A perseguição da ditadura contra cineastas

Enviado por Tamára Baranov

Da Folha

Documento mostra perseguição da ditadura contra cineastas

Novo documento divulgado nesta segunda-feira (27) pelo site “Arquivos da Ditadura”, do jornalista Elio Gaspari, colunista da Folha, mostra como o governo militar, nos seus estertores, elaborou lista de cineastas que deveriam ser vetados.

O documento também mostra que o governo militar determinou a demissão do então presidente da Embrafilme, Celso Amorim, hoje ministro da Defesa, por ele liberar um filme que abordava ironicamente a ditadura (1964-1985) e seus subterrâneos.

O diplomata Celso Amorim estava no cargo desde 1979, ano em que o general João Batista Figueiredo assumiu a Presidência do último militar da ditadura.

Em 1982, chegara aos cinemas “Pra Frente Brasil”, de Roberto Farias, cuja trama tratava da vitória brasileira na Copa de 1970, usada à exaustão pelo regime, e ainda abordava um episódio de tortura, com um personagem interpretando o delegado Sérgio Fleury, um dos nomes mais associados às sevícias e mortes no período.

Após protestos dos militares contra o filme, o próprio Figueiredo reuniu-se em março de 1982 com o seu chefe de Gabinete Civil, João Leitão de Abreu, o chefe do Gabinete Militar, general Danilo Venturini, além de Delfim Netto, ministro do Planejamento.

Naquele encontro decidiu-se: “Demissão do presidente da Embrafilme. Falar com Ludwig”, sobrenome do então ministro da Educação, Rubem Ludwig. Terminava ali a gestão de Amorim à frente da Embrafilme.

O SNI (Serviço Nacional de Informações), braço de inteligência da ditadura, ainda elaborou lista de cineastas vetados, como os diretores Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Nelson Pereira dos Santos, entre outros.

 

Redação

5 Comentários

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  1. Foi nesse momento que Celso

    Foi nesse momento que Celso Amorim deixou de ser “filhote da ditadura” para entrar no panteão dos homens de bem deste país… Quem diria?

  2. Como a ditadura perseguiu

    Como a ditadura perseguiu gente no Brasil, se for contar dá mais que a população do País.

    Curiosamente a produção musical, literararia, de artes plasticas floresceu na época, os Festivais de Musica da Record revelaram varias gerações de grandes nomes como Chico, Caetano, Roberto Carlos, Maria Betania,  Milton Nascimento, Vandré. o Pais nunca teve tanta boa musica.

    Hoje temos a terceira idade daueles antigos, musica nacional de boa qualidade quase nada, teatro recicando peças antigas e os artistas sem poder usar a desculpa da perseguição para servir como desculpa em casa.

    E como teve gente perseguida pelos bares de Ipanema, impressionante.

  3. Deus me livre desse revisionismo…

    André Araújo, meu Deus do céu – não fale do que você NÃO vivenciou! Teve repressão física e teve ainda LISTA NEGRA na área cultural, durante o período. Ninguém empregava, muito menos financiava.

    Mas, principalmente, vale ressaltar que a riqueza cultural nacional é MUITÍSSIMO anterior à ditadura – vamos por áreas:

    Música – Bossa Nova, samba-canção, marchinhas carnavalescas, artistas (compositores e intérpretes) do rádio, tudo é ANTERIOR. E o que veio depois – Caetano, Gil, Chico Buarque e tantos outros foram calados ou tiveram que ir para o exterior, sob risco de serem presos, caso ficassem. Os que ficaram estavam no formato certo para moldar a alienação política do público ouvinte (Jovem Guarda, R. Carlos, Simonal, etc.), ou então se “enquadraram” (Elis Regina, Gal Costa, Bethânia, etc.).

    Literatura – Me diga UM ÚNICO livro de não-ficção (nacional, memorável) publicado entre 1964 e 1984. Vai ser difícil (senão impossível) citar, porque NINGUÉM PUBLICAVA! A censura do regime não apenas barrava – também MARCAVA E PERSEGUIA! Não se autorizava falar de sociopolítica, desigualdade, história do Brasil (só pós-república, basta ver o suplício pra fazer aquele filme sobre a Independência do Brasil, com o Tarcísio Meira como Dom Pedro I). Ah, é – e os poucos que se sobressaíram (como Neimar de Barros) eram “infiltrados” na cena cultural da época.

    Cinema – A Embrafilme nos 70 só autorizou grana pra filmes da turma do Rio – Paulo César Pereio, Bruno Barreto, Arnaldo Jabor; ou seja, só diretor “gabaritado” fazendo “obras-primas” da PORNOCHANCHADA! Ninguém de SP, RS, MG, DF ou qualquer outro lugar teve financiamento!

    Artes plásticas – Me cita UM ARTISTA PLÁSTICO com financiamento cultural pelo regime militar. Unzinho! Pros milicos, o (já) velho Niemeyer era tido como “comunista perigoso”, e sua obra “extravagante e contestadora” – pra se ter uma idéia mínima do pensamento torto (e louco) dessa gente.

    Faça-me o favor…

    1. Meu caro, o cinema brasileiro

      Meu caro, o cinema brasileiro hoje só existe porque há financiamento ou patrocinio publico e quem inaugurou o sistema de apoio ao cinema brasileiro foi o regime militar, com a criação da EMBRAFILME em 1968.

      O regime militar tambem criou a EMBRAPA, o FINAME, o FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO, A FINEP-FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS, O SEGURO DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO, etc, etc.

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