Esquema para salvar Cunha reforça tese de golpe em Dilma, diz Kennedy Alencar

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A Câmara assina o atestado de “covardia” e demonstra medo de Eduardo Cunha (PMDB) ao aceitar o esquema para livrar o deputado da cassação em plenário. A opinião é do jornalista Kennedy Alencar.

Segundo artigo publico nesta quinta (11), o “presente” para Cunha – marcar a cassação para um dia em que o quórum será baixíssimo – é sinal claro de que os parlamentares não querem pagar para ver o que o ex-presidente da Casa pode entregar à Justiça caso perca o mandato, seja preso e venha a fechar um acordo de delação premiada.

O jornalista destacou que essa manobra para salvar o peemedebista após o afastamento definitivo de Dilma Rousseff “reforça a tese de golpe” adotada pelos aliados da presidente eleita, que apontam que Cunha só deflagrou o impeachment em retaliação aos desdobramentos da Lava Jato.

Por Kennedy Alencar

Governo e Câmara tentam salvar Cunha

Marcar a votação da cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para uma segunda-feira, dia 12 de setembro, no meio das eleições municipais, é uma clara articulação para facilitar a vida do ex-presidente da Câmara.

Será um escândalo realizar essa votação num dia de baixa presença no Congresso Nacional. Como são necessários 257 votos dos 513 deputados para que Cunha seja cassado, essa data é um presente para o peemedebista e um tapa na cara da sociedade diante da quantidade de acusações graves que pesam contra ele.

Mais: mostra que o governo e boa parcela da Câmara temem segredos que Cunha possa tornar públicos. Aprovar o impeachment de Dilma e dar a Cunha a chance de escapar confirma o uso de dois pesos e duas medidas e reforça a tese de um golpe parlamentar contra a petista.

É inusual marcar a votação para uma segunda-feira, porque cassações são geralmente votadas às quartas, dia de maior quórum no Congresso. Aliás, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está quebrando uma promessa de votar a cassação num dia de presença alta no plenário, a fim de evitar que seja responsabilizado por eventual salvação de Cunha. Maia mudou o discurso pressionado pelo governo, que não assume isso publicamente, e por líderes partidários comprometidos com os segredos que dividem com o ex-presidente da Câmara.

Marcar a votação da cassação para depois do impeachment de Dilma permitirá o discurso de que seria melhor deixá-lo responder às acusações da Lava Jato com o mandato de deputado federal a fim de não criar tumulto na economia. Deixar Cunha como um problema apenas do Supremo Tribunal Federal é uma covardia da Câmara dos Deputados.

Essa votação deveria ter sido marcada para esta semana ou para a próxima, como sugeriu Rodrigo Maia quando se elegeu presidente da Câmara. Mas ele deu sinais de que embarcou na articulação para salvar Cunha.
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. Salvar Cunha e relevar todos
    Salvar Cunha e relevar todos os seus crimes é algo que parte importante de uma população doente e ávida por vingança não só aceita como deseja.
    É a consumação de tudo o que assistimos até aqui.

  2. Me lembrou Caetano .

    “Enquanto os homens exercem seus podres poderes”.

    O nosso legislativo está merecendo que se jogue uma bomba na câmara e no Senado.

  3. Americanos enxergam longe o

    Americanos enxergam longe o que querem enxergar,Bernie Sanders,senador democrata americano,que deu lugar à  Hilary Clinton,não mediu palavras chamando o que está em curso de golpe. Com a manobra ,melhor, chicana,o  filho do ex-prefeito da Globo,no Rio,se alia  ao  timoneiro do Titanic na escolha do rumo: direto ao iceberg.

  4. Puxa!

    “(…) Aprovar o impeachment de Dilma e dar a Cunha a chance de escapar confirma o uso de dois pesos e duas medidas e reforça a tese de um golpe parlamentar contra a petista.”

    Não há o que comentar. Vamos lá, moçada, nosso amigo Kennedy Alencar merece apenas um entusiasmado e prolongado oooooooooooohhhhhhhhhh!

  5. A câmara dos de(s)putados não

    A câmara dos de(s)putados não tem medo do acunhado, apenas, são sócios e associados nessa súcia que leva o país ao abismo. Obviamente que o tal maia (tal pai, tal filho) só pode orquestrar a absolvição do acunhado, afinal, são porcaria da mesma infame espécie). O jogo da direita continua sendo jogado pelos mesmos de sempre (saudades do René Dreyfus).

  6. ESSE TIPO DE JORNALISTA E

    ESSE TIPO DE JORNALISTA E OUTROS SÃO SIGNATÁRIOS DESSA ARMAÇÃO em sua maioria e agora fingem-se de rogados, apostam no pior a qualquer custo e agora querem a disposição de TEMER junto com CUNHA via justiça eleitoral e a implantação do seu estado mínimo superavitário, vão vilanizar a burocracia e empregados públicos pelo golpe e conclamarão um novo CAÇADOR DE MARAJÁ, a tragédia se repete como farsa vivemos um ambiente pré Sarney e o toda desenvoltura de mundo político sem comprometimento a única diferença é um JUDICIÁRIO COOPTADO, a toga reacionária e prepotente na verdade rendeu-se ao compadrio das elites e o povo enxergou que vivemos um estado exceção. O Jornalismo maroto e submisso não tem coragem de se voltar contra o mundo político e usa a máquina pública como escape.

  7. Ao marcar a votação para uma
    Ao marcar a votação para uma segunda-feira, além de contar com um quorum baixo, Rodrigo Mais concede um álibe para os deputados não comparecerem. Vão alegar que não conseguiram vôo é ficaram impossibilitados de comparecer.
    Fica um castigo para os parlamentares de esquerda que votaram em Rodrigo Mais para presidente da Câmara. Deveriam anular o voto, em protesto contra o golpe.

  8. Mas quem não sabia que era

    Mas quem não sabia que era ISSO o que ia acontecer? Quem não sabia que foi golpe para tirar o PT do poder?

    Vejo também que ficou claro uma coisa: o PT não soube identificar seus inimigos. Isto vai custar muito caro ao país. Calculo mais 20 anos de retrocesso em todas as áreas. Mas que fique de lição para a esquerda e nacionalistas: com essa gente não há pacto possível, não há negociação, não deve existir tréguas, acordos. Nada. É guerra permanente e sem fim. Tudo que tiver que ser feito que se faça, mas com apenas um objetivo: destruí-los.

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