Michel Temer e seu verdadeiro legado, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Michel Temer e seu verdadeiro legado

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Hoje o Estadão publicou uma peça de ficção maravilhosa:

“Rejeitar o legado de reconstrução do País promovido por Michel Temer é apoiar a volta da inflação, o aumento dos juros, a diminuição dos investimentos”. O texto começa com três mentiras e uma meia verdade. 

– reconstrução do País: Michel Temer estraçalhou o Brasil extinguindo a Controladoria Geral da União e acelerando a privatização da Petrobras e da Eletrobras.

– o aumento dos juros: a Selic caiu um pouco, mas o endividamento do Brasil aumentou assustadoramente sob o usurpador, portanto, a queda da Selic é irrelevante; os juros bancários continuam aumentando e já chegaram a 243,5%.

– volta da inflação: o desemprego aumentou para 13,1% da população ativa; em 17% dos lares brasileiros a comida está sendo cozinhada com lenha, pois o preço do gás subiu assustadoramente;

– diminuição dos investimentos: Michel Temer reduziu a importância dos Bancos públicos na economia brasileira e está sucateando o BNDS, mas os investimentos privados externos no Brasil não aumentaram.

Diz o autor da peça de ficção que:

“É, portanto, um tremendo equívoco eleitoral colocar-se contra a agenda de reformas de Michel Temer, já que significaria pleitear o retorno ao populismo irresponsável dos governos petistas, que, como é amplamente sabido, geraram a mais grave crise econômica e os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia.”

Impossível dizer que mundo esse cidadão está vivendo. O verdadeiro legado de Michel Temer é um país destroçado e mais endividado, cheio de desempregados e miseráveis subempregados obrigadas a usar fogões a lenha improvisados porque não tem dinheiro para comprar gás em que os juros bancários são estratosféricos e os investimentos públicos e privados minguaram.

A credibilidade internacional do Brasil, construída com esforço ao longo de duas décadas, foi estraçalhada por um governo que imagina o país como um quintal das petrolíferas estrangeiras. O pré-sal, um bônus natural que poderia ser utilizado para irrigar a economia brasileira e desenvolver o país, está sendo desperdiçado. Em breve seremos obrigados a importar gasolina, porque as companhias estrangeiras perceberão que é menos lucrativo refinar petróleo no Brasil do que vender aos brasileiros o nosso próprio petróleo refinado no exterior e exportado a preço de banana.

Michel Temer vive numa bolha de auto-ilusão. O autor do texto laudatório publicado no Estadão apenas e tão somente assoprou mais ficção na vida política do país como se nós todos (o usurpador e seu amigo no Estadão incluídos) não tivéssemos um encontro marcado com a realidade.

A economia brasileira tombou. Ela dificilmente irá se levantar depois da eleição. A esperança deu lugar a frustração (resultado do golpe de 2016 disfarçado de impedimento), a frustração deu lugar ao medo (isolamento internacional do Brasil, aumento do desemprego, redução de investimentos, juros bancários elevados) e em breve o medo dará lugar ao ódio (exclusão de Lula da disputa eleitoral de 2018). O resultado do processo desencadeado pela ambição de Michel Temer de ocupar o cargo que foi atribuído à Dilma Rousseff será uma verdadeira anarquia.

Os conflitos entre as autoridades do Judiciário e do MPF são apenas o sintoma de uma doença terminal que está sendo gestado no interior do Brasil. Nesse sentido, o verdadeiro legado de Michel Temer não foi referido pelo autor do texto publicado no Estadão: ele será uma amplificação da guerra civil que o usurpador começou quando escreveu sua famosa cartinha cheia de frases feitas e brocardos latinos defendendo o neoliberalismo. A ponte para o futuro será a pinguela que levará milhões de brasileiros para o cemitério.

 
Fábio de Oliveira Ribeiro

1 Comentário

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  1. O mais absurdo
    O mais absurdo é que esse e outros jornais do gênero, supostamente, seriam os porta-vozez de interesses dos capitalistas botocudos.

    Como se vê, nossos negociantes estão muito mal ajambrados em termos cognitivos.

    Em outras palavras, estão movidos à idiotia mais deslavada e rasteira.

    Em outras palavras, ainda, estão mesmo sendo traídos por aqueles que se arvoram à primazia de os manter informados.

    Não há outra explicação, isso só pode estar sendo financiado pela concorrência a título de diversionismo.

    A pergunta de resposta óbvia que fica no ar feito chumbo grosso é: quem são os concorrentes dos capitalistas brasileiros?

    Responderiam os mais liberalóides entre os desnaturados, sem que lhes faltase a metade da verdade: “ora, o capital não tem pátria!”

    Nesse caso, o termo “São Paulo” no nome desses diários estaria sendo, praticamente, usurpado.

    Mais sincero, então, seria o “Globo” , já anunciando de cara ao que veio.

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