalhista pelo Senado, que deve retardar ainda mais a liberação das medidas projetadas pelo governo peemedebista.
 
“Só devemos aprovar a Previdência na Câmara depois da reforma trabalhista no Senado. Já conversei com o presidente sobre isso e ele achou a ideia boa. Estamos trabalhando nisso”, disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos parlamentares aliados responsáveis por mapear os votos para a reforma.
 
Mudanças apresentadas ao projeto serão analisadas na próxima terça-feira (09) pela Comissão especial criada na Casa, com 37 integrantes. Mas o relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), já adiantou nesta sexta-feira (05), que não haverá nenhuma modificação no relatório apresentado e que mudanças serão analisadas, agora, apenas levada à votação pelo Plenário da Câmara.
 
Sobre os protestos de agentes penitenciários, que acabaram encerrando os debates na última quarta-feira (03), o presidente da comissão, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), classificou como “interrupção indevida” e disse que os deputados não podem ser “coagidos” por qualquer categoria. “Na marra não vai, não é possível”, completou Marun.
 
“Não tenho mais nenhum poder sobre isso, quem deve decidir sobre isso agora é o plenário”, também se manifestou o relator, sobre a falta de chances para mudanças no projeto nesta fase. Até agora, o parecer de autoria do deputado Arthur Oliveira Maia foi aprovado por 23 votos a 14 na comissão da Câmara, faltando a votação de 11 destaques.
 
Como parte do protocolo, essa análise ocorrerá na próxima terça, sem expectativa de alterações, ainda que com pressões de diversas categorias trabalhistas. Após passar pela comissão, a proposta de emenda à Constituição (PEC) segue para o Plenário da Câmara, precisando ser aprovado por três quintos dos 513 deputados, em dois turnos de votação.
 
Com as pressões e a estratégia de analisar o caso apenas após a liberação, pelo Senado, da Reforma trabalhista, o projeto deve ser votado apenas em junho pelo plenário. A medida já superficialmente anunciada por Beto Mansur partiu de uma estratégia do próprio governo Michel Temer de pressionar o Senado a aprovar as mudanças trabalhistas.
 
O mandatário também busca outras ferramentas para a aprovação imediata de suas medidas. Reuniu-se com a cúpula do PSDB, elogiando a aliança do partido tucano com o governo e pedindo respostas. O PSDB afirmou que só fecharia questão nas regras da aposentadoria, ou seja, posicionasse orientação de todos os integrantes do partido a votar a favor, se a sigla do próprio presidente, o PMDB, também o fizesse antes.
 
No partido que leve a base do mandatário no Congresso, as medidas propostas por Temer só aumentaram as dissidências entre deputados e, principalmente, senadores do PMDB com o Planalto. Entre os nomes de sinais de maior enfraquecimento da sigla está Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do governo no Senado.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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