Seca no Sudeste tem contornos especiais, diz climatologista Carlos Nobre

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Mesmo tentando plantar a cizânia entre o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e seu secretário de Politicas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, Carlos Afonso Nobre, a matéria da Folha traz bons  elementos para a dicussão da crise hídrica no estado de São Paulo. Nobre é um estudioso da mudança do clima e está muito preocupado com a questão hídrica no Sudeste, e Aldo, em alguma entrevista, descartou o tema. Mas o climatologista avisa que as condições do Sudeste não o torna uma região de fácil previsibilidade para secas e chuvas, mesmo pensando em termos de semanas. Nobre avisa, entretanto, que o fato de não ser possível relacionar diretamente a mudança climática a episódios específicos não significa que os governos devam ignorar o tema, e é preciso se preparar para o aumento de eventos extremos causados por estas mudanças. Leia a matéria da Folha.

 

da Folha

É difícil atribuir seca em São Paulo ao aquecimento global, diz climatologista

Marcelo Leite

O renomado climatologista Carlos Afonso Nobre está muito preocupado com a crise hídrica. No Sudeste, para que a estação chuvosa janeiro-março fique na média histórica, seria preciso chover 60% a 80% mais que o usual nos dois meses que faltam.

O problema é que não há como prever se isso vai ocorrer. No ano passado, o bloqueio atmosférico (massa de ar que impede a entrada de umidade) durou até meados de fevereiro. A boa notícia é que, neste janeiro de 2015, ele foi rompido pela frente fria dos últimos dias -mas nada impede a sua volta.

As condições do Sudeste, afirma, fazem dele uma região de baixa previsibilidade para secas e chuvas, mesmo na escala de semanas.

Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Nobre se encontra na posição desconfortável de ser um destacado estudioso da mudança do clima com funções executivas num ministério em que o titular (Aldo Rebelo) já pôs o fenômeno em dúvida. Evita tratar do assunto, porém, por ter convivido pouco com o novo ministro.

De todo modo, Nobre não abandona a prudência científica. “É difícil atribuir ao aquecimento global um extremo climático como as secas do Sudeste”, afirma nesta entrevista, concedida por escrito.

A impossibilidade de se relacionar diretamente a mudança climática a episódios específicos não significa, porém, que governos não devam se preparar para o aumento de eventos extremos causado por ela, diz Nobre.

Alan Marques/Folhapress   – O climatologista Carlos Nobre

RAIO-X

CARLOS NOBRE  

Idade – 63 anos

Formação – Engenheiro eletrônico pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e doutor em meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA

Experiência – Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e coordenador geral do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), entre outros cargos

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Folha – O verão 2013/14 foi o mais seco em 62 anos no Sudeste, em especial na bacia que alimenta o Cantareira. Já é possível avaliar se o de 2014/15 irá superá-lo ou igualá-lo?

Carlos Nobre – Ainda não, pois fevereiro e março são meses da estação chuvosa. De qualquer maneira, para que a estação chuvosa no Sudeste se encerrasse dentro da média histórica, as chuvas em fevereiro e março deveriam ficar de 60% a 80% acima da média.

Até novembro e dezembro de 2013, as previsões sazonais não haviam sido capazes de indicar a estiagem que viria em janeiro de 2014.

De fato, não há quase nenhuma previsibilidade para a região Sudeste e Centro-Oeste quando se trabalha com uma escala de meses.

Tal região não está entre os locais do planeta com previsibilidade climática sazonal, como o norte do Nordeste, partes da Amazônia e Sudeste da América do Sul (centro-leste da Argentina, Uruguai e Paraguai, e sul do Brasil).

A variabilidade climática no Sudeste é fortemente influenciada por frentes frias e por fenômenos atmosféricos de grande escala, como os bloqueios, que geram os veranicos [com estiagem] no meio da estação chuvosa, que são difíceis da prever. Isso aumenta o nível de incerteza na gestão dos recursos hídricos.

Isso vale para a maior parte do Brasil?

No semiárido do Nordeste, as previsões de secas com antecedência de alguns meses têm alto índice de acerto, quase 80%, e são forma importante para políticas de mitigação dos impactos das secas.

Para a estação chuvosa principal do semiárido, de fevereiro a maio deste ano, as previsões indicam risco de chuvas abaixo da média, um quadro de continuidade do deficit hídrico de vários anos.

No caso da Amazônia, é significativo o risco de grandes incêndios florestais, como em 1998 em Roraima?

Para o norte da Amazônia, especialmente Roraima, as chuvas dos últimos meses têm estado um pouco abaixo da média histórica, e fevereiro e março são meses do período mais seco do ano.

A principal explicação para chuvas abaixo da média no norte da Amazônia é o El Niño [superaquecimento das águas do Pacífico que aquece a atmosfera], ainda que o episódio atual seja considerado fraco e deva se enfraquecer-se nos próximos meses. Não se espera uma seca tão intensa em Roraima como foi aquela de 1997-98, reflexo do mega-El Niño ocorrido então.

Em janeiro de 2014, o bloqueio atmosférico permaneceu até meados de fevereiro. Com a frente fria que chegou a SP nesta quinta-feira (22), pode-se dizer que o pior já passou?

Como disse, prever bloqueios atmosféricos com semanas de antecedência não é factível. Mas, de fato, a situação a partir da chegada de uma fraca frente fria ao Sudeste nos últimos dias é diferente daquela de janeiro e fevereiro de 2014.

A repetição em 2014 e 2015 de condições de estiagem grave, ao menos no Sudeste, pode ter relação com o aquecimento global? Afinal, 2014 foi declarado pela Nasa e pela Noaa o mais quente já registrado. Qual é a chance de que seja apenas uma coincidência?

O fato de que as observações globais indicam a continuidade da tendência de aquecimento global, com 2014 sendo o ano com a mais alta temperatura à superfície desde 1860, é algo bem esperado, em razão da crescente quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera.

Por outro lado, é bem mais difícil atribuir ao aquecimento global um extremo climático como as secas do Sudeste. São necessários estudos com modelos climáticos globais complexos, nos quais se simula o clima com e sem os aumentos dos gases-estufa.

Além disso, sempre é necessário estabelecer quais são os mecanismos físicos para a mudança. No caso de bloqueios atmosféricos, envolveria entender como mecanismos complexos. Como a propagação de ondas atmosféricas de milhares de quilômetros está respondendo ao aquecimento global? Trata-se de uma tarefa cientificamente bastante desafiadora.

Como se explica que reservatórios relativamente próximos, como Guarapiranga/Billings e Cantareira tenham comportamento tão díspares?

Em anos de bloqueios atmosféricos grandes sobre o Sudeste, toda a região apresenta chuvas abaixo da média. O efeito de ilha urbana de calor [afetadas pela temperatura mais elevada da cidade, massas úmidas de passagem viram tempestades], porém, atua para fazer com que os deficits sobre a região metropolitana de São Paulo sejam menores do que em regiões vizinhas, como o Cantareira.

Por outro lado, mesmo excetuando fenômenos de grande escala como os bloqueios, observa-se uma diminuição relativa das chuvas sobre o Cantareira nas últimas décadas e um aumento das chuvas sobre a cidade. Hipoteticamente, esse efeito de longo prazo pode estar relacionado com a ilha urbana de calor, mas estudos em andamento precisarão comprovar, ou não, essa hipótese.

O governo federal já trabalha com a hipótese de que a Grande São Paulo chegue a um estado de calamidade pública, com esgotamento completo do sistema Cantareira, por exemplo?

O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) desenvolveu um modelo hidrológico para o sistema Cantareira e instalou, em abril e maio de 2014, 33 pluviômetros automáticos para melhorar o monitoramento das chuvas sobre as bacias de captação. Como não é factível prever hoje as chuvas em fevereiro e março, pode-se apenas traçar cenários.

No caso de continuidade de chuvas abaixo da média nesses meses, de fato há risco de o reservatório não ter condições de manter o abastecimento nos níveis atuais.

O que o poder público deve fazer no médio e no longo prazos para prevenir a repetição dessa situação limítrofe? Diria que se trata do principal problema no campo da adaptação à mudança do clima?

Adaptação às mudanças climáticas deve ser uma prioridade de política pública. Hidrólogos devem incorporar o fato de que os extremos climáticos estão se tornando mais frequentes e, em muitos casos, mais intensos.

Em outras palavras, as séries históricas de observações hidrológicas não podem mais ser consideradas estacionárias. O planejamento da utilização dos recursos hídricos deve levar em conta isso. A atual crise hídrica já está tendo um impacto em demonstrar que o Brasil precisa urgentemente buscar desenvolver sistemas e infraestruturas resistentes ao aumentos dos extremos climáticos.

Qual é a sua avaliação da Conferência de Lima e sua expectativa com relação a Paris, em dezembro?

Lima trouxe progressos incrementais. Embora exista a expectativa de algo maior em Paris, creio que seja realista não esperar uma revolução. Além disso, é preocupante a relativa diminuição recente dos preços dos petróleo e gás: se persistir, irá causar um inevitável aumento das emissões de gases do efeito-estufa.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. Dança da chuva

    Revista Pesquisa FAPESP

    http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/12/29/danca-da-chuva/

     

    A escassez de água que alarma o país tem relação íntima com as florestas

    MARIA GUIMARÃES

     

    A Amazônia não é apenas a maior floresta tropical que restou no mundo. Esse sem-fim de verde entrecortado por rios serpenteantes de tamanhos e cores variados também não se limita a ser a morada de uma incrível diversidade de animais e plantas. A floresta amazônica é também um motor capaz de alterar o sentido dos ventos e uma bomba que suga água do ar sobre o oceano Atlântico e do solo e a faz circular pela América do Sul, causando em regiões distantes as chuvas pelas quais os paulistas hoje anseiam. Mas o funcionamento dessa bomba depende da manutenção da floresta, cuja porção brasileira, até 2013, perdeu 763 mil quilômetros quadrados (km2) de sua área original, o equivalente a três estados de São Paulo. Antonio Donato Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), não aponta o dedo para culpados. O que importa para ele é reverter esse processo e não apenas zerar o desmatamento, mas recuperar a floresta. No relatório O futuro climático da Amazônia, divulgado no fim de outubro, ele deixa claro que o único motivo para não se tomarem providências imediatas para reduzir o desmatamento é desconhecer o que a ciência sabe. Para ele, o caminho é conscientizar a população. “Agora é um bom momento porque as torneiras estão secando”, afirma.

    No relatório, elaborado a partir da análise de cerca de 200 trabalhos científicos, ele mostra que a cada dia a floresta da bacia amazônica transpira 20 bilhões de toneladas de água (20 trilhões de litros). É mais do que os 17 bilhões de toneladas que o rio Amazonas despeja no Atlântico por dia. Esse rio vertical é que alimenta as nuvens e ajuda a alterar a rota dos ventos. Nobre explica que os mapas de ventos sobre o Atlântico mostram que, no hemisfério Sul e a baixas altitudes, o ar se move para noroeste na direção do equador. “Na Amazônia a floresta desvia essa ordem”, diz. “Em parte do ano, os ventos alísios carregados de umidade vêm do hemisfério Norte e convergem para oeste/sudoeste, adentrando a América do Sul.”

    Essa circulação viola um paradigma meteorológico que diz que os ventos deveriam soprar das regiões com superfícies mais frias para aquelas com superfícies mais quentes. “Na Amazônia, o ano todo eles vão do quente, o Atlântico equatorial, para o frio, a floresta”, explica. Uma parceria com os russos Anastasia Makarieva e Victor Gorshkov, do Instituto de Física Nuclear de Petersburgo, tem ajudado a explicar do ponto de vista físico os fenômenos meteorológicos da Amazônia. Em artigo publicado em fevereiro de 2014 no Journal of Hydrometeorology, eles afirmam, com base em análises teóricas confirmadas por observações empíricas, que o desmatamento altera os padrões de pressão e pode causar o declínio dos ventos carregados de umidade que vêm do oceano para o continente. O grupo analisou os dados de 28 estações meteorológicas em duas áreas do Brasil e viu que os ventos que vêm da floresta amazônica carregam mais água e estão associados a maiores índices de chuvas do que ventos que partem de áreas sem floresta e chegam à mesma estação.

    Isso acontece, segundo os pesquisadores, por causa da bomba biótica de umidade, uma teoria proposta pela dupla russa em 2007 para explicar a dinâmica de ventos impulsionada por florestas. Essa ideia completa a descrição feita pelo  climatologista José Antonio Marengo, à época pesquisador do Inpe, de como a Amazônia exporta chuvas para regiões mais meridionais da América do Sul. A teoria da bomba biótica aplica uma física não usual à meteorologia e postula que a condensação da água, favorecida pela transpiração da floresta, reduz a pressão atmosférica que suga do mar para a terra as correntes de ar carregadas de água.

     

     

    Os fundamentos da influência da condensação sobre os ventos foram apresentados em artigo publicado em 2013 por Anastasia e Gorshkov, em parceria com Nobre e outros colaboradores, na Atmospheric Chemistry and Physics, uma das revistas mais importantes da área. Por meio de uma série de equações, eles mostram que o vapor de água lançado à atmosfera pela transpiração da floresta gera, ao condensar, um fluxo capaz de propelir os ventos a grandes distâncias. De acordo com Nobre, a nova física da condensação proposta por eles gerou, ainda durante a revisão do artigo, uma controvérsia com meteorologistas, que debateram o assunto furiosamente em blogs científicos com a intenção de derrubar a principal equação do trabalho. Não conseguiram e o trabalho foi publicado. O pesquisador do Inpe explica a polêmica. “É uma física que atribui à condensação, um fenômeno básico e central do funcionamento atmosférico, um efeito oposto ao que se acreditava”, diz. “Será necessário reescrever os livros didáticos da área.”

    Para dar a dimensão da dificuldade de diálogo entre físicos teóricos e meteorologistas, Nobre lembra que a física desenvolve um entendimento dos fenômenos atmosféricos a partir de leis fundamentais da natureza, enquanto a meteorologia o faz, em grande parte, com base na observação de padrões do clima do passado, cuja estatística é absorvida em modelos matemáticos. Tais modelos representam bem as flutuações climáticas observadas, mas apresentam falhas quando há alterações significativas no padrão.

    É o caso agora, quando um novo contexto – ocasionado por desmatamento, mudanças globais no clima ou outros fatores – gera fenômenos climáticos inesperados para certas regiões, como chuvas mais torrenciais e secas mais extensas. A teoria física acerta onde extrapolações do passado erram, por isso é preciso, segundo ele, construir novos modelos climatológicos que recoloquem a física no centro dos esforços da meteorologia.

    O momento agora é crucial porque o clima amazônico vem mudando. Secas importantes nessa região marcaram os anos de 2005 e 2010. “Antes a Amazônia tinha a estação úmida e a mais úmida, agora há uma estação seca”, diz Nobre. Os danos dessas secas na floresta não foram aniquiladores porque ela consegue se regenerar, mas o acúmulo dos danos aos poucos erode essa capacidade. Um efeito importante que já se observa, previsto há 20 anos por modelos climáticos, é um prolongamento da estação seca, que tem prejudicado a produção agrícola em porções do estado do Mato Grosso. A grande preocupação é que se chegue a um ponto de não retorno, em que a floresta já não consiga produzir chuva suficiente para suprir nem a si própria. Trabalhos de modelagem que levam em conta clima e vegetação indicam que esse ponto será atingido quando 40% da área original de floresta for perdida, um número que não é unânime. Segundo o relatório de Nobre, 20% da floresta já foi cortada e outros 20%, alterados a ponto de terem perdido parte de suas propriedades.

    Se a teoria da bomba biótica estiver correta, os efeitos desse ponto de não retorno devem ser mais graves do que a savanização proposta pelo climatologista Carlos Nobre, irmão mais velho de Antonio (ver Pesquisa FAPESP nº 167). “Se a floresta perder a capacidade de trazer a umidade do oceano, a chuva na região pode cessar por completo”, diz o Nobre caçula. Sem água para sustentar uma savana, o resultado poderia ser uma desertificação na Amazônia. Se isso ocorrer, o cenário que ele infere para o Sul e o Sudeste do país poderia ser semelhante ao de outras regiões na mesma latitude: tornar-se um deserto.

    Antonio Nobre não se arrisca a falar muito sobre São Paulo. “Meu relatório é sobre a Amazônia.” Mas ele acredita que a seca por aqui não independe do que acontece no Norte. Em sua opinião, foi possível devastar boa parte da mata atlântica sem sentir uma redução nas chuvas porque a Amazônia era capaz de suprir a falta de água na atmosfera local. Mas isso já não parece acontecer mais. Ele aproveita o ensejo para sugerir que não apenas a floresta amazônica, mas também a que acompanhava a costa de quase todo o Brasil precisa ser recuperada imediatamente. Se não for por outro motivo, o esgotamento a que chegaram as represas que alimentam boa parte da população paulista deveria bastar como argumento.

    A exportação de água desde a Amazônia para outras regiões do Brasil, sobretudo o Sudeste e o Sul, é uma realidade, por meio do fenômeno conhecido como rios voadores (ver Pesquisa FAPESP nº 158). Um indício dessa linha direta foram as intensas chuvas no sudoeste da Amazônia no início de 2014, praticamente o dobro do volume habitual, ao mesmo tempo que São Paulo passava pelo pior momento de uma seca histórica. “A chuva ficou presa em Rondônia, no Acre e na Bolívia por causa de um bloqueio atmosférico, algo como uma bolha de ar que impedia a passagem da umidade. Isso criou uma estabilidade atmosférica, inibiu a formação de chuvas e elevou as temperaturas”, conta Marengo, agora pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Ele é coautor de um artigo liderado por Jhan Carlo Espinoza, do Instituto Geofísico do Peru, que está em processo de publicação pela Environmental Research Letters e é parte dos resultados do programa Green Ocean (GO) Amazon, que tem apoio da FAPESP.

    [video:http://youtu.be/lyp83uYdtbk align:center]

    Não é possível, porém, afirmar o quanto essa relação determina a estiagem paulista. “Ainda não se sabe calcular quanto das chuvas do Sudeste vem da Amazônia nem quanto chega aqui trazido por frentes frias vindas do Sul, pela umidade carregada por brisas marinhas ou pela evaporação local”, diz. Para ele, o desmatamento pode ter um impacto no longo prazo, mas ainda é impossível dizer se ele está relacionado com a seca atual. “O Sudeste pode não virar um deserto”, pondera, “mas os extremos climáticos podem se tornar mais intensos”. Estudos usando modelos climáticos criados pelo grupo de Marengo já previam uma redistribuição do total das chuvas, com um volume muito grande em poucos dias e estiagens mais prolongadas, algo que já tem sido observado no Sudeste e no Sul do país nos últimos 50 anos.

    Além desse efeito a distância, em escala nacional, a relação entre vegetação e recursos hídricos também se dá numa escala mais local, de acordo com o engenheiro agrônomo Walter de Paula Lima, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador científico do Programa Cooperativo de Monitoramento Ambiental em Microbacias (Promab) do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. Em seus estudos sobre o efeito das florestas (ou sua remoção) em microbacias hidrográficas, ele mostrou que a mata ciliar, que acompanha os cursos de água, ajuda a manter a boa saúde de pequenos rios. “O sistema Cantareira, que abastece São Paulo, é formado por milhares de microbacias”, conta. “As que estão mais degradadas não contribuem para o manancial.” Essa avaliação, porém, carece de dados experimentais concretos. Segundo Lima, para se saber exatamente o efeito das matas ciliares nos mananciais seria necessário estudar uma microbacia experimental em que se possa medir propriedades dos cursos d’água com e sem a proteção de floresta, sem que haja outros fatores envolvidos. Um quadro praticamente inatingível.

    Uma experiência prática que reforça a importância de se preservar as matas ciliares para a manutenção dos recursos hídricos é relatada pelo biólogo Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Esalq, especialista em recuperação de florestas nativas. Ele conta que há 24 anos a água desapareceu da microbacia de Iracemápolis, município no interior paulista. A prefeitura buscou ajuda na Esalq, e o grupo de Rodrigues implementou um projeto de conservação de solo da microbacia e de recuperação da mata ciliar que deveria estar ali. “Fui lá recentemente e levei um susto”, conta o pesquisador. O nível da represa está um pouco mais baixo, mas tem água suficiente para continuar abastecendo Iracemápolis, que teve sua população triplicada nesse período. “Toda a região está com problemas de falta de água, mas Iracemápolis não.”

    As florestas afetam a saúde dos recursos hídricos por meio de sua influência nas chuvas, mas também tem importância a sua relação com as águas subterrâneas. O engenheiro Edson Wendland, professor no Departamento de Hidráulica e Saneamento da USP de São Carlos, estuda justamente o que acontece com a recarga do aquífero Guarani quando o cerrado é substituído por culturas como pastagem, cana-de-açúcar, cítricos ou eucalipto. O trabalho tem sido feito na bacia do Ribeirão da Onça, no município de Brotas, interior paulista, estudada desde os anos 1980.

    Por meio de poços de monitoramento e estações climatológicas, a ideia é detalhar, antes que não sobre mais vegetação original de cerrado por ali, como se dá a recarga do aquífero Guarani sob diferentes regimes de uso do solo. “Não é possível gerenciar o que não se conhece”, diz Wendland sobre uma das fontes de água subterrânea mais importantes do Brasil. O aquífero é uma camada porosa de rochas na qual se infiltra a água das chuvas, depois liberada lentamente para os rios. Essa diferença de tempo entre o abastecimento e a descarga, consequência do trajeto lento da água pelo meio subterrâneo, é o que garante perenidade aos rios, que dependem dessa poupança hídrica.

    O grupo de Wendland tem mostrado, por exemplo, que a disponibilidade de água diminui quando se substituem as pequenas árvores retorcidas do cerrado, adaptadas a viver sob estresse hídrico, por eucaliptos, que consomem bastante água e em poucos anos atingem o tamanho de corte. Medições feitas entre 2004 e 2007 mostram que as taxas de recarga têm relação íntima com a intensidade da precipitação e o porte das culturas agrícolas nessa região onde o cerrado está praticamente extinto, de acordo com artigo aceito para publicação nos Anais da Academia Brasileira de Ciências.

    Isso não significa, porém, que os eucaliptos sejam vilões incondicionais. O impacto de árvores de grande porte depende, em parte, da profundidade do aquífero no ponto em que estão plantadas. Segundo Lima, os mais de 20 anos de monitoramento contínuo feito pelo Promab mostraram que a relação entre espécies florestais e água não é constante. “Onde a disponibilidade é crítica, um elemento novo pode secar as microbacias”, explica. “Mas onde o balanço hídrico e climático é bom, a diminuição de água nem é sentida.” Essas conclusões deixam claro que é necessário fazer um zoneamento de onde se pode plantar e onde a prática seria nociva, um planejamento que não existe no Brasil.

    Para Wendland, a importância de entender a relação entre o cerrado e os aquíferos é crucial porque as nascentes da maioria das grandes bacias hidrográficas do país estão no domínio desse bioma. Além da importância como recurso hídrico, algumas dessas bacias – do Paraná, do Tocantins, do Parnaíba e do São Francisco – são as principais fornecedoras de água para geração de energia elétrica no Brasil.

    [video:http://youtu.be/s6ecEoBhCRQ align:center]

    Em pouco mais de meio século, metade da área do cerrado foi desmatada e deu lugar a atividades agrícolas. Para avaliar o efeito dessa alteração no uso do solo sobre a disponibilidade hídrica, o doutorando Paulo Tarso de Oliveira, do grupo de São Carlos, fez um estudo usando dados de sensoriamento remoto em toda a área desse bioma. Com os sensores, é possível avaliar não só a alteração da vegetação, mas também quantificar as precipitações, os índices de evapotranspiração pelas plantas e estimar a variação de armazenamento de água. Segundo artigo publicado em setembro de 2014 na Water Resources Research, os dados indicam uma redução do escoamento por causa de atividades agrícolas mais intensas.

    O desmatamento e o uso agrícola do solo têm importância, mas Wendland afirma que o maior problema para a recarga do aquífero hoje é a redução nas chuvas. “O aquífero supre a falta de precipitação por dois ou três anos, depois já não consegue manter o escoamento de base nos rios”, diz. Nos últimos anos as precipitações da estação chuvosa foram abaixo da média, o que diz os resultados observados. Explica também, segundo ele, fenômenos alarmantes como o esgotamento da principal nascente do rio São Francisco, que permaneceu seca por cerca de três meses e só voltou a jorrar água no final de novembro.

    O desafio do gerenciamento das águas subterrâneas, que representam 98% da água doce do planeta, tem outras particularidades em zonas urbanas, onde pode ser um recurso crucial. Segundo o geólogo Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências (IGc) da USP, 75% dos municípios paulistas são abastecidos, em parte ou completamente, por essas águas. Isso inclui cidades importantes do estado, com destaque para Ribeirão Preto, onde elas servem a 100% dos mais de 600 mil habitantes. Na escala nacional, outras cidades completamente abastecidas por águas subterrâneas são Juazeiro do Norte, no Ceará, Santarém, no Pará, e Uberaba, em Minas Gerais, de acordo com o livro Águas subterrâneas urbanas no Brasil, em processo de publicação pelo IGc e pelo Centro de Pesquisa em Águas Subterrâneas (Cepas).

    Surpreendente nas cidades é que a água perdida pelo abastecimento público vai parar no aquífero. “A impermeabilização do solo diminui a penetração da água da chuva, mas as perdas compensam e superam essa redução e o saldo é uma recarga maior onde há cidades, em comparação com outras áreas”, explica Hirata. “Se analisarmos a água de um poço qualquer em São Paulo, metade será do aquífero e metade da Sabesp.” Ele estima que a capital paulista tenha quase 13 mil poços, todos particulares, muitos ilegais. “Existe uma legislação para gerenciamento desse recurso, mas ela não é seguida”, conta.

    Um problema causado pelas cidades é a contaminação dos aquíferos por nitrato, devido a vazamentos no sistema de esgotos. Como a descontaminação é cara, os poços afetados acabam abandonados. Nas cidades em que são usados para abastecimento público, a solução é misturar água poluída à de poços limpos para que a qualidade total seja aceitável. “Em Natal não há mais água suficiente para mesclar”, alerta Hirata. O subterrâneo é fonte de 70% da água na capital potiguar.

    Outro tipo de poluição importante vem da indústria, como a causada pelos solventes organoclorados. O geólogo Reginaldo Bertolo, também do IGc e diretor do Cepas, estuda como esse poluente se comporta no aquífero abaixo de Jurubatuba, na zona Sul paulistana, uma região industrial desde os anos 1950. “É um contaminante de difícil comportamento no aquífero”, conta. Nessa rocha dura, onde a água corre em fraturas, o composto mais denso do que a água se aprofunda e só para quando chega a um estrato impermeável. “São produtos tóxicos e carcinogênicos.” A poluição impede o uso da água subterrânea numa região onde a demanda é forte.

    Em colaboração com pesquisadores da Universidade de Guelph, no Canadá, o grupo de Bertolo está mapeando esses poluentes para entender como ele se comporta e propor estratégias para eliminá-lo do aquífero. Para isso, o próximo passo é usar um sistema desenvolvido pelos canadenses para retirar amostras da rocha e instalar poços de monitoramento especiais. “O equipamento permite coletar água de mais de 20 fraturas diferentes numa mesma perfuração”, afirma. “Vamos fazer um modelo matemático para reproduzir o que acontece e fazer prognósticos.”

    Bertolo alerta que é importante mapear melhor as águas subterrâneas e analisar sua qualidade, porque é um recurso que pode ser complementar nas cidades. “A água subterrânea é um recurso pouco conhecido.” A engenheira Monica Porto, da Escola Politécnica da USP, não acredita que seja possível expandir muito o uso dessas águas na Região Metropolitana de São Paulo. Em sua opinião, para ir além dos cerca de 10 metros cúbicos por segundo (m3/s) extraídos dos milhares de poços existentes, seriam necessários milhares de novas perfurações. “Mas esses 10 m3/s não podem faltar, precisamos cuidar deles.”

    Monica, que já foi presidente e ainda integra o conselho consultivo da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, pensa em maneiras de assegurar a segurança hídrica para a população. Faltar água está, de fato, entre as coisas mais graves que podem acontecer numa cidade. “Somos obrigados a trabalhar com uma probabilidade de falha muito baixa.” Segundo ela, em 2009 o governo paulista encomendou a uma empresa de consultoria um estudo sobre o que precisaria ser feito para garantir o suprimento de água. O estudo ficou pronto em outubro de 2013, já em meio à mais importante crise hídrica da história do estado. Monica explica que é impossível considerar a Grande São Paulo de forma isolada, porque não há mais de onde tirar água sem disputar com vizinhos. Por isso, o estudo abrange a megametrópole, que engloba mais de 130 municípios e uma população de 30 milhões de pessoas.

    As obras necessárias à melhoria da segurança hídrica já começaram, com um sistema para recolher água do rio Juquiá, no Vale do Ribeira, que deve ficar pronto em 2018. Está em fase de licenciamento ambiental a construção das barragens de Pedreira e Duas Pontes, que devem abastecer a região de Campinas. “Manaus e Campinas são as únicas cidades do Brasil com mais de um milhão de pessoas que não têm reservatório de água”, conta Monica. Não faz falta a Manaus, às margens do rio Amazonas, mas faz a Campinas, que depende do sistema Cantareira. Ela, que em casa “faz das tripas coração” para economizar água, afirma que a crise atual é importante para conscientizar a população sobre a necessidade de se reduzir o consumo. Também ressalta a importância do conjunto de medidas que precisará ser revisto em caráter emergencial. “Temos que aprender pela dor”, diz Monica, que costuma brincar que é melhor que não chova muito para não afastar a instrutiva crise. “Mas, se não chover muito em breve, vou parar de brincar: precisa chover.”

    Projetos
    1. Entendimento das causas dos vieses que determinam o início da estação chuvosa na Amazônia nos modelos climáticos usando observações do GoAmazon e chuva (13/50538-7); Pesquisador responsável José Antonio Marengo Orsini (Cemaden); Modalidade Auxílio Regular a Projeto de Pesquisa – GoAmazon; Investimento R$ 57.960,00 (FAPESP).
    2. Estabelecimento do modelo conceitual hidrogeológico e de transporte e destino de compostos organoclorados no aquífero fraturado da região de Jurubatuba, São Paulo (13/10311-3); Pesquisador responsável Reginaldo Antonio Bertolo (IGc-USP); Modalidade Auxílio Regular a Projeto de Pesquisa; Investimento R$ 502.715,27 (FAPESP).

    Artigos científicos
    MAKARIEVA, A. M. et al. Why does air passage over forest yield more rain? Examining the coupling between rainfall, pressure and atmospheric moisture content. Journal of Hydrometeorology. v. 15, n. 1, p. 411-26. fev. 2014.
    MAKARIEVA, A. M. et al. Where do winds come from? A new theory on how water vapor condensation influences atmospheric pressure and dynamics. Atmospheric Chemistry and Physics. v. 13, p. 1039-56. 25 jan. 2013.
    ESPINOZA, J. et al. The extreme 2014 flood in South-western Amazon basin: The role of tropical-subtropical South Atlantic SST gradient. Environmental Research Letters. v. 9, n. 12. 8 dez. 2014.
    WENDLAND, E. et al. Recharge contribution to the Guarani Aquifer System estimated from the water balance method in a representative watershed. Anais da Academia Brasileira de Ciências. no prelo.
    OLIVEIRA, P. T. S. et al. Trends in water balance components across the Brazilian Cerrado. Water Resources Research. v. 50, n. 9, p. 7100-14. set. 2014.

    1. Excelente!

      O comentário do alfeu deve ser lido por todos, especialmente pelos que têm poder de decisão no governo. Aliás, este governo poderá ser aquele que superou a seca (provavelmente de longo prazo, ou estrutural) e que, no processo, criou as condições de sobrevivência da civilização brasileira reflorestando a Amazônia.

  2. Mas quais foram os governadores que nada fizeram!

    Muito boas as respostas do climatologista Carlos Nobre. Nas perguntas da Folha é que esta faltando a questão da responsabilidade publica, ainda que essa não seja a especialidade ou a responsabilidade do entrevistado; porém fica a impressão de que o que esta acontecendo, especialmente em SP, é culpa apenas da atual seca e das mudanças climaticas. Sem planejamento e investimento, é obvio que o homem sofrera ainda mais as consequências de um e de outro. 

  3. Parece que os especialistas começam a falar, mas

    Estamos numa situação que os especialistas estão saindo se suas torres de marfim e começam a falar (com dois anos de retardo, é claro!), mas mesmo assim com opiniões divergentes.

    A professora Monica Porto faz uma abordagem mais tradicional e levanta alguns pontos de climatologia que os Nobres (irmãos) meio que esquecem, as influências dos grandes ciclos atmosféricos. Ela faz uma observação interessante, que há poucos anos tivemos as maiores cheias no sistema Cantareira e como o desmatamento já vem de longa data explicar a seca de São Paulo pela falta de Umidade da Amazônia é algo temerário, para não dizer meio irresponsável.

    Para se postular a hipótese de seca causada pelo desmatamento se deveria ter uma série histórica de medidas destes “rios voadores” mostrando que a umidade na região da Amazônia diminuiu com o tempo ou não está sendo transportado. As observações de um dos Nobres trata-se de dados de uma campanha de medidas e não de no mínimo uma campanha em período seco e outro úmido.

    Outra coisa que não fica claro nos “rios voadores” é qual é o mecanismo que provoca o transporte, não há uma corrente contínua do Norte para o Sul que explicasse este padrão, ou seja, são hipóteses que devem ser analisadas mais seriamente, com dados mais consistentes. O que fica claro é que a modelização matemática em escala regional, que era um verdadeiro dogma de fé dos pesquisadores do INPE parece que está sendo abalada.

    Outro fator importante é que para análise de eventos desta magnitude tem-se que levar em conta a TEMPERATURA DOS OCEANOS (algo bem relembrado pela Prof. Monica), entretanto as séries históricas que se dispõe de temperaturas do oceanos são ainda pequenas no hemisfério norte e ainda menores no Hemisfério Sul.

    O que vejo que não está havendo um trabalho na recuperação dos dados históricos tanto de chuva na região de São Paulo (os primeiros registros contínuos são de 1890, com alguns registros pontuais anteriores a estes) e mesmo a num dos registros de chuva mostrado no vídeo são registros após a década de 30, desprezando-se numa série curta quarenta anos preciosos.

    Há poucos trabalhos de tele-conexão entre o clima na região sudeste e outras variáveis como temperatura dos Oceanos e manchas solares. Há pouco tempo que uma equipe de hidrólogos argentinos apresentou um trabalho surpreendente que correlacionava com um grau de significância notável as vazões do Paraná com as manchas solares (intensidade do sol), o trabalho se intitula  Long-term solar activity influences on South American rivers. de Pablo J.D. Mauas, Andrea P. Buccino e Eduardo Flamenco

    Com uma série longa de dados estes pesquisadores aplicando um defasagem entre uma e outra variável, chegam a uma correlação surpreendente destes dois parâmetros, que talvez expliquem bem melhor os períodos de seca e cheia na bacia do Paraná do que os rios voadores (a bacia levantada pelo pesquisador Nobre 2), ou mesmo esta intensidade solar intensifique ou diminua a vazão dos rios.

     

      1. É uma tendência mais moderna.

        A visão do Prof. Zuffo, que fica clara em sua apresentação, é produto do intenso debate sobre o clima e dos dados amealhados neste período.

        A hipótese do Aquecimento Global Antropogênico, pode estar errada ou certa, não vou entrar no mérito desta questão no momento, mas uma coisa é clara, com a intensa discussão sobre o assunto cada vez surgem mais e mais dados que algumas vezes confirmam a hipótese e outras vezes levam esta a verdadeiros impasses. 

        O que se conclui é que a ignorância geral sobre o assunto é enorme, por exemplo, os dados hidrológicos colocados na apresentação do Prof. Zuffo (ISTO SÃO DADOS DADOS DADOS MEDIDOS MEDIDOS MEDIDOS, NÃO PRODUTO DE MODELOS MATEMÁTICOS OU NOVAS HIPÓTESES COMO OS RIOS ALADOS), deixam claro que a intensidade da chuva no sudeste está aumentando como citou em passant a Profª Mônica), logo os rios alados podem até existir, mas não é através deles que vamos explicar o fenômeno da Seca na Região Sudeste.

        QUE FIQUE CLARO, O DESMATAMENTO DA AMAZÔNICA E PRINCIPALMENTE DA SERRA DO MAR, trazem problemas ENORMES quanto a qualidade da água (que é grave pois tem a dizer diretamente com a saúde das pessoas) e quanto ao aumento da INTENSIDADE das cheias e secas (como está muito bem explicado pela Profª Mônica).

  4. É O DE SEMPRE!

    POLÍTICOS IRRESPONSÁVEIS E CIENTISTAS ACANHADOS…

    Descobrimos há várias décadas, que a temperatura do planeta está aumentando ano após ano. Sabemos que as emissões de CO2 são as principais responsáveis por isso, e que elas continuam aumentando. Também sabemos que o desmatamento contribui para esse aquecimento, e que as árvores são importantes para manter o solo úmido e favorecer a formação das chuvas.

    A probabilidade de que a atual seca esteja relacionada com o desmatamento promovido em 70% das áreas de preservação do Cantareira, e com o aquecimento global, deve ser de mais de 98%. Só que os cientistas não podem afirmar nada, enquanto houver esses 2% de incerteza. Senão, não seriam cientistas, pelo menos de renome…

    Esperamos que o zelo pela reputação não supere a irresponsabilidade dos políticos, e nossos cientistas tenham o bom senso de dizer o que está realmente acontecendo. Porque se os políticos só se preocupam com suas propinas, o povo tem direito de ser alertado, para que comece a pensar no que fazer.

    SE DESMATARAM 70% DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO, NÃO TEM DESCULPA!

    Pois isso comprovadamente compromete a capacidade de retenção de água em todo o sistema. Ou seja, mesmo se o ALCKMIM invocar o azar do tempo, ainda assim tem culpa, e pode ser responsabilizado, inclusive com um pedido de IMPEACHMENT!

     https://www.facebook.com/democracia.direta.brasileira/photos/a.300951956707140.1073741826.300330306769305/535066293295704/?type=3&theater 

    PERGUNTAS AO NOSSO CLIMATOLOGISTA:

    1) Qual a probabilidade de que a seca no sudeste esteja relacionada com o aquecimento global?

    2) Se houvesse algum problema em sua casa, e ela tivesse a mesma probabilidade de desabar, você deixaria sua família continuar morando nela, ou tomaria alguma providência? 

    Srs. cientistas, por favor, dirijam-se ao povo e à mídia com mais clareza. Porque para os simples mortais, quando se diz que não tem como se afirmar alguma coisa, é porque a probabilidade está abaixo de 50%. Se o zelo não permite, façam um esforço para explicar essa relação de probabilidade e suas consequências, comparando com casos concretos. 

    1. CO2 causado pelo homem aquece a Terra?

      Há quem questione a conjectura de que CO2 produzido pelas atividades humanas provoca aquecimento da Terra.

      A figura abaixo aponta para o segundo vídeo de um total de 18 que registra palestra do professor Ricardo Felício, no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, sobre a hipótese de que o CO2 gerado pelo homem produz aquecimento global. Ricardo Felício discorda dessa conjectura.

      O ideal, claro, é, se for possível, ver todos os 18 vídeos.

       

      No Youtube há outros que também questionam a hipótese do aquecimento global. Por exemplo, o professor Luiz Carlos Molion:

      Abraço.

        1. É melhor consultar o Lattes antes de falar.

          Antes de dizer que Molion não publica em revista nenhuma é melhor consultar o curriculo Lattes do mesmo antes de falar mal!

          1. É piada?

            Sem querer desmerecer o produto nacional, mas não podemos esquecer de que o Brasil tem uma deficiência muito grande na área da ciência, e aquecimento global é um assunto muito sério.

            Revista Brasileira de Climatologia, Informe Agropecuário de Belo Horizonte, Plenaruim de Brasília…

            Porque esses estudos, mais diretamente relacionados com suas palestras negando o aquecimento global, não são levados em conta, e não chegam a ser citados nos periódicos de prestígio?

             

          2. A piada não é bem esta!

            Piada é escrever um artigo há alguns anos e dizer que a região sudeste por efeito do aquecimento global teria um regime de chuvas mais intenso, depois mais tarde dizer ao contrário.

          3. Isso é o que podemos chamar de precariedade!

            Os cientistas são muito humildes por causa disso. Eles conhecem os próprios limites, e a precariedade em que se encontra a ciência e o conhecimento. Entretanto, essa humildade e timidez começa a beirar a irresponsabilidade. Por temer dizer uma coisa, e acontecer outra; até hoje não garantiram que o aquecimento global é provocado pelo homem. Porque enquanto exisitr 0,0000001% de chance que não seja, eles não afirmarão isso. Por exemplo, podemos estar sendo sabotados por discos voadores de outras galáxias. Quem pode provar que não? Entretanto, e aí a gente começa a sentir um cheiro de irresponsabilidade, pergunte a eles qual é a probabilidade desse aquecimento ser provocado pelo homem, para ver que é bem mais de 90%. Ou seja, se a casa deles tiver com algum problema, e ter 50% de chance de desabar, eles, desesperados, arrancarão todo mundo de lá, até que os reparos sejam feitos. Essa é a nossa situação, agravada imensamente pelo fato de que não são os cientistas que mandam, mas sim os políticos, infinitamente mais irresponsáveis.

            Mas a ciência costuma ter muitos acertos:

            http://democraciadiretanobrasil.blogspot.com.br/2012/11/desmatamento-na-amazonia.html 

            Aliás, embora não seja exata, ela mais acerta, que erra. No caso em questão, à primeira vista o clima subtropical deveria ser transformado em tropical, e chover mais. Porém, fatores muito importantes, como o desmatamento e os danos provocados às florestas, acabam diminuindo o volume das chuvas, como demonstrado no link acima. 

        2. Dê uma lida no lattes de ambos antes de falar m3rda com ataques pessoais. Molion é um autor academicamente prolífico. Chamá-los de picaretas só prova sua desonestidade ou ignorância.

    2. Fala sério?

      http://www.drroyspencer.com/2015/01/uah-global-temperature-update-for-december-2014-0-32-deg-c/

       

      Logo, o aumento da concentração de CO2 é uma curva incompatível com a estabilização da temperatura na terra. 

      A terra não está aquecendo. Aliás, se encontra em uma temperatura média ideal para produção agrícola. 

      CO2 não é vilão. CO2 é vida!!!

      A teoria do aquecimento global antropogênico não resiste aos questionamentos de uma crinaça espertinha. 

       

       

       

    3. Aos democratas

      Acho que sei quem vc é e sei que está bem intensionado em se preocupar pelo assunto, mas veja as fontes pois os números dizem o contrário, e eles são em quantias como numa enchente de águas cristalinas. Dê uma descontraída e assista o Dr. Felício no vídeo acima, como uma das fontes. Abraços.

  5. Marchinha

    Carnaval vem chegando.

    Uma marchinha para o carnaval de São Paulo.

    Preciso terminar, alguém ajuda?

    —————————————————-

    p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 120%; }

    Ó meu São Paulo

    cidade que me seduz

    Um dia falta água

    Outro falta luz

    Um dia falta água

    Outro falta luz

     

    E o governador

    diz que água não vai faltar

    ele vai tirar água

    do que você cagar

    ele vai tirar água

    do que você cagar

     

     

  6. CHAMEM O CACIQUE COBRA CORAL, O PILOTO SUMIU!

    Outro aspecto a ser considerado como responsável pelo secamento do solo é o impacto da especulação imobiliária, que capturou nossas prefeituras pelo poder econômico, permitindo a construção de condomínios fechados e bolsões de periferia. Isso é tiro no pé, pois eles interrompem os filetes de água, formadores que são de pequenos meandros (de acordo com estudos de geógrafo na área de Campinas). Acredito que o Rodoanel de São Paulo provocará efeito semelhante no Cantareira o que deve ter sido esquecido pelas empreiteiras da família. Quanto às questões de Dinâmica Atmosférica envolvidas na interrupção ou desvio dos rios aéreos, devemos considerar o efeito do El Niño como reforçador do anticiclone sobre o Sudeste que seca, aquece, formando um dipolo de bloqueio com um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis ao norte sobre o continente e não como era antes, com uma área ciclônica sobre o oceano à nordeste, talvez pelo efeito do aquecimento marítimo. A atual configuração desses vórtices constrange o Jato de Baixos Níveis, como os meteorologistas chamam um rio aéreo do sul amazônico à 1500 m que abastecia em mais de 70% a umidade, produzindo as Linhas de Instabilidade pré-frontais do Sudeste e nossas represas; agora vemos 200 mil metros cúbicos por segundo empurrados em direção ao ralo dos contrafortes andinos, desviando para o norte da Argentina a água que nos faz falta e produziu os aumentos de precipitação verificados no Sul. Curiosamente, a diferença de temperatura Polo Sul-Equador diminui a velocidade de fase da onda, equação de Rossby, com a família de sistemas frontais albergados na mesma fase da onda, produzindo o estacionamento de sistemas de pressão que se reforçam no transporte da mesma massa por longas distâncias, produzindo os extremos de temperatura em tempo dilatado. Lamento muitíssimo a comunidade acadêmica estar de costas para a sociedade e não explicar o que ocorre. Eu não acompanho as discussões meteorológicas faz anos, porque o PSDB teve uma política de sucateamento da pesquisa na época de minha graduação e precisei buscar outros caminhos, mas sou muito grato ao Dr. Carlos Nobre, um bem humorado humanista, pois já nos alertava sobre “Os impactos do desmatamento da Amazônia no clima da América do Sul” às 15:30 no dia 30/10/1989 na USP, promovido pelo Ministério do Interior do Sarney em 1989;  gratidão ao Itamar por ter “forçado a barra”, ameaçando com a intenção de comprar um supercomputador japonês da NEC, caso o americano Cray continuasse boicotado, para termos o CPTEC e gratidão pelos investimentos do PT em P&D e contrataram muitos meteorologistas em diversos institutos. Quero protestar contra a mentalidade anticientífica que é patente na forma sensacionalista com a qual a mídia apresenta essas discussões, esquecendo de dar voz à comunidade acadêmica em detrimento de “tremeliques” demagógicos de deslumbrados leigos diante de uma câmera, daí traindo o direito da sociedade ter o acesso à informação jornalística (clausula pétrea), pois nossa gestão pública e privada ainda vivem nos anos 30 quando só havia padres, militares, médicos, advogados, engenheiros e analfabetos.

  7. eucaliptos

    no campo, estima-se que um eucalipto do tipo “branco”, aquele que está pronto para o corte em 5 anos, consome 20 litros de água por dia. daí os chamados desertos verdes, pois essas árvores ‘atacam’ outras plantas e insetos, portanto, nem pássaros ouvem-se nas suas roças.

    viajo há anos pelo vale do paraíba e só vejo crescer as roças de eucaliptos naquele solo riquíssimo, fertilíssimo. e a “praga” avança pelo sul de minas a ocupar os mananciais da mantiqueira; a secar as lágrimas da “montanha que chora”.

    plantar eucalipto dá ótimo retorno sem trabalho; dinheiro fácil com baixíssimo custo, exceto o ambiental, mas esse custo é irrelevante no brasil do vale-tudo.

  8. Só sei a natureza está sendo

    Só sei a natureza está sendo tão abusada que espero não esta vivo para ver quando o ser humano tiver que pagar a conta. 

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