Monumentos de Salvador sofrem com descaso e degradação

Vergonha é a sensação demonstrada pelos moradores de Salvador ao saírem pelas ruas e se depararem com a situação de abandono em diversos monumentos na cidade. A sujeira e o vandalismo são personagens presentes em todos os casos registrados pelo Jornal da Metrópole, não importando se as obras estão localizadas na Cidade Alta ou na Cidade Baixa, se são antigas ou mais recentes.

“Está tudo destruído. É um negócio de doer na alma”, declara a aposentada Ivonete Mattos. Ela lamentou o estado de conservação da Escultura da Mão, na Praça Tiradentes, no Comércio, que está com a pintura deteriorada.  A técnica de enfermagem Luiza Angelina Matos também reclama do descuido do poder público com as obras. “O que a gente vê é uma catástrofe. Está tudo acabado”, conta.

A turista carioca Rosângela Lima, que estava no monumento da Cruz Caída, fala sobre o descuido às obras na cidade, no entanto pondera que “não é por causa disso que deixaremos de apreciar a beleza do local”. Para o antropólogo Roberto Albergaria, está difícil encontrar algum monumento que não esteja abandonado na cidade. Ainda segundo ele, são vários os motivos que fizeram com que as obras na cidade estejam esquecidas. “O Estado não cumpre a função de guardião da memória, e a população é totalmente indiferente a isso. Além disso, as pessoas são predatórias”, afirma.

Outro fator apontado por ele para que os monumentos tenham caído no esquecimento está ligado ao comportamento da população atual. “As pessoas vivem o presente e estão desligadas do passado. Elas se ligam mais nas coisas que passam na TV. Além disso, vivemos numa sociedade globalizada, em que as referências locais já não dizem mais muitas coisas”, diz.

Monumento à cidade de Salvador

Na obra de Mário Cravo, na Praça Cayru, um dos cartões postais de Salvador, em frente ao Elevador Lacerda, na Cidade Baixa, a situação é de total abandono. A fonte não funciona e tornou-se um local ideal para criação de mosquitos da dengue, por conta da água que fica parada. Além disso, o monumento carece de pintura. “Falta manutenção. Isso prejudica a imagem da gente lá fora”, diz a estudante Maira Damasceno.

Ode a Jorge Amado

O único monumento em homenagem ao escritor Jorge Amado, que completaria 100 anos este ano, está completamente pichado. A escultura de cerca de 10 metros, que foi inaugurada em 1985 na avenida que leva o nome do escritor, carece de reparos e não consegue atrair visitantes locais ou turistas.  Apesar da avenida ter passado por uma grande reforma recentemente, o monumento não recebeu qualquer atenção do poder público local. 

Gradil de Carybé

Na Praça da Piedade, o gradil que fica em volta dos bustos em homenagem aos heróis enforcados na Revolução dos Alfaiates também não recebe um tratamento adequado.  A obra de Carybé carece de reparos e é bastante usada como varal pelos moradores de rua.

Relógio de São Pedro

Quase ninguém presta atenção no Relógio de São Pedro, que serve muito mais como uma referência geográfica na cidade do que para ver as horas. Sem alguns números e com muito mato em seu topo, o monumento ficou perdido no tempo.

Monumento a Visconde de Cayru

As estátuas em homenagem ao Visconde de Cayru, imperador do decreto de abertura dos portos no Brasil ao comércio das Nações Unidas, localizadas em frente ao Mercado Modelo, viraram depósitos de fezes de pombo.  Poucos turistas reparam a obra, que fica escondida em meio às estruturas dos vendedores ambulantes. Além disso, é preciso disputar espaço com os animais  que ficam no local.

Monumento da Cruz caída

Os turistas tentam não perder a empolgação da viagem ao chegarem para fotografar as obras, mas ficam preocupados com o descuido das autoridades com os monumentos. “Nunca é legal ter uma coisa que prejudica os monumentos. Porque se cobrir tudo…”, conta a turista do Rio de Janeiro Ana Clara Lima, após ver as pichações no monumento à Cruz Caída.

Fonte: http://www.metro1.com.br/portal/?varSession=noticia&varEditoriaId=5&varId=18188

Redação

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