Os festejos pelos 108 anos de Frida Kahlo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, ou apenas Frida Kahlo, completaria 108 anos nesta segunda-feira (06). A intensa, única e destacada pintora mexicana deixou heranças para a arte, mas principalmente para a luta das mulheres no mundo. Á frente de seu tempo, teve uma vida conturbada emocionalmente e com fortes complicações de saúde que encarou dos 6 até o último ano de vida. Ligada ao Partido Comunista Mexicano, onde conheceu seu futuro marido Diego Rivera e por meio dele relacionou-se com Leon Trótski, mantinha fortes seus posicionamentos.
 
Frida nasceu em uma casa cheia de mulheres, era a terceira de quatro filhas, e mais duas meio-irmãs mais velhas, do casamento de seu pai com a primeira esposa. Apesar de exacerbar uma fortaleza além das mulheres à época, o significado da mulher e a feminilidade sempre foram preocupações da artista mexicana.
 
Em 1913, com seis anos de idade, Frida teve poliomielite, deixando sua perna direita mais curta que a esquerda. Na escola, os colegas o apelidaram de “Frida pata de palo” (perna de pau). Desde muito cedo, começou a usar calças para esconder a sequela da doença. Também foi este problema de saúde que a fez adotar as grandes saias, sempre muito ornadas e rodadas. Elas camuflavam suas pernas, mas também a fizeram pegar gosto pelo estilo tehuana, colorido e cheio de flores, marcas também vistas em suas pinturas.
 
Frida na cama do hospital, pintando o seu colete com a ajuda de um espelho, em 1951
 
Quando completava 18 anos, em 1925, Frida e o noivo Alejandro Gómez Arias sofreram um acidente, da colisão de um trem com o bonde em que estavam. O pára-choque de um dos veículos atravessou o corpo de Frida Kahlo, fazendo-a passar por sucessivos momentos entre a vida e a morte no hospital, entre inúmeras cirurgias para reconstruir parte de seu corpo e as complicações. Passou a usar grosseiros coletes ortopédicos, retratados no quadro “A Coluna Partida”, de 1944.
 
“A COLUNA PARTIDA”, DE FRIDA KAHLO ©REPRODUÇÃO
 
Somente quando foi obrigada a permanecer de repouso, Frida enxergou na pintura a alternativa aos momentos de dor e sucessivas recuperações. Para a arte, seu pai Guillermo, que pintava por hobby, precisou adaptar um cavalete à cama, com a caixa de tintas. Também do pai trouxe a inspiração dos auto-retratos que fazia em fotografias, que posteriormente levou para seus quadros.
 
Frida Kahlo pintando na cama - MUSEU OSCAR NIEMEYER/REPRODUÇÃO
 
Outra paixão, a política acompanhou os anos de vida de Frida Kahlo. Casou-se duas vezes com Diego Rivera, pintor com quem mantinha um relacionamento conturbado. Ela, assumidamente bussexual, ele aceitava o relacionamento de Frida com outras mulheres, e os dois mantinham relações com amantes. Um deles, Leon Trótski hospedou-se em sua casa de Coyoacán, na Cidade do México, depois que foi exilado da União Soviétiva.
 
Apesar disso, era apaixonada por Rivera, e apenas resolveu separar-se quando descobriu que ele a traía com sua irmã mais nova, Cristina. Eles não tiveram filhos, a artista sofreu três abortos e, posteriormente, casou-se novamente com Diego Rivera. Mantendo a turbulência da relação, dessa vez, Frida mandou construir uma casa igual ao lado da de Diego, as duas interligadas por uma ponte. 
 
Diego Rivera - MUSEU OSCAR NIEMEYER/REPRODUÇÃO
 
Nos anos 50, teve que amputar uma perna e entrou em depressão. Nesse período, pintou suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida). Morreu quatro anos depois, supostamente vítima de broncopneumonia. Há quem diga que Frida teria se suicidado, em uma overdose. Sua última anotação em diário dizia: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar”.
 
Natureza Morta (Viva a Vida)
 
Assista a um trecho do filme Frida (2003), dirigido por Julie Taymor:
 
https://www.youtube.com/watch?v=ToZx1LjLmrM&feature=youtu.be width:700 height:394

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Antes da virada feminista,

    Antes da virada feminista, não se falava em Frida Kahlo. Ela era só a mulher de Diego Rivera. De uns tempos para cá foi “descoberta” e passou a ser cultuada, por sua vida e obra.

    Havia postado aqui outras fotos aqui, mas desconfiado fui conferir e vi que eram forjadas. 

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