Dilma inicia combate com apoio de legalistas no Brasil e no mundo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Após a agenda completa de eventos em prol da Democracia e de direitos constitucionais, com explícitas manifestações de apoio de juristas, advogados e reconhecidos nomes do Direito, a presidente Dilma Rousseff reagiu com motivação à resposta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu às investigações e cerceamentos de sua liberdade pela Lava Jato, e também irá às ruas por uma campanha em defesa de seu mandato.
 
Em agenda na última semana, Dilma foi à entrega das unidades do programa federal Minha Casa, Minha Vida, em Feira de Santana, na Bahia, e usou o seu discurso para adiantar o tom de embate: “Vocês conhecem gente do contra, não conhecem? (…) Quero dizer para vocês que nós estamos aqui lutando contra esse povo do ‘quanto pior melhor’. Ninguém vai nos impedir de continuar fazendo o Minha Casa Minha Vida, nem de combater a inflação”, disse na sexta (18).
 
E anunciou a entrada do Lula como força política para o embate: “Quando vocês estão enfrentando alguma dificuldade, vocês não chamam um parente, um amigo para ajudar? Chamam. Pois eu chamei um grande amigo meu – e de vocês – o presidente Lula”.
 
Dilma apresenta-se mais combativa, desde que as interceptações telefônicas de conversas entre ela e o ex-presidente Lula foram repassadas para imprensa e, após amplamente disseminadas, colocadas para o julgamento público.
 
De acordo com o Painel da Folha, pesquisas internas revelam que a petista precisa ir mais às ruas para mostrar que está para lutar e que o governo não ficará paralisado nessa crise política. Uma das formas de atuação serão os discursos de enfrentamento, durante a entrega de inaugurações e obras, como ocorreu na última sexta. Os levantamentos sinalizaram que a população reage positivamente quando Dilma faz intervenções públicas e não se mantém reclusa aos ataques.
 
Já nesta quarta (23), a presidente visitou obras de infraestrutura de solo para operação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, do Centro de Operações Espaciais (Cope), em Brasília. No evento, aproveitou para se manifestar em coletiva de imprensa, elogiando a decisão de Teori Zavascki a favor de Lula. Na ocasião, disse que o ex-presidente tem todas as condições para assumir um cargo de ministro-chefe da Casa Civil e que está lutando para que isso aconteça. 
 
“A Constituição vale para presidentes da República, juízes, Ministério Público, Polícia Federal, para todos os cidadãos. (…) Então, considero a decisão do ministro Teori importante porque ela estabelece o primado da lei nas relações dos órgãos que investigam o presidente Lula”, afirmou.
 
Mas o tom formal foi logo quebrado, ao declarar, mais uma vez, sua opinião diante dos últimos acontecimentos da Operação Lava Jato. “Foi uma violência legal vazar diálogos pessoais, que não fazem parte do conteúdo da investigação, é uma violência. É um padrão que não se deve aceitar, não se deve compactuar com ele”, emplacou.
 
Dilma voltou a frisar a necessidade de garantir o estado democrático de direito, que foi “conquistado a duras penas”, após os anos de ditadura do regime militar brasileiro. “A sociedade brasileira conquistou a duras penas, muito duras, (…) um país com direito de expressão, liberdade de manifestação, com instituições sólidas. Respeitá-las, preservá-las é objetivo nosso”, disse, ainda.
 
Essa tem sido a tese repetidamente exposta pela presidente e por juristas de diversas organizações e associações e nomes de peso do Direito, a exemplo do Encontro com Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia, realizado nesta terça-feira (22) no Palácio do Planalto. A reunião também revelou uma outra frente estratégica do Planalto, iniciado nesses últimos dias e que se seguirá nos próximos: o de mostrar ao mundo que a democracia brasileira está sendo ameaçada por oportunistas da oposição, sob o disfarce da bandeira “anti-corrupção”.
 
 
Apoio internacional
 
No encontro com os juristas, por exemplo, foram convidados cerca de 150 embaixadores estrangeiros em Brasília. Destes, cerca de 70 estiveram presentes, entre eles os da Itália, do Reino Unido, da Bolívia, do Equador, de Cuba, da Rússia, e inclusive, de Israel, que enviou o seu encarregado de negócios – por ainda estar no impasse sem a indicação do novo embaixador.
 
“Jamais imaginei que voltaríamos a viver um momento em que fosse necessário mobilizar a sociedade em torno de uma nova campanha pela legalidade como estamos fazendo hoje”, disse a presidente, em seu discurso de ontem. 
 
A consequência é que, aos poucos, os países estão tomando consciência, seja por meio de seus representantes estatais, seja pela imprensa não inserida no contexto homogeneizado do monopólio de informações – a exemplo da publicação de Glenn Greenwald no The Intercept -, e dispara sinais de alerta para o que pode ocorrer com o Brasil, caso a sequência de abusos iniciada pela Lava Jato e desencadeada no Congresso Nacional com o impeachment seja concluída. 
 
De Portugal, o professor catedrático da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, enviou uma mensagem ao Brasil de apoio à democracia e contra as “forças golpistas”. “Eu tenho confiança expressa que as forças desestabilizadoras, as forças golpistas serão travadas e a democracia regressará à sua normalidade e todos nós voltaremos ao nosso trabalho por uma sociedade melhor, mais justa e mais equilibrada”, desejou o catedrático.
 
A chanceler argentina foi uma das primeiras a anunciar: se a crise política brasileira se acentuar e gerar mudanças “que não sejam por meio das instituições democráticas e da Constituição”, como é o caso de um golpe, a Argentina poderá pedir a suspensão do Brasil no Mercosul.
 
Para a ministra de Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, “uma desvinculação temporária poderia acontecer”. “Apoiamos a presidente, que foi eleita democraticamente”, completou. Malcorra ainda afirmou que os membros do Mercosul irão se reunir, nos próximos dias, para discutir a situação brasileira e dar “um sinal de apoio institucional”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Leia o que vc escreveu!
    Diz vc que discurso em inauguração de MCMV é relevante.
    Palavras não interessam! O que interessa É onde elas são ditas.

    Abraço

    Ela tem que ir ao Estado Maior das Forças Armadas! Esse é o discurso que aguardo com ansiedade!

    1. Brasileliros, a favor da

      Brasileliros, a favor da democracia, vamos participar de todos os protestos contra a Globo. Não vamos deixar que o interesse desta emissora sobresaia sobre todos os nossos. Afinal, o Brasil é uma republiqueta? Penso que não, assim, vamos encarar e vencer esta manipuladora de inocentes Globo. 

  2. Melhor a Dilma começar a

    Melhor a Dilma começar a preparar a sua defesa, segundo o site do o g1, o Dr. Jonot envio petição  que visa investigar a Presidenta, Lula e Aécio (esse ai só pra disfarça). Alto comando fez aquele discurso só para distrair, agora parte para o ataque.

  3. LULA E DILMA NAS FORÇAS ARMADAS

    Há Muito tempo , decadas as nossas forças armadas sofre com o descaso de muitos Governos . As duas pessoas hoje envolvidas pelos Golpistas nessa embrolio , foram os dois presos e torturados pela Ditadura , mais mesmo assim quando chegaram ao Poder Maximo desta Nação não usaram o Odio para com aqueles que os machucaram . Nunca vi um In vestimento tão GRANDE em nossas Forças Armadas e eles sabem disso , saiu do Papel o tão sonhado Submarino Nuclear com Tecnologia Nacional , sairam do Papel os Caças Grinpeen de 5 Geração , sairam do Papel a Valorização das Forças Armadas deste País , hoje da Orgulho de ser Militar de uma Força realmente capaz de Nós defender . Sairam do Papel a compra de Varios e Modernos equipamentos para as forças terrestres e etc…. O PT fez e faz muito por nossas FA . FORA GOLPE , DILMA FICA !!!

  4. Mas se continuar financiando o PIG e seminários golpistas*…

    Não vai adiantar muito.

     

    * A Itaipú Binacional está patrocinando o convescote do empresário-togado Gilmar Dantas em Portugal!!! Desse jeito, fica difícil.

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