da Rede Brasil Atual
Exposição sobre ‘resistências’ na PUC reúne memória autoritária e reflexos no presente político
São Paulo – Aberta no último sábado (9), a mostra Resistências na PUC-SP pretende discutir “a memória dos períodos autoritários no país e suas reverberações no presente”. A exposição ficará no Memorial da Resistência de São Paulo até março do ano que vem.
Os organizadores lembram que a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo representou um importante espaço em defesa da democracia, após o golpe de 1º de abril de 1964, que instalou a ditadura civil-militar. Dessa forma, a instituição “acolheu artistas, intelectuais, professores e alunos expulsos de outras instituições”.
Como se poderia esperar, a invasão da universidade, em 1977, ocupa um espaço de destaque. O fotógrafo Hélio Campos Mello, que registrou aquele episódio, lembra: “A chegada de Nadir Kfouri (reitora da PUC) durante a invasão foi inesquecível. Quando o Erasmo Dias (secretário da Segurança Pública) se aproximou dela para cumprimentá-la, a resposta foi direta: Eu não dou a mão para assassino”.
País “radicalmente democrático”
A mostra se divide em cinco eixos: Invasão da PUC-SP e a resistência à ditadura; Docentes, artistas e intelectuais acolhidos pela PUC-SP; Comissão da Verdade da PUC-SP Reitora Nadir Gouvêa Kfouri; Arte e resistência no Tuca; e A defesa radical da democracia. Tuca é o tradicional Teatro da Universidade Católica, fundado em 1965.
“Nesse espaço físico foram mortas e torturadas muitas pessoas”, afirmou a atual reitora, Maria Amalia Andery, referindo-se ao Memorial da Resistência, antiga sede do Dops. “Ele representa uma história violenta muito constitutiva do nosso país, de desigualdades, opressão e racismo. Quero insistir, somos uma universidade academicamente competente, preocupada com a produção de conhecimento, com a formação de seus alunos, mas também uma universidade que nunca se recusou a assumir um lado, que é o da democracia, dos direitos humanos, da defesa de liberdade das ideias e da defesa intransigente da tentativa de se construir um país menos desigual e radicalmente democrático.”
“A universidade em si é identificada como um lugar de memória de resistência à ditadura civil-militar brasileira. Neste ano que rememoramos 60 anos do golpe, trazer a história de resistência da universidade é algo fundamental”, afirmou a diretora técnica do memorial, Ana Pato.
Já o jornalista e produtor cultural Vladimir Sacchetta observou que a exposição mostra o “tripé” memória, verdade e justiça. “O que todos querem para este país, principalmente agora depois de acontecimentos como o 8 de janeiro e os quatro anos de governo de extrema direita que acabamos de passar”, lembrou.
Com informações do Jornal da PUC
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