Temer estuda como agir para separar acusação na chapa com Dilma

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A mira contra Michel Temer e sua cúpula, nas delações premiadas da Odebrecht, que a cada dia trazem novos apontamentos contra os integrantes do governo e base aliada do Congresso, incluindo o PSDB, e a aproximação das investigações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa Dilma e Temer com a Lava Jato elevam as chances de o presidente ver seu mandato encurtado.
 
Com as ameaças, integrantes do governo atuam para tentar abafar ou minimizar os efeitos das acusações que podem derrubar o mandatário. Destaca-se a atuação do ministro Eliseu Padilha, que estende a sua licença médica por cirurgia justamente em momento ápice dos indícios de irregularidades na arrecadação das campanhas de 2014 do PMDB.
 
O PMDB tenta, ainda, outras estratégias de defesa. A principal delas é o prolongamento das investigações, recorrendo a novos pedidos de apuração, diligências, mais testemunhas e recursos. Nesta quinta-feira (02), o advogado de Temer, Gustavo Bonini Guedes, deixou claro a estratégia ao justificar a falta de conclusão do processo:
 
“Esses temas terão que ser apurados com novos depoimentos”, disse, admitindo ainda que a conclusão dessa etapa de investigação do processo de cassação da chapa “é imprevisível”, pois “depende da quantidade de testemunhas a serem inqueridas”.
 
A outra e não menos importante estratégia dos advogados e do próprio governo é aproveitar a brecha deixada pelos meios de comunicação de separar acusações dos delatores da Odebrecht contra Temer e contra Dilma, isolando a responsabilidade nesta última. 
 
Conforme adiantou o GGN no “Xadrez da sinuca de bico da mídia“, as análises do depoimento de Marcelo traçaram a suposta inocência de Michel Temer na arrecadação de caixa dois e a ênfase na participação de Dilma na tese de atuação ilícita.
 
Jornais como o Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo trouxeram manchetes e reportagens de supostos trechos da esperada delação de Marcelo, ex-presidente da empreiteira, que o atual presidente “nunca” teria pedido os R$ 10 milhões acusados diretamente a ele. O atuante, apontaram os delatores, teria sido Eliseu Padilha, que alonga a sua licença médica por tempo indeterminado.
 
Assim, se a princípio a defesa do atual presidente tentava apenas prolongar a investigação, sob o comando do ministro-corregedor Herman Benjamin, no Tribunal Superior Eleitoral, agora, estuda-se novamente a separação da chapa Dilma e Temer das acusações.
 
A intenção já desenhada no ano passado voltou a tomar força, imediatamente após os jornais e, consecutivamente, opinião pública, deixarem claro o caminho da separação de responsabilidades. Novamente, o Planalto enxerga na medida a única maneira de salvar o presidente de uma cassação, diante da derrocada que as delações Odebrecht podem provocar.
 
O Painel da Folha desta manhã que trouxe o alerta: “A avaliação é a de que a fala [de Marcelo Odebrecht], respaldada pela homologação da delação no Supremo, é suficiente para a cassação do mandato caso a corte decida pela unidade da chapa presidencial. Em caso de separação, a aposta é a de que o presidente ainda pode sobreviver”, diz o jornal.
 
A medida deverá ser retomada com urgência, antes de maiores danos de um possível vazamento completo da delação de Marcelo Odebrecht, e dos demais executivos da companhia que delatam ao TSE até a próxima semana, além de ameaças de outras frentes da Lava Jato ao nome de Temer e de seu governo.
 
Não com menos preocupação está a de Eduardo Cunha, que dá sinais verdes para entregar o jogo do presidente da República, enquanto presidente do PMDB e responsável pelas reuniões de arrecadação de recursos para campanhas do partido. Também nesta semana, o juiz da Operação Lava Jato na Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, aceitou o envio de todas as 19 perguntas do ex-parlamentar a Temer.  
 
 

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