Há uma “janela de oportunidade” que Dilma não está vendo, diz Haddad

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse em entrevista à jornalista Mônica Bergamo (Folha), publicada nesta sexta-feira (13), que há uma “janela de oportunidade” na capital paulista que o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) não está percebendo com “a devida atenção”.

Haddad tentará se reeleger em 2016 e, para isso, precisará nadar contra a cobertura negativa que a grande imprensa faz de seu governo e mostrar quais promessas de campanha conseguiu tirar do papel. Para isso, ele deveria contar com ajuda do governo federal. Mas em meio à crise política e econômica, a Prefeitura de São Paulo tem enfrentado dificuldades para obter recursos que Haddad não esconde na entrevista à Folha.

Além de criticar o contingenciamento de verbas e a polícia econômica encampada por Dilma desde a reeleição, Haddad também fez emendas à “governança” que o governo federal deixou de implantar em empresas estatais, como a Petrobras, para evitar escândalos de corrupção como a Lava Jato.

“Nada supera a força do exemplo. Eu estou à frente do executivo da maior cidade do Brasil. A melhor coisa que posso fazer é mostrar que é possível administrar uma cidade desse porte com correção – não só com gestos pessoais mas também com gestos institucionais. Nos governos dos presidentes Lula e Dilma, isso foi feito. Os ministérios, e mesmo a administração indireta, sofreram investigação de órgãos que o PT criou ou para os quais deu força e autonomia, como a CGU (Controladoria Geral da União), o Ministério Público, a Polícia Federal. Onde erramos? Não criamos a mesma governança no plano das estatais. E isso vai ter que ser feito”, disse Haddad.

O prefeito afirmou que desde que assumiu São Paulo, praticou uma política financeira local que considera “impecável”, ao contrário de seus sucessores. “Contratos foram revistos. Superamos o problema dos precatórios. Renegociamos a dívida com a União. Criamos uma secretaria de combate à corrupção. E mandamos para a Câmara a reforma da Previdência”, apontou Haddad.

Na opinião do prefeito mais “tucano” que o PT já teve, a insatisfação da população paulistana demonstrada em pesquisas de opinião como o Datafolha, principalmente entre moradores de áreas mais pobres – onde está o nicho eleitoral do partido – é uma “circunstância complexa”, mas que será superada tão logo o Paço tiver espaço na mídia para mostrar o que já realizou em três anos.

“Há a questão [da crise] do PT, do governo federal e ainda a recessão. E nós ainda não tivemos a oportunidade de defender a gestão. A imprensa aponta as deficiências. E as qualidades? Onde aparecem? Ainda mais agora que você tem candidatos que são diretamente ligados a grupos de comunicação [Luiz Datena, da TV Bandeirantes, Celso Russomanno, da TV Record]? Tem uma narrativa que precisa ser construída. E isso em geral é feito na campanha”, comentou.

Para Haddad, o PT “já demonstrou capacidade de resiliência muito grande” e poderá superar a adversidades atuais.

Incitado a fazer uma avaliação da política econômica do governo Dilma, Haddad destacou que a Fazenda tem perseguido dois objetivos: “trazer a inflação para o centro da meta e estabilizar a relação dívida/PIB. De um lado, adotou uma política monetária mais austera e, de outro, uma política fiscal austera. A minha percepção é a de que existe uma contradição. O governo não conseguirá promover as duas coisas simultaneamente. A política monetária está corroendo a política fiscal. Talvez essas políticas tenham que ser recalibradas, para a retomada do crescimento. Tem que recalibrar.”

Caso isso não aconteça, o preço será o “comprometimento do emprego acima do suportável”, algo politicamente prejudicial ao PT.
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. Como assim, o “prefeito mais

    Como assim, o “prefeito mais ‘tucano’ que o PT já teve”? Poucas pessoas representam tão bem o PT quanto Fernando Haddad.

    Já ser tucano, como todos estamos vendo, é chafurdar num mar de lama e sangue. Se o PSDB foi, algum dia, um partido decente, hoje seus representantes são Aécio Neves da Cunha, o aéreo playboy inconformado, Fernando Henrique Cardoso, vetusto ressentido ao cair do pano, José Serra, o morto-vivo, Geraldo Alckmin (aquele que fecha escola, manda bater em manifestante, envolvido com Siemens e Alstom, que vendeu a Sabesp, mascara estatísticas de crimes cometidos pela polícia e esconde informação pública sabe?), Aloysio Ferreira Nunes, o raivoso que orientou os revoltados, “quero ver Dilma sangrar” e por aí vai… Mas nada a ver com Fernando Haddad nem com o PT.

    1. Concordo com tudo o que disse

      Se fosse um Tucano, não teria essa perseguição da mídia e dos coxinhas.

      No fundo, eles sabem que Haddad é um ameça futura que tem de ser combatido, como Lula está sendo.

      Quando se olha as entrevistas do prefeito, percebe-se o quanto que é bem preparado, tem raciocínio rápido e comporta-se muito bem em debates. Sheherazade e Villa não esquecem a surra que levaram na entrevista à Jovem Pan. A primeira ficou desnorteada logo no primeiro golpe. Ambos devem morder os cotovelos de raiva até hoje.

      Não nos devemos esquecer que o PSDB não tem um candidato para 2018 para o governo do estado.

       

  2. Haddad vai ser massacrado na

    Haddad vai ser massacrado na eleição…. uma pena!

    Vai pagar pela incompetência da Dilma.

    Vamos jogar no lixo o político mais competente do Brasil na atualidade por conta do antipetismo doentio.

  3. Há um monte de outras janelas de oportunidades

    Por exemplo, Bancos Públicos agindo e comportando-se estritamente como bancos privados, fazendo cara de não é comigo, por exclusiva falta de comando, de alguém que dê ordens. Ou que pelo menos saiba que eles, os bancos públicos, existem. 

     

  4. Verdades …

    .. vejo nessa iniciativa uma verdade :  nunca vi a midia fazer tantos ataques infundados e nao receber a devida resposta do governo.

    mesmo que fosse pelo fechamento do registro da tubulaçao que conduz seu oxigenio … as verbas estatais.

    e o pior: a midia internacional repercute  o achincalhamento da moral do povo brasileiro ao mundo.

  5. Na cidade de SP vou torcer

    Na cidade de SP vou torcer pelo Datena, o coxinha Dória ou Russomano.

    A cidade de SP não merece o Haddad.

    O prefeito é demais para ela. Para ficar compatível com o governo do estado, qualquer um dos três serve. Merda por merda …

    Na minha opinião, o Lula tem que carregar o Haddad para rodar o país, e indica-lo para concorrer em 2018.

    Haddad sai fora disso, deixa esses coxinhas se ferrarem para lá !

  6. Dilma tem que voltar de “Marte”

    Haddad na mira certa. Se conseguir mostrar ao paulistano, principalmente da periferia o que tem feito, tera toda as chances de se reeleger.

    Quando ao empréstimo do governo federal que não vem… Basta prestar atenção na foto, Dilma esta bem em Marte, enquanto Fernando Haddad fala 🙂

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