Filme resgata futebol, música e política nos anos de chumbo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Sugerido por Tamára Baranov

Por Xandra Stefanel, especial para Rede Brasil Atual

Documentário resgata política, futebol e rock’n’roll na ditadura
 

https://www.youtube.com/watch?v=TjbNGhW2FEY]

“Pra todos aqueles que lutaram desde 1964, que morreram, que sumiram, que foram torturados, presos e exilados, a Democracia Corintiana bateu o pênalti”, afirma o ex-jogador e hoje comentarista Walter Casagrande no documentário Democracia em Branco e Preto, que foi exibido na edição de 2014 da mostra competitiva do Festival É Tudo Verdade nos dias 5 e 6 de abril, no Rio de Janeiro, e 10 e 11, em São Paulo.

O longa-metragem dirigido por Pedro Asbeg numa co-produção entre a ESPN Brasil, a TV Zero e a Miração Filmes, chega às telas exatamente na época em que o Brasil relembra os 50 anos do golpe de 1964 e os 30 anos da campanha das Diretas Já, em 1984.

Por meio de entrevistas atuais e imagens de arquivo, o filme resgata a importância do movimento liderado por Sócrates, Casagrande, Vladimir e Zenon em um dos maiores e mais populares times do país, o Corinthians. Há 18 anos vivendo sob regime militar, Sócrates percebeu que poderia tentar fazer dentro do time o que a sociedade era proibida de fazer nas ruas: exercer a liberdade individual e democratizar o processo de tomada de decisões.

Assim nasceu a Democracia Corintiana, sistema, apoiado pelo então presidente Waldemar Pires, em que todos, dos dirigentes aos funcionários, passando pelos atletas, podiam opinar e até votar em torno de grandes decisões do time, desde horário do treino a novas contratações. Passaram a exercer dentro do time direito que lhes era negado como cidadãos. O movimento acabou incomodando os dirigentes de outras equipes (que ficaram temerosos que a “moda” pegasse) e especialmente os militares, que tentavam se manter no poder, apesar do crescente clamor popular por liberdade e democracia.

Na música, a MPB continuava usando metáforas e “frestas” para criticar o modelo vigente e resistir à censura, mas começaram a pipocar bandas de jovens que usavam o rock’n’roll como uma forma de questionar o status quo. Legião Urbana, Barão Vermelho, Titãs, Ultraje a Rigor e Blitz cantavam, cada um no seu estilo, as mudanças que queriam ver no país.

Não por acaso, jogadores do Corinthians e alguns desses músicos dividiram espaço com políticos nos palanques na campanha pelas Diretas Já. Democracia em Preto e Branco não é, portanto, um filme apenas para corintianos: é uma visão do efervescente ambiente de derrocada da ditadura, com espírito esportivo.

Além dos protagonistas do movimento, como Sócrates (em uma das últimas entrevistas que concedeu) e Casagrande, o documentário tem depoimentos de Lula, Fernando Henrique Cardoso, Marcelo Rubens Paiva, Marcelo Tas, Edgar Scandurra, Frejat, Serginho Groisman, Paulo Miklos, entre outros.

[video:https://www.youtube.com/watch?v=vmXUvZLhC-o

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador