Crise de abastecimento em Minas estava anunciada desde 2011

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Crise da água em Minas: o preço do descaso

Por Alessandra Mendes

No Hoje em Dia

A crise de abastecimento de água em Minas já estava anunciada desde 2011. O cenário de hoje poderia ter sido atenuado, caso as medidas necessárias tivessem sido tomadas.

Dados do Atlas Brasil, relatório feito pela Agência Nacional de Águas (ANA), mostraram que apenas 50% das sedes urbanas mineiras apresentaram abastecimento satisfatório até 2015. Para a outra metade, já eram previstos problemas na oferta de água. Seriam necessários investimentos de cerca de R$ 890 milhões em obras para evitar a crise. Ao que tudo indica, o alarde não foi tratado com a devida importância.

As intervenções apontadas pelo levantamento estavam relacionadas à adoção de novos mananciais para suprir a demanda de 30 municípios e a adequação de sistemas de produção já existentes para alimentar outras 394 cidades mineiras. Obras que já estavam previstas pelas companhias de abastecimento de água nas projeções de médio e longo prazos.

Com base no cruzamento de dados entre oferta e demanda, a ANA concluiu que algo deveria ser feito para evitar um cenário crítico. “Mesmo que não tivesse havido a seca tão intensa, que pegou a todos de surpresa, já havia a projeção de problema no abastecimento. Daria para se preparar melhor. E a situação poderia ser ainda pior se o crescimento populacional projetado no Atlas tivesse se confirmado”, explica a especialista em recursos hídricos da ANA, Elizabeth Juliatto.

Para ela, as empresas podem ter usado o aumento populacional abaixo do previsto para postergar obras de ampliação. “O setor percebe que o crescimento populacional não está se verificando como o Atlas mostrou, então resolve adiar as intervenções, achando que ia dar tempo. Mas o setor foi pego de surpresa com a menor oferta de água e não com a maior demanda”, afirma Elizabeth. Conforme a especialista, independentemente de qualquer coisa, a preparação para uma situação como a vivida hoje poderia ter sido mais eficaz.

Recursos

O alerta, amplamente divulgado há 4 anos, parece não ter surtido efeito nas prefeituras e autarquias que prestam serviços de saneamento em 21% dos municípios mineiros, onde os sistemas de abastecimento de água não são administrados pela Copasa. “Essas cidades investem apenas em manutenção do sistema. Elas não têm recursos para obras de grande porte em mananciais. Para isso, dependem de recursos estaduais e federais”, alega a vice-presidente da Associação Nacional de Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), Tânia Duarte.

Mas os recursos também não chegam. Muitas vezes, por falha dos próprios municípios. “Para obter o recurso, as cidades precisam, conforme a lei, ter o plano municipal de saneamento. A maioria não tem. Não são feitos planejamentos e só quando o problema ocorre é que procuram resolver. A verdade é que se o Atlas tivesse sido levado mais a sério, a situação hoje seria menos crítica”, avalia Tânia.

A Copasa, companhia que administra o sistema de abastecimento de água de 71% dos municípios de Minas, foi procurada para falar sobre o assunto, mas até o fechamento dessa edição a empresa ainda não havia informado o quanto foi gasto em obras de abastecimento desde 2011 e quais foram as intervenções realizadas.

Na avaliação do especialista em mudanças climáticas, Milton Nogueira, houve descaso. “Tanto as empresas quanto a população poderiam ter feito algo diante do cenário já previsto. Não só com relação a obras em mananciais, mas também no que se refere à preservação de florestas e conservação de mata ciliar e solo. Não adianta fazer obra, se a água não estiver mais lá”, destaca.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. crise dagua

    O ultimo grande investimento da COPASA foi ainda no governo Nilton Cardoso na decada 80/90. O Sistema Serra Azul. De la para ca, na região metropolitana de BH nada de significativo foi feito. Já naquela epoca, quando se pensava a longo prazo pelas estatais, projetou-se a captção de aguas do Rio Paraopeba. BH esta entre duas bacias Roo das velhas e Rio Paraopeba. Depois veo o processo de abertura de capital e a preocupação passou a ser gerar dividendos aos acionista e não, frnecer agua a população. Pimentel, quamdo prefeito de BH, vendeu, alegremente na Bolsa de NY, as ações da copasa pertencentes a PBH. A Cemig, após a corajosa atuação do Itamar Franco, no governo Aécio foi pelo mesmo caminho. È criminosa as atitudes de nossos governantes.

    1. “O ultimo grande investimento

      “O ultimo grande investimento da COPASA foi ainda no governo Nilton Cardoso na decada 80/90”:

      Espera la que a ultima vez que eu ouvi falar no assunto, Aecio tinha “investido” um bilhao de reais no Rio das Velhas!  Lembro mem bem porque eu sou otario e acreditei piamente aa epoca, tanto que o documentei aqui.  Eu vi cada um desse bilhao de reais o dia que tive que cheirar o rio das Velhas por quase uma hora esperando um onibus pra Barao de Cocais, entao sei que era puta, digo, pura verdade.

      O rio das Velhas nao tem cheiro de esgoto, ok?

      Tem cheiro de Chanel #5, gracas a Aecio.

  2. Crimes ambientais !!!

    O Governador de MG, Fernando Pimentel, irá decretar racionamento de água no estado.

    A situação em MG é tão critica quanto em SP !!!

    Motivo da falta de água em MG ?!?

    O ex-secretário TUCANO, dos governos Aécio / Anastasia, forneceu licenças IRREGULARES para as mineradoras do estado. Resultado, várias nascentes morreram e os danos ao meio ambiente são IRREVERSÍVEIS.

    Dezemas de ciades já decretaram racionamento, rodízio de água e muitas já cancelaram as festas de carnaval !!!

    http://racismoambiental.net.br/2014/05/combate-especial-ministerio-publico-de-minas-denuncia-ex-secretario-e-outros-altos-funcionarios-da-semad-por-crimes-em-favor-da-mmx/

    http://www.robertomoraes.com.br/2014/05/demissao-de-secretario-de-meio-ambiente.html

    Para variar, a velha mídia coloca a culpa da falta de água no consumo da população….rs

  3. Dois detalhes não foram

    Dois detalhes não foram negligenciados pelos demotucanos: a distribuição de dividendos aos acionistas e os polpudos salários dos “conselheiros”. 

  4. Coitado do Pimentel

    O Pimentel ainda vai descobrir muitas bombas aí, que provavelmente a mídia vai jogar no seu colo.

     

    E o Nassif ainda defende os governos do Aécio e do Anastasia em Minas…

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