por Fernando Castilho*
A jornalista Mônica Bergamo, respeitada pela sua seriedade, escreveu em sua coluna na Folha que haveria nos bastidores uma articulação para que o presidente Jair Bolsonaro se safasse de condenações por vários crimes de responsabilidade cometidos durante seu mandato. A contrapartida seria sua desistência em atacar as urnas eletrônicas e os ministros do TSE e STF.
Por mais respeite a jornalista, não visualizei a forma como esse acordo poderia se dar.
Primeiro, tanto os ministros do TSE quanto os do STF têm como missão defender a Constituição, o Código de Direito Penal e a legislação eleitoral. Como ficariam suas reputações se embarcassem nesse jogo?
Segundo, o que Bolsonaro teria a oferecer em troca de sua blindagem é muito pouco. Com ou sem bravatas contra as urnas e os ministros, as eleições acontecerão porque já se pode concluir que qualquer tentativa de golpe será frustrada porque o capitão não está conseguindo reunir os apoios que precisa. A Carta em Defesa da Democracia, que já tem mais de 600 mil signatários, entre os quais boa parcela da elite, e a manifestação do secretário de defesa norte-americano, Lloyd Austin III em favor da lisura das nossas urnas eletrônicas pôs fim a qualquer aventura autoritária do capitão.
De qualquer forma, a valer a tese do acordo, Bolsonaro deveria imediatamente se calar, mas não é o que está acontecendo.
Para desespero de seus aliados – aqueles que ainda não o estão escondendo em suas campanhas Brasil afora – o presidente continua em sua sanha golpista.
Posto isto, é de se perguntar: o que pretende Jair?
Atrás nas pesquisas de opinião há dez meses sem que o cenário mude, na impossibilidade de dar um golpe e mantendo um discurso beligerante com as instituições jurídicas, o que pretende Jair?
Os aliados do centrão estão desesperados, mas curiosamente, seus filhos parecem tranquilos em ver o pai caminhando para o precipício.
Se Bolsonaro apresenta sintomas de loucura, será que seus filhos o seguem na insanidade?
Ou será que possuem uma carta na manga?
Acho que uma nova facada não surtiria o mesmo efeito sobre os eleitores.
Mas, e Lula?
O que poderiam fazer contra Lula?
Dois meses que antecedem as eleições parecem dois anos.
Ufa!
*Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor
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O grande mistério neste país não é sobre a cabeça de bolsonaro, pois sabemos o que (não) há nela. mas a de seus resilientes eleitores. Isto sim deveria ser profundamente estudado e entendido, pois traz 1 em cada 3 ou 4 eleitores.
Bolsonaro é apenas um presepeiro de 5a.série que fala o que der na cabeça, ligada diretamente ao seu intestino grosso, em uma enxurrada fecal tão intensa e bizarra que surpreende e afoga seus interlocutores, que sequer imaginam ter que respondê-las ou discuti-las. falta até tempo!…
Nós outros (©espanhol) precisamos entender que com maluco não se discute. Ou ignora ou interna.