Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
[email protected]

Em Observação “Strange Angel”: explosiva combinação da Ciência com Ocultismo

Por Wilson Ferreira

Qual o interesse do diretor Ridley Scott (“Blade Runner”, “Prometheus” e “Êxodus”) em produzir a nova minissérie “Strange Angel” do canal AMC sobre a vida de um engenheiro químico inventor do combustível sólido usado em foguetes espaciais? Nenhum, não fosse a minissérie sobre a vida de Jack Parsons, co-fundador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e, ao mesmo tempo, ocultista e participante ativo da OTO (Ordo Templi Orientis), da Eclesia Gnóstica e seguidor do mago Aleister Crowley. A combinação literalmente explosiva entre Ciência e Ocultismo envolvia experiência com foguetes no deserto ao mesmo tempo em que realizava rituais pagãos durante os experimentos.  Para muitos ocultistas, o legado de Parsons teria ido muito além do aprimoramento da tecnologia que levou a NASA ao espaço. Ele também teria aberto estranhas portas dimensionais que influenciaram o século XX.

Título: Strange Angel (previsto para 2016)

Produtor: Ridley Scott

Roteiro: Mark Heyman (Cisne Negro)

Plot: Minissérie sobre a vida John Whiteside Parsons (conhecido também como Jack Parsons, 1914-1952), o “excêntrico” engenheiro químico norte-americano co-fundador do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e inventor do combustível sólido para foguetes que acabou sendo elemento fundamental para o programa espacial dos EUA. Também a minissérie vai narrar o envolvimento de Parsons com o esoterismo – suas conexões com Aleister Crowley (considerado o maior “mago negro” do século XX) e a OTO, além do seu envolvimento com o guru L. Ron Hubbard, fundador da Cientologia em 1946.

Por que está “Em Observação”? – A aproximação de Ridley Scott com a mitologia gnóstica são bem conhecidas por esse blog. Desde Blade Runner (1982 – filme baseado em livro do escritor sci fi autointitulado gnóstico Philip K. Dick), passando por Prometheus (2012 – onde os criadores da humanidade são mostrados como Demiurgos enlouquecidos), Êxodo (2014 – mostrando um Moisés que sofre da mesma desesperança dos tripulantes da nave do filme Prometheus) até chegar à produção de minisséries como The Man in the HighCastle (2015 – mais Philip K. Dick) e agora a prometida série para o canal AMC Strange Angel, são exemplos do interesse cada vez maior de Scott pela mística gnóstica.

O interesse da Scott Free Productions em produzir a minissérie baseada no livro homônimo de George Pendle é bem sugestivo: além de Jack Parsons ter sido um dos cientistas mais excêntricos do século XX, sua aproximação com a OTO (Ordo Templi Orientis) de Aleister Crowley nos anos 1930-40 e com a Cientologia de Hubbard, além de terminar a sua carreira como técnico de efeitos especiais de explosões no cinema, mostra uma curiosa paisagem cultural – a aproximação entre ciência, foguetes, programa espacial norte-americano, esoterismo e cinema.

O legado científico do engenheiro químico Jack Parsons acabou sendo ofuscado pelo seu interesse no ocultismo, tornando-se uma figura esquecida da história da NASA e do desenvolvimento da tecnologia dos foguetes. Segundo o seu biógrafo George Pendle “depois de encontrar seu nome numa pequena citação em um livro de ciência, passei a fazer uma escavação arqueológica da sua vida. Quanto mais cavei, mais de bizarro e extremos encontrei”.

Parsons desenvolveu um papel fundamental na construção de foguetes no programa espacial da NASA, mas pelo seu envolvimento com magia e com os estágios iniciais da Cientologia, ninguém no complexo espacial dos EUA queria ver a NASA envolvida com um personagem envolvido com orgias tântricas em sua mansão em Pasadena.

Parsons e sua “Mulher Escarlate”

Interessado em literatura de ficção cientifica desde a adolescência, Parsons se interessou por química quando começou com um amigo de escola chamado Edward Forman experimentos com foguetes amadores. Mais tarde, na Universidade, reuniram-se com um doutorando chamado Frank Malina para formarem o “Esquadrão Suicida”, como chamavam os amigos pelas experiências arriscadas com explosivos.

O grupo aumentou em número, fazendo experiências no Deserto de Mojave, inclusive chamando a atenção do FBI nos anos 1930 quando a corrida espacial e foguetes eram ainda uma agenda distante dos interesses dos EUA. No Guggenheim Aeronautical Laboratory o trio criou a base tecnológica dos motores a reação que mais tarde a NASA utilizaria sob a supervisão do cientista ex-colaborador dos nazistas Von Braun.

O grupo foi a base do que seria o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. Mas quando o grupo finalmente iria colher resultados e a fama, Jack Parsons foi afastado por causa de seus “métodos de trabalho pouco ortodoxos e inseguros”. Parsons foi então para o Astra Engineering Ad.

Porém, a verdadeira razão do afastamento foi o seu crescente interesse pelo esoterismo, participando da chamada Missa Gnóstica da Igreja de Thelema, fundada por Aleister Crowley. Parsons acreditava que a magia poderia ser facilmente explicada através da mecânica quântica.

Incentivado pela Igreja de Thelema, Parsons começou a ter um relacionamento sexual com a irmã de 17 anos da sua esposa, Helen. Ao mesmo tempo Helen mantinha um relacionamento com o membro mais antigo da Igreja, Talbot Smith. Juntamente com outros integrantes da Igreja, os quatro se mudaram para uma mansão em Pasadena. Lá, drogas fluíam livremente, em meio a orgias sexuais rituais (tântricas).

Aos poucos, Parsons começa a se aprofundar em magia negra, tornando-se fascinado em poltergeist e fantasmas. Acreditava que deveria se aprofundar em rituais para atrair a “Mulher Escarlate” com a qual conceberia o “Moonchild” ou o Avatar na Nova Era do Anti-Cristo. Participava de seguidos rituais enoquianos onde ingeria estranhos comprimidos e masturbava-se ao som de músicas mágicas.

>>>>>>>>>>Leia mais>>>>>

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador