Bachiana n° 5, nº 100, nº 1.000, por Homero Fonseca

Mais conhecida e amada peça de Villa-Lobos, executada pelas melhores orquestras e cantada pelas maiores sopranos do mundo, massageia nossos ouvidos seja em ritmo de samba, choro ou rock

Conjunto Choro das 3 e Robertinho do Recife com Moda de Rock gravaram a Ária da Bachiana nº 5 . | Foto: Reprodução

por Homero Fonseca

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) está para o Brasil, como Bela Bartók para a Hungria, Claude Debussy para a França ou os irmãos Gershwin para os Estados Unidos. É nosso maior patrimônio musical. Compositor, [HF1] maestrovioloncelistapianista e violonista,  é o tipo do cara que a gente pode chamar de gênio sem dar uma de ingênuo ou exagerado. Compôs mais de duas mil peças, entre obras orquestrais, instrumentais, vocais e de câmara. Reconhecido no mundo todo.

Não existe brasileiro, exceto se for deficiente auditivo, que, mesmo sem nunca ter botado os pés numa sala de concerto, não conheça algum trecho de suas Bachianas, como a Tocata (O Trenzinho Caipira), quarto movimento da n° 2 (1933), cuja melodia recebeu letra de Ferreira Gullar, no livro Poema Sujo, de 1976  ou a belíssima Ária (Cantilena), que abre a de n° 5 (1938-1945).

Dona Socorro, seu Manuel dos Anzóis, Junior Keblerson e Pammella Jessyca podem não ter menor ideia de quem foi o grande Villa, mas seus ouvidos já foram massageados pela música do compositor carioca. E olha que ele já foi celebridade, mas isso há muitos anos, quando para ser famoso não precisa balançar a bunda diante de uma câmera ou dizer um monte de asneiras numa live, bastava fazer algo relevante no campo cultural, científico, econômico ou cultural (e esportivo, sim). Em 1986, Heitor Villa-Lobos teve sua efígie impressa nas notas de quinhentos cruzados, o que não é pra todo mundo, não.

Villa foi o maior expoente musical do modernismo no Brasil, com obras com nuances das culturas regionais brasileiras, elementos das canções populares e indígenas (choros, cirandas, batuques etc.). Nos anos 1930, esteve alinhado com a ditadura Vargas, mas não se metia em política: seu negócio era difundir a música, especialmente o canto coral, pelos quatro cantos do Brasil, especialmente junto às crianças e jovens.

Sua peça mais conhecida e amada é a Bachiana nº 5, já tocada pela Orquestra Filarmônica de Nova York, com regência de Leornard Bernstein, Filarmônica de Berlim, Orquestra Simón Bolivar de Caracas, Orquestra Sinfônica de Nashville, e interpretada por Maria Callas, Kiri Te Kanawa, Bidu Sayão e até em ritmo de samba por Jorge Aragão.

Seguem duas versões bem diferentes da sua Ária (Cantilena).

1 – Pelo conjunto Choro das 3, composto pelas paulistas Corina Meyer Ferreira (flauta), Elisa Meyer Ferreira (bandolim), Lia Meyer Ferreira (que arrasa no violão) e o pai das três, Eduardo Ferreira, no atabaque.

www.youtube.com/watch?v=nnsb1_7uzTE

2 – Com Robertinho do Recife (que já misturava música clássica e rock em 1990, no disco Rapsódia Rock), num show no Sesc Pinheiros (SP), em 2016, com o duo de viola Moda de Rock, formado por Ricardo Vignini e Zé Hélder.

www.facebook.com/watch/?v=930109880419403


 [HF1]

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador